História Alley Island - Chapter IV: O Jogo de Mentiras (II)

Jogo: atividade cuja natureza ou finalidade é a diversão, entretenimento. O que leva uma pessoa a arriscar a vida dos outros para se divertir? Talvez a resposta seja vencer, ou ser famoso, talvez a resposta seja por prazer, ou algo totalmente diferente. A questão é: Um Jogo pode ser simples, ou sujeito a regras que estabeleçam quem ganha e quem perde. Alguns são capazes de quebrar as regras para ganhar, mas que consequências terá isso?

Voltamos ao momento presente: 9 horas e 56 minutos. Sentei na mesa do refeitório enquanto todos os outros se mantinham em suas salas e estudavam, ouvindo o professor dizer algumas coisas, que a grande maioria das pessoas esqueceria assim que saíssem da sala. Sei que não posso contar à polícia sobre NoName, e sei que NoName sabe que posso vence-lo ou ele não teria enviado uma mensagem de texto, para um dos caras menos populares da escola.

A maioria das pessoas comuns se sentiria tensa ao falar com um suposto assassino, mas, curiosamente, eu não. Eu permaneci neutro. Não tinha medo de NoName, afinal, sei como ele age, ou pelo menos conheço uma das formas como ele age, e não vou permitir que ele ganhe.

Voltei à aula cerca de 4 minutos mais tarde, às 10 da manhã. Segui a minha rotina como se nada tivesse acontecido até às 12:00. Início do almoço. Lillian veio correndo até mim e tocou-me no ombro.

"Jake! Tenho pensado.. O que você disse ... Não consigo manter isto em segredo ... Tenho que dizer à polícia ... "Quando ouvi a frase de Lillian sobre a polícia, cortei-a imediatamente.

"Lillian, eu sei que quer justiça. Eu também a quero, mas a polícia não pode saber disto. " Disse. Eu sabia que NoName faria algo à Lillian, se ela contasse, e depois da sua mensagem eu tinha certeza disso. Naquele dia, decidi não contar a Lillian sobre a minha conversa com NoName.

"Então o que é que vamos fazer?! Investigar o assassino ou algo assim? "Lillian disse, e os seus olhos verdes olham diretamente para mim. Não gosto, mas sei que o contato visual significa confiança, e confiança é fundamental quando se está num grupo.

"Vamos descobrir quem é NoName e o que ele quer. tenho um plano. ” Eu disse, e Lillian olha para mim, um pouco confusa e relutante, mas finalmente acena com a cabeça. Não a culpo, afinal, nem sequer somos adultos. Me surpreende saber que  Lillian tenha concordado em me ajudar com tudo isso.

"Certo." Disse Lillian, e ela parecia novamente tensa. Ela olhou para mim durante algum tempo, acenou com a cabeça, e finalmente se levantou. "Nos vemos aqui, no final da aula. " Ela termina a frase com um aceno de cabeça e um encolher de ombros. Eu a compreendo. Ela está assustada e precisa de tempo para processar tudo o que está acontecendo.

Me levantei e passei por um corredor da escola menos movimentado até que algo peculiar aconteceu. Reparei que um garoto, um pouco mais velho que Lilly, mas mais novo que Peter estava me observando. Ele possuía cabelos loiros desarrumados, olhos castanhos, e provavelmente eu nunca o tinha visto lá antes.

"É novo aqui?” perguntou ele, assim que percebeu que eu tinha o notado.

" estudo aqui desde o primeiro ano, mas, quase ninguém me conhece. "Disse, negando, e fui sincero. Talvez sincero demais "e você?"

"Quase isso. " Respondeu o garoto, dando um sorriso lacônico, mas logo o desfazendo. Por um momento, me pergunto o que ele quis dizer com "Quase", mas os meus pensamentos são interrompidos por outra pessoa.

"Desta forma, vai assustar as pessoas. " Disse o outro garoto, que possuía cabelos loiros, bem repartidos, e olhos azuis. Era Anthony Jones, o melhor amigo de Peter. Ele olhou para o garoto à minha frente, e depois para mim. "Ele é sempre assim. Aliás, eu sou Tony Jones, e este é o meu primo, Louis. E você, Garoto? ”

"Jacob Cooper." Eu disse, e continuei a olhar para os dois. Por um momento, me pergunto se eles poderiam ajudar na busca por NoName, mas decidi deixar para lá Era cedo demais para decidir qualquer coisa.

"Jacob. Nos vemos por aí. ” Anthony sorri de canto, e depois acena, se dirigindo com Louis para a cantina.

Cerca de 10 minutos mais tarde, o Sinal toca, anunciando o reinício das aulas. Segui a minha rotina normal, mas não pude deixar de reparar que Lillian faltou a todas as restantes aulas, incluindo um teste de avaliação. Estranho. Lillian não  costumava  faltar. Me Lembrei que ela disse que nos veríamos depois das aulas, e me pergunto se ela irá realmente aparecer, ou se algo aconteceu. De qualquer modo, esperei que o relógio finalmente chegasse às 15:30. Fim da aula. Caminhei até ao Refeitório, onde me encontraria com Lillian, e admito que fiquei um pouco aliviado ao vê-la lá.

"Jake ...M-me perdoa. ” Lillian gaguejou, correndo até mim e me abraçando.

"Porquê? ” perguntei, um pouco confuso. Não gosto de abraços, mas sei que aparentemente ela precisava, por isso o retribui.

"Sobre Peter ... Eu..." começou Lillian, tentando encontrar as palavras certas. Olhei para ela com calma, mas ela foi interrompida por Anthony Jones.

"Está falando de Peter Holder? " perguntou ele, olhando para mim e para a Lillian. Olhei para Lillian com uma expressão como alguém que estava contando um segredo, mas aparentemente ela não se percebeu, porque foi sincera e direta.

"Sim! Ele não se matou! " disse Lillian, ttrêmula. Parecia estar prestes a chorar novamente, mas recuperou quando notou um pequeno empurrão que lhe dei, por ter espalhado algo confidencial. Agora o pedido de desculpas de Lilly faz sentido. A quem mais ela deve ter contado? De qualquer modo, ela olha para o lado, suspira, e volta a olhar para Tony. "Estamos investigando isto".

"Eu posso ajuda-los. "Sugeriu Anthony. Lilly olha para ele, prestes a concordar, mas ela sabia que eu costumava ser seletivo com as pessoas. Anthony aparentemente também repara nisto, e prossegue; "Peter era o meu melhor amigo. Se ele fosse morto por alguém ... Eu provavelmente devo saber o porquê. "

"Nós ... vamos pensar. Certo, Jake? "disse Lillian, olhando para mim como se eu fosse o último recurso. Olhei para ela e acenei com a cabeça. Ela sorriu fracamente e depois continuou. "Nos Encontramos hoje às 20 horas no parque. "

Tony acena com a cabeça e finalmente volta a sua caminhada. Ele parecia realmente interessado em querer ajudar, mas eu ainda tenho de pensar mais sobre isso. Olho para Lillian, e ela parecia confiante de que Tony nos ajudaria. Decidi não comentar e voltar ao assunto das desculpas. Naquela hora, não sabia que essas desculpas eram realmente tão sérias.

"Desculpas por quê?". disse, olhando para Lillian. Lilly se encolhe, com relutância, e olha para mim novamente.

"Nada. " Disse ela, e imediatamente caminha apressada e com passos curtos em direção à saída da escola. Me manti ali, e estava prestes a descobrir a razão do pedido de desculpas de Lilly, da pior maneira possível.

Eram cerca de 17 horas. Me Sentei no banco, numa praça banal, e notei uma mensagem no meu telefone. Era NoName, mais uma vez, mas desta vez, não era uma mensagem simples: Era uma videochamada.

Coloquei uma fita na minha câmera, só por precaução, e aceitei a chamada.

  A câmera focava em um escritório, e não demorei muito tempo a perceber que era Delegacia. Nela, era possível ver um homem de cerca de 40 anos, com uniforme policial e um grande corte na barriga, um corte que começou na região epigástrica, abaixo do umbigo, e terminou no esterno, logo abaixo do peito. 

 A chamada termina pouco depois, com uma simples mensagem de texto;

 "Esta foi uma consequência da ação da sua amiguinha. O jogo começou, James. ”