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História Almas além do infinito... --:-- CLACE - Confissões de amor...


Escrita por: Eubha_

Notas do Autor


Tenham uma boa leitura!! Muito obrigada pelo incentivo de todos, que passam aqui, me deixam muito motivada pra continuar e muito feliz também. 🤩😻

Música pro capítulo. Nocturnal- Artista. Ella Vee. Tem link da música lá nas notas finais. Dêem uma olhadinha, se quiserem.

Ps. Capítulo tá sem revisão, mais assim que der dou uma olhadinha, por isso peço desculpas. Mas aqui, tá ameaçando chuva, e minha internet está me tirando a paciência, então preferi postar antes que não desse.

Capítulo 23 - Confissões de amor...


Fanfic / Fanfiction Almas além do infinito... --:-- CLACE - Confissões de amor...

Clary olhava por além das fagulhas alaranjadas, hora assumindo um tom amarelo dourado, não conseguindo abster seus pensamentos, de todos os acontecimentos turbulentos, daquele dia agitado, eles tinham ido e voltado frequentes vezes, ao olho de um furacão de fato. Sua mente estava agitada e exausta, e agora sentia que seu coração estava tão frio, como seu corpo se encontrava gélido e trêmulo, após o baque da chuva forte, que haviam tomado.

Ela agora, não conseguia parar de tentar entender, quais eram os laços reais, que um dia uniram, Valentim a sua mãe, porque realmente o homem ainda guardava uma foto da ex-mulher, mesmo depois das atrocidades bárbaras, que havia cometido contra Joselyn. Sua angústia sufocadora, ia e vinha, voltando e atingindo, com a força de uma navalha cortante, tudo o que pensava, exatamente igual havia presenciado, o desabamento da mansão Wayland. Clary sempre sonhou e planejou, como qualquer jovem garota normal, que um dia iria querer encontrar alguém para dividir sua vida, seja ela feita de felicidades ou tristezas. Mas agora ela só poderia pensar, que nunca iria querer gostar de alguém, como Joselyn, amou seu pai um dia. A mãe chegou a lhe dizer um dia, que o jovem com que se casou, não era aquele homem cruel que foi obrigada a deixar anos depois, Clary não conseguia concordar com aquilo, talvez fosse somente o amor da mãe a cegando completamente. Ela sentia tanto por Joselyn, não ter sido verdadeira e inteiramente feliz, pois nem mesmo com Luke, a jovem mulher se quer assumiu um relacionamento tão sério, talvez fosse porque ela estava ocupada demais, protegendo coisas muito maiores, e até ela mesma, a mãe deveria consumir seu tempo, com medo de que ela estivesse em perigo, aquilo agoniou Clary, um nó ruim em sua garganta.

Um frio arrasador, percorreu o corpo úmido de Clary, a fazendo sentir-se ainda mais congelada, talvez devesse parar de pensar em coisas que ela realmente não poderia controlar, apesar de que, quase nunca conseguia cumprir tal promessa, era tão boa em ignorar aquele caminho racional, que frequentemente sua mente lhe apontava como o melhor, quando a aflição já ameaçava a afogar. Anestesiada, de um jeito que também lhe proporcionava certa agonia incalculada, a garota quis poder adentrar para dentro da lareira em chamas, sem queimar-se, para ver se assim, aliviava todo o frio terrível de seu corpo.

Jace a observou, totalmente avessa ao mundo a sua volta, antes de aproximar-se. Ela estava aparentando, estar tão inevitavelmente perdida dentro de si mesma, enquanto encarava o fogo aceso, que ele apenas desejou poder abraça-la, sem grandes explicações. Ou quem sabe mesmo, seria ele, que estava como sempre, muito preocupado com ela.

E quando ele não estava, ele ralhou meio impaciente com o que pensava, ao se aproximar mais dela. - Clary tira a roupa. – ordenou ele, ainda a vendo, próxima ao fogo da lareira esfregando as mãos nos braços nus, logo depois de aquece-las um pouco ao fogo.

Ele estava ficando convencido, de que sua ideia inicial, não pudesse ser ruim, não que ele não estivesse tão congelado quanto ela, mas talvez a ter perto, devolvesse a temperatura normal, para ambos os corpos.

Clary realmente não podia negar que estava com muito frio, a pele branca de seus braços, já estava assumindo um tom roxeado, ela podia ver com exatidão, toda vez que as chamas do fogo, irradiavam iluminando um pouco seu corpo. Seu braço esquerdo, estava doendo mais, a cada segundo que ela mexia-se, os ossos doloridos devido a queda, mesmo que Jace a tivesse livrado dos arranhões, depois que a curou, usando seu dom para ativar as runas.

- O que. – a garota deu um pulo quase frenético, arregalando as íris esverdeadas na direção dele, estava tão absorta em seus pensamentos gelados, que realmente pensou ter ouvido errado. Seu olhar erguido, apenas encontrou Jace a encarando com toda seriedade.

Jace escondeu o rosto na toalha que usava para enxugar-se, abafando um sorriso divertido, diante do semblante espantado dela. Aquele semblante tímido dela, tinha que parar de o encantar, tão abobamente.

Ela ficou imóvel, com as mãos a cintura e pode ver, olhos banhados por atrevimento lhe fitando logo depois. Jace poderia ser um pouco inseguro de vez em quando, faria muito bem a ela, e principalmente ao impacto nervoso que ele sempre causava em si, era como mergulhar frequentemente nas águas do mar, as ondas nunca seriam as mesmas, e nem teriam sempre o mesmo impacto. Clary pensou, suspirado.

- Relaxa, só estou dizendo que você esta molhada, vai acabar doente desse jeito. – justificou sem nenhuma mudança na voz. Clary parecia já meio pronta para lhe matar, seu olhar verde assumindo um clássico e brilhante tom faiscante desconfiado, de quem estava pesando todas as possibilidades, ele é que não iria dar chance para o azar.

- Caçadores de sombra não ficam doentes, lembra. – ela rebateu apressada, e cheia de si. E parecia que aquilo, teria sido uma praga para suas certezas, pois logo depois viu seu nariz coçar irritado, o que foi seguido por uma série de espirros ininterruptos. Ela apertou o braço contra o rosto, fazendo força para não continuar com os espirros gradativos. Okay, ela era uma regra a exceção.

Quando voltou-se a Jace, apenas o viu, lhe confrontando com um semblante, de quem claramente dizia, eu estou totalmente certo. Ela ainda tentou abrir a aboca para dizer o quanto aquilo nele a irritava, mas foi interrompida antes.

- Isso que você ouviu, tira, você está toda molhada, e tremendo de frio aí. – Jace continuou olhando meio impassivo para ela. Circulando a toalha que estava em sua mão, em volta do pescoço. Clary podia só uma única vez, lhe ouvir de primeira, sem que ele se esguelhasse, uma porção de vezes, agiu resignado o rapaz.

Clary ainda o olhou, meio duvidosa, iniciando um novo ataque de espirros insistentes em seguida, só confirmando o que ele dizia, e Jace apenas a encarou quase mortal. Seu dono da verdade, irritante. Clary revirou os olhos, pensativa, sem nada falar.

- Na verdade, poucas coisas se salvaram dentro da minha mochila, então.  – ela admitiu. E esfregou o nariz, pensando que o clima seco daquele lugar, estava lhe dando uma boa crise de rinite alérgica também. Seria ser mimada demais, desejar sua cama quentinha e confortável agora, porque tal desejo estava arruinando os planos de Clary, em achar aquilo tudo, uma aventura animada. 

Se a força e estatura de alguém, fosse considerada pelo nível de teimosia, Clary seria alguém muito gigante. Jace bufou desgostoso. Às vezes queria entrar na cabeça dela, e chacoalhar tudo lá dentro, só para ver se assim, ela deixava de ser sempre a mais birrenta.

- Toma te seca, e veste isso. – ele jogou dois pedaços de tecido no ar, em direção dela. Uma das tolhas limpas que havia achado no minúsculo armário do banheiro de Luke, que apesar do leve cheiro de mofo, era melhor do que ficar pingando água por todos os lados, devido a chuva. Bem como uma de suas camisetas secas, que havia trazido consigo.

Clary pendeu os braços para o ar, juntando desajeitadamente as peças. Ele não segurou, a debochar de leve, quando sua blusa ficou a se enrolar por cima dela, após cair bem em seu rosto.

A menina segurou os pedaços de tecido pensativa, estando com as roupas abraçadas em frente ao seu nariz, mais precisamente inspirando o aroma perfumado que vinha da blusa de Jace. Ele tomava banho de perfume, antes mesmo de sair usando suas roupas, aquilo ficou na mente de Clary, que estava tão tendenciada a ser rendida e embriagada por aquele cheiro, que estava beirando a insanidade do ridículo. E porque mesmo aquele aroma, não estava enlouquecendo sua rinite, sempre costumava espirrar com cheiros perfumados, quando estava atacada, mas parecia que agora, havia descoberto uma boa regra a exceção. Tudo nela a traía, quando o assunto era Jace. Que belo ser humano, ela poderia ser, a própria traidora de si mesma.

Clary pegou por uma fresta, de seus olhos jades apertados, por estar franzido o cenho, tão pensativa, o loiro a fiscalizando abertamente, sem disfarçar.

– Mais e você. – ela foi perguntando, ligando seu nível máximo de seriedade, a endireitar o corpo, com as roupas abraçadas em seus braços.

Jace queria rir, queria muito rir alto, ela estava tão engraçada agora, abraçando as roupas sem saber para que lado corria primeiro. Ou mesmo, que decisão atrapalhada tomaria. - Devo ter outra troca. – ele garantiu. Os olhos dela ainda dançaram no rosto dele, em total indecisão. – O que, eu fecho o olho, prometo. – a piada saiu traquina pelos lábios dele, apesar de não ter a intenção, os olhos dela, como duas esmeraldas assumindo um tom amarelo queimado, toda vez que as faíscas do fogo, dançavam contra seu rosto, talvez estivesse o influenciando.

Clary bateu o pé, ensopado de água até dentro dos calçados, olhando ao chão, como se tivesse que o revidar rapidamente. Quase questão de honra. O ar de ironia dele, a deixando instigada por aquela competição, que não envolvia nenhum ganho.

Ela passou, caminhando para o lado dele, estaqueando, a por as roupas de volta em sua mão, sem nem mesmo perguntar se poderia.

Clary e sua habitual, quase velha mania, de achar que poderia fazer o que quiser dele. Um sorriso altivo, o provocando cinicamente. Quando exatamente, ele passou a deixar, que fizessem qualquer coisa com ele, sem nem mesmo contestar. Onde estava o cara mandão, que metia medo em quase todo mundo, quando se tratava daquela garota, Jace realmente não sabia mais. Ou a consequência redundante ali, é que não era qualquer pessoa, era ela, e mais ninguém. Passou anos de sua vida, sendo quem dava ordens, não o que obedecia, para agora perder tudo aquilo, para uma garota de sorriso bonito. Ou talvez a dona, do sorriso mais estonteante do mundo. Ele a fitou instigado, Clary bem parada ao seu lado.

- Eu furaria teu olho, se você tentasse. – Clary provocou, o tirando de seu transe. Com seu sorriso atrevido, e se divertindo com a forma que dizia aquilo a ele. Se livrando do cinto de armas de sua cintura. Um ar de riso radiante, escapando dela, sem querer, quando Clary passou a puxar as peças de tecido de sua mão de novo, depositando abrupta seus punhais angelicais, sobre a mesa de madeira, como se quisesse realmente, provar que poderia cumprir sua ameaça, sem grandes problemas.

Jace assentiu positivamente, sedução instigando, seu olhar azul incandescente, que queimou em furor, ou mesmo disfarce pairando sob ela.

Ele viu, ela sair de sua vista. - Essa é minha garota. – Jace afirmou, não querendo mesmo pensar, quais sentimentos de posse, e amor sem fim, tais palavras continham, apenas as viu escapando por sua boca, um ar orgulhoso e provocativo, tomando conta de si. Ele foi curvando o rosto para trás, iluminado com um sorriso divertido, foi um reflexo natural, já que ainda falava com ela, o rapaz voltou para sua posição anterior, meio com arrependimento, por não ter calculado suas ações, quando encontrou uma Clary, com o tronco estampando, apenas um sutiã preto comportado, e curvada tendo um pouco de trabalho em arrancar a calça do corpo, que estava colada, devido a toda chuva que tomou.

Jace balançou a cabeça, querendo apagar o brilho que contrastava à pela branca dela, devido a pouca luz vindo da lareira. Ele suspirou pesado e quente, alternando com o frio que passava em seu corpo, distraindo a mente, a mexer dentro de sua mochila em busca de roupas limpas e secas para também se trocar. Mas com certeza, juntando todas as forças, esperaria, estático no mesmo lugar, até Clary aparecer novamente em sua frente, e para o bem dele, que já estivesse vestida.

Clary ficou olhando minunciosamente, para os músculos das costas dele, parado na mesma posição e organizando alguma coisa sobre a mesa. A menina curvou os lábios em um sorriso risonho, passando pelos braços com rapidez o sutiã devidamente seco, abandonando o outro ao chão. Não era que Jace, era somente, estranhamente bonito aos olhos dela, alguma coisa nele, sempre fazia com que ela, admirasse cada detalhe minucioso de seu jeito, e até mesmo a forma de se portar, nas mais diversas situações, algo que o tornava especial.

Clary sabia que poderia perfeitamente, parar horas de seu dia, para ficar o olhando, e captando cada mínimo detalhe que irradiava dele, até mesmo a forma como seus ombros pareciam se alargarem toda vez que ele, puxava o ar dos pulmões de um jeito mais pesado, ou como agora, ele havia ganhado um novo arranhão bem próximo ao seu quadril, resultado de seu ferimento durante a explosão da mansão Wayland, ou como ele tinha um símbolo de tristeza e luto, desbotado em um tom prateado, em uma de suas omoplatas, ela ficou se perguntando, quando ele havia o desenhado, e o do porque, normalmente símbolos como esse, não apagam o sofrimento de um caçador de sombras, apenas era um sinal de respito e luto, ela tinha estudado muito os símbolos do livro cinza, nas semanas que se passaram, e até mesmo antes, havia desenhado uma runa de luto em seu pulso direito, logo depois que Joselyn partiu, mas assim como em Jace, a sua estava desaparecendo, Clary ficou pensando se a dor da perda, sumiria juntamente com o símbolo também.

Ela distraiu-se, em seu silêncio carregado de lembranças, enquanto já puxava a blusa dele para baixo em seu corpo.

- Você acha que essa chuva vai parar até amanhã. – Clary se aproximou por trás, tocando no braço dele de relance. Se perguntando, se poderia continuar cheirando a Jace, mesmo depois de tirar a peça de seu corpo, ela realmente não iria se importar com essa possibilidade.

- Eu acredito que sim. – Jace respondeu meio distraído, para no segundo que olhou para ela, pressentir seus pensamentos entrarem em rota de fuga de sua mente. Clary estaqueou o olhar no rosto dele, como se quisesse desvenda-lo, e um pasmo silêncio ficou no ar, sendo levemente quebrado, apenas pelo som da chuva, e o estralar das fagulhas, da lenha e brasas vindo do fogo da lareira.

Jace queria parar de olhar para ela, na verdade lutava para conseguir, mas ela realmente parecia o ser mais lindo do mundo, trajando sua blusa de algodão e mangas cumpridas. Ou droga! Ou ele estava ficando cada vez mais maluco, ou incrivelmente mais apaixonado e vidrado, por aquela bela e delicada garota parada a sua frente.

Clary tinha mesmo um jeito anormal, de anestesiar todos os seus sentidos. E era estranhamente bom, o tipo de sentimento mais forte e insano que experimentou um dia, sentir por uma garota, e mesmo que não quisesse se gabar, Jace sabia que tinha conhecimento de causa para tal certeza, ele havia beijado bocas e frequentado camas o suficiente, para afirmar sem nenhuma dúvida, que nunca se sentiu tão estupidamente fascinado por ninguém.

Os olhos cor de jade dela, ainda brincavam na face dele, meio confusamente incertos, bem como Clary, sabia que não poderia medir com precisão, o que se passava dentro de seu coração, ela já tinha conhecido caras o suficiente, para ter certeza de que não deveria se sentir, tão abalada diante de um garoto, mas ela sempre acabava se sentindo tão ridicularmente insegura e nervosa diante do olhar dele em cima dela, que chegava até ser um pouco idiota.

- Uown, eu deveria procurar minha arma. – Jace quebrou a troca de devaneios e sentimentos dos dois em segredo, quando ouviu o estômago de Clary se comprimir, em um ruído alto até demais. Um motor de engrenagens quebradas, ou mesmo um urso faminto, poderia estar morando na barriga dela facilmente.

- O que, não me culpe, eu estou mesmo com fome. – Clary pressentiu a palavra fome, lhe lembrar de comida e suas muitas variedades, o que não ajudou muito seu apetite a se aquietar.

- Tem certeza, de que não há nenhum urso selvagem, meio demoníaco aí dentro. – Jace brincou com ela. Clary ficou a rir apenas.

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- Bom nós temos, macarrão instantâneo, ou barras de cereal, o que é pior. – Jace remexeu as embalagens diante dos olhos dela, também se sentindo meio desanimado por não ter tanta variedade assim de comida, até a barriga de Clary praticamente gritar, reclamando da falta de alimento, ele próprio, também não tinha notado, o quanto ele mesmo estava com fome.

- E chocolate. – Clary abraçou como uma menininha, fazia com seu ursinho preferido, a barra em seus braços. Isabelle com toda certeza, era uma ótima amiga. E para todas as horas.

- Garotas e suas carências estranhas. – Jace respondeu, com uma pitada irônica, pensando que provavelmente, Izy pôs o alimento ali, pensando especificamente em Clary.

- Muito engraçadinho. – Clary fez uma careta, mal ligando para o riso dele. – Porque tem tomates aqui. – ela alegou, segurando as duas frutas em sua mão, meio confusa.

- É provável que na pressa, a Izy pensou que eram maçãs. – Jace respondeu, envolvido em colocar o macarrão em uma panela, que haviam encontrado no armário de Luke.

Clary olhou descrente para ele. Mais uma das brincadeiras cheias de graça e ironias dele, ela não evitou desconfiar.

– É sério, quando se trata de cozinha, você não deve mesmo confiar na Isabelle, quando Alec e eu éramos mais jovens, ela tentou cozinhar uma galinha, afirmando que se tratava de um pato. – A gargalhada de Jace, foi alta pelo cômodo.  Aquela cena, da cozinha emporcalhada, que em meio à bronca dos pais, sobrou para ele e Alec arrumar, nunca mais sairia de sua cabeça.

Clary não quis dar razão a ele, mas de todos os pratos de Isabelle, que já havia provado, só poderia dizer, que seu bolo de cenoura era bom. Mais ela como boa amiga, nunca diria aquilo a ela, e muito menos a Jace.

Clary supriu uma gargalhada, mas foi em vão, seu riso fez com que seu nariz ardesse. – Não ria dela, poxa, ela só quis ajudar preparando nossa comida. – Clary bateu no braço do rapaz, pedindo que ele parasse.

Mas aquilo realmente não era algo, que ela estava conseguindo ficar imune, agora. Ou era o jeito com que Jace contava, ou era a cena se materializando em sua mente, de Izy protagonizando tal feito. – Bom não foi de todo em vão, agora temos um molho pro macarrão. – Clary bateu uma fruta na outra ficando animada. Talvez aquele jantar não fosse tão ruim.

- Devo me precaver. – Jace atacou arqueando a sobrancelha, em alerta. Se ela fosse tão mal cozinheira quanto Isabelle, ele teria superado os acontecimentos terríveis daquele dia, e morreria agora, por alguma intoxicação estomacal.

Clary forçou uma careta risonha, sendo emoldurada de modo claro, por sarcasmo e mau humor.

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As coisas mais belas, aquelas que fazem nossos olhos brilhar em encantamento e admiração, podem estar também, dentre as mais singelas. Clary nunca viu aquela possibilidade ser tão real, como agora. Poderia o céu daquele lugar, ser mais lindo, do que qualquer outra extensão estrelada, que um dia ela parou para encarar, a garota de fato não sabia, mas não podia negar que seu coração se encontrava aquecido de paz, e imensamente agradecida, por seus olhos, banhados pela curiosidade da descoberta, poderem ser capazes de obter a graça, de contemplar aquele cenário maravilhoso.

Há tanto tempo, seu fascínio pelas estrelas, e a lua cheia, com sua graça radiante, não era admirado por ela. Clary não soube exatamente, com clareza o dia certo, mas desde que deixou, de ser apenas uma jovem garota, com problemas normais, não parava para admirar aquele cenário, que seus olhos contemplavam com tanta alegria agora. A noite em Idris, era calma e silenciosa, tendo como vento, apenas um sopro fino, que hora movimentava levemente os fios do cabelo dela, quando batia contra a janela.

O lugar a volta deles, era tão desprovido de qualquer ruído, que Clary ouvia o barulho do vento se chocando nas folhas das árvores ao redor. O clima dali, era um tanto estranho, ao julgar dela, num primeiro momento, eles estavam sendo, fritados em um sol escaldante, mas a chuva fria foi a responsável de quebrar aquele calor todo, e agora como em um passe de mágica, as estrelas estavam de volta ao céu, brilhando como nunca, enquanto faziam companhia para uma lua majestosa.

Clary só pode pensar, que todo o resto do mundo, eram pequenas bobagens, que as pessoas inventavam, por sempre serem egoístas demais. Nada deveria ser mais lindo e raro, do que aquele cenário.

– Nada deveria ser mais bonito, pena que as pessoas inventam tantas desculpas, pra tantas coisas insignificantes. – a garota disse, como se isso pudesse um dia, se transformar em uma profecia, seus olhos dançando pelo céu, de um jeito tão meigo.

Ao menos na visão de Jace, que a encarava, bem parado ao seu lado, enquanto ela se perdia nos desenhos pelo céu.

- É não deveria mesmo. – Jace olhou com encantamento, para o rosto delicado ao seu lado. Clary ainda permanecia entretida demais, com o brilho radiante das estrelas, fitando o céu, envolta em um misto de fascínio e paz infinitos.

Jace sorriu de canto, puxando ela pelos ombros para bem perto de si.

- O que. – Clary se despertou curiosa. Seus olhos não queriam mesmo se desprenderem daquela paisagem.

- Deixa eu tentar uma coisa. – ele disse sorrindo, brevemente, descendo o olhar pelos ombros dela. Clary não entendeu muito quando o notou, afastando o tecido da blusa, de sua clavícula, e correndo a ponta dos dedos sobre a sua runa de visão a longo alcance. Confusamente, ela continuou parada, somente o observando suas reações, e as sensações únicas que o simples toque dele, poderia despertar por todo seu corpo.

Ela olhou surpresa, quando presenciou sua runa brilhante bem como faiscante, abaixo do toque dele, assumindo um tom dourado por segundos, como sempre acontecia quando era ativada.

- Olha agora. – Jace pediu, com um aceno apontando para o céu. Clary ficou com um brilho nos olhos de puro fascínio maravilhado, ao ver a lua tão grandiosa aos seus olhos, assim como as estrelas, que poderiam, ser facilmente confundidas com fogos de artifícios, explodindo em um tom diamante, seu sorriso se iluminou, por imensa alegria em comtemplar a cena.

- Eu acho que eu realmente posso tocar nelas. – ela pronunciou animada, apontando os dedos bem perto de cada uma das estrelas mais brilhantes. Era como tê-las, em um cinema 3D, o céu,  a lua e estrelas, tão pertinho. Clary tinha certeza de que jamais havia visto algo tão belo. – É lindo. – ela declarou sem conter o sorriso, bem como o suspirar calmo.

Querendo guardar, cada pedacinho da imagem, da forma mais minuciosa em suas lembranças felizes. Se tornando eternizada.

- É, muito mesmo. – Jace concordou, mas mal entendeu ela, que ele estava analisando outra imagem, o sorriso estonteante que ela continha no rosto, para ele aquele sorriso brilhava muito mais que qualquer estrela.

- Ali bem juntinhas, é a constelação de Orion, coincidência ou não, também chamam ela de o caçador mítico, e cada uma delas tem um nome em separado, aquela mais gigante ali meio azulada, se chama rígel, já aquela outra ali é claramente mais vermelha do que as outras, as três ali alinhadas são Mintaka, Alnilan e Alnitak, mais a maioria das pessoas chama por... – Jace segurou a mão dela a sua, apontando para o céu em indicação.

- Três Marias. – ela atribulou, sorrindo genuinamente na direção dele. Nem sabia onde havia ouvido aquilo, mas lembrava.

– Na verdade, cada uma delas tem um nome, e existe quase uma centena de constelações diferentes, nem eu lembraria de todas. – ele apontou encarando o céu com ela.

Clary levou seu olhar até ele, não segurando o sorriso preenchido por admiração, que pintava seu rosto, quando ela achava que nada mais a surpreenderia nele.

Jace vinha e mudava sua teoria. - Hum eu não sabia, que astrologia era algo que se ensinava pra caçadores de sombras. – Clary questionou curiosa, entre um sorriso, apoiando a cabeça no ombro dele, ainda fitando o céu.

- Não é, mas antes do instituto eu tive lições com Valentim, lembra, ele dizia que as estrelas eram uma forma prática, de você saber se localizar também, caso estivesse perdido, enfim. – respondeu Jace, sem parecer muito afetado, porém Clary se arrependeu da indagação. Ela não gostava em ver, como o olhar dele se curvava tristemente, toda vez que a sua vida, era atrelada a Valentim de alguma forma.

- Você é alguém muito melhor do que ele, um milhão de vezes. – garantiu ela, fincando seus olhos nos dele, por segundos. Jace a olhou entre um sorriso agradecido, se perguntando, como ela poderia ver tanta bondade nele, nunca, nem ele, se enxergou assim.

Clary sempre queria colocá-lo como um anjo salvador, aquele capaz de exterminar tudo de ruim, que havia no mundo. Um com muito mais luz, do que ele realmente julgava possuir. Ela sorriu ainda apoiada em seu ombro, espichando o olhar até seu rosto, carinhosa.

Clary quis reunir toda coragem que conseguisse para dizer, o que sua mente e coração lhe ordenava, uma ordem aguda, quase gritante. A garota sentiu que o fantasma da dúvida e insegurança, eram piores companheiros do que, uma suposta rasteira negativa, que poderia tomar de Jace, caso ele dissesse que não queria mais nada com ela, ou menos nada definitivo e planejado com antecedência.

Ela inflou o peito de ar, estando meio ciente demais, que precisava dizer aquilo. 

– Aconteceu tanta coisa, nos últimos dias, que nós nem conversamos, a respeito do que houve aquele dia. – afirmou, um nervoso ansioso tomando o controle de suas ações. Ela sentiu que poderia derreter facilmente, ali mesmo, quando avistou Jace, tirando os olhos do céu estrelado, e a olhando fixamente, em uma calma tão nítida, que só a fez se sentir ainda mais inquieta. Parando na frente dela, ele sorriu forçando falta de conhecimento.

- Houve exatamente. – Jace brincou com as palavras de um jeito tão travesso, apertando os olhos, como se quisesse lembrar-se de algo, que estava sendo extremamente difícil de recordar, tamanho esquecimento de sua parte. O que fez Clary revirar as íris esverdeadas, quase já estando no auge de sua irritação também.

No fundo ele, só queria esconder o quanto seu coração, pareceu errar o ritmo de todas as batidas que vieram a seguir. O verde esmeralda, daqueles olhos, lhe traziam tamanha incerteza nervosa, que ele se via frequentemente não sabendo lidar. Nenhuma outra garota foi capaz de o deixar, tão sem palavras, quanto ela tinha aquele poder, algo tão novo e desconhecido para ele, que de fato deixava Jace, desprotegido de qualquer armadura de proteção, como um menininho solitário, em seu primeiro dia de aula, longe do mundo familiar que estava acostumado.

- Não dificulta as coisas, certo. – Clary empurrou seu ombro, estando com toda certeza, de que ele estava apenas a provocando gratuitamente, como fazia quase sempre. E mesmo tendo plena certeza disso, nada impediu que um frio brotasse na boca de seu estômago. Ela o fitou com firmeza pura.

Jace soltou um suspiro fraco, descruzando e cruzando os braços, um gesto claro de sua indecisão, estava tão certo que manteria distância dela, ao menos uma que seu coração pudesse suportar toda saudade doída, e ainda pudesse estar cuidando dela sempre, mas agora ali, notando ela, lhe olhando, daquele jeito tão meigo e um pouco inseguro, só queria levar sua boca até a dela, os mergulhando em um beijo, que descontaria toda sua vontade dela, de uma vez só.

Levando sua mão, em direção ao cabelo ruivo, correndo os dedos por uma mecha vermelha, claramente mais emaranhada depois de toda chuva.

Ela sorriu, largo e escancarado, perante ao gesto dele, um sorriso que carregava um brilho tão iluminado, quanto eram as milhões de estrelas que permaneciam faiscantes no céu, sendo as únicas testemunhas daquela conversa. O olhar de carinho dele sobre ela, fez Clary se sentir puxada em direção a ele, algo tão automático, quanto respirar, era agora sua vontade de se jogar nos braços de Jace.

Ele era tão rendido por aquele sorriso, que ousava dizer, que nem mesmo o brilho das estrelas no céu, jamais poderiam ser comparado com sua graça e beleza. O sorriso dela era a luz todinha da vida de Jace, ele estava certo disso, como poderia também crer, que aquela noite, se transformaria, em um amanhecer no dia seguinte.

Ele segurou o rosto dela, entre suas mãos, arrastando os polegares pelas bochechas de Clary, queria que suas impressões digitais, não pudessem jamais se esqueceram da textura da pele macia, contra seu toque. Clary foi prendendo a respiração pouco a pouco.

- Às vezes eu realmente acredito, que um dia, você vai ver, que eu não sou esse cara que você enxerga, com essa bondade toda, e quando esse dia chegar, esse teu sorriso pra mim, vai deixar de existir, e eu não sei, se sou capaz de aguentar isso. – ele disse. Receio claro em sua voz. Seu olhar tão fixo ao dela, eram agora águas azuis e verdes se misturando pouco a pouco, tamanho era a intensidade que se encaravam.

Ela pode ver a alma e coração dele, tão claramente despido, de qualquer defesa agora, nem seu olhar atrevido e sarcástico, que sempre fora seu companheiro, para todas as horas estava ali. Ele realmente acreditava naquilo com tanta convicção? Que ela pudesse estar tão erroneamente enganada e deslumbrada, por alguém, que  se quer existia. Mal sabia Jace, que o amor que fazia morada no peito dela, era justamente por ele, ser ele, com cada minúsculo pedacinho dele, daquele mesmo jeito. Clary sabia que podia amar os defeitos de Jace, do mesmo modo, que era fascinada por cada traço de qualidade, que ele mantinha na personalidade e coração dele.

A insegurança dele, fazendo morada no coração dela, e deixando um peso ali. Clary passou os braços em volta de Jace, deslizando as mãos por toda extensão de suas costas, como se seu gesto pudesse arrancar as incertezas dele. – Isso nunca vai acontecer, eu confio demais, em você e em mim pra ter certeza disto. – ela garantiu, tendo toda certeza do mundo que jamais erraria.

Clary não sabia mais, em que condições viveria, se não tivesse mais o amor e o calor dele em sua vida. Ou talvez sabia, e sabia demais, pois já havia experimentado aquilo tão na pele, quando Valentim os separou. E hoje sabendo com mais força ainda, o quão feliz poderia ser estando nos braços dele, ela tinha certeza do quanto lacraria seu coração para sempre, se não pudesse se afogar naquele amor.

- Você é a única pessoa do mundo, que enxerga tanta luz em mim, como se eu fosse realmente melhor do que eu sou, você vai entender, que meu coração pode ser muito mais sombrio e escuro, do que uma noite sem estrelas. – Jace fala. Sabia que seria o ser do mundo, com mais raiva de si mesmo, se fosse capaz de machucar ela de algum jeito. Não poderia ser tão capaz de destruição, como Valentim, sempre deixou claro, que estava em sua natureza. Ninguém foge de seu caminho, daquilo que foi criado e treinado para ser. O homem monstruoso lhe disse aquilo tantas vezes, e por tantas vezes, ele já cogitou, que ele estivesse certo. Ele foi ensinado para destruir tudo àquilo que tocasse, era algo que não podia ser controlado, era instinto, sua verdadeira natureza. Estava dentro dele, e não importava o esforço desmedido, que fizesse para se livrar disto, era sua sina cruel, marcado em seu peito. O motivo verdadeiro de sua existência.

Clary parecia alguém tão certa, demais para ele, e ele um ser tão estragado, arruinado em seus mínimos detalhes, em decorrência de todos os caminhos tortos e amargurados, que sua vida sempre tomou.

- Então eu serei suas estrelas, pra você sempre achar o caminho, e se realmente, você sempre segurar minha mão, eu também não terei medo do escuro. – as lágrimas dela empossaram em seus olhos claros, sem nem mesmo planejar. Só queria que ele acreditasse, que talvez não fosse ele, o não merecedor de seu amor.

Queria que ele acreditasse, que para ela, ele sempre seria o mais especial, e talvez fosse ela, a quem faltasse dignidade, pra ser amada, de uma forma tão plena, como sempre se sentiu perto dele. Clary tinha certeza que nenhuma dor, nenhum trauma, nenhuma cicatriz, mágoa ou ódio que Jace carregasse consigo, faria com que ela o amasse menos, isso só reforçaria o imenso amor e orgulho que sentia por ele.

- Você juntou partes de mim, que nem eu fui capaz um dia, o cara quebrado, que precisou encontrar uma mulher, pra revirar ele todo por dentro, pra acreditar e sentir na pele, que amor não era besteira, e nem algo que ele não era capaz de sentir, como sempre pensou. – uma tristeza afundou o peito dele, por a ver naquela tristeza. Nunca quis aquilo. Mas depois de tudo que Valentim, havia dito aos dois, Jace realmente achava que o bem dela, era longe dele, mesmo que ele nunca fosse ser capaz de tirar por completo os olhos dela, e de deixar de amá-la.

Apenas estaria ali, numa distância segura, para a proteger, e a ajudar, quando ela precisasse.

– E desde que eu bati o olho em você, eu sabia, sabia que alguma coisa muito séria, tinha explodido aqui dentro, transbordando tudo, nada ficou igual, depois que você chegou. – os olhos dele se curvaram em emoção, algo fora de seu controle. - E você sabe, que ficar do meu lado, é pedir pra Valentim, te matar um milhão de vezes, porque ele sabe, que ele pode fazer qualquer coisa comigo, porque eu realmente não ligo, mas se ele encostar em você, ele vai estar enfiando uma adaga no meu peito, sem nem mesmo precisar de uma. – os olhos azuis dele ficaram brilhantes, em contraste com a pouca luminosidade a volta deles.

Jace sabia que amava aquela garota, em sua forma mais plena de amor. E se privar a si mesmo daquele sentimento, significasse deixar ela protegida, de todas as cargas ruins e más consequências, que aquela união poderia trazer para ela, ele faria. Faria qualquer coisa por Clary, atravessaria o deserto escaldante, mendigando sua sede, e sua necessidade por água. Enfrentaria o mar mais escuro e revolto, para livrar Clary de qualquer coisa que a afogasse. Queimaria, no fogo do inferno mais brutal, e o viraria de cabeça para baixo, para impedir, qualquer um que fosse, de encostar nela, a fazendo mal. Ele enlouqueceria de amor por ela, e não importava realmente, o quão patético aquilo soasse.

A tristeza nos olhos dela, agora cortavam o peito dele. Não queria que ela sofresse por aquele ponto. Seu coração não batia, já tão, obstinado, preocupado por ele, seu coração estava, e talvez desde o primeiro segundo, que seus olhos se encontraram, permanecia com ela. Era o ritmo triste ou feliz do peito dela, era a agonia dela, que lhe fazia perder o sono, era a dor dela, que poderia cortar sua pele, com uma dor interminável, era ela, e somente ela, sempre ela, infinitamente ela.

E neste momento, ele estava sentindo na pele, que abrir mão de um amor, poderia ser o gesto heróico, mais mortal, que exterminaria um guerreiro.

Clary piscou, as lágrimas apertando sua capacidade de respirar com regularidade. A hipótese dele a deixar, de abrir mão daquele sentimento, mesmo que pelos motivos mais honrados e de proteção, mas bem intencionados, queimava seu peito, explodindo tudo por dentro, como o estralar das fagulhas de fogo na lareira, discreta, silenciosa, mas ao mesmo tempo, compelida por dor e solidão, enquanto tudo virava cinzas.

O amor deles, não poderia ser transformado em apenas cinzas, ela não poderia viver com aquilo, e não poderia deixar, aquilo ocorrer. Seria como morrer mil vezes, e a cada segundo, sentir aquela dor ser intensificada.

- Eu não me importo com ele, de que vale uma vida inteira de existência, se eu não puder ter você do meu lado. – com Jace ao seu lado, ela andaria pelo fogo, sem ter medo, de quão duras seria, as chamas queimando sua pele, longe dele, Clary seria exatamente aquela menininha, que chora, e pede por socorro, esperando por um milagre silencioso, que lhe tirasse sua dor, mas esse milagre não viria, nunca viria, as forças dela seriam suficientes, somente para cavar mais e mais fundo, seu buraco escuro e sombrio, onde ela padeceria sob efeito do sofrimento de seu coração.

– Jace não me deixa sozinha, porque se eu não tiver você perto de mim, eu sei, que vou me perder pra sempre... - foi difícil de evitar. As imagens dela correndo na chuva, tropeçando nas próprias pernas, sem saber qual furacão negro havia atingindo sua vida, sua casa destruída, e em meio a muito sangue e caos, a dor solitária daquele dia, ainda era um buraco fundo e mal cicatrizado dentro dela, que frequentemente voltava a doer e sangrar. E quando achou que finalmente conquistaria sua paz de volta, por mínima que ela pudesse ser, perdeu para sempre à pessoa, que mais a amava e se importava com ela, sua mãe.

– Essa escuridão, que tá aqui dentro, vai tomar conta de mim. - um rio transborda quando escapa por suas margens, o amor dela explodia em lágrimas agora. - E eu vou trancar meu coração pra sempre, vai sobrar só a tristeza de todas as coisas ruins, que me aconteceram nos últimos meses.

Clary não poderia achar que seria diferente, pelo contrário, aquele seria seu fim. Pois o único ponto de paz, e porque não alegria, a partir dali, haviam vindo dos olhos azulados mais cativantes e misteriosos, que ela pode dar de cara um dia. Pois ela tinha convicção total, como sabia que um dia morreria, que se não fosse por ele, teria sido bem mais difícil, juntar os cacos de sua alma e coração maltratados, para seguir em frente.

Jace desde o primeiro segundo, havia se transformado em seu alicerce, mais forte e poderoso, para lutar contra aquela nuvem intempestiva de acontecimentos chocantes, que atingiram sua vida, na mesma proporção que um lampejo de brasa quente, pode incendiar um campo seco. Ele havia se tornado suas pernas, suas forças, suas razões pra lutar, o abraço quente que espantava suas dores internas, mais fulminantes, sempre pertenciam e estiveram, ao redor dos braços dele. A ruiva, desesperada, enxugou as muitas lágrimas ainda mornas, com as contas da mão.

A dor dela, o choro soluçado, que só piorava com o passar dos segundos, aquilo era a tortura mais lenta e atroz, para os olhos e ouvidos dele. Jace tinha consciência plena, de que ela não falava só dele, eram as tristezas da alma dela, também ganhando voz. Jace ofegou engasgado, pela confusão de pensamentos atormentados dentro dele, puxando ela para mais perto.

Clary apertou os braços ao redor dos ombros dele, tendo consciência clara, que suas lágrimas molhavam a pele nua dele. Aquele abraço havia se tornado seu melhor abrigo, de uma forma tão rápida e intensa.

Ela soluçou baixinho, em meio ao silêncio tácito ao redor, da noite quieta da floresta de Idris em volta. - Lembra quando eu fiquei relativamente incrédula, quando você me disse, que nunca se apaixonou, só tinha uma coisa que eu não sabia ali. – Clary relembrou, deixando de chorar. O que foi culpa, do carinho reconfortante que recebia em seus cabelos desalinhados, que Jace fazia ser, ininterrupto. Ela deitou o rosto contra o ombro dele, se perdendo naquela sensação, e no calor dele tão perto. – É que eu também nunca tinha amado verdadeiramente ninguém, até te conhecer, eu só achava que sabia o que era amor, mais não chegou nem perto do que eu sinto por você.

Clary levantou seus olhos vermelhos e talvez até inchados, por tanto choro, para olhar com atenção, cada detalhe do rosto dele. Queria tanto, que ele disesse agora, que não desistiria deles, apesar de tudo de contra a aquele amor, que poderiam enfrentar. - Eu te amo, e não há nada, que seja mais forte do que isso. – a menina disse, verdadeiramente certa daquilo, apoiando sua mão quase trêmula, no rosto de Jace com ternura. Aquele amor todo e inabalável, era a maior certeza de sua vida.

- Nem minha morte, nem minha morte tiraria meu amor por você.- declarou Jace sem segurar a vontade de beijá-la, era algo tão inevitável, não estava mais ao alcance dele,  sentir ou deixar de sentir. 

Apenas sabia que a queria, como desejava o sol, para lhe aquecer nos dias mais frios, a queria como seu coração precisava bater, pra que ele continuasse vivo. Era a mais pura e forte determinação de amor.


Notas Finais


Link da música... https://www.youtube.com/watch?v=Qryb2Fw4jsI

Ah também quero deixar aqui pra vcs, a recomendação do perfil da @lenaluiza. Ela está começando ótimas fanfics, vamos incentiva-la mais ainda, por favor e não custa nada. Se quiserem dêem uma passadinha lá.
Link de uma das fics dela. https://www.spiritfanfiction.com/historia/o-amor-proibido-18737425

Tenham uma noite abençoada pessoal. 🤗💚💚 Tudo de bom e até mais!!


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