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História Almost Scary Eyes (Hyunin) - Lágrimas


Escrita por: foxlyz

Notas do Autor


Boa noite!
Então kk depois de duas semanas, por causa dos últimos acontecimentos, voltei com um capítulo maior para vocês.
❤️🥰

Capítulo 9 - Lágrimas


Fanfic / Fanfiction Almost Scary Eyes (Hyunin) - Lágrimas

Hyunjin trancou a porta, fechou todas as cortinas e apagou as luzes, deixando apenas uma vela acesa em seu quarto. Não queria mais ver ninguém, não estando com a visão embaçada e o peito doendo. Ele havia corrido do celeiro até sua casa, pensando somente no que ocorreu.

Tirou rapidamente suas roupas sujas de sangue e as colocou em uma bacia. Iria queimá-las na manhã seguinte. Felizmente ninguém o viu chegando naquele estado, nem mesmo algum vigilante do vilarejo.

Estava preocupado quando saiu para avisar Jeongin sobre os caçadores, mas acabou voltando completamente amargurado, para não dizer desiludido e a beira de cair em um poço escuro, onde não conseguia mais respirar.

Era assim que poderia descrever o que estava sentindo naquele momento.

Não deveria ter pensado que se aproximar de Jeongin era a melhor das ideias. Ele parecia tão destruído e vulnerável na floresta, longe de ter alguma esperança de ser salvo.

Mesmo a ponto de entrar em desespero, Hyunjin se lembrava de ter ouvido ele chamar por si. Por um momento, acreditou que o vampiro estava pedindo por sua ajuda. Claro que não estava arrependido de sua ação, mas sequer conseguiu enxergar um olhar de agradecimento vindo do outro.

Jeongin queria descontar suas dores em si. Não era isso que sonhava para o reencontro deles.

Olhava para a vela acesa em cima da mesinha ao lado da cama, esperando o sono surgir para lhe fazer esquecer tudo o que aconteceu naquela noite, mesmo que por algumas horas. Se cobriu como podia e sentiu seus olhos pesarem.

Dessa vez, Hyunjin não estava sozinho. Ele conseguia ouvir gritos enfurecidos. Olhou ao redor, percebendo que estava deitado ao lado de uma árvore, com folhas e galhos caídos sobre si, a alguns metros do vilarejo.

Avistou uma claridade suspeita. O brilho forte e inquietante o fez se levantar rapidamente. Não sabia se estava preparado para enfrentar aquele trauma.

No entanto, quando se aproximou o suficiente para reconhecer aquele espaço que antes estava abandonado, podendo visualizar pessoas segurando armas e tochas em volta do celeiro, ficou espantado com a situação. Ouvia homens e mulheres instigando a revolta dos moradores e incitando-os a fazerem o que era necessário para o bem de suas famílias.

- Vamos acabar com esse monstro. Por nossas vidas! – um homem alto que liderava a multidão dizia para eles. Hyunjin se lembrou de ter escutado essa voz uma vez. Era o caçador que viu em frente a sua casa. 

Antes que pudesse gritar para impedi-los daquela terrível violência, começaram a espalhar o fogo por todo o celeiro. Os gritos de satisfação foram aumentando a cada tocha atirada contra as madeiras.

- Não deixaremos essa criatura nos atacar com suas presas afiadas – mais um homem despertava e aquecia a fúria dos moradores. – Vamos queimá-lo!

Hyunjin corria o mais rápido que conseguia, sem se importar com seu peito ardendo como as chamas a cada passo que se aproximava da multidão. Enxergava os olhares de aprovação daquelas pessoas que queriam preservar suas vidas e acabar com o perigo que descobriram estar escondido no celeiro.

Mas Hyunjin não podia fingir que tudo ficaria bem para si. Era como se sua vida fosse se tornando mais vazia e as dores em seu interior atingindo um nível mais intenso.

Não tinha como convencê-los a pararem o modo que encontraram de fazer justiça. Era tarde demais para implorar por uma nova chance.

Entretanto, parecia que aquela coragem de doze anos atrás tinha aparecido novamente. Foi esbarrando naquelas pessoas que estavam em seu caminho até chegar à porta do celeiro e a empurrar com o restante de suas forças.

Assim que adentrou a construção em chamas, escutou a porta se fechando atrás de si e alguns pilares caindo para bloquearem a passagem. Deixou para trás o enorme peso de seus erros imprudentes, pensando apenas em encontrar Jeongin no meio de toda fumaça.

Tentava se manter forte, mas ao chamar por ele, sua voz não saiu. Começou a tossir instantaneamente e ter sua visão turva. Conseguiu identificar uma escada para a parte de cima do celeiro, mas antes que pudesse subir, escutou mais um estrondo das madeiras que sustentavam o andar se partindo e caindo. Não enxergou muito bem o que era a sombra que havia sido derrubada junto a estrutura, apenas que ela foi crescendo e, de repente, se dissipou entre a fumaça e as brasas.

Naquela altura, Hyunjin sentia suas pernas falharem e seu pulmão queimando. Não demorou para ir direto ao chão. Foi engatinhando até se encostar em um pilar e esperar pelo seu fim.

Como uma explosão de cinzas vulcânicas, Hyunjin sentiu seu coração pulsar em uma adrenalina parecida quando acordou. O único fogo presente ainda era aquela vela acesa ao lado de sua cama. Respirava com certa dificuldade, enquanto passava a mão pelo seu rosto brilhando tanto pelo suor quanto pelas lágrimas que começou a derramar.

Se recuperava aos poucos ao perceber que teve mais um pesadelo. O moreno insistia ser impossível controlar essas experiências assustadoras, visto que estavam presentes em muitas de suas noites de sono.

Estava cada vez mais difícil lidar com eles. Vivia com medo de perder mais alguém. E isso estava o matando aos poucos.

Hyunjin não saiu para fazer entregas naquele dia. Não estava com disposição para fazer ou falar com seus clientes. Tinha o olhar perdido em um canto de sua cozinha, enquanto segurava o pequeno frasco de remédio em suas mãos. Sabia que tinha prometido para sua tia que se cuidaria, mas ele não sentia que estava melhorando.

Ele havia se levantado mais cedo da cama, ainda com os pensamentos na última noite. Estava nervoso com a possibilidade de algum morador do vilarejo descobrir que estava escondendo um vampiro no celeiro. Assim que saiu do quarto, foi direto para os fundos da casa colocar suas roupas manchadas com a coloração rubra dentro de uma grande lata e não pensou duas vezes antes de queimá-las. 

A última coisa que queria era explicar aquelas manchas para sua tia quando ela voltasse para casa.

Estava pensando muito em Jieun, sentia falta de sua companhia. Foi ela quem o ensinou tudo que sabia, gostava de trabalhar ao lado dela. Havia algum tempo que os dois apenas conversavam sobre negócios e não viviam mais aquela época divertida.

Se tornou um adulto que conseguia cuidar da casa e do trabalho no vilarejo. Não podia cobrar de sua tia que sempre fez o possível para lhe sustentar. Hyunjin contava com o amor dela para continuar seus dias sendo um bom sobrinho e não decepcionar a mais velha.

Por isso, decidiu tomar seu remédio sem mais demora. Não sentia vontade de comer ou beber naquela manhã. Voltou para sua cama e permaneceu deitado. Conseguiu dormir por mais três horas e sentiu seu corpo um pouco melhor.

Queria esquecer tudo o que tinha acontecido em relação a Jeongin, mas ele ocupava uma grande parte de seus pensamentos. Apesar do modo como foi tratado na noite passada, não queria encontrá-lo naquele estado deplorável outra vez.

Esperou mais alguns minutos em sua cama até finalmente procurar fazer alguma coisa para se acalmar. Tomou um banho para esfriar sua cabeça. Em seguida, escolheu comer apenas uma maçã.

Verificou o relógio, notando que a tarde não demoraria para acabar. Então, uma ideia surgiu na mente de Hyunjin, o fazendo pegar seu sobretudo cinza um tanto velho e sair de casa. Achou que um momento em paz consigo próprio seria o melhor para esquecer seus problemas.

Ele seguiu um caminho diferente, porém mais seguro e aberto do que a floresta. Estava andando até um pequeno lago, onde lhe daria uma bela vista para o pôr do sol.

Não era muito longe. Ao chegar no espaço verde, estendeu seu sobretudo na grama e se sentou. Olhava tanto para o céu quanto para a água que refletia aquele momento magnífico. Todo o brilho de cores vibrantes cobriu sua pele e foi desaparecendo aos poucos para a noite tomar seu lugar.

Hyunjin se lembrava quando seus pais o levavam para aquele mesmo lugar e o deixavam correr pela grama, até se cansar e deitar sobre uma toalha xadrez para ler um livro. Não acontecia frequentemente, mas o bastante para sentir falta desses momentos únicos com os mais velhos. As lágrimas voltaram a surgir e não se importou em deixá-las cair.

Chorava de saudade de seus pais que não estavam mais consigo e pela grande falta que eles faziam quando não sabia como agir ou para onde correr e se esconder do mundo. Hyunjin nada podia fazer para tê-los de volta.

- Por que minha vida tinha que ser assim? – perguntou a si próprio, apertando o tecido do sobretudo com força.

As lágrimas também eram pela sua tia Jieun que, mesmo sabendo que o amava, ainda assim, estava longe o bastante para poder lhe abraçar e dizer que ficaria tudo bem. Eram por não conseguir manter uma amizade incrível com seu único amigo, Jisung. Acreditava que ele merecia um amigo melhor que si.

Por fim, chorava por ainda estar preso a um trauma do passado. Sabia que estava longe de superar aquela noite. Precisava desabafar tudo aquilo novamente, no entanto, quase ninguém conseguia compreender suas emoções e ansiedades vividas em cada minuto de horror.

O único que poderia entender não o queria por perto. Isso estava deixando Hyunjin ainda mais perdido e solitário.  

O rapaz fechou os olhos, aproveitando o vento que agitava seus fios castanhos e tentando fazer com que também espalhasse seus pensamentos.

Mas ainda não era o momento para seu coração se acalmar.

- Por que está sempre sozinho? – ouviu uma voz e abriu os olhos no mesmo instante, se deparando com Jeongin em pé ao seu lado. Não havia notado ele se aproximando.

O moreno não sabia com o que mais poderia se surpreender. Acabou dando uma risada irônica pela pergunta que recebeu.

- Sempre? Você não sabe nada sobre mim para dizer isso – limpou rapidamente as lágrimas ainda formadas em seus olhos. – O que está fazendo por aqui?

- Estava apenas andando por entre as árvores, mas acabei vendo uma pessoa sozinha aqui e não foi difícil te reconhecer – podia ser coisa da sua cabeça, mas Hyunjin estava o achando um tanto envergonhado. Sabia que era melhor desconfiar, visto que não queria enfrentar um vampiro irritado novamente. 

- Pensou que seria mais uma presa fácil para você ou veio se vingar pelo o que eu disse ontem? Pode me atacar agora e ninguém vai ver ou ouvir. Prometo não gritar.

O vampiro não esperava receber aquelas palavras.

- Se eu quisesse te matar, teria feito isso desde o início quando... – ele desviou o olhar para o céu estrelado, enquanto pensava no que dizer. – Nos encontramos pela primeira vez.

Hyunjin revirou os olhos, não querendo mais insistir naquele acontecimento do passado. Afinal, Jeongin não se lembrava.

- E parece que vai perder mais uma oportunidade, porque estou voltando para casa.

- Está indo embora por minha causa? – perguntou o vampiro.

- Não era você que queria ficar sozinho desde que chegou aqui? Estou apenas evitando ouvir mais uma ordem ou ameaça para sair de perto – antes que o moreno se levantasse, Jeongin se agachou e segurou em seu braço, sendo delicado dessa vez.

- Está chateado comigo? Eu sei que te assustei ontem, mas...

- Queria que eu estivesse com medo de você porque somos diferentes, não é? – encarou o rosto pálido do outro. – Ou talvez seja apenas o seu jeito de tratar quem tenta te ajudar.

Ainda com a atenção no vampiro, observou os olhos dele mudando para vermelho. Se ele esperava qualquer reação de pavor ou apreensão sua, não era isso que iria receber.

- A ajuda de um humano para com um vampiro é algo estranho e quase impossível de acreditar. Mas, se tratando apenas de mim e das minhas experiências com outros vampiros, posso lhe garantir que tenho motivos para desconfiar de todo mundo. Além disso – ficou alguns em silêncio –, eu sinto que existe um medo em relação a mim.

Hyunjin não estava com cabeça para escutar o que Jeongin acreditava ser real ou não. Ele iria continuar a lhe tratar como seu inimigo, mesmo depois do que fez.

- Acabou? Pode desconfiar de mim o quanto quiser, mas não vou ficar aqui escutando isso.

Não se importando com a expressão abismada do vampiro, se soltou de seu leve aperto e rapidamente se levantou, apanhando seu sobretudo. Assim que se virou para seguir o caminho de volta, Jeongin se colocou em sua frente.

- Hyunjin, espera!

- O que foi agora? – tinha o corpo a poucos centímetros do outro, mas não se mostrou tenso.  

- É que... – ele o olhava de cima a baixo boquiaberto. – Você cresceu bastante.

Ele sussurrou essa última parte, mas Hyunjin conseguiu ouvir perfeitamente e achou aquela fala estranha.

- Não tem vinte e quatro horas que nos vimos. Você soube da nossa diferença de altura quando nos encontramos. Por que a surpresa?

Jeongin levantou o olhar e capturou seus olhos unicamente presos em si.

- Porque estive aqui há doze anos e me lembrei de um pequeno garoto que salvei em uma casa em chamas – o mais alto abriu a boca para dizer alguma coisa, mas não conseguiu. Não estava preparado para ouvir aquilo. – Eu havia perdido uma parte da memória daquela noite e acabei resgatando ela ontem, em um momento complicado.

Hyunjin soltou o ar que estava segurando ao ouvir cada palavra dita pelo menor. Não sabia muito bem como reagir àquela inesperada confissão.

- A-agora você consegue explicar o porquê de ter me salvado? É quase impossível acreditar que um vampiro tenha feito isso por um humano – seus lábios tremiam e seu coração estava mais acelerado.

- Não somos muito diferentes, Hyunjin – ele sorria minimamente para si. – Nunca pensei que diria isso, mas vejo que você está de cabeça quente e não vai voltar a falar comigo sem guardar um pouco de mágoa. Então, me desculpe pelo modo que te tratei na outra noite e por não acreditar em você quando disse que me conhecia. Inclusive, agradeço pelo que fez por mim.

- Está falando sério, mesmo? – perguntou, recebendo um aceno do outro. Respirou aliviado e não disfarçou um pequeno sorriso. – Tudo bem. É que eu realmente estava pensando que queria se vingar por ontem.

Não se sentia assustado com a presença dele, mas não podia esconder que estava em um misto de sentimentos com aquela aproximação repentina e por estarem conversando da forma que esperava desde o início.

- Sabe, eu até poderia fazer isso – viu o sorriso dele aumentando de acordo com o seu olhar percorrendo o lugar. – Esse lago parece tão gelado quanto a água que você jogou em mim.

- Nem pense nisso, Jeongin – foi dando alguns passos para trás. – Eu fiz aquilo para o seu bem. Você estava horrível!

- Mas eu também quero te ajudar agora. Acho que está precisando esfriar um pouco a cabeça – ele parecia estar prestes a brincar com uma de suas presas, o que fez o maior se arrepiar completamente.

Jeongin esperou o moreno começar a correr para longe de si. Hyunjin achou que ele estava querendo ser justo por causa de sua velocidade e força. Entretanto, ainda era difícil acreditar que ele se preocupava consigo.

Havia corrido alguns metros e arriscou a olhar para trás. No entanto, não encontrou mais a figura do vampiro de fios brancos. Parou para conseguir respirar melhor e prestar atenção em qualquer som em sua volta. Somente teve certeza que Jeongin não tinha desistido de lhe seguir quando sentiu dois braços o envolver por trás.

- Você é muito devagar, Hyunjin – ele ria de maneira tão infantil. – Qualquer um lhe pegaria desse jeito.

- Já disse que você parece uma criança? – o maior se debatia inutilmente naquele aperto, que poderia ser confortável se não fosse pela situação. – Agora está sorrindo como se tivesse feito uma travessura. Eu não te entendo!

- Eu ainda sou muito jovem. Minha infância quase não foi aproveitada e minha maturidade não foi atingida da forma correta – começou a levar Hyunjin de volta para o lugar em que estavam antes. – E minhas travessuras não são muito inocentes.

Tentava se soltar daqueles braços, mas Jeongin era mais forte que si. Ele parecia se divertir e o maior não sabia se isso era bom ou muito perigoso.

- Jeongin, me solta! – em um movimento rápido, ele foi virado de frente para o vampiro que tinha uma sobrancelha erguida e lhe olhava de forma desafiadora. Sentiu seu coração palpitar no mesmo instante. – Por favor.

- Pode dizer que está com medo de mim agora, então eu penso se te solto. 

- Medo? Minha vontade é de socar você agora e também... – seus olhos percorreram pela camisa preta de botões que o menor usava e notou um rasgo no tecido em seu ombro direito. Aquilo fazia as mãos de Hyunjin coçarem e o deixava ansioso. – Consertar isso.

O vampiro seguiu seu olhar com curiosidade e não parecia acreditar que havia se importado com aquilo.

- Por quê? Você sabe costurar? 

- Eu trabalho com isso e ver que posso realizar o desafio de costurar a camisa de um vampiro... Preciso fazer isso – tinha certeza que seus olhos estavam brilhando naquele momento.

- Eu não vou tirar a camisa – soltou Hyunjin, dando dois passos para trás e ficando sério.

- Não precisa tirar agora, eu apenas não queria que ficasse com esse rasgo. Essa camisa é muito bonita – dessa vez, estava mais o admirando do que procurando por um defeito. – Vai parecer uma loucura o que irei propor, mas preciso saber se ainda posso confiar em você e no seu autocontrole.

Jeongin olhou para si pensativo e desconfiado, provavelmente buscando algum sinal do que pretendia fazer para ficar em alerta.

- Se eu também puder confiar em você e no seu silêncio sobre mim, vou me esforçar para não fazer algo errado – sabia que o vampiro também estava receoso pela mudança repentina que tiveram de um dia para o outro. Ainda se preocupava com seu comportamento diante de um humano. – Mas o que está pensando em fazer?

Hyunjin considerou sua ideia pela última vez antes de finalmente dizer.

- Quero que vá a minha casa amanhã. 

Não tinha noção do quanto estava nervoso ao perceber as horas passando. Depois da noite anterior, quando conversou com Jeongin perto do lago, pensou que talvez suas emoções estivessem falando por si. Estava se sentindo solitário até vê-lo novamente. E, surpreendentemente, ele o tratou melhor do que nas outras vezes.

Quase não conseguiu cumprir com suas obrigações naquele dia por estar ansioso. Por vários minutos, Hyunjin estranhou a intensidade de sentimentos que deixava transparecer ao pensar em Jeongin.

Estava no jardim de casa, apenas observando se a rua não estava movimentada e tomando cuidado para não dar desconfiança aos vigilantes, principalmente para um em específico que menos gostava. Não queria arrumar problemas com Lee Minho naquela noite.

Esperou o horário exato para seguir até o início da trilha, ficando escondido atrás de uma árvore. Havia marcado de encontrar o vampiro naquele ponto para o levar até onde morava.

Não estava vendo nenhuma movimentação, logo pensou se ele teria desistido.

- Demorei? – se assustou quando ouviu uma voz rouca muito próxima a si e instantaneamente levou a mão até o peito. 

- Que susto! Não chegue assim, sem fazer barulho.

- Mas eu não posso fazer barulho, seu bobo. Esqueceu? – o vampiro não pareceu se importar com sua expressão exageradamente ofendida. Pelo contrário, estava claramente se divertindo.

Viu que ele trouxera a blusa preta e a levava pendurada em seu ombro. 

- Vamos logo! – sem mais enrolar e não aguentando mais olhar aquele sorriso atrevido, Hyunjin não pensou duas vezes antes de segurar na mão fria dele e o puxar até sua rua. 

Olhava para todos os cantos. Não queria que algum vizinho ou qualquer outra pessoa percebesse ele levando alguém para sua casa, ainda mais naquele horário. Continuariam a pensar coisas erradas sobre si.

Ao atravessarem a porta, pôde respirar fundo por ter conseguido passar pela etapa mais difícil. Felizmente, não teve problemas com o vampiro e outros moradores.

- Então, essa é a sua casa? – perguntou Jeongin. – Eu acho que combina com você.

- É da minha tia, na verdade. Passei a morar aqui desde que perdi a minha naquela noite. Mas ela passa mais tempo viajando e eu fico para cuidar de tudo.

Hyunjin não percebeu que passou a apertar a mão do outro enquanto falava.

- Entendi. Não me imagino cuidando sozinho da minha antiga casa. Acredito que você não gostaria de ver ela. Não tem muitas cores, as cortinas ficam fechadas e eu sempre acabo perdendo alguma coisa naquela escuridão.

Ele também não se mostrava incomodado por estar naquela situação.

- Jeongin... O que aconteceu para você aceitar vir até aqui? Digo, foi um pedido de um humano qualquer. Sei que você continua a me achar um louco.

Levou alguns segundos até receber uma resposta do vampiro.

- Você não é o único louco – olhou para ele. – Ainda não posso te explicar exatamente tudo o que está acontecendo, mas estou apenas fazendo o que eu quero, sem me sentir pressionado a refletir se é correto ou não.

O mais alto sorriu e levou Jeongin até o escritório que dividia com sua tia, onde havia uma mesa já preparada com o material de costura. Seria um trabalho bem fácil, mas por algum motivo, queria impressionar o vampiro.

E achou que conseguiu. Enquanto pegava a agulha e a linha, calmamente para não apressar aquele momento, observava as reações do menor que estava sentado ao seu lado. Jeongin tinha os olhos atentos a qualquer movimento de Hyunjin. Ele não perdia um detalhe.

Quando terminou de costurar aquela peça do menor, se sentiu orgulhoso de si mesmo ao ver que arrancou um belo sorriso de Jeongin assim que lhe estendeu sua camisa. Estava reparando no quanto ele podia sorrir sem parecer perigoso. Ele parecia adorável.

- O que achou? – perguntou.

- À princípio, eu não estava me importando com essa camisa. No entanto, vendo a maneira admirável que você aplica seu trabalho, acho que ela acabou de se tornar a minha favorita – piscou algumas vezes, percebendo como estava agindo. – Quero dizer, vou tomar mais cuidado. Obrigado, Hyunjin.

Sentia mais uma vez seu coração palpitando. Em duas noites, ouviu o vampiro se desculpando e agradecendo pelo que fazia. Pensava que ele não tinha noção do quão forte e importante estava sendo essa mudança para si.

- Então acha que fiz um bom trabalho? Foi apenas um pequeno conserto.

- O quê? Parece que eu ganhei uma camisa novinha – ele ficou em pé e passou seu olhar pelo cômodo. – Olha para todos esses materiais. Aposto que cria muitas roupas espantosas.

Hyunjin teve que achar graça das palavras do menor. Deveria começar a se acostumar com aquela personalidade.

- Eu prefiro fazer acessórios. Tenho uma grande inspiração na hora de criá-los e... – parou de falar ao se lembrar de um detalhe muito importante de seu passado com o vampiro. – Jeongin! Venha comigo!

Se levantou rapidamente e saiu andando pela casa, deixando o menor sem entender sua reação. Quando chegou em seu quarto, foi direto até sua mesa com vários modelos de acessórios feitos exclusivamente por si, mas não era o que lhe interessava no momento.

Avistou um pequeno baú de ouro velho e pegou uma chave esculpida com o desenho de uma flor. Rapidamente o abriu e logo viu o precioso objeto.

- O que houve? – o vampiro se aproximou de si, claramente perdido. – Por que saiu daquele jeito?

Hyunjin se virou para encará-lo e lhe mostrou um brinco prateado no formato de uma rosa que nunca perdeu seu brilho. Finalmente estava devolvendo para seu dono.

- Acho que você perdeu isto – mostrou o pequeno objeto a ele, que franziu o cenho antes de arregalar os olhos.

- C-como você encontrou?

- Foi na noite que você salvou a minha vida. Você foi embora e deixou este brinco cair – olhava para ele carinhosamente, se lembrando de cada minuto daquele acontecimento. – Eu o guardei durante todos esses anos na esperança de poder devolver a você. Acho que agora não restam dúvidas, certo?

Jeongin se aproximou mais um pouco, parecendo desacreditado com o que estava vendo e ouvindo.

- Hyunjin, você... Eu não sei o que dizer. Pensei que tinha perdido para sempre.

- Eu posso? – perguntou, indicando com o brinco a sua orelha que estava sem nenhum outro acessório.

Esperou por longos segundos até receber um aceno no menor.

O moreno não queria deixá-lo tenso com sua aproximação. Sabia que ele ouvia e sentia sua respiração. Então, ao terminar de encaixar o brinco em sua orelha, fez uma trilha com seus dedos em sua pele. Caminhava delicadamente até chegar em seu rosto e começar a fazer um carinho.

Olhou para Jeongin e notou que ele estava de olhos fechados, aproveitando o seu toque. Estavam tão próximos que Hyunjin já não pensou mais em suas ações e não parou para procurar entender aquele sentimento que dançava em seu interior.

Foi lentamente alcançando os lábios do menor e, assim, também pôde fechar seus olhos. Apenas aquele encostar de lábios o fez sentir uma onda de eletricidade percorrendo pelo seu corpo, mas isso durou tão brevemente quanto seu impulso. Ao perceber o que estava acontecendo, Jeongin se afastou no mesmo instante. Olhou assustado para Hyunjin, este que juntou as mãos sobre sua própria boca, a ponto de entrar em prantos pelo que acabou de fazer.

- Jeongin, me desculpa! – se apressou em dizer, vendo o vampiro adquirir seus olhos vermelhos e uma expressão preocupada. – Eu não sei o que me deu.

- Tudo bem – não olhava mais para si. – Você estava triste e um pouco sensível. E eu... Eu preciso ir agora.

Ele se virou e andou até a entrada da casa, o que fez o maior rapidamente chegar até si.

- Espera! Não saia desse jeito – tentava não parecer desesperado, mas o tom de sua voz lhe entregava.

- Fique tranquilo, ninguém vai me ver. Eu vou direto para o celeiro – antes de sair, se virou para encará-lo pela última vez naquela noite. – Até logo, Hyunjin.

Assim, o vampiro foi embora para seu esconderijo, deixando o humano completamente inquieto e com uma sensação inexplicável que nunca havia sentido com outra pessoa. Tocou seus lábios levemente, sabendo que iria passar a noite inteira pensando no que estava crescendo dentro de si.

Continua... 


Notas Finais


Uma grande mudança, eu diria.
Mas o que foi isso, Hyun? 👀
Espero que vocês fiquem calmos hehe


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