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História Alone Together - GlamStyle


Escrita por: Esposade7

Notas do Autor


HELLOOOOOOOOOOOOOOO ITS ME I WAS WONDERING IF VOCÊS TÃO PRONTOS PRO FIM DE AT? porque eu não
Hoje voces vão conhecer a sogrinha da Ave (finalmente k)
Segue o capítulo e boaaaaaa leitura!

Capítulo 44 - GlamStyle


Avery Spencer:

Esfreguei a palma da mão no tecido de paetê pela décima vez desde que saímos do hotel. O sol havia acabado de se por e o céu estava fechado, a noite começava a cair.

O carro preto enviado pela mãe de Luke parou em frente a um prédio enorme, cheio de luzes, o que me lembrou do clube da noite passada, mas agora o esquema era outro: um tapete vermelho, sim, vermelho, ia do meio-fio até cruzar a porta de entrada, onde abaixo de uma enorme placa rosa iluminando o título GlamStyle em letra cursiva, dois seguranças controlavam a entrada das pessoas. Centenas de fotógrafos e repórteres faziam a recepção — não tão agradável assim — do lado de fora, e muitos deles cercaram o espaço em volta do carro. Luke sorriu para mim, me passando conforto, e saiu do carro primeiro. Me estendeu a mão e me ajudou a sair também. Senti um nó na garganta, e pensei que fosse, talvez, o meu coração querendo sair pela boca.

Era muita informação de uma vez só.

— Respire — Luke me lembrou, sussurrando em meu ouvido. Soltei o ar, inspirei e exalei de novo, na esperanço de recuperar o compasso automaticamente agora. Se além de absorver toda aquela situação eu ainda tivesse que me lembrar dos comandos naturais do meu corpo, estaria ferrada.

Me senti pequena diante tantos flashes e pessoas querendo tirar informações de nós. “Quem é você?”, “São um casal?”, “Poderia nos dar uma palavra sobre o que espera desta noite?”, “Veio a trabalho ou como convidado?” e diversas outras perguntas que não consegui entender.

— Eles não te conhecem? — perguntei. Não é possível que ele nunca tenha saído em uma matéria como filho ou convidado próxima da fundadora de uma revista internacional, é?

— Creio que não. Nunca fui destaque, não quero nada as custas da fama da minha mãe — ele pensa. — Bom, além da casa e da mesada.

Claro.

Na porta Luke mostrou o convite no celular e informou o nome dele. O segurança levou um instante para assimilar o sobrenome dele, arregalando os olhos.

— Senhor Hemmings!

Luke sorriu, nisso alguns fotógrafos e repórteres ouviram.

— Hemmings? O senhor é parente de Liz Hemmings, a estrela da noite?

Luke me guiou para dentro pela cintura, mas antes disso alguém segurou o meu braço. Me virei no susto, me esquivando.

— Perdão! Só queremos saber quem são vocês.

Imagino que só pessoas famosas e conhecidas tenham entrado antes, por isso há tanto interesse sobre nós. Luke vive nas sombras, e tenho certeza que gostaria de permanecer assim, sem ligação com o nome de artista.

— Luke Hemmings.

— Qual é o seu parentesco com Liz Hemmings? — ele continua.

— Sou o filho dela. Com licença.

O alvoroço piorou, depois disso foram muitas luzes e muitas perguntas, todos se aglomeraram perto de nós. Os seguranças precisaram interver, afastando os invasores. Aproveitei a oportunidade para sumir com Luke dentro da casa. Céus, que assustador!

— Você está bem?

— Sim. Só meio baqueada.

Ele ri, entendendo o que quero dizer. Minha cabeça gira enquanto tento me focar no chão e não cair de cara por causa dos saltos que arrisquei usar.

Meu vestido de paetê preto com alcinhas e um decote cumprido nas costas cobria o meu corpo até um palmo acima das coxas, e eu estava me sentindo bonita com ele até observar as pessoas ali e ver que eu estava bem longe disso, de fato. Nada do que eu poderia um dia vestir era comparado com as vestimentas das pessoas na inauguração da revista.

Luke ao meu lado estava, pela primeira vez desde que o conheci, de esporte fino: calça cinza social, sapato e uma camisa azul marinho com as mangas dobradas no cotovelo e dois dos botões abertos. Ele poderia me tirar o fôlego mesmo que estivesse de calças rasgadas de bolinhas com camisa xadrez, ou vestido com um saco de lixo, ou até, melhor, sem roupa alguma, mas eu ainda me dava ao luxo de dizer que ele estava perfeito assim. Éramos o casal mais simples daquele lugar, sem dúvida. Ele não ligava para as aparências, nunca ligou, mas eu não pude evitar me sentir uma mosquinha insignificante. Assisti uma boa quantidade de filmes para saber que as pessoas que estavam perto de nós só enxergavam o preço do que você está vestindo, e nada mais.

O nervoso me dominou mais uma vez, será que Liz Hemmings era esse tipo de gente? Sei que ela batalhou para ter a revista, pelo que Luke contou, mas a fama muda as pessoas. Se ela fosse como eu pensava, então eu e Luke teríamos um novo problema.

Dentro do prédio, fomos instruídos a seguir até a sala de auditório dentro de meia hora, mas ainda havia muita gente no primeiro andar. Repórteres e fotógrafos estavam lá dentro, mas eram mais discretos e comportados do que os que nos abordaram antes. Imaginei que fosse porque estes teriam toda a matéria que quisessem nas mãos, enquanto os outros lutavam por qualquer notícia que lhes rendessem uma boa comissão, mesmo que fosse falsa.

— Com licença, posso tirar uma foto de vocês? — um deles se aproximou. Anuí lentamente, e Luke me abraçou de lado, sorrindo sem mostrar os dentes. — Excelente. Vocês são...?

— Luke Hemmings.

Ele arregala os olhos, tal como a última pessoa que soube do nome dele.

— Filho de Liz Hemmings?! O australiano que nunca apareceu em público? Céus! — ele sorria como se estivesse olhando para o prêmio da noite. Ou então para o que lhe renderia uma promoção no serviço caso conseguisse umas boas colunas de fofoca, provavelmente. — E esta bela moça é a sua namorada? Qual é o seu nome? Ficarão em Nova York por quanto tempo? Liz os convidou pessoalmente?

— Já tem a foto e a informação que precisa, com licença.

Luke me empurra para longe dali. Por cima do ombro vejo o rapaz tirando fotos nossas, mesmo que não conseguisse nada além de nossas costas. O aperto de Luke em minha cintura é firme, e pela respiração acelerada dele, sei que está tão desconfortável quanto eu.

— Respire — brinco com o que ele me disse mais cedo, tentando quebrar o gelo em seus olhos. Ele sorri, mas ainda não amoleceu. — Por que não quer que saibam sobre você, ou sobre nós?

— Não quero virar notícia, e não quero que você vire também. Numa cidade nova e sendo calouro na universidade, a última coisa que precisamos é ser as estrelas. Não concorda? — confirmo. — Por isso.

Ele tem razão, não seria nada legal se me vissem como a nora de uma estrela, onde não tenho ninguém. Quero ser só a Avery, a garota que se mudou por causa do trabalho dos pais e que namora um cara de outro estado. Seria péssimo se Luke chamasse mais atenção do que sua beleza já atrai por si só. As meninas cairiam doidas em cima dele na faculdade, e eu não poderia competir com isso.

Felizmente o jornal de Nova York não era a principal fonte de notícia e fofoca na Austrália, e possivelmente ninguém saberia do que está acontecendo aqui. Nem sobre Luke, nem sobre mim.

Olhei para o elevador, achando que era para lá que Luke nos levaria, mas não, ele desviou a direção, nos levando para um grupo pequeno de pessoas. Eu não precisei reparar mais na pessoa que tinha um microfone na boca, para saber de quem se tratava.

Os olhos claros e o nariz arrebitado eram a mais pura forma de denúncia genética. Aquela era Liz Hemmings.

Enchi o peito na tentativa de não perder o ar caso meu corpo esquecesse de respirar novamente. Os olhos se guiarem para além do ombro do repórter, e ela sorriu alegre, afastando o microfone e vindo até nós.

— Eu não posso acreditar, meu filho! Você está mesmo aqui! — ela abraça Luke, tão apertado que vejo o seu pedido de socorro quando ele me olha. Eu cubro a boca com a mão, querendo rir. Ela o afasta e agarra as laterais do rosto do meu namorado, parece tão feliz. — Como você está? Eu esperei tanto por esse momento! Agora sim o dia está completo.

Liz é uma mulher alta, fina, com ótima postura e roupas elegantes, e que não parece nem de longe amarga ou asquerosa. Pelo contrário, parece ser querida. É uma bela versão feminina e mais vivida de Luke. O rosto mais delicado, mas muito semelhante, e o mesmo tom loiro de cabelo que eu tanto conhecia, só que mais longo e liso, e preso num alto coque com presilhas brilhantes.

— Hã... também senti a sua falta, mãe. Quero que conheça uma pessoa — então ela se vira para mim, corre os olhos do meu rosto até os meus pés, e sobe novamente, mas impressionantemente, parece gostar do que viu, já que ela sorri. — Está é Avery, minha namorada.

— Eu quase tive um treco quando soube que meu bebê está finalmente namorando! É um prazer te conhecer! — agora quem se sufoca com o abraço dela sou eu, mas é caloroso, e eu não deixo de reparar na forma como ela trata Luke como uma criança. A distância deve ser dura para ela. A abraço de volta, feliz por ela não ser uma bruxa má. Ou talvez ela só esteja sendo legal porque Luke está ali. Céus. Ela me solta. — Espero que possamos conversar com mais calma depois, realmente quero te conhecer, querida. Obrigada por estar cuidando dele por mim.

Eu fico vermelha, não sei a qual das declarações devo responder.

— Por nada...

Ela parece satisfeita.

— Fiquem à vontade, os petiscos estão sendo servidos no auditório e o jantar será em minha casa mais tarde, uma coisa mais íntiima para a minha equipe e, claro, vocês.

Liz parece mesmo empolgada em nos ter ali. Luke segura a minha mão, juntando nossos dedos. Parece tão nervoso quanto eu, mas não consigo decifrar por que.

Não estava sabendo nada sobre um jantar depois daqui, será que ele sabia e quis esconder? Será que não pretende ir? Ou também foi pego de surpresa?

— Nos vemos lá em cima — ele sorri, mas não é verdadeiro. Ela nota, porque o brilho que eu via em seus olhos se apaga um pouco, e o sorriso se murcha. Ela ainda mantém a postura, no entanto.

— Liz, querida! Este é o famoso Luke? — um homem na casa dos quarenta beija o rosto dela, e estende a mão para Luke. — Muito prazer, estava ansioso para te conhecer. Sou Christian Hendricks.

Christian Hendricks... por que o nome me pareceu tão familiar? Já o ouvi antes.

— Luke — ele aperta a mão do homem com a sua que estava livre de mim.

— E você é...? — ele se dirige a mim.

— Avery.

— Encantado — estendo a minha mão cumprimenta-lo da mesma forma como fez com Luke, mas ele a leva até a boca e beija as costas dela. Meu rosto esquenta, não esperava que ele fizesse isso. Galanteador demais. Ainda me esforço para lembrar onde ouvi seu nome antes. — Querida, a última entrevista te aguarda antes da palestra, vamos? — ele dobra o braço para que ela o segure. Liz sorri para nós e diz que nos veremos depois, e os dois se afastam.

Não é preciso muita inteligência para entender o que estava acontecendo.

— É o namorado dela?

— Pelo visto, sim. Ela só esqueceu de me contar que estava finalmente em um relacionamento.

Ele parece enciumado. Sorrio, mas fico quieta enquanto pegamos o elevador até a sala de auditório. Se eu estava pouco à vontade lá embaixo, aqui a situação piora. Há muita gente, muitos garçons para lá e para cá, muitos fotógrafos, muito barulho. Nos sentamos antes que eu caísse, e que chamássemos atenção.

— Como se sente? — ele me pergunta.

— Estranha. Deslocada. Não pertenço a esse tipo de lugar, mas foi legal conhecer a sua mãe. Ela é simpática.

— Ela é.

— Por que não me falou sobre o jantar?

— Não estava considerando o convite. Você quer ir?

Não sei. Junto os lábios enquanto penso.

Seria legal conhecer melhor a mãe dele, ouvi-la falar sobre Luke, e sei que ela gostaria da nossa presença também — foi o que ela deu a entender, mas não quero mais pessoas importantes por perto, mais tensão. Esperava ir embora assim que a palestra terminasse, mas foi para isso que viemos: para prestigiar a mãe dele, e passar tempo com ela. Seria egoísmo tirar parte do pequeno tempo que eles têm juntos, depois dela bancar tudo do melhor para a nossa viagem.

— Acho que seria o certo.

— Seria...

Luke parece tão deslocado quanto eu, queria poder fazer algo para amenizar o desconforto. Junto nossos dedos, acariciando as costas da mão dele com o polegar. Ele sorri fracamente para mim.

— Com licença, uma foto do casal? — um jovem fotógrafo aparece, com a sua grande câmera. Dou de ombros e aproximo o meu rosto de Luke. Sorrio e ele tira a foto. — Obrigado.

Agradece e vai embora.

Ele não parecia saber quem Luke é, de certo só queria registros do evento e dos convidados. Melhor assim.

Algum tempo passa até Liz entrar, e a atenção dos convidados, fotógrafos, repórteres, e nossa ser toda dela. Ela desfila até o palco, ajusta o microfone e sorri para todos, radiante.

— Boa noite. É uma honra ter todos vocês me acompanhando nesse momento tão importante. Foram anos de desenvolvimento até chegarmos aonde estamos. A GlamStyle não surgiu por acaso, foi um projeto minuciosamente pensado, e com sorte, teve muito apoio de pessoas que me guiaram até aqui. Até Nova York. Não imaginei que a revista teria tomado essa proporção tão grande, mas admito: que bom que tomou.

Luke está com a testa franzida, queria saber em que está pensando.

— Houveram obstáculos, e também conquistas. Quedas de gráficos, mas também aumentos absurdos. Houve competição, houveram pessoas querendo nos prejudicar, mas o fato de estarmos aqui hoje, mostra que o nosso sonho e o nossos planos foram maiores, e seguimos o caminho certo. Só tenho a agradecer aos leitores da GlamStyle, primeiramente. Palmas para eles! — e todos ali presentem obedecemos. Sinto verdade em Liz, mas não em seu discurso. Parece tão... automático, senso comum. — Depois, agradeço a quem me ajudou desde o começo, e nunca me deixou na mão, pelo contrário, foi o meu braço direito nisso tudo: Maggie Flinn e Christian Hendricks. Palmas! — o cara que julgo estar namorando Liz e uma mulher da mesma idade dela sobem ao palco, se cumprimentam e acenam para nós, da plateia. — Algumas palavras, Maggie?

Maggie não é tão magra quanto Liz, tem cabelos curtos e castanhos e veste um longo vestido azul marinho. Ela é bonita e busca a elegância, enquanto Liz parece ter isso naturalmente. Maggie toma o microfone, sorrindo. Parece emocionada.

— Só tenho a agradecer a chance de trabalhar com alguém tão brilhante como você, Liz. Desde o começo sabia o que queria, e me fez acreditar que daria certa. Nunca duvidou, e por isso não pude duvidar também. Você é inspiração para mim e muitas pessoas, e merece tudo o que conquistou ao longo dos anos. Obrigada por me deixar fazer parte disso!

Mais palmas. É a vez de Christian.

— Há quatro anos atrás tive a chance de trabalhar com Liz, e desde então nunca mais quis parar. A ideia de exportar a revista para os Estados Unidos parecia loucura naquela época, sobretudo tendo a sede não muito complexa na Austrália, mas ela conseguiu. Esta mulher é brilhante, e é com muito orgulho que assinamos nossos nomes juntos, que conquistamos parte disso juntos, embora o maior esforço tenha sido dela. — Ele se vira para ela, segura a sua mão e nessa hora sinto a mão de Luke apertar a minha, sobre a perna dele. Oh, oh. — Liz, eu te admiro muito. É a mulher mais bela, forte e inteligente que eu já tive a chance de conhecer. Você sabe que tive coragem de expor meus sentimentos depois de tanta hesitação, mas não quero hesitar novamente. Eu sei o que quero, meu coração sabe também. E ele quer você pelo resto da vida. — Eu perco o fôlego, estou mesmo presenciando uma cena dessas a olho nu? No mundo real? — Liz Hemmings, aceita se casar comigo?

Meu queixo cai. Caraca!

Ela coloca as mãos no rosto, seu corpo treme e não sei se ela está rindo ou chorando. Quando afasta as mãos do rosto, sei que está rindo, sorrindo, radiante.

— Sim, Christian. Mil vezes sim!

Mais do que justo é me colocar em pé, assim como todos os outros, para aplaudir o novo casal. Bom, não novo, pelo jeito eles estavam juntos há algum tempo. E Luke não sabia. Por isso tive que puxá-lo para se levantar da cadeira.

— Você está bem? — pergunto batendo palmas. Os flashes disparam loucamente, é atordoante.

— Um pouco chocado, mas sim, estou bem — ele exala o ar fortemente. — Porra, minha mãe vai se casar de novo.

Eu dou risada. — Você tem um padrasto agora, e ele é rico e bonitão.

Ele estreia os olhos para mim.

— Não chame o cara de bonitão, ele tem pelo menos o dobro da sua idade e vai ser seu sogro.

Coloco a mão no peito, fazendo drama. Céus, sogros!

— Pelo visto, a reunião pós inauguração vai ser sobre o noivado.

— Não que minha mãe soubesse disso até agora.

— Ela parece uma boa pessoa, estou feliz por ela.

— É, eu também. Sempre me preocupei que ela fosse muito solitária. Embora tenha tanta gente aos pés dela, não são próximos de fato. Agora eu sei que ela está bem até demais.

Sorrio. Ele se preocupa, é claro que sim. Luke tem mágoas dela, mágoas do pai dele, e ainda por cima, mágoas de si mesmo por não ter interferido na relação deles, de não ter evitado os abusos do pai dele sobre ela. Acredito que ver Liz tão bem tenha sido um choque, principalmente por peceber que está tudo bem, e que ele não precisa se culpar nem se preocupar demais.

Está tudo bem, como deveria estar.

[...]

Sentada à uma grande mesa de madeira e vidro, ao lado de Luke numa cadeira macia, observava às doze pessoas ali presentes. Eu, Luke, Liz, Christian e mais oito pessoas vestidas de gala. Funcionárias andavam para lá e para cá para servir a mesa com comida o suficiente para salvar uma cidade da fome.

A sala de jantar era maior do que a de Luke, o que me deixou realmente surpresa, já que a casa dele é absurdamente grande. Pois a de Liz é três vezes maior, e mais absurda.

Uma travessa de batatas assadas, cheirosas e douradas pousou na minha frente na mesa, fazendo minha boca salivar. Luke apertou minha mão por debaixo da mesa, e eu me desliguei das batatas para olhá-lo.

Liz sussurrava algo com Christian, davam risadinhas e pareciam dois jovens apaixonados. Assim como eu e Luke. Sorri para ele, querendo que ele entendesse que estava tudo bem, e que a mãe dele estava feliz.

Ele parecia confuso com a situação, sem saber como agir.

Liz se levanta e seu noivo também, eles sorriem para nós.

— É um prazer enorme que vocês estejam conosco agora. É um momento muito importante, e agora em dobro. Cada um de vocês é essencial na minha vida. Meu filho, minha nora, meus amigos e confidentes, meu melhor amigo e agora noivo. Meu peito parece pequeno para carregar todo o carinho por vocês. Obrigada por tudo.

Eu aplaudo juntamente aos outros, me sentindo estranha. Ela nem me conhece, mas me mencionou em seu discurso. A palavra amável me vem em mente.

— Um brinde a nós! E espero que desfrutem desse jantar.

Dou um gole no vinho e dou risada quando Luke estreita os olhos para mim, tomando da taça dele também. Ele sabe bem como eu e o álcool não combinamos. O vinho, especialmente, ficou marcado na nossa história.

Me sirvo com batatas, peru, salada e um prato de massa com queijo maravilhosa. Ficamos em silêncio observando a conversa alheia. O noivado deles, o casamento da filha de uma mulher ao lado de Liz, a formatura do filho de outra, a exportação da revista para a Inglaterra, a compra de um novo conversível para a esposa do homem sentado à ponte, e mil e outros assuntos.

Quando o jantar acaba, e os convidados se retiram, insisto ao Luke que é educado ficarmos mais um pouco. Tenho certeza que Liz quer falar mais particularmente com ele.

Dito e feito. Quando o último casal se foi, Liz veio até nós.

— Me contem tudo! A vida em Sidney, a faculdade, a estadia em Nova York. Gostaram do hotel? Já foram a Times Square? E a Broadway? — ela se empolga.

— Mãe, calma — Luke ri.

— A cidade é incrível, tão colorida e cheia de vida. A noite é um espetáculo! E o hotel é maravilhoso, muito obrigada, Liz — digo no meu tom mais simpático e empolgado. Ela sorri abertamente com a notícia.

— Isso é ótimo!

— Parabéns pela nova sede, o seu trabalho é incrível.

— É um esforço muito válido. Com muita sorte tenho um pessoal eficiente para me ajudar. Não conseguiria sozinha.

— Ah, não diga isso. Esta mulher é tão autossuficiente quanto bela — Christian galanteia. Ela ri toda sem graça e lhe dá um selinho. Luke finge uma tosse ao meu lado, dou uma cotovela em suas costelas. — Se me permite, jovem. Acho que deveria ter falado com você antes?

Não consigo decifrar se ele é refinado ou fresco e ultrapassado, mas fala como um personagem antigo de livro. Meu avô não usava termos tão formais assim.

— Não se incomode — Luke sorri.

— Bom... — o telefone dele toca, ele olha no visor e bufa. — Com licença, preciso atender.

— Ah, meu filho, estou tão feliz. E a faculdade? Está se adaptando a mudança? Tem certeza que não prefere uma casa por lá?

— As aulas ainda não começaram, mãe, e não, por enquanto tentarei a distância. Se for demais eu alugo um quarto no campus. Não se preocupe.

— Se você diz... sempre tão orgulhoso — ela sorri. — E você, querida, o que pretende cursar?

— Nada em mente ainda.

— Tem tempo para pensar. Quem não tem é você, filho, tome uma decisão logo.

Ele revira os olhos.

— Mãe, está tarde, acho que devemos ir. Parabéns pelo noivado.

— Você o aprova? Sei que deveria ter te contado sobre nós antes, mas me pareceu que iria te incomodar.

— Você já é grandinha, mãe. Se está feliz, está tudo bem.

— Obrigada, querido — ela beija o rosto dele. — Não querem dormir por aqui? Há bastante espaço.

— Não se incomode, Liz, o hotel é perfeito. Obrigada por tudo.

— Por nada, querida. Divirtam-se. Vou tentar vê-los antes que voltem à Austrália.

— Ok, boa noite.

— Boa noite — ela nos abraça apertado antes de irmos. Ao passar pela porta, ela me chama mais uma vez. — Obrigada por cuidar dele. Luke está feliz com você, isso significa muito para mim.

— Minha única vontade é fazê-lo sorrir, Liz.

— Eu sei que sim.

Me despeço com um aceno. Entramos no táxi e vamos embora. Luke solta o ar.

— Tensão?

— Você nem imagina — ele geme, massageando a nuca. Acho graça, ele se vira e se deita com a cabeça em meu colo. O motorista espreita rapidamente pelo espelho retrovisor. Acaricio os fios loiros dele num cafuné, ele fecha os olhos conforme seus ombros relaxam.

Ele é tão preocupado e dedicado, sei que essa noite teve um enorme peso para ele. Espero que a sua visão sobre sua falsa incapacidade desapareça a partir de agora. Luke é um ser incrível, merece ser leve e feliz sem culpa.

Não demoramos muito para chegar ao hotel. Luke está mentalmente exausto. Ele se junta comigo num banho quente sem malícia e dormimos cedo. Amanhã seria nosso último dia aqui. Quero curtir nosso tempo antes de nos afastarmos novamente.

O pensamento me dá náuseas. Não vou sofrer com a ansiedade, vou aproveitar enquanto posso. Foi o que me passou pela cabeça até o sol raiar no dia seguinte.

[...]

As últimas horas foram incríveis. Mesmo morrendo de sono e com muita maquiagem para encobrir a mancha arroxeada embaixo dos olhos, aproveitei cada momento com Luke. Conhecemos o centro de Nova York, o Central Park, a Times Square, um restaurante chique na cobertura de um prédio absurdamente alto e iluminado, um bistrô de café da manhã na companhia de Liz e Christian, o spa que o hotel oferecia, e nos beijamos como se nosso ar dependesse disso.

Mas o tempo passou, correu e voou. Assim como o avião onde passamos as últimas vinte e quatro horas juntinhos, antes de pousarmos no Aeroporto Internacional de Perth, com meus olhos embaçados de lágrimas.

— Sabe que não gosto de te ver chorar — ele acaricia minha bochecha com o polegar enquanto esperávamos a esteira elétrica trazer nossas bagagens.

— E eu não quero que você vá embora.

— Eu estarei de volta logo, logo. Não fique assim, não é um adeus.

— Eu sei, mas é horrível ficar sem você. Não estou pronta para conhecer gente nova, nem uma escola nova, nem nada do tipo — eu soluço. Ele me abraça e eu choro na sua camiseta preta.

Não é drama, é dor. É saudade antecipada, é dependência. Não consigo viver sem Luke, não quero ficar longe dele.

Eu choro até ele me soltar para pegar as malas. Seco o nariz com o dorso da mão, e ele me beija na testa. Com nossos dedos enlaçados, andamos até a saída da área de desembarque.

Minha mãe estava lá ao lado de meu pai. O que me fez chorar mais, porque era o adeus por pelo menos duas semanas. Isso se não for mais. Com as aulas da faculdade começando em alguns dias, ele não poderá me ver tão logo.

Meus pais não precisam de uma explicação quando me veem chorando, eles já sabem. Beijo Luke apaixonadamente, querendo me lembrar de seu toque, seu cheiro, seu gosto até que possamos nos ver de novo.

Essas despedidas me matam aos poucos. Ainda mais depois de criar novas lindas memórias. Diria que Nova York é meu novo lugar favorito, mas não, sei que não é a cidade.

É Luke, ele é meu lugar favorito. Onde quer que estejamos.

E mal posso esperar para me sentir em casa de novo, penso ao vê-lo acenar e entrar pelo portão de embarque, mais uma vez.


Notas Finais


O último capítulo sai sexta a noite, bjs


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