História Alone - Prólogo

Anônimo…

  A dor pode ser algo bom, quando você sente ela constantemente acaba se acostumando e logo depois acaba gostando, ela acaba sendo sua única amiga no meio da solidão.

  Bom, não sei onde estou e não lembro quem sou. 

  Acordei num dia com muita dor de cabeça e fraqueza, estava num quarto escuro onde só havia escuridão. Sabia que estava deitada numa cama porque senti a maciez do colchão debaixo das minhas costas, de vez em quando alguém vinha cuidar do que pareciam serem feridas em meu corpo, não conseguia ver, só sentia a ardência. Eles cuidaram de mim, pessoas com roupas pretas, não via nada, nem mesmo os olhos.

  Quando melhorei eles me apagaram e quando acordei estava no chão gelado no escuro novamente, senti também algo gelado em meus tornozelos e pulsos. Estava presa? Sim!

  Porque? Não sei!

  Não sei quem me prendeu e nem o porquê, tentei perguntar, mas eles apenas entravam e me torturavam de várias maneiras e só se cansavam quando eu já estava rouca de tanto gritar. Quando não tinha mais lágrimas para chorar.

  Isso acontece até hoje, não sei quanto tempo passou, sei que agora não choro mais, não grito mais, não imploro mais. Na verdade eu até gosto dela, é a única coisa que eu tenho e ela é bem vinda sempre que quiser aparecer.

  Acho isso um pouco deprimente, mas é a verdade.

  A dor é uma angústia gostosa, pensar nela faz as horas passarem mais rápido e parece que cada vez que ela aparece estou a um passo da morte, mas toda vez que estou quase o tão esperado abraço silencioso da morte, a dor simplesmente para. 

  É uma coisa angustiante, anseio pela morte mais do que a minha liberdade, já que a morte parece real e a liberdade parece algo mitológico, algo que nunca existiu, bom, pra mim nunca existiu. Não lembro quem eu sou ou o que eu fazia antes de vir parar aqui, nem sei se tinha uma vida antes daqui.

  Será que eu tinha pais? Irmãos? Amigos? 

  Às vezes me pego pensando nisso.

  Será que vale a pena tentar escapar?

  Será que eu consigo escapar daqui?

  Mas para onde vou, se conseguir sair daqui?

  São tantas perguntas, por isso prefiro a dor. As perguntas me fazem ter esperança que um dia vou sair, porém, sei que isso nunca irá acontecer e isso é angustiante, já a dor me faz ter coragem e encarar a dura realidade, eu nunca vou sair daqui e a morte é a minha melhor opção...