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História Alma De Rainha - Harmione - Quinze


Escrita por: HeatherChandlerX

Capítulo 15 - Quinze



— Onde está ele? — perguntava Harry. Sentia náusea. — Onde está o verdadeiro Harry? No cemitério real? Quero ir lá. Sírius providencie transporte.

     O cemitério real ficava perto do palácio, bastava dirigir um pouco até lá. Murado e vigiado, era aberto ao público de vez em quando. A última vez fora no dia seguinte ao do enterro de seu pai, e Harry não estava muito ansioso para voltar, mas era essencial que fosse naquele momento.

— Não está lá. — O médico estava pálido.

— Então, onde? — Harry exigia ver Sírius. — Você irá me dizer onde ele está.

— Senhor, não sei nada a respeito disso.

—Sírius fala a verdade. — O médico interrompeu o pedido de Sírius. — Ninguém sabe. Foi tudo arranjado entre seus pais e eu.

— Meus pais? — A voz de Harry soava como uma chicotada. — Eles não eram meus pais. Onde está Harry?

— Eles me pediram para cuidar de tudo. — O médico estava ajoelhado, implorando por um perdão que jamais teria. — Quando órfãos morrem, há um lugar à beira do deserto...

— O cemitério dos mendigos? — exclamou Harry. Sírius quebrou o protocolo mais uma vez e pediu para que o rei ficasse calado, mas Harry não concordaria com aquilo.

— Você está me dizendo que o príncipe foi enterrado numa sepultura sem identificação, no cemitério dos mendigos? Leve-me até lá agora mesmo.

     Foi Sírius quem dirigiu. Quando chegaram ao cemitério, Harry se sentia como se tivesse sido enterrado, como se olhasse para si mesmo, uma vida, uma pessoa que fora descartada tão facilmente, uma criança que fora enterrada e esquecida.

     Sírius pediu para que ele voltasse para o carro, para que aquela noite terrível terminasse, para que a verdade voltasse para dentro da garrafa e ele pudesse colocar a rolha nela de novo.

— Rei Harry — chamou ele. — Nós temos de... — Mas não conseguiu terminar.

— Este é Harry. — Seus olhos verdes se detiveram nos de Sírius e ele viu medo neles, porque só então o verdadeiro horror da mentira se revelava. — E será nomeado e honrado: terá um túmulo real.

— Não. — pediu Sírius. — Se alguém ficar sabendo disso, se a verdade for revelada... Não vê o que fará com nosso povo?

     Não apenas não haveria um rei, mas eles perderiam as adoráveis lembranças que tinham de seus pais.

— Senhor, isso matará o espírito de Paris. Devemos viver a mentira. Por favor, imploro para que reconsidere, pense melhor quando estiver calmo.

     Harry sempre soubera. Em algum lugar dentro dele, a lembrança sempre estivera lá, se debatendo, tentando sair. Ao voltarem, caminhou pela praia, onde fora entregue a sua mãe naquela noite fatídica, a Lily... Olhou para o vasto oceano e se perguntou como, sendo uma criança sozinha, havia sobrevivido àquilo. E, por um instante aterrador, se perguntou se não seria tudo mais fácil caso tivesse morrido. E, de alguma maneira, havia mesmo morrido.

     Perdera a identidade, tudo lhe fora tirado. Até mesmo sua idade era diferente. Neville lhe dissera a verdadeira data de nascimento, tinha 28 anos, não 29.

     Harry, o rei Harry, filho de Lily e de Jamie, havia desaparecido.

Então, quem era ele?

     Anos haviam sido apagados, sua infância fora apagada. Cada elogio, cada vez que haviam dito que o amavam, não se referiam a ele, mas a um fantasma.

O povo da França ficaria arrasado. E, depois, havia sua esposa.

     Mas será que Hermione era mesmo sua esposa? Ela havia se casado com alguém que não existia.

     Harry sempre sentira que era seu dever que o fazia diferente, sempre ficara afastado dos demais. Arrogante, diziam alguns; desligado, diziam outros. Não tinha vida social, a não ser por breves visitas à casa de primos. E agora ele sabia por quê.

     Lentamente, ao longo dos anos, sofrerá uma lavagem cerebral. Podia ver Hermione andando pela praia particular em sua direção, ainda de camisola, descalça, o rosto inchado de tanto chorar. O sol nascente estava atrás dela e ele podia ver sua silhueta através do tecido fino.

     Haviam feito amor. Mais que isso, haviam encontrado o amor. Pela primeira vez, Harry deixara uma mulher entrar em seu coração, só para expulsá-la. Porque, se ele fizesse o que Sírius pedia, se escolhesse viver essa mentira, então devia fazer isso sozinho.

     Ele não podia sobrecarregá-la com um peso que era seu. A verdade poderia deixar a ela e seu povo arrasados e arruinar muitas vidas. A dele também, pois queria ser rei.

     Ele era um bom rei, um ótimo rei, e não queria fugir de tudo aquilo. Será que poderia viver uma mentira?

— Venha para cama, Harry. — Ela nunca pedira antes, mas estava assustada, com medo do desconhecido. Hermione passara uma noite sem dormir, andando pelos corredores do palácio, ouvindo os carros saindo e as vozes em tom alto. Molly a levara para cama, mas, ainda assim, ela não tinha conseguido dormir.

     Caminhando até a varanda para tomar um pouco de ar, ela vira Harry andando pela praia, seus roupões reais molhados e cheios de areia, sendo arrastados atrás dele e sem cafia. Mesmo de longe, podia sentir a raiva, a dor, e ela queria compartilhar daquilo.

— O que está acontecendo?

— Não quero conversar.

— Então não converse — falou Hermione. — Mas venha para dentro, venha para cama.

— Quero ficar sozinho.

— Não. Nós dissemos que poderíamos conversar depois da recepção, que iríamos discutir as coisas.

— Esse dia pode esperar — disse Harry. — Sírius está em pânico. Fui convidado a ficar em Portugal.

— Isso é bom — ponderou ela. — Podemos ter algum tempo...

— Sozinho — interrompeu Harry. — Só eu fui convidado.

— Não.

— Hermione, teria sido bom. Mas ambos sabemos que esse é um casamento arranjado: você é soberana da Inglaterra.

     Ela estava balançando a cabeça, se recusando a acreditar que, em breve, ele retiraria todas as promessas.

— Agora existe uma oportunidade de melhorar nosso relacionamento com Portugal e Espanha. O reino de Adamas há muito tempo está fora de nosso alcance e será bom para nosso povo.

— Mas não é bom para nós. — Eles tinham se casado havia uma semana, a semana mais maravilhosa de sua vida, e ele lhe dissera que as coisas seriam diferentes, e eles haviam feito amor inúmeras vezes. — Ontem, você prometeu que em breve iríamos compartilhar as coisas. Harry deixe-me estar ao seu lado.

     Ele não podia fazer isso com ela. Era melhor que o odiasse, porque em breve, muito breve, poderia ter de contar a verdade a ela e a todo o país, ou viver com uma mentira permanente entre eles.

— Por favor, não vá sem mim, Harry.

— Sabe do que eu gostava em você, Hermione? Sabe o que fazia você ser diferente? Implorar não combina com você. Eu preferia quando você me deixava sem saber o que iria fazer em seguida.

Ele tentou lutar contra a própria mente, que o impelia a beijá-la.

— Preciso ir para Portugal. — disse Harry. — Sozinho.

— Isso é algo que irá beneficiar apenas o povo da França? Algo que você não gostaria de compartilhar com Inglaterra? — Ele não respondeu e Hermione concluiu que Molly estava certa, para ele, era tudo uma questão de dever. —Assim como houve um evento formal aqui em Paris, meu povo irá esperar o mesmo. Eu não o envergonhei e, mesmo assim, você pede que volte sem um noivo. Que me tome uma noiva que não traz o marido para casa.

— As pessoas sabem que é uma negociação.

— Eles não precisam que isso seja esfregado em seus rostos.

— Diremos que estamos no deserto. — Finalmente, ela cedeu um pouco.

— Vá fazer seu acordo com Portugal, mas não vou ficar trancada num palácio, fingindo para sempre. Você tem uma semana. Se escolher, depois disso, não voltar para Inglaterra, se escolher me desonrar fazendo isso, então nunca mais me peça para ficar a seu lado como esposa, em nada que não seja dever.

Ela o empurrou para longe de si.

— Resolva tudo, Harry. Tem uma semana.




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