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História Alma De Rainha - Harmione - Nove


Escrita por: HeatherChandlerX

Capítulo 9 - Nove



Observando o palácio do helicóptero, Hermione perdeu o fôlego. Ao sol do final da manhã, ele parecia uma jóia. As conchas e as pedras semipreciosas incrustadas nos muros do palácio absorviam a luz, e ele reluzia na superfície do deserto como um oásis.

     Ela o vira ao chegar, orgulhoso e alto, localizado num promontório, mas estava nervosa demais com o casamento para absorver tudo aquilo. Agora que eles se aproximavam vindo do deserto, em vez de vir pelo oceano, ele parecia diferente. Tudo era diferente. Mulher casada, ela não precisava mais se cobrir com véus, mas era mais do que isso. O homem ao seu lado não havia apenas despertado sua sexualidade, como também lhe dera algo mais, algo inesperado, motivo pelo qual ela o amava.

Por mais fechado e cauteloso que ele fosse, ela o amava.

— Que bonito... — disse Hermione ao homem sentado ao seu lado, olhando tudo o que estava à frente. Mas Harry simplesmente deu de ombros.

     Ela não estava completamente certa de que Harry sequer quisesse seu amor. Ela nunca tivera um relacionamento e não tinha referência, nenhum parâmetro que a guiasse. A noite de amor fora maravilhosa... Ela só acordara de manhã com Harry encaixado atrás dela; estivera mergulhada profundamente na floresta do orgasmo antes de ter abertos os olhos. Mas mesmo na hora em que eles tomaram banho juntos e se vestiram, ela sentira o distanciamento dele. O homem que estava sentado ao seu lado estava muito distante do homem que ela vira de relance. Ele era mais do que um livro fechado, ele valia por uma biblioteca inteira, e mesmo que ela vivesse para sempre, ainda assim sobrariam volumes não lidos.

     Repetidas vezes ela lamentou a decisão que tomara de inundar o quarto com luz aquela noite, pois ele havia mergulhado na escuridão.

     Ah, como eles falavam, mas não diziam nada. Pelo menos, nada que fosse importante, ela se corrigiu. Eles falavam, sim, sobre coisas importantes, como palácios e reinos. Acontece que, de repente, essas coisas não tinham mais importância para ela.

     Ela piscou para Molly, que obviamente não via nada de errado na atitude indiferente de Harry. Molly tinha dito que ela não esperasse ou quisesse nada além, mas ainda assim Hermione esperava e queria.

     Embora à noite Harry a levasse para além de seus sonhos mais selvagens, Hermione ainda queria mais. Não apenas pelo corpo dele, mas pela companhia de seu espírito. Não houve palavras grosseiras desde aquela noite, mas todos os dias desde então Harry tinha se levantado antes de o sol nascer e saído em direção ao deserto, voltando para casa muito depois de a noite cair. A proximidade e a cumplicidade que haviam começado a surgir sumiram de repente. Toda manhã quando ela acordava, emocionada, ele ja não estava ali.

— As pessoas já chegaram!

     Mesmo do alto, Hermione podia ver que o palácio era um formigueiro de atividade. Ela podia ver os jatos e helicópteros particulares que lhe diziam quais dignitários já haviam chegado para a recepção do dia seguinte. Mas a noiva e o noivo não teriam de se encontrar com eles até a cerimônia oficial, e Hermione estava bem aliviada. Uma semana longe e ela não tinha sequer ligado seu computador, ou falado com suas criadas, e certamente haveria muita coisa para fazer!

— Queria que minhas irmãs chegassem hoje...

     Os olhos dela observaram os jatinhos, tentando decifrar os brasões conforme eles se aproximavam, mas Harry não demonstrou qualquer interesse em se juntar a ela nesse jogo.

     Ao aterrissarem, a fim de guardar sua entrada triunfal para o dia seguinte, eles foram levados para a principal ala real do palácio, que era vedada aos convidados, e Harry mostrou-lhe o lugar, como era sua obrigação: dos jardins exuberantes às portas e passagens secretas, o quarto de dormir no qual eles ficariam juntos quando Hermione estivesse em Paris. Era impressionante. A cama era tão gigantesca e tão ricamente adornada que deveria ser a atração do quarto, mas era uma banheira junto às janelas francesas que lhe chamava a atenção.

— Você pode tomar banho e olhar o oceano lá fora, se quiser — disse Harry, abrindo as janelas francesas para mostrar a praia em todo o seu esplendor. Então ele viu o rosto perplexo dela. — Ninguém pode ver você.

— E se alguém estiver caminhando na praia? — perguntou Hermione, enquanto caminhava com ele até a sacada.

— Essa enseada é para nosso uso exclusivo — explicou Harry. — Essas escadas são o único acesso. Existe outra faixa de praia exclusiva do palácio, mas essa é só nossa.

     Era realmente lindo. O projeto impressionante assegurava total privacidade; toda a ala deles fora construída num ângulo tal de modo que ninguém pudesse observá-los. Até a rota dos tráfegos aéreo e marítimo, explicou Harry, fora programada para evitar aquela ala do palácio.

— Agora... — continuou Harry, no instante em que Hermione falou também.

— Acho que eu preciso...

     Ela deu um sorriso tenso quando eles falaram juntos. Ela odiava as situações embaraçosas entre eles, e acenou com a cabeça para que Harry falasse primeiro.

— Preciso trabalhar. Espero que não me tome muito tempo, mas depois de uma semana fora...

— Eu ia dizer a mesma coisa — admitiu Hermione. — Terei muito que fazer agora. — Ela virou os olhos. — Muita coisa deve ter acontecido enquanto eu estive fora.

— Muita coisa? — perguntou Harry, franzindo o cenho.

— Não importa.

     Estavam de volta aos negócios e ela sabia que não seria apenas ao trabalho, mas no casamento deles também.

— Preparei um escritório para você.

— Já deveria estar arrumado — disse Hermione. — Pedi que minha equipe garantisse que haveria um pronto para mim quando eu voltasse.

Havia.

     O escritório grande de Harry tinha uma sala menor anexa, onde seus assistentes pessoais poderiam trabalhar e se reunir, mas a equipe fora temporariamente realocada, e a sala fora preparada para Hermione, seguindo estritamente as orientações dela. Seu computador já estava instalado, e uma papelada esperava para felicitá-la. Mas havia flores de laranjeira nos vasos e água gasosa gelada sobre a mesa. Depois que entrou na sala, Hermione abriu imediatamente as portas que davam para o jardim, mas havia uma brisa forte, e o mar estava ficando bravo, então ela rapidamente optou por fechá-las.

— É bem pequena — salientou ela, pois mesmo que o amasse, ela ainda era rainha, e por isso não aceitava ter de ser adaptar a certas condições.

— Vou providenciar algo mais adequado para a próxima vez que você estiver na residência — devolveu Harry. — Acho que minha equipe trabalhou bastante bem, tendo sido avisada com tão pouca antecedência.

— Você foi avisado com anos de antecedência... — retrucou Hermione secamente. — Você e todos os seus assessores sabiam que você se casaria com uma rainha que trabalha...

     Harry teve que segurar sua língua para não responder à altura. Ele não estava acostumado a ser repreendido.

— Suponho que exista um escritório grande e totalmente equipado esperando por mim lá em Londres, para quando eu estiver na residência... — respondeu ele, com mais do que uma dose de sarcasmo.

— É claro que existe — disse Hermione sorrindo de leve, achando graça quando ele franziu os lábios diante de sua resposta. — Você usa um sistema de computador diferente do meu, mas ele foi instalado para você, e há papel e envelopes com o brasão real de Paris, e um lacre com seu nome...

— Posso imaginar — disse Harry — Está bem, é mesmo pequeno, mas por ora você pode trabalhar no meu, ao meu lado.

— Não, obrigada, mas gostaria de deixar a porta aberta, se não for incômodo para você.

— Nós podemos acenar um para o outro —disse Harry em tom de piadinha, mas Hermione tinha outros planos.

— Não vou ter tempo para acenos, Harry. Quero terminar meu trabalho o quanto antes. Amanhã temos a recepção oficial; há muito a ser feito.

     O que o fez lembrar. De novo! Não que ele tivesse tempo de pensar longamente no assunto. Depois da semana que ele tinha passado fora, havia muitos documentos para assinar. Mas ele estava ansioso para encarar o trabalho, esquecer a chegada dos convidados e a recepção do dia seguinte, para se concentrar no que ele fazia de melhor: governar seu reino.

     Sírius, tendo passado os olhos nos documentos, comunicou a Harry as informações importantes e esperou sua resposta enquanto os outros funcionários entravam e saíam da sala. Era um formigueiro de atividade... Algumas horas depois, enquanto tomava café, que Hermione recusara, preferindo beber água a fazer uma pausa com ele, Harry notou que ela trabalhava completamente sozinha.

Ele não conseguia entender.

     Ela trouxera um séquito para Paris: anciãos, conselheiros, suas criadas, Molly... Mas ainda assim ela não queria a assistência de ninguém. Ele ficou observando, apreciando o som da digitação dela no computador, ou o barulho da caneta quando ela assinava alguma coisa ou riscava uma página, e ele gostava de ver a profunda concentração no rosto dela quando ela estudava minuciosamente um documento.

Ele não conseguia tirar os olhos dela.

     Eles tinham estilos de trabalho completamente diferentes. Hermione mal se mexia, trabalhava em silêncio; já Harry trabalhava com explosões rápidas e curtas, andando para lá e para cá em seu escritório, sua mente inquieta resolvendo as coisas. Ele parou e observou um helicóptero pairar um tempinho antes de pousar. Os lábios dele estavam secos.

O trabalho tinha deixado de ser uma distração.

Em breve... Ele podia sentir. Em breve eles estariam ali.

     Ele olhou para onde ela estava sentada, mas Hermione não levantou o olhar, então Harry passou por ela.

— Posso dar uma sugestão?

     Hermione estava tão absorta em seu trabalho que não o ouviu se aproximar, e ele já estava sentado na ponta de sua mesa, olhando-a de cima para baixo...

— Por favor... — respondeu Hermione, educada, mas friamente.

— Sírius, ou algum outro assessor meu, sempre leu os documentos para mim, destacando os trechos relevantes. É claro que eu preferiria ter tempo para ler tudo pessoalmente, mas...

Ele olhou o documento que ela segurava.

— Posso?

Seus olhos sagazes o escancaram em questão de minutos.

— Aqui Sírius teria destacado o fato de que eu já aprovei o início da perfuração da nova mina de safira... — disse ele, passando os olhos na página mais uma vez. — E aqui está o prazo que você aprovou para que a mina financie o hospital e pague os médicos...

     Ele estava gostando da situação, de ajudá-la a ver quanto tempo ela estava desperdiçando, de mostrar-lhe como nem sempre era necessário fazer as coisas do jeito mais difícil. Fosse como fosse, ele queria mesmo era subir com ela e ir para a cama.

Na verdade, reinar era a segunda coisa que ele mais gostava de fazer!

— Não há nada de novo neste documento; você só precisa assinar.

— Não! — disse Hermione de modo bem deliberado e muito lentamente. — Eu aprovei a perfuração para uma nova mina de opala; o lucro dessa mina serviria para financiar um hospital-escola, para que Londres comece o processo de formação de médicos em vez de importá-los.

— Entendo.

— Não Harry, você não entende. Seus anciãos e conselheiros ouvem você. Escutei você hoje de manhã dando ordens e esperando que elas fossem cumpridas.

— Claro.

— Meu país resiste a mudanças. Sou da opinião de que contamos demais com as minas de safira para nos sustentar a longo prazo. Sim, somos ricos, mas estamos longe da auto-suficiência. Eu compro minhas roupas em Bristol. Enviamos nossas crianças mais promissoras para estudar no exterior. Sim, temos os melhores médicos, porque contamos com as minas para financiá-los... O que vai acontecer se as minas não produzirem?

— Mas as reservas minerais são enormes.

— E se uma grande mina de safira for descoberta aqui em Paris? — perguntou Hermione. — Nós exportamos outros produtos, claro, mas eu gostaria de ver Londres crescer e prosperar de verdade, para ser realmente auto-suficiente.

Ela passou a mão cansada sobre a testa.

— Eles fazem pequenas mudanças o tempo todo, detalhes que esperam que eu não perceba...

— Demita-os.

— Não posso. Quando não conseguiu produzir um filho, meu pai aprovou longas e complicadas leis para apaziguar o povo. Os anciãos têm uma influência considerável.

— Mas você é a rainha — disse Harry. — No final das contas, é você quem manda.

— Claro — respondeu Hermione. — E por isso que checo tudo, é por isso... — disse ela com um sorriso tão leve que nem moveu os lábios — que vou continuar trabalhando muitas horas, lendo a papelada que eles esperam que eu não consiga ler de tão cansada que estou.

     Ela baixou a cabeça e tentou continuar a leitura. Ele sabia que devia deixá-la trabalhar, em qualquer outro dia era o que ele teria feito, só que os helicópteros continuavam a pousar lá fora, e logo eles estariam lá. Ele preferia ficar com ela no escritório a estar sozinho com seus pensamentos, concluiu Harry, brincando com uma mecha do cabelo dela.

— Deixe isso para depois, Hermione.

— Não posso — disse ela, mordendo os lábios, enquanto a mão dele percorria-lhe os cabelos, lhe acariciava a nuca. — Com o tempo, quando você entenderá os costumes de Londres...

     Ele se levantou, e ela nem olhou para cima. As palavras que Hermione precisava ler ficaram embaçadas na folha quando ele levantou os cabelos dela. Ela sentiu os lábios dele em sua nuca. Como ela queria virar-se para ele, pedir sua ajuda, confiar a ele seus encargos. Mas ela já havia confiado em alguém antes: o marido de Noora, Ahmed, seu próprio cunhado. Também príncipe, ele agüentou alguns dos encargos até que os anciãos conseguiram convencê-lo a fazer o que eles queriam, lembrando-o de seu segredo culpado, e da vergonha que seria se ele viesse à tona. Mas Ahmed era fraco, lembrou Hermione a si mesma, e Harry era forte.

     Seus lábios quentes fizeram cócegas na sua nuca. Como ela queria largar aquela papelada, para ficar com ele, para ser sua mulher.

— Deixe isso para depois, Hermione. Isso pode esperar. - Então ela vislumbrou a impossibilidade de tudo aquilo. A primeira obrigação de Harry era com a França, e naquele exato instante seu primeiro dever era satisfazer seu ardor. O que importava a ele que ela abrisse mão de um hospital pelo qual ela lutara por tanto tempo se ela fizesse o que ele queria?

— Certamente você pode esperar.

— Esta noite, temos de dormir separados...-Harry lembrou-a da irritante tradição, segundo a qual, mesmo casada, ela teria de estar, na noite anterior à recepção oficial, preparada como se fosse uma noiva. As mãos dele estavam agora sobre os seios dela enquanto ele ainda beijava sua nuca, acariciando-os, apertando-os com as mãos em concha sobre o tecido. Ela podia sentir sua calcinha ficar úmida e queria recostar-se contra o corpo dele, só que ela não podia, não devia ceder e ficar em seus braços; o dever em primeiro lugar.

— Estou tentando trabalhar, Harry! - Sua voz soou frágil, e ela movimentou o corpo bruscamente, para longe dele. Era aquilo ou sucumbir.

— Então trabalhe! — disse Harry asperamente. E quando ele a deixou sozinha com seus preciosos documentos, não saiu muito satisfeito. Ele não estava acostumado a mulheres fortes, nem a mulheres que rejeitavam suas investidas.




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