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História Almas Trigêmeas - Showboys (parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bem, mais um capítulo! Espero que vcs se divirtam ao ler tanto quanto eu me diverti ao escrever. Boa leitura!

Capítulo 14 - Showboys (parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Showboys (parte 1)

Anteriormente:

Collins nada disse. Um calor começou a invadi-la. Imagens do sonho que teve com Sam voltaram à sua mente. Ela ergueu os olhos levemente para o Winchester e encarou-o. Arrependeu-se imediatamente do que fez. Ele a fitava com intensidade. Havia no olhar do moço paixão e... luxúria.

Será que havia sonhado a mesma coisa que ela? Será que estava pensando o mesmo que ela naquele momento?

O coração dela acelerou e começou a transpirar, sua boca ficou um pouco seca. Ela passou a língua nos lábios com nervosismo.

Ao vê-la fazer aquele gesto de forma tão natural, e por isso mesmo, sensual, Sam teve certeza que seria capaz de saltar sobre ela naquele instante e agarrá-la tal como no sonho.

(...)

Vic se esqueceu na mesma hora do garoto e deixou-se prender por aqueles olhos. Eram ardentes de desejo, de paixão. Queria se afastar, mas ao mesmo tempo, não queria.

Pareceu contemplar todos os sonhos que teve com seu Loirão naquele olhar, todos os anos que passaram. Com Dean acontecia o mesmo.

Não souberam precisar exatamente quanto tempo se passou naquela muda contemplação, contudo, sentiram uma força magnética os puxar um para o outro.

(...)

– Amigos?

– Amigos.

Ele se levantou e apertou a mão dela com firmeza, mas seu toque transmitia que o que queria dela era muito mais do que uma amizade. Aquela corrente elétrica que os envolvia ao menor contato era uma prova disso.

Vic soltou sua mão rapidamente da mão de Sam e estendeu-a para Dean.

– Amigos?

– Me deixe ver... - coçou a cabeça e depois estendeu a mão com o dorso virado para cima – Venha aqui e beije a minha mão. Aí eu vou pensar.

– Ah, vai sonhando, Winchester! - deu meia-volta e ia sair da cozinha

Sam riu.

– Espere, espere – Dean se levantou rápido e interceptou o caminho dela – Brincadeirinha! – Sorriu. Victoria olhou para ele como quem diz “Sim, eu sei. O Winchester estendeu a mão – Amigos.

Capítulo 13

Showboys (1ª parte)

Las Vegas, Nevada

– Faturou muito hoje, Sid? – perguntou um belo homem negro de ombros e peito largo e cabeça raspada que se mirava no espelho

– Bota bem nisso! Uns três mil dólares! – respondeu um belo homem moreno de olhos negros, cabelos pretos e longos até os ombros e cavanhaque.

– Estamos bem hoje, hein?

– E como! Vou nessa. Tchau, David! – despediu-se de seu colega no camarim

– Ei, Sid! Você vai sair assim? Você sabe que o “General” só dispensa a gente depois de vir aqui conversar.

– Ah, Tô pouco me lixando pra aquele lá! – desdenhou

– Tá legal, você é quem sabe. Mas se prepare pra ouvir amanhã – fez uma pausa – E tome cuidado... Lembre-se do que aconteceu com o Tony – David o alertou

– Sem problema, cara. Você sabe que o Tony era meio doido, não tinha noção de perigo. Deve ter se envolvido com algum tipo de seita satânica.

– Quem sabe... Então até amanhã.

– Até, pessoal! - acenou para seus outros colegas

– Tchau! – um grupo de belos homens bem sarados, alguns só de cueca responderam em coro.

Estavam no vestiário do Eye of the Tiger, um clube de strip-tease para mulheres. E naquele espaço, só circulavam homens se trocando. O turno deles se encerrava por volta das três horas da madrugada.

Sidney, um rapaz mexicano, corpo sarado e um sorriso maroto saiu do clube exatamente naquela hora. Vestia calça jeans, blusa branca com a estampa de Che Guevara e uma jaqueta preta por cima. Calçava tênis branco e carregava um capacete.

Pegou sua moto que estava no estacionamento do clube. Ia colocar o capacete quando ouviu uma voz melodiosa lhe falar:

– Me dá carona na sua garupa?

Sidney estava acostumado a ser abordado por frequentadoras do clube, geralmente mulheres de meia-idade. Na maior parte das vezes, fazia programas com elas. Todavia, naquela noite estava muito cansado.

Ia retrucar com a maior delicadeza e charme possível que naquela noite não estava disponível, porém, mudou de ideia ao virar a cabeça e ver a beldade que estava diante dele: uma mulher de longos, sedosos e esvoaçantes cabelos loiros, olhos de um azul profundo como o mar, boca carnuda e sensual, seios generosos, pernas bem torneadas. Um vestido vermelho se colava ao corpo da mulher como uma segunda pele.

Era uma deusa! Só podia ser.

Em toda sua vida, Sidney nunca viu uma mulher tão linda! E ele tinha bom gosto em termos de avaliar a beleza de uma mulher. Ficou com muitas, mas todas lhe pareciam “bonitinhas” ao contemplar a visão diante de si.

– E então? – tornou a beldade.

– E... e... então... o quê? – o homem parecia ter perdido a fala

– Não quer me levar na sua garupa?

– Cla... claro – respondeu ele

E tratou de ajeitar a moto e deu uma leve passada com a mão na garupa para ver se não tinha nenhuma sujeira. Não queria que nada maculasse aquela deusa grega diante dele; quase derrubou o veículo, pois não sabia se olhava a moto ou para a mulher. Ela apenas esboçou um sorriso malicioso que quase o fez derreter de excitação

– Pode usar meu capacete... se quiser – ele estendeu o objeto.

– Não precisa. Gosto que meu cabelo voe no ar. Você não? – ela deu uma leve balançada de lado. O cabelo dela lhe lembrava duma bela cascata caindo.

– Claro – o moço estava babando.

– 0 –

Estavam no apartamento de Sidney, no quarto. De lá saíam altos gemidos dele e da mulher.

A loira cavalgava nua em cima do rapaz, num ritmo alucinante e selvagem. Ele se agarrava aos lençóis da cama com agonia. Estava quase gozando, mas se segurava para que sua parceira chegasse ao êxtase. Só que era difícil com aquele corpo de generosas curvas e proporções se balançando em cima dele.

Ao ouvir o grito e sentir o espasmo de prazer da moça, Sidney se entregou ao próprio prazer, seu corpo todo se distendeu. Ele sentiu como se caísse das alturas mais elevadas depois de alcançá-las.

Sua respiração estava acelerada, seu coração começava voltar ao ritmo normal. Tinha certeza que nunca teve um orgasmo igual àquele.

A linda mulher ainda estava em cima dele.

– Nossa! Meu Deus! Que foi isso? Mulher, você quer me matar!? Foi... espetacular! Uf!

– Está satisfeito? – ela perguntou com voz sensual

– E comoooo!

– Pois... eu não.

Ele a olhou intrigado. O olhar dela tinha algo de maldoso.

– Você... quer mais? Olha, foi muito bom, mas... eu preciso de um tempo pra me recuperar.

– Estou satisfeita nessa parte, mas agora eu tenho que satisfazer outro tipo de apetite.

Nisso, aquela maravilhosa mulher se transformou num ser monstruoso com um rosto feminino e seios, mas cheio de penas por todo o corpo, grandes asas, uma crista marrom no alto da cabeça, olhos marrons, orelhas pontudas, garras nas mãos e dentes afiados.

Sidney deu um pavoroso grito. A horrível criatura se debruçou violenta sobre ele com grande força e começou a atacá-lo.

– 0 –

– Meu Deus! Não acredito que deixei você me convencer. – reclamou Dean vestido num belo smoking preto.

– Ora, vamos! Você sabe que é por uma boa causa – contestou Sam vestido da mesma forma.

– Vou pagar um mico danado. Pior vai ser se ela não gostar.

- Dean - Sam o fitou com enfado - Até parece que você nunca vestiu um smoking.

- Não curto, Sam,… e você sabe disso.

– Shhhh! Ela já tá saindo.

Os caçadores estavam hospedados num belo hotel da cidade de Sal Lake City. Haviam resolvido um caso corriqueiro numa das cidades próximas e ficaram por ali até resolverem o próximo caso a pegar.

Estavam de frente para a porta do quarto onde sua colega dormia. Haviam combinado de se encontrar no corredor. A porta foi aberta e Vic saiu.

Ela trajava um longo vestido cinza com uma única alça transversal. A roupa cobria seus sapatos de salto. Os cabelos estavam bem penteados para trás com parte dos fios presos, longos brincos com formatos de flores emolduravam seu rosto. Carregava uma pequena bolsa de mão num tom cinza mais claro do que o vestido.

Os Winchesters estavam de queixo caído. Nenhum deles ousava pronunciar uma palavra. Vic também pareceu impressionada pela maneira como estavam vestidos, de smoking.

– Uau! – Dean foi o primeiro a se expressar – Você... caprichou, hein?

– Está linda, Vic! – foi tudo o que Sam conseguiu dizer

– Obrigada, vocês também – eles pareciam hipnotizados - Er... vamos? – Collins quebrou o silêncio entre eles.

– Vamos! – os dois responderam ao mesmo tempo e deram o braço para Victoria pegar.

Ela sorriu meio sem jeito, mas aceitou os braços dos dois caminhando no meio deles. Nenhum deles gostou da ideia de compartilhar a atenção de Vic, porém, não pretendiam demonstrar.

O hotel era grande, mas só havia dois andares. Por isso, não tinha elevador. Desceram apenas um lance de escadas até chegar ao hall da recepção. Alguns hóspedes estavam por lá e não puderam conter os olhares de admiração ao verem aquele trio tão elegante e bonito. Sobretudo, as mulheres morreram de inveja de Collins estar com tipos tão atraentes!

Fazia uma bela noite e estava fresca a temperatura. Um rapaz foi buscar o Impala preto para eles na porta assim que Dean lhe entregou a chave. Os três não trocaram nenhuma palavra entre si, talvez pela tensão sexual que estava no ar.

O carro foi estacionado e o rapaz saiu. Devolveu a chave para Dean. Sam se adiantou e abriu a porta traseira para Vic entrar.

– Permite que eu a ajude? -ele perguntou com seu jeito cavalheiro e estendeu a mão para ela

– Claro – ela sorriu com naturalidade e aceitou a mão do Winchester. Entrou e sentou-se - Obrigada, Sam.

– Foi um prazer – ele fechou a porta

Levantou os olhos e viu o olhar mortal do irmão que já estava do outro lado do carro. Imediatamente, Dean tentou disfarçar sua hostilidade, mas sem sucesso. Sam se fez de desentendido e foi para o lado do banco de passageiro. Dean também entrou e deu partida.

– Vocês têm certeza que o tal Metamorfo vai aparecer por lá hoje? – perguntou Collins

– Segundo nossas informações, sim – respondeu Sam

– Não sei, não... Essas história está meio estranha. Muita coincidência aparecer algo sobrenatural logo com a gente aqui.

– Do que você desconfia? – o Winchester parecia meio apreensivo.

– Talvez uma emboscada de demônios.

– Ah... É, pode ser –ele pareceu aliviado – Ficaremos vigilantes.

– Pode deixar que o papai aqui te protege, Vic. – declarou Dean

– Nossa! Fico tão aliviada em saber disso! – Collins colocou a mão no coração num gesto dramático.

Sam caiu na gargalhada enquanto Dean fazia um bico. Vic acabou por rir também.

– Há-há! Estou morrendo de rir – o Winchester fez expressão engraçada, mas estreitou os olhos pra seus companheiros.

– 0 -

Desde o caso de Washington há duas semanas, os três estavam em “lua de mel”. Conversavam como se fossem amigos de longa data. Era como se as primeiras semanas de convivência nunca houvessem ocorrido e eles sempre convivessem num clima de harmonia.

Victoria contou muitas coisas sobre ela, seus gostos, suas preferências em muitas das conversas que teve com eles. E foi uma surpresa para os irmãos descobrirem várias coisas em comum.

Com Sam, ela compartilhava o gosto pela arte, pesquisa, história, computadores, blues, música clássica.

Vic ficou encantada pelo Winchester também gostar de alguns ritmos da música brasileira, como a bossa nova. Ela revelou que morou um tempo no Brasil, mas sem especificar a época.

– Poxa, eu bem que sentia certa “latinidade” em você. – brincou Dean numa conversa em que a caçadora lhes contou sobre isso – Você com esse seu jeito... bem quente.

Collins esboçou um sorriso encantador que escondia o quanto ficou acesa com tal comentário. Quanto a Sam, disfarçou seu incômodo.

Também ela estudou na Universidade de Stanford, tal como Sam. Todavia, apenas fez um curso técnico em gestão de negócios. E foi na mesma época em que o Winchester cursava o primeiro ano de Direito. Foi uma surpresa para ambos tal coincidência.

– Por pouco, a gente não se esbarrou por lá – comentou Sam – Teria sido um prazer te conhecer antes.

Proferiu de uma maneira sedutora e um olhar penetrante que causou um estremecimento na mulher e irritação em Dean.

Com o mais velho, a caçadora compartilhava o gosto por mecânica. Sabia muita coisa sobre o assunto, particularmente sobre carros e motos. Dean não era muito de motos, mas tinha bastante conhecimento sobre como funcionavam. Também como ele, ela adorava carros antigos e tinha o maior ciúme de seu Impala branco assim como o Winchester com o dele.

E tal como Dean, gostava de rock, embora num estilo mais leve. Não era fã de Led Zeppelin, mas curtia três musicas do cantor: All my LoveStairway to Heaven eRamble On.

– Uau! Ramble On é a minha favorita também! – exclamou o caçador

Um laço de cumplicidade e parceria se estreitava entre eles cada vez mais. Ela até insistiu para que a chamassem simplesmente de “Vic”. E eles o fizeram, embora no íntimo cada um já se referisse a ela dessa forma.

Victoria ainda mantinha seus comentários sarcásticos e suas cortadas, porém, só para implicar com eles. E, os dois, por sua vez, devolviam na mesma moeda. Mas tudo na brincadeira.

Só que havia aquela constante tensão sexual entre eles que aumentava.

Sam não tinha mais dúvidas do que sentia por Vic. Talvez fosse cedo para denominar tal sentimento de amor, porém, ele sabia que era algo muito forte, só não sabia dizer se tão forte quanto o que sentiu por Jessica. Mas não queria pensar a respeito.

Tudo o que queria era beijar aquela mulher linda, acariciar seu corpo e sua pele e ser para ela o homem mais maravilhoso do mundo. Se antes ele estava determinado a lutar contra Lúcifer para não ser possuído, agora mais do que nunca.

É claro que as mortes de Jessy e Madison ainda lhe assombravam a mente e, às vezes, faziam-no se questionar se deveria colocar a vida de Victoria em risco por se envolver com ele, sendo o pretenso receptáculo do Diabo. Entretanto, a caçadora mexia com ele de uma maneira que se esquecia de toda racionalidade. E Sam que costumava ser bastante tímido em suas investidas, não se reconhecia pela maneira como estava abordando Vic. Era sutil o modo como chegava nela, porém, mais ousado do que costumava ser.

Quanto a Dean, resolveu se render ao sentimento que nutria por Vic. Quanto mais lutasse contra aquilo, pior seria para ele. Admitia que sentisse algo forte, no mínimo uma paixão pela caçadora, que ia além de uma mera atração física. Ele não queria apenas tê-la em sua cama para satisfação da carne, mas a queria também em sua vida fosse pelo tempo que aquele sentimento durasse.

A coisa parecia tão forte que até fazia pouco mais de duas semanas que não se envolvia com mulheres, algo que poderia ser considerado um recorde no caso de Dean Winchester. Afinal, se queria alguma chance com Collins, tinha que se comportar. Ela valia a pena, ele sabia disso.

E que danasse se houvesse a possibilidade de seu futuro com Vic se repetir com o que viu! Daria um jeito para que tal possibilidade não ocorresse.

Tanto Sam como Dean não mais escondiam suas intenções de se aproximarem da caçadora além da amizade, só que ambos faziam de uma maneira que não assustasse Victoria. Eles sentiam que ainda havia um bloqueio nela para relacionamentos amorosos.

E também queriam disfarçar suas intenções um para o outro, embora nem sempre conseguissem: ambos haviam percebido o interesse mútuo em Victoria. Só não tinham ideia da extensão dos sentimentos de cada um: para Dean, Sam estava apenas fascinado por Collins; para Sam, Dean estava somente atraído fisicamente por Vic e desejasse apenas um caso com ela.

Sam não queria demonstrar seus sentimentos por Vic para Dean porque achava que este, com sua mania de competição, poderia querer apenas isso: competir pelo prazer da conquista e nada mais, sem levar em consideração os sentimentos de Collins. Já Dean não queria que Sam notasse suas intenções, pois poderia pensar que tal como as outras, Vic seria apenas um passatempo para ele.

De qualquer jeito, cada um deles investia em Victoria com as armas de sedução que cada qual possuía.

Victoria, por sua vez, percebia as investidas de ambos, os olhares, as cantadas, os elogios, mas se fingia de desentendida. Ela tinha medo de se envolver com qualquer um deles e sofrer uma possível perda. E, por outro lado, os dois mexiam com ela da mesma forma. Ela não saberia dizer quem era mais favorável. Além disso, não queria provocar uma rixa entre irmãos.

Por tudo isso, a caçadora achava melhor ostentar de uma forma bem sutil que não estava disponível e levava qualquer manifestação por parte deles para o lado da amizade. Contudo, quanto mais tempo ela passava com os Winchesters, mais estava difícil ficar “em cima do muro”.

– 0 –

Estacionaram em frente a um restaurante muito fino. Sem perder tempo, Dean desceu e, dessa vez, foi ele quem abriu a porta e deu a mão para Victoria sair.

– Permita que eu a ajude? – repetiu a mesma frase que o irmão.

Vic segurou o riso porque percebeu a manobra do Winchester, porém, respondeu no mesmo tom:

– Claro.

Pegou na mão do moço e saiu. Dean nem olhou para Sam para não ser tentado a lhe dirigir um olhar superior, porém, sentiu o olhar do irmão o fulminando.

– Senhor, quer que eu tome conta do carro? – perguntou um rapazinho para Dean.

– Claro, cuidado para não arranhar – jogou a chave para o jovem. Em seguida, ofereceu o braço mais uma vez para Vic com ar bem cavalheiresco – Vamos, senhorita?

– Vamos – ela respondeu, e pegou em seu braço, porém, deteve-se quando se aproximaram de Sam e estendeu sua mão para ele – Vamos, Sam?

– Vamos – ele sorriu e colocou a mão dela sob seu braço

Collins se sentia no meio de um duelo silencioso, porém, fingia não perceber nada e tentava agir com naturalidade com ambos, sem mostrar preferência por nenhum deles.

Entraram no restaurante. Um garçom os atendeu e conduziu-os a uma mesa. Sentaram-se.

– O que vão querer? - perguntou ele.

– Ah, não sei – adiantou Dean – O que tem de bom aí que serve pra encher a barriga?

Victoria conteve o riso. Quanto a Sam, esboçou um sorriso sem graça para o servente que mantinha um sorriso amarelo no rosto.

– Temos excelentes pratos para a sua degustação. – retrucou

– Er... vamos querer a especialidade da casa e um bom vinho branco – pediu Sam

– E para a entrada?

– Para mim, uma sopa de legumes está bom – respondeu Victoria.

– O mesmo pra mim – respondeu Sam.

– E o senhor? – o servente se dirigiu para Dean

– Alguma coisa com bacon – respondeu.

– Vou ver se tem alguma coisa do tipo para o senhor – disse com aquela falsa cortesia de quem está diante de uma pessoa sem muitos modos à mesa – Com licença.

– Você deve ter o escandalizado, Dean. – Vic disse em meio a risos

– Ué, só porque estou com fome? Restaurantes são pra isso, pra matar a fome de quem não come em casa.

– É, mas não precisa escancarar pra ninguém – respondeu Sam aborrecido.

Logo vieram os pedidos dos três. Jantaram. Victoria estava meio inquieta por causa da possibilidade do metamorfo vir.

– Vocês tem certeza mesmo que ele virá às oito? – perguntou

– Relaxe, Victoria – Dean falou com a boca cheia – Sabemos a hora em que tudo vai acontecer.

– Isso mesmo. – Sam respondeu por sua vez – Pode saborear seu jantar com calma.

Vic estranhava um pouco a tranquilidade de seus companheiros, mas não disse mais nada. Terminado o jantar, pediram uma deliciosa sobremesa.

O relógio na parede do restaurante marcou exatamente oito horas.

– Meninos, deu a hora. Ele deve aparecer a qualquer momento – Vic largou os talheres, com a exceção da faca de prata na sua mão – embora estivesse com uma na bolsa de mão – porém, Sam fez um gesto para que ela esperasse. Dean estalou os dedos e logo o grupo de violonistas do estabelecimento se aproximou da mesa deles.

– Mas o que está acontecendo? – Vic perguntou confusa ao se ver rodeada pelos músicos.

O garçom que os atendia trouxe numa bandeja um pequeno bolo de aniversário e colocou-o na mesa deles. Sam fez sinal para Dean e eles começaram:

– Parabéns pra você! Parabéns pra você!

Os violonistas acompanhavam com os instrumentos e algumas pessoas do restaurante até bateram palmas para felicitar a aniversariante.

Victoria tapou o rosto com a mão para esconder um pouco sua vergonha, mas estava muito emocionada por aquela surpresa. Era três de outubro, dia em que completava vinte e oito anos.

Depois que os Winchesters terminaram de cantar e os violinistas pararam de tocar, todos bateram palmas. Ela ergueu o rosto e agradeceu com um sorriso tímido. O garçom trouxe uma faca para que ela partisse o bolo.

– Vocês... vocês... – ela não conseguia achar as palavras tamanha a emoção. Mas logo abriu um largo sorriso – Obrigada!

Os dois sorriram.

– De nada, Vic! – respondeu Dean

- Você merece. –completou Sam

– Mas como ficaram sabendo?

– Bobby nos ligou ontem pra nos contar – informou Sam.

– É, ele disse que a gente não podia deixar essa data passar em branco.

Vic nem imaginava. Tinha recebido um telefonema de Bobby naquela mesma tarde para felicitá-la, entretanto, não esperava que ele já houvesse contado à novidade aos rapazes. Ela achou que ia passar a data mais uma vez sem comemorar, no entanto, não se importava. Estava acostumada.

– Poxa, gente, não precisava tudo isso. E vocês... vocês me enganaram, hein, seus pilantras! – ela deu um tapa no ombro de cada um.

– Ei, foi ideia do Dean essa do metamorfo.

– Pois é, era a única maneira de te trazer aqui sem que você sacasse o esquema.

– E você até usou smoking pra isso.

– Não se preocupe. Se posso enfrentar demônios, eu aguento qualquer coisa – o loiro sorriu com charme – E você... vale esse sacrifício, colega.

– Obrigada – ela disse mais uma vez emocionada – Aos dois. – apertou a mão de ambos.

Passaram o resto da noite apreciando o bolo e conversando amigáveis.

Cerca das nove e meia, saíram do restaurante e voltaram para o hotel. Acompanharam Victoria até a porta de seu quarto.

Antes de entrar, Collins surpreendeu a ambos dando um beijo no rosto de cada um. Um beijo caloroso.

– Obrigada mais uma vez pela noite maravilhosa.

E sem esperar resposta, abriu a porta e entrou rápida.

Os dois ficaram com expressão abobada e feliz olhando a porta do quarto dela e puseram a mão no local do rosto em que os havia beijado. Em seguida, trocaram olhares entre si. A expressão de ambos se fechou. Sem dizerem nenhuma palavra, entraram juntos no quarto que dividiam. 

– 0 –

Pela manhã, Vic desceu até o refeitório do hotel para tomar o café da manhã. Encontrou os rapazes sentados numa mesa. Eles se levantaram assim que ela se aproximou.

– Bom dia, meninos.

– Bom dia, Vic - respondeu Sam

– Bom dia. Dormiu bem? - perguntou Dean

– Muito bem.

Ela se sentou e eles também.

– Bom... e aí? Qual vai ser o nosso próximo caso?

– A gente ia começar a ver agora - Dean pegou no jornal daquela manhã

Súbito, o som do celular de Victoria tocou. Ela atendeu.

– Alô? Oi, tio. Tudo bem? - Vic sorriu. Era Bobby - Sim, eles fizeram uma surpresa e tanto pra mim. E você, hein, sua raposa velha foi o articulador?

Os Winchesters sorriram com o comentário de Collins.

– Não, ainda não pegamos nenhum caso. Íamos ver isso agora - respondeu após um tempo de silêncio em ouvir Bobby do outro lado da linha - Certo... Aham...Peraí, que eu vou anotar. - tirou o aparelho da boca para falar com os homens - Papel e caneta, por favor.

Sam tirou do bolso da jaqueta uma caneta que costumava carregar. Dean aproveitou e arrancou um pedaço em branco da página de jornal. Collins os pegou.

– Pode falar, Bobby - anotou um endereço que o caçador ditava - OK, vamos pra lá agora. Pode deixar, vamos tomar cuidado.

Desligou o celular e guardou no bolso.

– É algum caso? - questionou Sam

– Sim, um amigo do Bobby pediu ajuda pra ele. É lá em Las Vegas.

– Uau! Demorou! - exclamou Dean

– 0 –

Eram quase nove horas da noite quando chegaram a Las Vegas. Antes passaram numa lanchonete. Dean queria porque queria ir a algum lugar para jogar, ou num cassino ou numa das casas de jogos. Ele conhecia bastante aquela cidade, teve época em que costumava ir bastante por lá apostar e, na maior parte das vezes, vencia.

– Acho melhor procurarmos de vez o amigo de Bobby - sugeriu Victoria - A diversão fica pra depois, Winchester.

O caçador fez um bico de contrariedade, mas tanto ele como Sam concordaram. Depois do lanche, foram até o endereço indicado por Bobby. Era o Eye of the Tiger.

– Tem certeza que esse é o lugar? - perguntou Dean em dúvida.

A parte externa do local mostrava seu requinte e glamour, mas dava para perceber que não era o tipo de lugar que se levaria uma mulher a quem quisesse conquistar para sair, muito embora fosse específico para mulheres. A fila com um número considerável delas mostrava isso.

Havia uma placa de todo tamanho com luz fosforescente destacando o nome do estabelecimento. Um som potente com uma música sensual que se ouvia do lado de dentro. Alguns homens másculos, provavelmente os dançarinos do local, entravam pelos fundos perto do que seria o estacionamento.

– Sim. É esse o nome do lugar - respondeu Vic - Vamos ali na portaria.

Aproximaram-se de um porteiro que aguardava dar a hora exata para liberar a entrada. Era um sujeito alto, troncudo, negro e aparentava ter uns quarenta anos.

– Com licença - disse Vic - Viemos falar com o Kevin Smith.

– Com quem? - o homem estranhou

– Com Kevin Smith.

– Não tem ninguém com esse nome aqui não, senhorita - afirmou e olhou Collins como se a quisesse devorar.

– Ei, cara, não estamos pra brincadeira - disse Dean que não gostou do jeito que o outro olhava para Vic - Vá chamá-lo!

– Perdão, mas eu não me lembro de receber ordens suas! - o homem respondeu no mesmo tom.

– Olhe, nos informaram que o nome do dono do estabelecimento era esse - Sam se interpôs para acalmar os ânimos. Ele também não gostou do porteiro secar Victoria, mas se conteve.

– O dono se chama Robin Williams - retrucou o vigia

– O ator? - estranhou o Winchester

– Não, mas é como ele se chama.

– Talvez possa ser um engano, mas dá pra perguntar se ele conhece alguém com esse nome? – tornou Vic – Diga que viemos da parte de Bobby Singer. Pode fazer isso, por favor? - Vic esboçou seu sorriso mais sedutor.

– Com essa educação e simpatia, vou sim, senhorita - arreganhou os dentes para ela e, depois, olhou feio para Dean. Em seguida, voltou-se para outro vigia careca e de bigode - Bruce, vou só ali verificar uma informação com o chefe. Tome conta aqui.

Saiu.

– Dean e sua diplomacia! - ironizou Sam

– Me lembre de nunca nos disfarçarmos de relações públicas, não com ele – Vic olhou cúmplice para Sam e os dois riram.

– Tá, tá, chega! O que vocês queriam que eu fizesse? O cara se fez de sonso.

– Talvez seja porque ele não conhece mesmo ninguém com o nome de Kevin Smith – argumentou Sam – Robin Williams deve ser um nome falso.

– É, se o cara conhece o Bobby e pediu a ajuda dele, é provável que sabe o que ele faz e talvez seja até um antigo caçador - tornou Victoria - Pense um pouco antes de se precipitar, Dean.

– OK. OK, já entendi

Aguardaram por alguns minutos enquanto o guarda não voltava. Sam olhava para o movimento da avenida com as mãos nos bolsos da calça. Dean ficou encostado na parede com os olhos fechados. Como queria ouvir o som de uma roleta russa!

Vic olhava de modo distraído para a fila de mulheres. Algumas mais próximas olhavam de modo lascivo para seus companheiros. A caçadora não gostou nem um pouco. Que descaradas!

Notou a primeira. Algo lhe chamou a atenção na mulher. Não dava para dizer se era bonita ou feia. Parecia destoar das outras que estava ali, inclusive algumas delas olhavam torto para ela.

Usava um vestido longo e preto que cobria desde o alto de seu pescoço até os braços e pernas. Um pano verde ocultava seus cabelos e óculos de lentes de garrafa pareciam esconder seus olhos. Ela estava sozinha ao contrário das outras que estavam em grupos ou duplas.

Estranho... Muito estranho, pensou Collins.

– Senhores... e senhorita - o vigia voltou. Seu olhar se deteve em Victoria.

Vic virou o rosto em sua direção.

– O senhor Robin Williams irá atendê-los.

– 0 –

Estavam num pequeno escritório e diante deles um homem vestido com calça alaranjada e blusa de mangas compridas roxa. Gesticulava de um lado para o outro com desespero. Ele se assemelhava muito ao ator Robin Williams, exceto pelo tom de cabelo que era loiro meio embranquecido e a cor dos olhos castanhos. Poder-se-ia dizer até que era o personagem Armand vivido pelo artista no filme A Gaiola das Loucas.

– Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! – o tom de voz era como três oitivas acima – Isso é um desastre colossal para os negócios! Dois dançarinos em menos de uma semana!

Sam e Dean se seguraram para não caírem na gargalhada,

– Er... senhor Kevin... – Collins tentou interrompê-lo

–Os rapazes estão começando a ficar com medo! Meu Deus! Só hoje três me pediram demissão! Um garçom e dois dançarinos!

– Senhor Kevin...

– Deve ser coisa de alguma vampira ou algum metamorfo!

– Senhor Kevin... – Collins tentou com paciência mais uma vez

– Oh, vida cruel, vida dura! O que vai ser se a polícia resolver fechar esse local? Ou se as clientes se afastarem assustadas? Um trabalho de quase trinta anos, uma vida…

– Senhor Kevin Smith! – Collins soltou um grito que assustou o homem e até seus companheiros.

– Nunca, mas nunca na sua vida diga esse nome aqui dentro, minha filha! – o homem quase avançou em Collins com o dedo apontado na cara dela. Tinha até engrossado a voz. Depois, afastou-se e se recompôs – É Robin Williams, faz favor.

– Certo – Victoria suspirou – Nós precisamos entender o que está acontecendo. Por que mandou nos chamar?

– Chamei o Bobby – retrucou – Aliás, porque ele não está aqui?

– Ele... sofreu um acidente. Está incapacitado numa cadeira de rodas.

– Pra falar a verdade foi um demônio que o deixou numa cadeira – Dean foi mais direto. Seus colegas o olharam com reprovação – Por que me olham assim? O cara parece que conhece tudo sobre o mundo das feras.

Robin que havia tapado a boca com as duas mãos, soltou um grito estridente que assustou os três.

– Nãaaaao! O Bobby? Meu Bobby!

– Seu Bobby? – os três indagaram ao mesmo tempo.

– Como aquele patife se deixou atingir assim? Ele foi um dos meus grandes colegas de caçada. Ele e o Rufus. Aliás, como está aquele bonitão do Rufus? Não o vejo desde que larguei o negócio de caçadas.

– É... ele está bem – respondeu Dean – Com aquele jeito dele.

– E que jeito, hein? - Robin arreganhou o sorriso

– Senhor Kev... digo, Robin. Pode nos dizer qual é o caso? – Vic perguntou sem conter sua impaciência.

Robin não respondeu de imediato. Ao invés disso, foi até sua escrivaninha, abriu a segunda gaveta e de lá tirou algumas fotografias... e algo mais enrolado dentro de um saco plástico.

– Essas fotos são dos cadáveres de dois rapazes que trabalhavam aqui no clube – disse num tom quase profissional. Entregou as fotos para os caçadores observarem – O primeiro a ser morto, o loiro, foi o Tony. Encontraram ele na sua casa com o os braços e as pernas mutilados... como se tivessem sido comidos... e também os órgãos genitais.

Dean fez uma cara de repugnância ao ouvir tal comentário e ao ver as fotos.

– O resto do que sobrou do corpo estava cheio de arranhões... e também havia marcas de batom – continuou Robin – Depois dele, foi a vez do Sidney. Foi morto ontem e encontrado em seu apartamento da mesma forma. Mas um detalhe... – fez suspense e tirou do saco plástico alguma coisa que mostrou aos três – Isso foi encontrado dentro do corpo dele.

Era a ponta do que parecia uma garra. Era dura, grossa e preta. Victoria pegou e mostrou aos seus colegas.

– Como o senhor conseguiu essas provas? – estranhou Collins

– Ah, querida, Robin Williams não é pouca coisa não! Muita gente me deve alguns favores, inclusive gente da polícia.

– Por esse pedaço do que parece uma garra, posso quase afirmar que não se trata nem de uma vampira e muito menos de um metamorfo – respondeu Vic

– Não? Mas... então o que pode ser?

– Você não foi caçador? Não arrisca nem um palpite? – questionou Dean com desdém

– Meu querido, eu só fiquei nesse negócio uns três anos. Vi que não era minha praia. Aliás, nem sei onde estava com a cabeça quando me meti nisso.

– Acho que nem o Bobby.

– Como?

– Er... nada – tornou Victoria - Nós vamos pegar o caso.

– Ótimo! – bateu palmas com entusiasmo – Ah! Mas vocês vão precisar se misturar ao pessoal!

– Misturar... como? – indagou Dean

– 0 –

Por que ele foi perguntar?

Estava no camarim do clube junto com os outros rapazes que iam dançar para as mulheres e exibirem seus belos corpos. Dean seria um deles.

Passava-se por novo dançarino contratado e não estava nem um pouco entusiasmado pela possibilidade de rebolar sua bunda e ficar exposto para um monte de mulheres, quase nu.

Se bem que... não seria de todo o mal. Ele ganharia todo o dinheiro que a mulherada quisesse depositar em sua cueca. E talvez fosse uma experiência para o seu ego ser desejado por tantas mulheres, embora grande parte houvesse passado dos quarenta. Normalmente, era essa a faixa etária do grupo que frequentava o lugar.

Era melhor do que servir mesas, como Sam faria no lugar do garçom que havia pedido demissão.

Quanto a Collins, ficaria no caixa na portaria. Pena! Ela era a mulher que mais desejava enlouquecer naquele momento, na verdade, a única.

– Meninos, estão prontos? - a voz estridente de Robin o tirou de seus devaneios. A expressão do homem se iluminou ao localizar Dean e aproximou-se dele - Uh, aí está você, garoto! O nosso Indiana Jones!

De fato, Dean estava caracterizado como o famoso herói para se apresentar no show daquela noite. Vestia calça e camisa num tom bege desbotado e uma jaqueta cinza de couro por cima da camisa. Calçava botas pretas e usava um chapéu redondo e marrom de abas largas na cabeça. Não poderia faltar também o inseparável chicote do personagem pendurado na calça do Winchester.

– Você está um arraso! Ui! As meninas vão adorar! – continuou Robin

E sem cerimônias, deu uma palmada na bunda do Winchester. O loiro olhou de modo assassino para Robin e teria avançado nele se este não chamasse a atenção dos demais.

– Garotos, só um minuto de sua atenção! – os rapazes pararam um pouco o que estavam fazendo para ouvir o que Robin diria - Hoje vai ser o primeiro dia de apresentação do nosso querido Dean. Ele está muito nervoso, não é, Dean? - apontou para o caçador, que esboçou um sorriso amarelo. – Então... boa sorte para todos!

Todos o ovacionaram com palmas e sorrisos forçados.

– Boa sorte para você também, Dean! – Robin falou – E rebole bastante esse traseiro gostoso!

O Winchester o encarou como se quisesse matá-lo, mas Robin o ignorou. Dean se contemplou num espelho de corpo todo e balançou a cabeça:

- Onde que eu estava com a cabeça pra topar essa doideira?

Disse mais para si, mas foi ouvido por um rapaz negro. Este tentou esconder o riso, mas sem sucesso. Era David.

– Tá rindo do quê? – perguntou Dean irritado

– Desculpe, cara... não é por mal – levantou os braços como sinal de trégua – É só que você me lembra alguém que se fez a mesma pergunta quando começou aqui.

– É? Quem?

– Um amigo. Sidney. – assumiu expressão séria – Morreu há duas noites.

– Ah... sinto muito – o loiro se acercou mais ao stripper – Você não chegou a ver ninguém suspeito perto dele na última vez que o viu?

– Não. Eu o vi pela última vez aqui mesmo no camarim assim como todos. Ele foi o primeiro a sair.

Dean assentiu. Soou uma campainha no camarim.

– É o sinal. Temos que nos preparar. Entramos todos juntos, como te explicamos.

– Ahm... OK – Dean estava inseguro e meio nervoso.

– Relaxe, cara. É bom vê-las delirar. Você vai adorar e acabar se acostumando.

– Espero.

– 0 –

Vic estava de caixa na portaria do clube. Vestia uma camisa branca de mangas e botões, um colete preto e uma saia preta. Seu cabelo estava amarrado num rabo de cavalo. Não estava nada contente em estar ali.

Não, não era devido à função que foi obrigada a desempenhar para ficar à espreita do ser que procuravam e que devia estar disfarçado no meio daquela mulherada. Era porque um monte de vagabundas e piranhas olhariam para Dean enquanto ele exibiria seu corpo para elas. E também porque Sam estaria no meio daquela mulherada, embora como garçom.

Na noite anterior, Kevin, ou melhor, Robin os convenceu a se disfarçarem como novos empregados do clube: ela como caixa, Sam como garçom e Dean como stripper.

Dean foi o que mais protestou; Sam também não pareceu muito contente com a ideia, mas Collins os convenceu que era pelo bem do trabalho. E ela própria procurou se convencer disso, para disfarçar seu descontentamento pela sugestão do empresário.

Antes tivesse feito coro junto com os rapazes contra aquela ideia!

Alojaram-se na mesma noite num apartamento emprestado pelo próprio Robin, que ficava a uns dois quarteirões do estabelecimento. Na manhã seguinte, trataram de pesquisar com base no que Kevin lhes tinha mostrado, que tipo de monstro poderia atacar os strippers.

Como não encontrassem nada, telefonaram para Bobby. Após ouvir as explicações de sua sobrinha, Singer lhes disse:

– Pelo o que você me disse... deve ser uma harpia.

– Uma harpia? Tipo, aquelas com asas e garras?

– Isso. Eu acho até... que pode se tratar da mesma harpia que eu cheguei a perseguir, mas não consegui matar.

– Você... não conseguiu matar um monstro? – Vic estava incrédula.

– Ora, menina, ninguém é infalível… e nem o único caso em que falhei. Foi há muitos anos, nos meus primeiros tempos como caçador. Eu persegui uma harpia numa cidade mais ou menos perto aí de Las Vegas.

– Certo. Que mais precisamos saber?

– Elas hibernam por um período de trinta anos. Depois, elas têm que se alimentar de, pelo menos, quatro homens antes de voltarem ao próximo período de hibernação.

– Por que homens?

– Elas precisam copular. Você sabe... em algumas culturas e religiões o sexo é considerado uma espécie de energia renovadora. E o falo masculino na Grécia antiga era o símbolo da fertilidade. Por isso, que após transarem com a vítima, elas devoram seus órgãos genitais, além dos braços e das pernas. Mas elas adoram apreciar a comida antes de partir para o ataque, deve ser por isso a escolha de um clube de strippers masculinos.

– E como matamos uma harpia?

– Essa parte é mais fácil. Pode ser com qualquer objeto cortante feito de bronze. Mas você só pode matar uma harpia de duas maneiras: se ela estiver copulando ou se for pelas mãos de um homem muito apaixonado.

– OK... No caso da copulação dá até pra entender, mas... por quê isso de um homem ter que estar apaixonado?

– Eu não sei exatamente.... Mas acho que tem a ver com o que elas representam. O prazer pelo prazer, as obsessões da carne, algo assim. E só um sentimento como um grande amor que pode contra isso. É meio piegas, mas parece que dá certo. Tem inúmeros registros de alguns caçadores que tinham alguém, uma esposa ou amante por quem eram devotados e conseguiram destruir esses monstros.

– E você disse que essa parte de matar uma harpia é mais fácil. Qual a parte mais difícil?

– Reconhecer uma.

Um homem de bom senso ficaria a três quilômetros de distância de um monstro como aquele por sua aparência aterradora, mas não se a fera pudesse se disfarçar de uma bela mulher. Uma mulher de beleza incomparável.

Era por isso que Vic estava naquele caixa. Para detectar qualquer indício de uma mulher com uma aparência bem mais chamativa do que a maioria. É claro que, por outro lado, a harpia poderia não querer chamar tanta atenção e poderia se disfarçar.

E Dean e Sam estavam lá dentro, expostos à mulherada, principalmente o loiro. Ele seria uma espécie de isca para despertar a fome da tal monstro, ao mesmo tempo, que ficaria de olho nos outros rapazes e protegê-los-ia de um possível ataque.

Collins não os havia visto desde tarde. Robin solicitou que fossem um pouco mais cedo ao clube para lhes dar instruções. Dean receberia algumas dicas de como dançar e tirar as peças aos poucos e Sam aprenderia algumas técnicas de como servir as clientes. Segundo o empresário, era um modo todo especial e “sedutor” de servir.

Droga! Vic não parava de imaginar as mulheres avançando em Dean e até tirando uma casquinha de Sam. Nunca frequentou um local assim, mas sabia o que ocorria pela boca de algumas colegas da época de Stanford que frequentavam esses ambientes.

– Ô, minha filha, vai me atender ou tá difícil? – uma mulher reclamou

– Ah... me desculpa... O que a senhora disse? – Vic saiu do seu estado de distração

– Aqui, minha senhora – uma atendente de cabelos loiros e óculos forneceu um bilhete à mulher e recebeu o dinheiro.

– Nossa, me desculpe. Eu me distraí.

– Tudo bem. É seu primeiro dia, é natural estar nervosa.

A moça que falava era Sue. Estava há pouco na função, mas já mostrava uma grande eficiência no trabalho. E também era bastante simpática e solícita. Teve grande presteza em explicar o sistema de atendimento para Victoria. Não era o que se poderia considerar uma mulher bonita, mas tampouco tinha uma aparência desagradável. Simplesmente não chamava a atenção de nenhum modo, era comum.

– Você está com algum problema? – continuou ela

– N... não. São só coisas da minha cabeça – respondeu Vic

– Homens?

– Por que seriam homens?

– Porque eles são uma das coisas que mais colocam uma mulher distraída. Ainda mais aqui – soltou um risinho engraçado.

Vic não respondeu, porém, não pôde deixar de rir junto com sua colega. Sue era sem dúvida muito simpática.

A caçadora correu os olhos para fora de forma distraída enquanto ria e notou uma mulher estranha entrar na discoteca. Era a mesma mulher que notou na noite anterior, a que escondia sua aparência debaixo do longo vestido que lhe cobria todo o corpo, do pano na cabeça e pelos óculos de lentes de garrafa. Era como se quisesse ocultar alguma deformidade física.

Ela nem passou pela bilheteria e entregou o convite para o porteiro. Certamente, havia adquirido com antecipação.

E se ela fosse a harpia? Afinal, por que razão se ocultar daquela maneira? Devia ser pela aparência exuberante. Talvez até suspeitasse que caçadores estivessem ali à sua espera.

Sem atinar para o que fazia, Collins pediu licença a Sue alegando que iria ao banheiro e entrou para tentar localizar a figura.

No interior do clube, tudo estava às escuras. O show dos strippers já havia começado com a entrada em grupo dos rapazes que se apresentariam. Naquele momento, o apresentador de palco anunciava o primeiro dançarino:

– E com vocês a nova sensação do clube: o nosso estreante da noite, Dean Winchester como Indiana Jones.

Ao ouvir o nome de seu colega, Vic se esqueceu da estranha mulher que procurava e seus olhos se voltaram para o palco.

Uma música ecoou enquanto Dean entrava fantasiado do lendário aventureiro.


Notas Finais


Tem um filme como o nome desse capítulo, mas não quis fazer referência a ele. Na verdade, o título é uma paródia de um filme chamado Showgirls com essa temática de mulheres strippers em Las Vegas. O filme ganhou vários Framboesas de Ouro, inclusive o de pior filme do ano de 1996

Bom, esse caso foi mais pra mostrar em que pé está a relação dos três e vcs viram que cada vez mais envolvente. Não sei como Victoria consegue resistir, mas é pelas razões que foram mostradas. Só que eu acho que eu não teria essa resistência toda dela, não, enfim. E como será essa apresentação do Dean? Vcs vão delirar, mas só no próximo capítulo. Ah! O Sam também vai surpreender! Até lá!


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