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História Almas Trigêmeas - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 4) - Final


Escrita por: jord73

Notas do Autor


A finalização do caso. Boa leitura!

Capítulo 42 - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 4) - Final


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (parte 4) - Final

Anteriormente:

– Sam! Sam! – Dean gritou desesperado pelo irmão. Viu-o na cama olhando para o teto onde Jessica era consumida pelo fogo. Agarrou Sam e o tirou de lá à força

– Jess! Jess! Não!

(...)

– Antes de conhecer Dean e Sam, eu... sonhava com eles.

E relatou ao anjo todos os detalhes que se recordava de seus sonhos até o momento de conhecer os Winchesters.

– Como você me explicaria isso? O que significa? – concluiu ela.

– Você pesquisou a respeito? – ele parecia um pouco perturbado com aquelas revelações

– Pesquisei, mas... o que li não faz sentido.

– Tipo?

– Coisas como viagem astral, vidas passadas, almas gêmeas. Mas nenhuma se encaixa pra nossa realidade. Vidas passadas implica na teoria da reencarnação e já está comprovado para mim que isso é inviável. Dean esteve até no inferno. Almas gêmeas nem se fala, eu teria que sonhar só com um... pra considerar como minha alma gêmea e eles... são dois. Então isso não se aplica. O que pode ser?

Cass não respondeu.

(...)

– Então... você também sonhava comigo? – ela arregalou os olhos. Suspeitava, mas não tinha certeza e nunca teve coragem de perguntar.

– Sim. E pela sua resposta, eu imagino que você também.

Collins nada disse de imediato. Aquilo a assombrava.

– E o que significa isso, Sam? – indagou ansiosa – Por que esses sonhos? A gente nunca tinha se visto antes daquele encontro na casa do Bobby.

– Não sei... talvez o destino. Quem sabe nós sejamos almas gêmeas?

(...)

– Victoria Collins. Sim. Você sabe o que ela representa. E sabe também que Dean e Sam são mais do que meros recipientes escolhidos por Miguel e Lúcifer.

– Você está mentindo – ele não podia crer. Ia de encontro com tudo o que sempre acreditou.

(...)

– Vocês são um tipo muito raro de se encontrar. Eu mesmo há décadas não vejo um caso assim.

– Assim como? – Vic insistia impaciente.

– Vocês não precisariam de um cupido para juntá-los. – abriu os braços e soltou um longo suspiro de admiração – Nasceram destinados um para o outro.

Victoria piscou os olhos várias vezes e depois sorriu com aquela informação. Em seguida, olhou para Sam que também esboçava um largo sorriso. Dean ficou um pouco incomodado com aquilo, mas não o demonstrou. Cass estreitou os olhos meditando no que o querubim havia acabado de dizer.

– Só que, minha linda garota, eu não sei se você é sortuda ou se você tem um problemão! – exclamou ele batendo palmas de contentamento

– Problemão? Por quê?

– Porque o Sam não é o único...

– Obrigado por sua ajuda, mas não queremos mais retê-lo – Cass o interrompeu bruscamente. Algo o incomodava – Você pode ir agora.

(...)

– Amanda, por favor, não transmita nenhuma ligação enquanto eu estiver com o Professor Dawson e a Senhorita Collins.

– Sim, reitor, mas... é que o senhor marcou com Sam Winchester para uma entrevista com relação a outro projeto. Ele está aqui.

Maldição! Sam Winchester! E... a poucos metros de Victoria. George tinha se esquecido completamente daquele compromisso de tão ansioso que estava por aquele reencontro com Collins.

(...)

- Como? – Vic o interrompeu nessa hora. Algo ecoou em sua mente. Ela tremeu só de pensar na possiblidade – O quê você quer dizer com... matou?

George olhou profundamente para ela. Captou o que ela pretendia lhe indagar. Respirou fundo.

- Eu não queria que você soubesse... Fiz até parecer que era coisa de demônios, mas... sim. Fui eu quem matou o Henry.

(...)

- Me diz agora onde está a minha namorada Victoria Collins ou eu juro que eu atiro, seu miserável! – as palavras saíam espremidas de sua boca.

- Não duvido, posso ver em seus olhos. Mas quer saber? Vá em frente! Antes morrer por suas mãos do que morrer pelas mãos do bruxo a que sirvo.

- A sua vida vale tão pouco pra você ser leal a um bruxo?

- Não um bruxo qualquer, meu caro. Você não sabe com quem está lidando. Ele pode acabar com a vida de qualquer um que cruzar seu caminho ou recompensar quem ajuda-lo. Ele me prometeu o segredo da vida imorta que vou receber. Então vamos, atire!

- Eu não estou blefando!

- Sam! – Dean o chamou mais uma vez, mas o irmão não o escutou.

- Eu também não estou blefando! – garantiu Slade – Atire!

Brandou viu hesitação no olhar de Sam. Durou apenas um instante; o Winchester destravou o gatilho pronto para atirar no homem, mas Dean pegou em seu braço e ergueu-o a tempo; a bala disparou no teto.

Sam respirou ofegante; Dean o olhava pasmo ainda segurando seu braço, Slade abriu os olhos que havia fechado ao se preparar para o tiro; Joshua olhava os dois com curiosidade; Cass embora não demonstrasse, também olhava Sam com surpresa.

- Me dê a arma, Sam – disse Dean

Capítulo 41

Eu sei o que vocês fizeram na vida passada (4ª parte) - Final

- Se lembram do plano, não é? – indagou Josh

- Sim – responderam os Winchesters ao mesmo tempo

- Então vamos.

Eles correram até a porta. Assim que chegaram, estacaram por um instante. Os irmãos trocaram olhares de assentimento entre si e seus parceiros. Empurraram a porta com chutes. Não houve resistência. Entraram.

No saguão, não havia ninguém. Deram uma boa olhada se não havia alguma armadilha. Do corredor que dava para a cozinha, surgiram três empregadas – uma delas, a copeira indiana que Collins havia visto. Elas os olharam com certa apreensão.

- Tudo bem, madames, não se assustem – afirmou Dean no seu jeito conciliador – Não vamos machucá-las.

As três mulheres o olharam com desdém. Na mesma hora, seus corpos rasgaram as vestes que usavam e transformaram-se em horrendas harpias, com penas por todo o corpo, grandes asas, uma crista marrom no alto da cabeça, olhos marrons, orelhas pontudas, garras nas mãos e dentes afiados. Elas soltaram gritos horripilantes em uníssono.

- Merda! – praguejou Dean – Essa coisa de novo?

- E em dose tripla – completou Sam.

- Cuidado! – gritou Josh

Eles se desviaram. As harpias voaram para cima deles.

- Rápido! Precisamos de qualquer objeto de bronze que as corte – esclareceu Sam – Procurem por isso.

– Acho um pouco difícil – disse Josh.

- Deixem comigo – disse Cass desaparecendo.

As harpias destruíram todos os móveis da sala para agarrá-los, porém, eles conseguiam escapar de suas garras. Felizmente, Castiel não se demorou e reapareceu trazendo quatro lascas de bronze.

- Aqui – ele jogou as três lascas para cada um de seus companheiros.

Joshua acertou uma harpia no peito, mas não aconteceu nada com ela. A fera o derrubou no chão e rasgou seu pescoço com as garras. Ele gritou de dor.

Sam o viu e foi acudi-lo. Aproveitando a distração do monstro, ele o apunhalou pelas costas com a lasca. A fera deu um urro de morte e se desfez em cinzas.

- Está bem? – inquiriu Sam para o demônio.

- Vou sobreviver – disse Josh ainda caído e colocou a mão no pescoço dilacerado. Com a outra mão, indicou um ponto atrás do Winchester com expressão de susto - Sam!

Uma harpia partiu para cima do caçador, porém, Dean chegou a tempo e a atingiu de lado com a lasca que segurava. Ela também virou cinzas.

- Se não fosse eu, hein? – declarou o loiro presunçoso.

- Ainda falta uma. – informou Sam

A um canto, uma harpia encurralava Castiel.

- Pode deixar com o Cass. Ele dá conta – falou Dean com segurança

Contudo, Cass sumiu quando a harpia tentou acertá-lo e reapareceu ao lado dos caçadores.

- Cass? – estranhou Dean – Por que não a golpeou? Você está meio sem baterias, mas dá pro gasto.

- Não posso mata-la. Só você ou Sam.

Os dois se entreolharam. Antes que fizessem alguma pergunta, a harpia avançou sobre eles. De novo, conseguiram se desviaram.

- Como assim? – indagou Dean num outro lado.

- Amor, Dean – esclareceu Cass – Só homens apaixonados podem matar harpias.

Os dois irmãos se olharam constrangidos.

- Eu vou distrai-la. Vocês tentam pegá-la juntos. – instruiu o anjo

- Ok – concordou Dean

Castiel pulou nas costas do monstro e tentou segurá-la pela jugular.

- Agora! - gritou

Os dois irmãos avançaram de cada lado e enfiaram a lasca no corpo da harpia. Ela se desintegrou e Cass caiu em cima deles. Os dois gemeram.

- Uh, Cass! – reclamou Dean – Cuidado aí.

- Desculpem – pediu ele se ajeitando.

- Acabaram a brincadeira? – perguntou Josh de pé e recuperado. Voltou-se para o anjo – Onde você arranjou essas lascas?

- Pela ilha mesmo. Numa caverna dos ciclopes.

- Então foi por isso... – disse Sam pensativo ao se recordar de algo

- Foi por isso o quê? – Dean o interpelou

- Foi por isso que eu consegui destruir aquela harpia em Las Vegas. Por eu estar apaixonado pela Vic.

- Hum... E pelo visto seu irmão também está apaixonado...– insinuou Josh, deixando a sentença no ar. Dean o fuzilou com os olhos –... por alguém.

Um clima constrangedor se estabeleceu. Ninguém ousou dizer mais nada.

- É melhor nós irmos – tornou Josh com um sorriso zombeteiro

- Pra onde, seu sabe-tudo? – Dean perguntou

- Por ali – apontou outro corredor ao centro – O gabinete do bruxo fica naquela direção.

Seguiram para lá. Antes que cruzassem o arco do corredor, Castiel deteve os passos enquanto os outros passavam a sua frente.

- O que foi, Cass? – perguntou Dean olhando para trás.

- Não posso entrar. Ele colocou símbolos enoquianos pelo corredor em diante – apontou o gabinete.

- Droga!

- Não se preocupem. O mais importante é que vocês entrem lá e façam o que têm que fazer. – sossegou-os – Vão!

Os três prosseguiram. Quando chegaram à porta, antes que qualquer um deles tocasse na maçaneta, esta se abriu sozinha.

- Olá! Eu estava à espera de vocês – George anunciou sentado atrás de sua escrivaninha. Esboçava um sorriso cínico no rosto. Estendeu a mão como num convite – Entrem.

A expressão de Sam foi de imensa surpresa.

- Reitor Mason? – disse ele

- Você conhece esse cara? – indagou Dean apontando o feiticeiro

- Ele é o reitor lá da Universidade em que estudei.

- Sam Winchester. É um prazer vê-lo novamente – tornou George. – Mas não sou mais reitor de lá.

- Bom que vocês se conhecem, mas não temos tempo para isso – declarou Josh

Adiantou-se em entrar no local. Quando passou por cima de um tapete, parou de se mover.

- Droga! – praguejou ele. Olhou para trás, para os Winchesters – Acho que fui pego numa armadilha, companheiros.

- Sim. Você está preso numa armadilha, demônio – George olhou para ele – Sua ideia de possuir o corpo de Slade foi proveitosa... mas nem tanto. – ele olhou para os caçadores – Mas podem vir, rapazes. Sem truques... por enquanto. Acredito que você queira alguns esclarecimentos, Sam.

Recordando-se do motivo pelo qual estava ali, Sam se recuperou do espanto inicial e caminhou a passos rápidos em direção ao bruxo. Dean o acompanhou. Ambos ostentavam uma expressão feroz em seus rostos. Pararam a curta distância de George e sacaram seus revólveres.

- Então é você que é o bruxo por trás do sequestro da minha namorada? – esbravejou Sam – Por que, Mason? Eu pensei que gostasse de mim.

George não respondeu. Limitou-se a sorrir com desdém.

- Você costumava me chamar para sua sala para conversars sobre variados assuntos. Me incentivava a seguir o Curso de Direito, que quando eu me formasse teria ótimas recomendações suas. Foi você inclusive que me indicou para aquela entrevista de trabalho que eu deveria fazer... antes de sair de lá. Por Deus, eu te admirava!

George riu

- Ah, Sam Winchester! Como você é ingênuo. Se você soubesse...

Sam estreitou os olhos.

- Para mim, era conveniente que você acreditasse que eu te estimava. Sabe aquela frase "Mantenha seus amigos por perto, mas seus inimigos mais ainda?" Pois é. Eu agi da mesma forma. Mas na verdade... eu te odiava – o bruxo cuspiu as palavras. Sam engoliu em seco – Eu te odiei desde a primeira vez que eu te vi. Ou melhor, desde há muito tempo.

- O que eu fiz pra você? E o que a Victoria tem a ver com isso?

- Ela tem tudo a ver! Ela é a razão de eu ter me tornado um bruxo! – George falou com tamanha intensidade que surpreendeu os rapazes – Você estava entre ela e eu. Estive procurando por ela há muito tempo. Desde há muitos séculos, até que...

- Peraí, peraí, cara. Volte. – pediu Dean – Como assim... séculos?

- Meu verdadeiro nome é George Tudor, primo de Henrique VIII.

- Pule essa parte da apresentação. O que quis dizer com "séculos"?

- Vocês não se lembram, nem ela, naturalmente. Mas nós quatro temos uma longa história de tempos atrás, desde encarnações passadas. Aliás, o antigo nome dela era Elizabeth.

Sam e Dean se entreolharam confusos.

- Durante duas encarnações, das que me lembro, ela era minha! – a expressão cínica de George foi se desvanecendo dando lugar a uma mais irritada – E vocês... sim, vocês dois sempre se metiam entre nós para roubá-la de mim e depois causar a morte dela.

– Como é que é? – perguntou Dean intrigado sem largar o revólver

– É isso mesmo – continuou o bruxo sem desviar os olhos de ambos os Winchesters. Encarava ora um e ora outro com desprezo – Vocês dois tem atrapalhado a vida da minha amada Elizabeth desde encarnações passadas. Da última vez, foram dois nobres tolos que cismaram com ela... uma inocente camponesa... e a minha noiva. Vocês a deixaram confusa! Brincaram com ela a ponto de iludi-la! – fez uma pausa procurando retomar o controle - E depois por um capricho, por nenhum dos dois aceitar serem recusados, vocês lutaram num duelo até a morte pra ver quem ficava com ela. Sem nem perguntar se era isso o que ela queria. E fizeram com que ela se enchesse de remorso e num ato de desespero... tirasse a própria vida.

Dean piscou o olho seguidas vezes para absorver tal disparate. Quanto a Sam, mordeu os lábios de irritação. Não queria ouvir tamanha baboseira!

- Sei – disse Dean balançando a cabeça afirmativamente – Escuta, cara, não sei que erva você tomou... e deve ser uma bem forte. Mas a gente não veio aqui pra perder tempo com suas viagens. Viemos buscar a Victoria e só vamos sair com ela.

- Lamento, perderam o seu tempo. Vão embora que lhes poupo a vida.

- Uma ova! – gritou Sam – Não saio daqui sem a minha namorada.

- Ela não é mais sua! Ela é minha agora!

- Maldito!

Sam disparou a arma assim como Dean, porém, não saiu balas.

- Procuram isto? – George estendeu a palma da mão contendo toda a munição.

Os rapazes arregalaram os olhos e, antes que dessem mais um passo, George fez um movimento com as mãos que os arrastou até uma parede e prensou seus pés e mãos. Eles tentaram se mexer, mas estavam incapacitados.

- Acharam que ia ser fácil assim? Eu fui avisado da base e preparei uma recepção especial para cada um de vocês. – zombou o bruxo. Levantou-se de sua cadeira e caminhou lentamente até o meio do aposento – Símbolos enoquianos para seu anjo da guarda – apontou Cass que permanecia no mesmo lugar no corredor, sem ultrapassar a barreira invisível – Uma Chave de Salomão para um demônio traidor e usurpador de subordinados – apontou Josh que escureceu os olhos com raiva – E para vocês dois... – ele girou o corpo na direção dos caçadores e andou até eles. Parou a centímetros do corpo de Sam -... para vocês dois, hum... preparei algo bem melhor.

- É? O quê? Um grupo de strippers contorcionistas e comedoras de fogo? – Dean provocou, disfarçando a irritação.

George riu.

- Você continua o mais engraçadinho dos irmãos – o bruxo se aproximou dele. O ar de escárnio sumiu de seu rosto – Quero ver se vai achar graça para o tanto de maldições e torturas que planejei para vocês antes de mata-los.

Dean nada disse. Limitou-se a olhar para cima com expressão pensativa e torcer o beiço. Em seguida, voltou a encarar o bruxo.

- Boa. Manda ver - ele disse com desafio.

- Gosta de bancar o durão, não é? Mas pelo o que já me disseram a seu respeito, você não ficou com essa pose durante todo o tempo que esteve no inferno. – George aproximou os lábios do ouvido de Dean – Dizem que você implorou para tirá-lo do castigo e deixa-lo torturar almas. Ah! E que você tomou gosto pela coisa.

O corpo de Dean se retesou de fúria. Se pudesse, queria socar aquele sujeito...

- Cadê a Victoria? Nos diga! – exigiu Sam

- Para quê? Vocês não vão sair daí pra libertá-la, nem seu criado – olhou para Josh que permanecia calado e esboçou um sorriso irônico para o bruxo – E seu anjo guarda-costas não vai conseguir entrar lá para soltá-la. Coloquei vários feitiços lá dentro, além de mais símbolos enoquianos.

- Eu preciso saber se ela está bem. Me diga. – o olhar de Sam era quase de súplica. Convenceu ao feiticeiro.

- Quer saber? Vou dizer como último pedido de um condenado. – fez uma longa pausa proposital apenas para afligir Sam – Ela está lá embaixo na masmorra que uso como porão. Está lá até aprender a me respeitar e me amar.

- Seu desgraçado! – gritou Sam – Solte a Victoria! Ou eu juro que eu te mato!

- Você pode até tentar, mas não vai conseguir – George andou três passos até ele. – Sabe, você e seu irmão têm sido um pé no saco no meu caminho nas últimas encarnações.

- De novo esse papo, cara? – retrucou Dean – Vá fazer uma terapia pra bruxos!

- Mas dessa vez, eu me preveni de vocês me atrapalharem de novo – ele prosseguiu ignorando o comentário jocoso. Fitou Sam com presunção – Especialmente você, Sam Winchester. Não sei se ela te falou, mas vocês estudaram em Stanford na mesma época.

- Sei disso. E o que tem a ver?

- Tem a ver que você e ela estiveram por um triz de se conhecerem. Se isso tivesse acontecido...

Sam balançou a cabeça para os lados achando toda aquela conversa um absurdo. Sorriu com deboche.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Se eu tivesse que conhecer a Victoria por aquela época, teria acontecido. Mas se você se lembra, eu estava morando com a Jessica. E pelo que eu sei, a Victoria estava com um professor de lá.

- Isso não importava. Uma hora vocês iam se conhecer e quando isso acontecesse, você e ela não conseguiriam resistir por mais que quisessem. Vocês iam acabar deixando seus pares para ficarem juntos.

- Você é louco.

- Não, não sou. Não se esqueça de que eu sou um bruxo. Eu pressinto as coisas. Eu sabia que vocês iam se encontrar. Houve até uma vez em que vocês quase se cruzaram lá mesmo no meu gabinete. – fez uma pausa. – Mas eu impedi que isso acontecesse e impedi que houvesse outras oportunidades. – ele esboçou um sorriso cruel – Sam, como eu disse, você é muito ingênuo. Não sabe o quanto a sua vida foi manipulada antes mesmo do que aconteceu com sua namoradinha de faculdade.

- O que quer dizer? – Sam o olhou intrigado

- Isso você vai descobrir em breve. Mas te adianto que a morte de Jessica não era pra ter ocorrido, pelo menos não naquela época. Fui eu quem colaborou para Azazel apressar as coisas.

- O... o quê? – Sam apertou os olhos confuso

- Isso mesmo. Sabe, Azazel era um dos poucos demônios com quem valia a pena ter amizade. Eu o conhecia há muito tempo. Eu contava várias coisas a seu respeito para ele...embora não precisasse, ele tinha informantes para isso.

- Seu infeliz! Você quer dizer que...

- Sim. Eu sabia que ele estava atrás de você.

- E você o ajudou a matar a Jessica? Só para me afastar da Victoria?

- De certa forma, sim. Você até deveria dar um desconto a Azazel. Ele não pretendia matar sua namorada tão cedo. Estava até pensando em deixar você e ela se casarem e curtirem um tempinho juntos, talvez um ano para depois te chamar e torná-lo seu soldado. Mas eu o convenci que talvez isso faria de você um fraco. Era melhor fortalecê-lo com muita dor.

- Desgraçado! – Sam grunhiu tentando se desencostar da parede, mas sem sucesso.

- E não me arrependo nem um pouco. Faria tudo de novo. Assim como estou fazendo agora.

- Agora você é vadia de Lúcifer. – zombou Dean fazendo esforço para se soltar. – E isso só pra manter a Victoria longe da gente?

- Não. Não é só por isso. Lúcifer a quer fora do caminho de vocês. Foi por isso que me contatou através de uma demônio.

- Deixa ver se eu adivinho: Meg.

- Sim. Ele é muito poderoso. De outro modo, não teria conseguido fazer com que ela chegasse até mim. Como vocês notaram, nem demônios têm acesso fácil a esta ilha.

- Engraçado, pra quem fez um acordo com o Diabo, você não está cumprindo sua parte. Você pretende matar, Sam. Não sabe que ele o receptáculo de Lúcifer.

- Ele pode ressuscitá-lo depois, que eu sei. Pelo menos lhe fiz um favor maior tirando Elizabeth do caminho dele. Mas não me importa o que ele quer. Eu fiz por mim... e por ela. Eu só quero protegê-la! Eu a amo!

- Amor? Você se chama isso de amor? – retrucou Sam cada vez mais furioso

- Muito mais do que você, Sam Winchester! Você acha que a ama mesmo? Pois eu digo que não! Prova maior é você ter se envolvido com ela, mesmo sabendo o quanto é perigoso por causa de Lúcifer.

Sam não retrucou. Não tinha resposta para aquilo.

- Por que acha que Lúcifer quer ela fora do caminho? Por que acha que ele resolveu me ajudar nos meus planos de recuperá-la? Não é só porque ela é alguém com quem você se importa. Mas porque ela é a maior ameaça para os planos dele. A ligação entre vocês dois não é obra do acaso. Vocês estavam destinados um ao outro.

Sam estava cada vez mais confuso. Quanto a Dean, incomodou-se pelas palavras de George. Também não sabia o que pensar.

- Aliás, não só você, mas seu irmão também está destinado a ela.

- Quê? – Dean não conseguiu deixar de rir – Cara, acho que você está com sérios problemas. Já disse pra fazer uma terapia. Vem cá, entre vocês bruxos não existe um especialista pra casos do seu tipo?

- Pode rir e debochar o quanto quiser, Winchester. Mas no fundo sabe que eu tenho razão. Eu aposto que tanto você como seu irmão se apaixonaram por ela desde a primeira vez que a viram. Me diga se estou errado.

- Aqui, vamos fazer de conta que eu acredito – retrucou Dean não querendo admitir que o bruxo estivesse certo naquele ponto – Se fosse verdade, pra que você se intromete? Não disse que uma "força do destino" nos atraiu até a Victoria? Então por que logo você rema contra a maré?

- Já disse, porque eu a amo. E eu quero salvá-la.

- Nossa! Bela maneira de demonstrar isso!

- Eu quero salvá-la de Lúcifer... e especialmente de vocês. Vocês três estão amaldiçoados e eu a quero afastar disso.

- Ah, sim. De acordo com você, eu vou matar o meu irmão por causa de mulher. Por favor! Se você está informado sobre a gente, sabe muito bem porque eu fui parar no inferno. Foi pra salvar o Sam.

- Isso foi antes de conhecê-la. Mas agora... não é algo que você possa controlar. Se vocês sobreviverem ao Apocalipse, os dois vão se matar e provocar o suicídio dela. Tem sido assim todas as vezes pelo que eu sei.

- Chega de conversa fiada, seu débil mental! Se quer matar a gente, mata logo! Mas pare de encher meus ouvidos com tanta abobrinha!

- Já que insiste...

George se afastou minimamente e estendeu a palma da mão no meio deles. Os dois contorceram o rosto de dor, seus corações estavam sendo comprimidos.

- Vou fazer com que seja doloroso e lento.

- Cass! – gritou Dean com dificuldade – Agora!

De onde estava, Castiel tirou um saquinho de pano do bolso e começou a queimá-lo na palma da mão. Na mesma hora, George sentiu uma pontada no peito, começou a tossir e a sangrar pela boca. Caiu ajoelhado com as palmas no chão.

- O que... – tossia – que está acontecendo?

- Trabalho em equipe e muita inteligência – disse Joshua com um sorriso de escárnio – O último item é mais por minha conta. Acha que viríamos aqui enfrentar um bruxo poderoso sem um contra-ataque? Não. Nós preparamos um feitiço com parte de seu DNA.

- Mas ... como?

- Cara, você não deveria nunca sair de sua ilha quando for encomendar algum esquema. Mande seus subordinados irem até você. O caso é que nas memórias de Slade, eu vi o último encontro de vocês. Vi você indo para a base dele e tomar um drinque enquanto elaboravam seu plano de raptar Victoria Collins. E ele, tão zeloso nem teve o cuidado de limpar a saliva que você deixou num copo. Da próxima vez, se certifique de não deixar DNA seu para trás – o demônio fez uma expressão pensativa e voltou a sorrir com zombaria – Ah, lembrei: não vai haver próxima vez pra você.

- Malditos... – George proferiu a frase com dificuldade. Sentia a vida esvaziar de seu corpo imortal.

Estendeu a mão em direção a Joshua para tentar atingi-lo, mas os Winchesters conseguiram se soltar da pressão na parede. Sam foi até ele e derrubou-o no chão. Começou a socar o bruxo sem piedade. Dean se manteve à distância apenas observando a fúria do irmão. Compreendia-o, mas também o assustava.

- Eu vou acabar com você, filho da mãe! – Deu-lhe um soco – Isso é por Jessica – deu-lhe outro – Esse é por Victoria – deu um último soco em Mason – E este é por mim.

Sam pegou a faca especial que carregava da cintura e enfiou-a no peito do bruxo na altura de seu coração. Os olhos do bruxo se arregalaram e mais sangue saiu de sua boca. Ainda assim, ele conseguiu fôlego para proferir uma última declaração alterando o olhar de Sam para Dean:

- Vocês... ainda... vão.. matá-la... de um... jeito... ou ... de outro... Eu... espero... que... sofram... bastante...

Dean engoliu em seco. Sam crispou os lábios com fúria e largou o cadáver de George no chão.

- Mande lembranças minhas lá pro pessoal no inferno – disse Josh. Apontou a armadilha que ainda o aprisionava – Ei, podem me dar uma mão aqui?

- Ajude ele, Dean, eu vou pegar a Vic. – pediu Sam

- Espere, Sam, você ouviu aquele debilóide. Tem feitiços lá embaixo.

- Podem ficar tranquilos. Com a morte de George, os feitiços se tornaram inúteis – esclareceu Josh

- Tem certeza?

O demônio deu de ombros.

- Suponho que sim.

Sam e Dean se entreolharam.

- Não importa. Vou me arriscar – disse o mais novo.

- Não, vamos fazer o seguinte. Já que nosso "querido guia" tem ajudado tanto a gente, ele pode verificar as coisas, não é? – retrucou Dean com sorriso forçado – - É claro, eu vou à sua cola pra garantir que você não fuja no minuto em que Sam te soltar.

Josh estreitou os olhos.

- É, afinal, se você tivesse impedido aqueles caras de levarem Victoria quando teve chance e de não usá-la como isca para colher informações do Mason a mando de seu chefe, não estaríamos nessa confusão – declarou Sam. – Foi assim que você falou, não é? Uma estratégia para descobrir os planos de Lúcifer.

Josh resolveu não desmenti-lo. Era melhor que ele acreditasse naquilo. Na verdade, ele pretendia sugestiona-lo a pensar assim.

- Tudo bem. – sorriu forçado – Já que me pedem com tanta "gentileza" para ver se a coisa lá embaixo está limpa... vamos nessa.

- 0 –

- Victoria! Victoria!

Sam chamava por sua namorada com desespero, mas era inútil. Era como falar com uma pessoa em estado de coma. Vic estava respirando, sem nenhum ferimento físico e seus olhos estavam abertos, até piscavam. Sua mente é que não estava presente.

Foi assim que a encontraram após Joshua - com Dean apertando seu pescoço com a faca – se certificar de que não havia perigo. E também de ter escapado de outra Chave de Salomão desenhada numa parede.

Tinha que admitir que George possuísse estilo.

Cass a libertou das correntes que a prendiam enquanto Sam tentava despertá-la de sabe-se lá onde.

- O que aquele filho da mãe fez com ela? – gritou Sam em desespero. Segurava no rosto dela – O que ele fez? Vic! Vic!

- Calma, Sam. Deixe-me ver isso – pediu Castiel se aproximando e olhando-a nos olhos – Ela está em choque.

- Ele... ele a estuprou? – indagou Dean receoso.

Sam o fitou perturbado, mas se fez a mesma pergunta. Vic usava apenas uma camisola transparente. Se fosse isso mesmo... Como queria ressuscitar o maldito Richard Mason ou George só para mata-lo diversas vezes! Queria lhe causar a mesma dor que ele tivesse provocado em Victoria.

- Não. Ele não fez isso – esclareceu Cass colocando as mãos na cabeça dela para lhe perscrutar o cérebro

- Então por que ela está assim? – inquiriu Sam aliviado

- Ele fez algo com a mente dela. Vou ver se consigo... – Cass abaixou a cabeça e fechou os olhos.

De repente, ele sentiu convulsões pelo corpo. Era como se tomasse um choque.

- Cass? – Dean estranhou – Cass! O que está havendo?

- Nada... – ele respondeu de novo com a cabeça baixa – Eu... posso ajuda-la a esquecer todas as imagens perturbadoras na cabeça dela. Só me deem um tempo.

Os irmãos se entreolharam.

Joshua observou o anjo. Refletia em alguma coisa.

Cass começou a pronunciar algumas palavras com os olhos fechados. Seu corpo todo tremia junto com a cabeça de Vic. Sangue começou a escorrer de seu nariz, mas ele não a largou.

Sam e Dean começavam a ficar preocupados. Que feitiço poderoso era aquele?

Súbito, Victoria inspirou o ar fortemente enquanto arqueava o peito e despertava. Castiel a soltou e caiu no chão.

- Cass! – gritou Dean e foi ampará-lo – Está bem?

- Es... tou – disse se recuperando e apoiando-se na mesa de pedra – Deu certo?

- Sam... – Vic falou

A voz dela era como música para os ouvidos de Sam. E de Dean.

- Estou aqui, meu amor – ele sorriu aliviado e aproximou o rosto do dela. Um nó se formou em sua garganta – Como... você está?

Ela não respondeu de imediato. Apenas se sentou com ajuda dele e abraçou-o. Começou a chorar.

- Eu sabia que você viria – disse entre lágrimas – Eu sabia.

Dean observava a cena. Embora quisesse abraça-la também para expressar seu alívio, contentou-se em vê-la bem.

Vic se desgrudou do namorado minimamente, apenas para fitar Dean. Estendeu a mão para ele.

- E você também... Dean.

O sorriso dele se alargou e pegou na mão que ela estendia.

- Você é uma garota difícil de encontrar, Victoria Collins. Mas não para nós Winchesters – seu tom era de presunção.

Ela assentiu.

- Tá tudo bom, tá tudo bonito e detesto interromper momentos tão felizes – bufou Joshua. Todos olharam para ele – Mas que tal darmos o fora daqui?

- 0 –

Victoria tomava um banho refrescante no banheiro do quarto de um hotel. Dessa vez, estavam num lugar quatro estrelas, não num muquifo barato.

A água escorria e ela deixava que lavasse todas as impurezas de seu corpo. Queria também que lavasse as da mente. As últimas lembranças que teve com George. A revelação de ele ser o verdadeiro assassino de Henry.

O tremor começou a percorrer seu corpo e quando ela viu, agachou-se debaixo da água até sentar. Começou a chorar.

Tentou conter o pranto para que Sam não ouvisse, mas estava difícil. Fazia tempo que não se sentia tão vulnerável assim.

Não era só por causa da morte de Henry que voltava a reviver. Era também a figura desagradável de George que lhe provocava um medo inexplicável não por ele ser um bruxo ou um louco obcecado. Mas porque algo em seu interior lhe dava a certeza de alguma coisa mais profunda que ele lhe evocava.

Contudo, o principal fator era aquela sensação de vazio. Cass havia limpado a sua mente de alguma coisa terrível, porém, ela sabia que o efeito que George quis lhe provocar havia rompido algo. Algo que nem mesmo o anjo podia apagar.

- Vic? – a voz de Sam a chamou preocupado

Ele se abaixou e amparou-a nos braços. Estava vestido e molhou-se todo com os respingos da água e do corpo dela, mas não se importou. Deixou que ela colocasse toda a agonia para fora.

- Ah, Sam... me... me desculpe. Estou muito chorona.

- Shhh! Não se preocupe. Você tem toda a razão de estar depois de tudo o que passou.

- Foi ele, Sam – ela se afastou do abraço dele e procurou se controlar – Foi ele quem matou o Henry.

- Ele?

Vic assentiu.

- Ele me disse. Fez parecer que eram demônios, mas só para afastar as suspeitas sobre ele.

- Miserável. – Sam apertou os dentes – Sabia que ele também teve culpa na morte da Jessica?

Vic apenas balançou a cabeça pasma.

- O Azazel não pretendia matar a Jess, pelo menos não naquela época. – continuou Sam –Talvez nem a matasse. Mas foi esse bruxo que o incentivou a se apressar.

- Meu Deus!

- Tudo isso apenas para nos afastar. Como você e eu estudamos na mesma época lá em Stanford, ele não queria que nos encontrássemos. Achava que íamos nos atrair por uma espécie de maldição que envolvia também o Dean e acabar nos matando.

Aquilo fez Victoria estremecer.

- Não quero mais falar sobre isso – ela pediu – Ele era um bruxo, um monstro, um louco. Ainda bem que está morto. Quero esquecer que tudo isso um dia aconteceu.

- Tudo bem, Vic. Tudo bem. Vamos esquecer.

Sam voltou a abraça-la e levantaram-se juntos. Victoria riu.

- Que foi? – ele perguntou

- Acabei molhando você

- Não se preocupe.

- Sam, posso te pedir mais uma coisa?

- Claro que pode.

- Passa a noite comigo hoje? Eu não quero dormir sozinha.

- Não tem que me pedir isso, Vic. Eu vou ficar com você. Não só hoje, mas todas as noites.

- Mas e aquela conversa que tivemos antes? Você falou...

- Sim, eu falei. Eu vou passar mais tempo com meu irmão, viajar com ele de agora em diante, mas não mais por causa da nossa briga. Eu sinto que o Dean cada dia está mais distante de mim. Preciso estar mais com ele.

- Acha que é por minha causa? Será que estou monopolizando você demais?

- Não, não é isso. Ele está assim desde aquele dia com o Fome, da minha recaída com sangue demoníaco. – suspirou – Ele voltou a duvidar de mim.

- Sam, não fique assim. Vai dar tudo certo. Se você quiser, eu posso conversar com ele.

- Não, é melhor não. Tem que ser eu pra resolver isso. Vou tentar me reaproximar mais dele – fez uma pausa. – Mas não abro mão de dormir com você, das nossas noites.

Sorriram e fitaram-se com intensidade.

- Eu te amo, Sam Winchester. Muito.

- Eu também.

- Nunca me deixe.

- Nunca.

Eles se beijaram com paixão e desejo. Victoria puxou Sam para debaixo do chuveiro. Tiraram as roupas dele rapidamente.

- Tem certeza de quer fazer isso? – ele disse ofegante após estar completamente nu e no meio de ardentes beijos e carícias. Não queria se aproveitar dela num momento de fragilidade – Talvez você devesse...

Vic o interrompeu com um longo beijo que tirou seu fôlego.

- Tenho. Eu preciso sentir você em mim, Sam. Me lembrar de como é estar viva.

Ele não teve mais dúvidas. Beijou-a com toda a força de seu ser, quase como um desesperado.

Por Deus! Aquelas horas em que ficaram longe um do outro, em que ele não sabia onde ela estava e como estava o enlouqueceram. Sentia-se como um sedento que acabava de encontrar um oásis.

Mergulharam naquele amor, naquela paixão, naquele desejo, esquecidos de tudo que passaram. De George, de Henry, de Jessica, da dor, do desespero. Nada mais importava.

- 0 -

Joshua estava fazendo sua ronda de costume vigiando os Winchesters. Apesar da ameaça destes para que sumisse assim que Castiel lhe devolveu "seu corpo", ele nem se importou. Pretendia cumprir fielmente sua tarefa.

O corpo de Slade se mostrou útil, mas ele preferia aquele. Seu receptáculo era um exímio mestre de karatê, o que lhe dava uma boa vantagem e mais resistência física.

Súbito, sentiu a ponta de um objeto cortante e outro corpo encostado nas suas costas o comprimindo. Não precisava se virar para saber quem era.

- Castiel? – disse ele sem demonstrar pânico – Já com saudades? Mas pra que toda essa... recepção calorosa?

- Quero respostas, demônio – disse o anjo sério

- Seja o que for que pense que eu sei, acha que vai conseguir me ameaçando com essa... lâmina?

- É uma lâmina específica para matar anjos, se você não sabe. Mas ela também faz um trabalho perfeito em demônios. É feita de luz celestial.

-Uau. Obrigado pela recomendação.

– Pra quem você está trabalhando?

- Eu já disse... Pro Crowley.

- Mentira. Quando eu sondei sua mente, não vi nada... a não ser que você pretendia mesmo nos ajudar a encontrar Victoria.

- E daí?

- Daí que alguém bloqueou sua mente propositalmente para que eu não descobrisse mais coisas. Isso só um feiticeiro muito poderoso pode conseguir ou então...

- Um anjo – uma voz soou atrás de Castiel – Sim, você está certo, Castiel.

Castiel se virou, mas sem soltar Joshua.

- Anna. Eu já devia saber.

- Solte-o. Eu posso lhe dar todas as respostas que deseja.

- Você se importando e trabalhando com demônios. Quem diria?

Mas acabou soltando Josh. Só não largou a lâmina.

- Er... acho que vocês têm muito que conversar – disse Josh se ajeitando – Vou nessa.

Sumiu.

- Bem, o que você quer saber? – indagou Anna

- O que você está pretendendo?

- Não entendo sua pergunta.

- Entende sim. Eu devia ter te perguntado na última vez em que nos encontramos. Foi você quem marcou o cunho em Victoria?

- Você sabe que não.

- Eu sei? – ele estreitou os olhos numa expressão irônica

- Cass, quando me libertaram, Victoria já estava marcada. Aliás, você deve ter notado que o cunho dela é de muito tempo atrás. Quando eu ainda estava caída.

- Então quem foi que a marcou?

- Isabel.

- Você de novo com essa história.

- Eu não estou mentindo, Cass. Já disse... Se você duvida, é só vir comigo que eu lhe mostro.

- Por que ela mesma não se mostra?

- Porque ela não quer se impor. Ao contrário de Lúcifer e Miguel, ela espera que os outros venham até ela por livre e espontânea vontade, se estiverem preparados.

- Mas no seu caso, parece que ela abriu uma exceção já que supostamente foi te resgatar.

- Porque era uma emergência e eu estava preparada. Cass, eu sempre questionei. Mesmo que isso quase tenha custado a minha vida.

Castiel não retrucou de imediato. Estava muito confuso.

- Eu vi umas coisas na mente de Victoria quando a achamos. – disse após uns instantes – Ela estava em choque e eu tive que entrar na mente dela. Seu espião deve ter te relatado

- Sim. O que você viu?

- Eu... não sei – Cass não queria responder – Não faz sentido.

- Você viu o que a mente dela oculta. A memória dela perdida – concluiu Anna – Cass, você ainda duvida?

- Eu não sei o que eu vi – teimou ele – Poderiam ser imagens falsas que o bruxo implantou na mente dela para confundi-la.

- Cass...

- E se fosse também para me confundir? Ele disse que estava a serviço de Lúcifer, mas quem garante? E se for para você mesma que ele estava trabalhando?

- Você não acredita mesmo nessa sua teoria. Está apenas em negação.

- Supondo que seja tudo verdade, que Isabel existe e você esteja a serviço dela... então é pior do que eu pensava. Isso significaria o fim de todos nós, a morte de todos os anjos.

- Não. Significaria um recomeço, nova vida.

- Recomeço? Nós perdemos nossa graça para nós tornarmos... macacos?

- Cuidado, Cass. Você está começando a falar como Lúcifer, Uriel e tantos outros como eles.

- Não quis dizer nesse sentido. Eu os respeito, eu os admiro, mas... não quero ser como eles.

- Por quê? O que o assusta? Lembre-se que eu já fui como eles. Cass, é muito bom ser humano.

- Bom? Não parece! Eu vejo como eles sofrem, como gemem de dores físicas e morais. Eu vejo como é difícil para Dean, Sam e a Victoria. O que eles passaram... Eu vejo na mente do Jimmy. Ele ainda sofre pela filha e esposa que deixou para me aceitar de volta eternamente. Só com isso dá uma ideia de como é insuportável a dor humana. Eu não sei como você aguentou.

- Cass, você poderia...

- Eu não posso, Anna – confessou ele com receio – Eu não posso aceitar. Isso também significa o fim. E seria um peso nas costas daqueles três.

- Cass, por favor, reflita.

- Não, já que disse não! – ele gritou – Eu não vou aceitar isso!

Anna não protestou mais. Ela viu que seria inútil. Ele não estava preparado.

- No fim das contas, Isabel não é melhor do que Lúcifer ou Miguel.– Anna ia protestar, mas se calou – Não mande mais seu empregadinho tentar ajudar aqueles três. Não tente aderi-los à sua causa ou à causa de Isabel usando a gratidão deles como uma troca de favores.

- Isabel jamais os ajudaria com tal intenção. Muito menos eu.

- Seja por qual motivo for, não se aproximem deles. – o tom de Castiel era de ameaça – Eu já falei para você que posso esquecer o que passamos juntos e matá-la se for preciso.

- Sinto muito, Cass. Não cabe a você decidir isso. – ela ignorou a ameaça – Isabel não vai interferir... por agora. Mas se assim ela decidir, você não poderá impedi-la de chegar até eles. Nem mesmo a mim.

- Veremos – aproximou-se mais do rosto dela

Olharam-se longamente com desafio. Por fim, Castiel sumiu.

Anna olhou o vazio. Realmente, ela teria um longo trabalho pela frente para convencê-lo.

- 0 –

Eram sete da manhã. Sam estava sentando num banco no pátio do hotel refletindo sobre os últimos acontecimentos. Avistou o irmão que andava por ali e também o viu.

- Já de pé, Sammy? – perguntou Dean ao se aproximar.

- É, eu... não consegui muito bem dormir essa noite.

- E a Vic?

- Ainda dormindo. Ela está muito cansada.

Dean assentiu. Eles ficaram um bom tempo em silêncio até que Sam inquiriu:

- O que foi?

- O quê? – Dean se fez de desentendido

- Você quer me dizer alguma coisa, não é?

Dean se manteve uns momentos em silêncio até que se decidiu:

- São várias coisas, na verdade.

- Então fale de uma vez.

- Agora que a Vic está de volta, a gente deveria conversar sobre o segredo dela que vocês guardaram de mim.

- Dean... – Sam revirou os olhos.

- Tá lembrado do que combinamos?

- Estou, mas não acho que seja a hora. Deixe ela se recuperar do que passou por lá.

- Sam, não a trate como uma boneca de porcelana. Você sabe que ela não é desse tipo.

- Eu só quero protege-la de mais dor, Dean.

- Isso nos leva a outra coisa que tenho que te dizer.

- Qual?

- Olha, por mais que o tal de George ou seja lá como se chama esse bruxo fosse um doido varrido, numa coisa ele estava certo.

- No quê?

- Lúcifer. – Sam o olhou compreendendo, mas nada disse – Sam, Lúcifer estava por trás de tudo isso.

- Qual é, Dean? Você mesmo disse que o cara era um doido varrido.

- Sam, ele não tinha motivo nenhum pra mentir. E mais, até Joshua disse que Crowley achava que Lúcifer estava por trás disso.

- Logo você se fiando em conversas de demônios.

- O demônio lá da tal base 666 também confirmou. Ele nem sabia que estávamos com Joshua.

- Certo – Sam suspirou – E aonde você quer chegar?

- Você sabe aonde. Victoria corre perigo se continuar com a gente.

Sam suspirou mais uma vez.

- Você sabe o que tem que fazer? – continuou Dean

- O quê exatamente? – ele fez que não entendia

- Sam, você não pode continuar com a Vic. Sabe o que acontece com todos que estão perto da gente, ainda mais... de você.

- Ah, então, quer dizer que agora a culpa de tudo é minha?

- É, Sam. Do Apocalipse é. Jo e Ellen morreram nas mãos do Diabo porque você o soltou. – Sam o fuzilou com os olhos – Desculpe, cara, mas é essa a verdade.

- E você não perde a chance de me jogar isso na cara.

- Sam, eu não quero te atormentar com isso. Apenas quero que você pense bem. Sei que vai ser difícil ficar longe da Vic, mas se quer mesmo protege-la tem que afastá-la de você.

-Acha que isso vai resolver? Ele já sabe sobre ela.

- De acordo com o que Cass nos contou, os anjos não podem acha-la. Ela tem um cunho enoquiano. Se ficar longe da gente, tem uma chance de escapar.

- Os demônios podem acha-la da mesma forma.

- Não se ela tiver com mais patuás.

- Ela não vai querer se afastar, Dean. Eu a conheço.

- Você vai ter que convencê-la. É pro bem dela.

- Eu não posso.

- Não pode... ou não quer?

Sam não respondeu.

- Sam, você não tem escolha. Se Lúcifer não se livrar dela de um jeito, vai usá-la pra te chantagear e obrigar você a dizer sim.

- Eu já disse que não vou dizer sim, droga! – ele esbravejou – Quantas vezes eu vou ter que repetir isso?

- Na moral, Sam, você tem agido de uma forma que coloca por terra essa sua negação.

- É? O que, por exemplo?

- Primeiro, você voltou a tomar sangue demoníaco depois de ter jurado que não tomaria.

- Isso foi só uma vez por causa do Fome. Você sabe disso.

- Claro, essa é sua desculpa. – Dean acenou com a cabeça numa atitude irônica – Mas tem outras coisas também. Como daquela vez com o Tormento dos ciúmes.

- O que tem? Eu consegui recuperar a razão bem a tempo.

- Não falo dessa hora. Falo quando ele estava negociando a minha vida e a da Vic em troca de você dizer sim ao Diabo. E quando ele chegou ameaçar mata-la, você concordou em fazer o que ele quisesse.

- Eu não ia, Dean. Estava apenas querendo ganhar tempo.

-Será? Odeio admitir, mas se não fosse a ajuda do Joshua... – não completou a frase, deixando o significado no ar.

- Tem mais alguma coisa em meu contra? – questionou irônico

-Você quase matou o Slade, Sam. Logo você que defendia que não se deve matar uma vida humana, seja de quem for. E não digo tanto por isso, mas você agia como um desesperado, sem raciocinar que o cara podia nos dar informações sobre a Vic. É desse desespero que o Diabo vai se aproveitar.

Sam soltou um riso de escárnio.

- Quer saber de uma coisa, Dean? Estou cheio de você jogar as coisas na minha cara como se fosse um santo! Estou cheio dessa sua pose de "certinho". Isso não combina com você.

- Me desculpe se a verdade dói, Sam.

- Pois então vamos falar de verdades. Você me acusa de ter rompido o último selo e libertado o Diabo, mas foi você quem rompeu o primeiro.

Dean o olhou surpreso.

- É, estou sabendo. Foi a Vic que me contou. Mas não pense que ela fez isso por não saber guardar segredos. Ela comentou imaginando que eu já soubesse. Só que você não mencionou esse pequeno detalhe, Dean. E sabe por quê? Por que você adora apontar os erros dos outros, mas detesta que alguém aponte os seus.

- Parece que não sou o único, não é? – retrucou sentindo um nó na garganta por seu irmão usar aquele argumento para lhe atingir.

- E você me julga com tamanha hipocrisia, dizendo que eu quase matei o Slade, mas não disse muita coisa quando Joshua o fez e nem com aqueles soldados.

- Era diferente. Ele é um demônio.

- Ah, sim. E demônios devem fazer o nosso trabalho sujo de matar pessoas que não valem nada? Só pra não mancharmos a nossa consciência?

- Está vendo? – ele apontou o dedo para Sam – Você sempre se coloca na defensiva. É esse tipo de atitude que me faz duvidar de você.

- Que se dane! – Sam se levantou irritado – Estou cansado, Dean!

- Eu também, Sam! Mas faz um favor pra gente! Não meta a Victoria no meio desse conflito!

- Eu não vou me afastar dela! Já disse!

Dean não disse nada a princípio. Esperou o irmão se acalmar antes de prosseguir:

- Então você não... não a ama de verdade. – ele sentia certa dificuldade em usar o verbo "amar".

- E quem é você pra falar de amor? O que sabe sobre o amor? Ah, esqueci, é mesmo. Está apaixonado por "minha" namorada – Sam enfatizou bem o pronome possessivo. Não se importava de jogar aquilo para magoar Dean. – Só que você não tem muita base pra falar sobre isso.

- Não fale assim, não você. – retrucou Dean sombrio – Sei o que é me sacrificar por alguém com quem me importo. Fui parar no inferno por causa disso. Lembra?

Sam não respondeu. Desviou o olhar envergonhado.

- Talvez eu não entenda de sentimentos como você quando se trata de uma mulher. – Dean podia contestar que os seus por Vic eram mais profundos do que o irmão imaginava, porém, não quis. Era algo que lhe incomodava admitir – Mas se eu estivesse no seu lugar, se fosse a mim que Lúcifer quisesse usar, eu deixaria a Vic. Não ia arriscar a vida dela por egoísmo.

- Eu? O egoísta?

- Sam, deixe ela ir. Faça isso se você se importa mesmo com ela.

Sam abaixou os olhos. Não queria discutir mais aquilo. Dean se aproximou mais solícito e compreensivo e colocou a mão no ombro do irmão.

- Você não precisa terminar com ela, não estou sugerindo isso. Apenas a mantenha longe até tudo isso acabar. Depois... vocês voltam.

- E você acredita mesmo que tudo vai acabar numa boa? – como Dean não respondesse, Sam continuou – Foi o que eu pensei.

- Bem ou mal, do jeito que tiver que acabar, você quer mesmo arriscar a vida dela?

- Eu sei, Dean. OK, eu sei que você tem razão. O mais racional seria afastá-la de mim, com a experiência que tive com Jessica.

- Uh! Demorou, hein! – Dean levantou os braços para o alto – Se você sabe disso, então...

- Você não entende, Dean. Eu amo essa mulher de uma maneira que eu não posso explicar! Não consigo ficar longe dela muito tempo. – fez uma pausa – Eu não sei o que é isso, é mais forte do que eu.

- Por favor, Sam, não vai na onda daquele bruxo doido e me dizer que "uma força irresistível" impede vocês de se separarem.

Dean desdenhava, mas no fundo sentia algo do tipo que o empurrava para a Victoria. Só não queria pensar no assunto.

- E se ele não estiver totalmente errado? E se for isso mesmo?

- Sam... – Dean revirou os olhos

- Os sonhos, Dean. Os sonhos que eu tive com ela...

- Olha, isso não vem ao caso. – o loiro o interrompeu bruscamente. Não queria discutir aquilo - O que está em jogo é a segurança da Vic. – fez uma pausa – Eu te entendo, Sam. Ela te faz se sentir normal.

- É. Quando estou perto dela, esqueço tudo de ruim que me aconteceu... não me sinto uma aberração. Em parte, eu só estou aguentando toda essa pressão por causa dela.

- Então aguente ficar sem ela... para salvá-la.

- Dean... – ele balançava a cabeça para os lados

- Sammy , faça isso pela Vic. E por mim.

Sam o fitou com angústia.

- Por favor, Sammy.

Com relutância, Sam assentiu com ar desolado. Dean suavizou a expressão do rosto.

- Só me dê alguns dias – pediu o mais novo.

- Olha, Sam, eu não acho...

- Por favor, Dean, só até a Vic esquecer o que passou lá com aquele bruxo. Pelo menos... uma semana.

- Ok. – Dean bufou – Mas só uma semana. A essa hora, Lúcifer já deve saber que o plano dele não deu certo. E pode tentar outra coisa bem pior do que simplesmente mandar alguém raptá-la

Sam não retrucou, somente acenou com a cabeça mais uma vez com expressão derrotada.

- Eu vou voltar pro quarto – disse ele – Vou acordar a Vic para partirmos.

- Faça isso.

Dean se sentia mal por obrigar Sam a deixar Victoria, mas era para o bem dela. Ficou aliviado de o irmão ter cedido. Caso contrário, ele teria que contar sobre a sua experiência no futuro, o que soube de Collins e o que acontecia com ela. E isso não era algo que queria compartilhar.

Esperava que Sam cumprisse o que havia dito. Daria aquele tempo para o irmão falar com Victoria. Ou ele mesmo falaria. Ele quem a mandaria para longe de suas vidas.

Era algo que o angustiava só de imaginar. Mas era um sacrifício por alguém com quem se importavam. E isso era parte do que eles, Winchesters, eram.

 


Notas Finais


Bem, espero que tenham gostado. No próximo capítulo volto a adaptar os episódios da série.

Até lá!


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