História Almas Expostas - Extrema Desilusão

A grande verdade era que Louis não sabia porque se sentiu traído ou magoado, ele não sentia mais nada por Haru e nem ligava se ela e Legoshi eram amigos, a garota podia conversar com quem quisesse que o presidente não se importaria, ela seguia sua vida enquanto ele seguia a sua, como estranhos. 

Encostado na árvore, o mesmo folheia o livro ao sentir o vento da noite arrepiar sua pele acastanhada, eram nove horas e não queria voltar pro dormitório, mesmo que fosse proibido chegar depois das sete. 

Louis só queria um tempo ou uma desculpa pra ficar sozinho, não querendo que Legoshi o procurasse por todo o campus preocupado. Ele queria repensar no que sentiu pelo colega no armazém, de fato Legoshi era bonito e forte, mas só isso. 

"Não" 

Uma fina e sincera voz ressoa em sua alma ao fundo. O presidente sentiu uma aflição anômala quando ouviu que o grisalho conversava com Haru, como se parte de si quisesse dizer para o acizentado não se aproximar tanto da pequena garota, não sabia o motivo mas desejava exigir, desejava que Haru se afastasse. 

Mas quem era ele pra mandar no novo amigo? Ele não era um amigo de infância e nem ao menos um primo distante, eram somente desconhecidos que se aproximaram por obrigação. 

Se volta pro lobo incandescente que repousava ao seu lado tranquilamente. Legoshi estava sem seu Tamashī mas não passaria mau naquele pouco período de tempo separados. 

Quando chegasse no dormitório falaria com o maior e o perdoaria, isso era ridículo, perdoaria pelo o que? Ele nunca fez nada de errado e, do jeito que o grisalho era, ficou com medo de contar desde o momento que ficou sabendo de Haru. De qualquer forma, não ficaria de mau com o grandão por conta de um motivo tão besta. 

Começa a sentir pingos em si e vê que no céu caía água, garoava suavemente, significando que logo viria uma chuva. Por esse motivo se levanta e corre pra baixo de um dos dormitórios fechados. 

-Merda. 

Seu prédio ficava perto, porém não o suficiente para que não chegasse ensopado e com um livro estragado, sem contar que provavelmente alguém o veria fora de seu quarto e chamaria sua atenção. Estava fodido. 

-Quer uma ajuda? 

Encontra Juno com um guarda-chuva em mãos e um sorriso simpático nos lábios. No momento certo. 

-Sim, por favor. 

Retribui o sorriso ao se aproximar da garota e dividir a sombrinha cor roxa. 

-Seu dormitório não é pra outra direção? 

Enquanto andavam, Louis questiona sentindo frio por conta do vento leve e ainda se encontrar molhado. 

-Sim, mas vou visitar uma amiga que me chamou de última hora, ela é do lado do seu prédio então... 

Provavelmente eram assuntos particulares portanto não tinha porque perguntar mais a fundo, porém a moça de fios castanhos decide prolongar mais aquela conversa, ela não se importava muito em contar. 

-Ela terminou com o namorado. 

Louis arquea uma sobrancelha. 

-Pode dizer o porquê? 

A amiga morde as paredes das bochechas antes de responder. 

-Ciúmes. 

Tal palavra provoca um "clic" na cabeça do colega, novo sentimento foi introduzido em seu curto vocabulário para emoções. 

-O namo dela ficava o tempo todo conversando no celular até que ela abriu a conversa e deu no que deu. 

Suspira em um ar cansativo, como se estivesse decepcionada com a atitude dos dois. 

-Eu acho tão errado fazer isso, pegar o celular dos outros escondido, mostra que não confia no parceiro, você não acha? 

O moreno pensa antes de responder. 

-Bom, por outro lado ela estava certa o tempo todo, nem precisou ser Almas gêmeas pra isso. 

Louis pondera lembrando de Legoshi e Haru, não estavam em um relacionamento amoroso, ou estavam? O grisalho não disse nada mais além de falar que conversavam. Mas mesmo assim, qual era o problema dos dois terem se apaixonado? O filho de Oguma não se importava, só dava importância para seu almejado futuro, certo? 

Por que estava ligando aquele tipo de relação romântica à ele e Legoshi?? Eles eram somente amigos e ponto, nada mais. 

-Chegamos. 

Juno o deixa na porta de seu dormitório e sorri em despedida. 

Deveria conversar com Legoshi. 

Sobe alguns lances de escadas e chega em sua porta trancada. Ambos já possuíam as chaves então o moreno logo a introduz na fechadura. 

Suspira e fecha os olhos sobrecarregado, refletindo no que iria falar. 

Destranca e adentra o quarto calmamente. 

-Legoshi, eu pensei e... 

Percebe o vazio e o silêncio do local, as luzes estavam acesas mas ninguém se encontrava ali e nem no banheiro aberto, o que faz o presidente se perguntar a onde ele estava. 

-Cadê ele?... 

Antes que atravessasse a porta de novo, o homem na qual pensava aparece a sua frente com um guarda-chuva encolhido em mãos, em seguida esboçando uma expressão surpresa quando avista Louis dentro do quarto. 

-Ah... você está aqui. 

O mais alto fala tentando entrar no local mas não sendo permitido pelo menor. 

-A onde você estava? 

O moreno cruza os braços desconfiado, como se tivesse pegado alguém no flagra. Com isso, o grisalho coça a nuca e tenta não olhar diretamente para as orbes ameaçadoras do colega, por que estava se sentindo coagido? 

-Procurando por você, não queria que alguém te encontrasse fora do dormitório neste horário. 

Legoshi tinha um bom coração mas aquilo não foi um bom plano, e se alguém tivesse o pegado ao envés de Louis? 

O mais baixo suspira e deixa-o passar contrariado, o acizentado deveria pensar melhor antes de fazer as coisas. Fecha a porta e depois se senta na cama do maior, o que lhe surpreende levemente. 

-Vamos conversar. 

Como um cão grande e acanhado, Legoshi se aproxima e se senta ao lado do mesmo, não o encostando por medo de ser novamente repreendido. 

-Eu iria te desculpar mas não tem o porquê disso, eu não sinto mais nada pela Haru e você não fez nada de errado. 

O grisalho se anima virando totalmente na direção do colega. Estava sendo perdoado em menos de um dia. 

-Sério? Obrigado por ter me- 

-Só fiquei curioso com uma coisa... 

O moreno o interrompe seriamente, demonstrando que não tinha acabado ainda. 

-Você gosta dela ou...? 

Legoshi engole em seco e se lembra do que viu minutos atrás. 

Louis e Juno andando juntos. Avistando, no momento em que chegou pra ajudar o moreno, a garota se aproximar com um guarda-chuva e um belo sorriso nos lábios, na qual Louis não teve receio de retribuir a altura. O grisalho jurou que nunca tinha visto Louis sorrir daquele jeito, tão pacífico e complacente ao ponto de parecer outra pessoa. Portanto, um pensamento veio á tona naquela hora, Louis gostava de Juno. 

Ele se sentiu idiota por ter achado que Louis não se apaixonaria por ninguém até o fim de sua vida, como pode ser tão iludido ou até egoísta na eminência de pensar que o presidente sentiu algo por ele no teatro. De outro modo, será que Louis pensou que ele gostava dele? O jeito que pegou em seu pulso e o modo em que se encararam naquele armazém, tão próximos e presos. 

Não, mas como era pessimista e ansioso, ele preferia pensar o pior. Sim. 

Mas se Louis já não sentia mais nada pela Haru mas sim pela Juno... não queria atrapalhar, não queria deixa-lo desconfortável ou receoso em prosseguir com aquele sentimento, já tinha muita coisa acontecendo fora de seus planos então não queria ser mais um de seus irritantes empecilhos. 

Legoshi queria vê-lo feliz. 

-Gosto, eu gosto da Haru. 

O maior não conseguiu encarar Louis pela mentira, mas o sujeito em estado de confusão mudou sua expressão neutra pra uma suavemente desapontada. 

-Ah... 

O moreno reage quase que lhe falhando a voz, podia sentir que por dentro era pior do que do lado de fora, porém não compreendia o motivo daquele sentimento de extrema desilusão. 

-Fico feliz por você.