História Alphas - Chapter 10 - Perfection

CAPÍTULO 10 - A PERFEIÇÃO 

Tudo nela, cada detalhe, cada curva, cada som, absolutamente tudo era perfeito. E tentador, incrivelmente tentador. 

Suas mãos apertaram a bancada com tanta força que ele pode ouvir a pedra trincar. Os olhos verdes ainda o olhavam, como se ela não conseguisse entender o que ele estava dizendo. A boca rosa estava levemente aberta e a sua pulsação acelerada. Ele conseguia ouvir o coração batendo e o cheiro do nervosismo misturado com excitação.

Precisava sair, antes que a colocasse em cima da bancada e tirasse sua roupa com os dentes. O que estava a segundos de fazer. Ela obviamente não estava pronta para isso, e para se tornar oficialmente dele, ela precisaria admitir. 

E não era uma coisa que ele podia exigir agora. 

Ela havia chegado a pouco tempo, descoberto sobre sua verdadeira natureza e sobre a existência do mundo sobrenatural. Tinha muito o que aprender e muito o que fazer antes da colheita. 

Que tipo de macho ele seria ao impor sua presença a ela? Ao forçar uma situação para qual ela claramente não estava pronta?

Desde o momento em que nasceu, Sasuke soube das marcadas, cresceu conhecendo a possibilidade de encontrar a sua, e por mais que não quisesse, estava preparado para isso, pelo menos psicologicamente. Ele sabia o que esperar, o que iria sentir e como isso iria consumir cada pedacinho do seu ser. 

Mas Sakura não estava. 

Ela não sabia de nada, não entendia o quanto precisava dele, quase na mesma proporção que ele precisava dela. 

Ela não sabia que não podia evitar o inevitável, mas com certeza iria tentar.

O alfa sentia o cheiro da excitação e de nervosismo que saia dos seus poros, ele tinha certeza absoluta de que ela o queria, porém, também podia sentir a hesitação, o medo, a cautela e a necessidade que ela sentia em se esconder.

Sakura não estava pronta.

E ele não podia forçar.

Quando a tocasse, sentiria só excitação e luxúria: não queria nenhuma dúvida na cabeça dela, apenas a certeza que pertencia a ele. 

Então ele precisava se afastar. 

Por mais que cada pedacinho seu desejasse o corpo dela, ele precisava se controlar. 

- Eu... – Sakura começou, mas sua voz morreu. 

Trincando os dentes, ele se afastou. Os olhos verdes piscaram, confusos, mas Sasuke se forçou a ignorar a pontada que sentiu. A cada passo para longe era como se uma parte da sua pele estivesse sendo arrancada. Ir para longe dela lhe causava quase uma dor física. Era ridículo e patético, quase na mesma proporção.

Pegando as cervejas, Sasuke foi para fora.

Mesmo no quintal, cercado por lobos, ele ainda sentia seu cheiro. Como diabos iria caçar? Como poderia fazer qualquer coisa que não envolvesse ela na sua cama? De preferência nua?

Com um rosnado deixou a bebida na mesa, onde os lobos se reuniram, animados demais para notar seu mau humor. 

Uma parte sua, a parte lógica que não havia sido afetada – ou não totalmente, pelo menos -, lhe dizia que precisava se afastar. Precisava de um ar que não tivesse o seu cheiro. Mas outro lado seu lhe dizia que se fosse embora, poderia muito bem morrer.

Isso era uma merda.

E a pior parte era saber que ela não era tão afetada como ele.

Sasuke sabia que ela sentia muitas coisas quando ele estava perto, mas também sabia que ela lutava contra os sentimentos o melhor que conseguia.

Sua marcada era extremamente desconfiada. 

Como diabos iria lidar com ela? Quando tudo o que queria fazer era tirar sua roupa e chupar cada pedacinho do seu corpo?

Desde que a encontrou, sabia que precisaria ser paciente, e só havia ficado ao seu lado durante algumas horas e não estava em condições de se controlar.

Precisava se afastar.

- Eu já volto – anunciou.

Ninguém pareceu particularmente interessado. 

Não, pela primeira vez em muito tempo tinham comida quente e uma cerveja gelada. E como brinde, uma bruxa do Norte extremamente atraente. Não que eles fossem tocar nela. Por mais que sentisse seu peito se inflar de raiva a cada vez que um deles olhava para ela, Sasuke sabia que os lobos o respeitavam, e sabia que nenhum deles sequer pensaria nela com alguma malícia.

Sakura era dele.

Todos os lobos sentiam isso. 

As marcadas eram quase como um tesouro. Não importa a quem pertencessem, todos os lobos cuidariam dela com a própria vida. Elas foram um presente da deusa da lua, elas eram sagradas. Mesmo quando alcateias entravam em desacordo – algumas vezes ocorria uma carnificina – nenhuma marcada era tocada, independente do motivo.

Sasuke sabia que nenhum deles faria nada, porém, mesmo assim seus pés hesitaram ao se afastar.

Ele se forçou a andar.

No limite da floresta respirou fundo. O cheiro dela ainda estava em suas narinas, porém, também conseguia sentir o cheiro da grama, das árvores e das flores. E lama.

Seus olhos negros vagaram pelas árvores, mas ele se manteve imóvel, farejando.

Não havia chovido. 

Havia uma cachoeira há alguns quilômetros, e o penhasco que levava ao mar. Era possível também encontrar algumas fontes de água, estrategicamente colocadas. Mas não o bastante para lama.

Chuva era uma camuflagem, e lama também.

Com seus olhos negros tentou encontrar qualquer sinal de algo fora do normal, porém, não conseguiu. Apenas o pequeno cheiro de lama em algumas árvores.

Não gostava disso. 

Avaliou a grama: seca e verde.

Algumas gotas de lama espalhadas, mas nada muito estranho.

Precisavam patrulhar. Tinha algo de errado, e ele não sabia dizer o que era. Após olhar durante mais alguns segundos, voltou a andar em direção aos lobos.

Conseguia ouvir perfeitamente as conversas, e mais do que isso, conseguia sentir que eles estavam felizes. Talvez ele estivesse sendo paranoico. Talvez algum animal houvesse se sujado de lama. Havia diversas explicações, e normalmente isso não seria algo que chamaria sua atenção. 

Mas a ideia de ter algo errado com ela a poucos metros lhe enchia de terror. 

Talvez estivesse sendo paranoico. 

Ainda pensando no assunto, Sasuke se aproximou da mesa. 

A porta dos fundos se abriu e Sakura desceu as escadas, segurando uma vasilha nas mãos pequenas. 

Sasuke queria sentir o seu toque. 

- Já vou deixar bem claro que a louça vai ser de um de vocês - ela anunciou.

Todos abriram espaço para ela passar, e o alfa percebeu o quanto ela era pequena e magra. O cabelo rosa estava preso e suas bochechas ainda coradas, a fazendo parecer muito jovem e inocente. Seus olhos verdes se encontram com os dele, mas Sakura desviou o olhar rapidamente.

Era sempre ela quem desviava, até mesmo porque ele não tinha forças e nem vontade de olhar para qualquer outro lugar.

Quando ela estava por perto, nada parecia merecer sua atenção. 

- E preciso que alguém pegue a última panela - continuou, colocando a vasilha na mesa. Naruto se apressou para ir, empolgado com a necessidade de agradar a bruxa do norte, mas Sakura lhe lançou um olhar irritado, que o fez parar - Qualquer um, menos o especial.

O lobo revirou os olhos, mas não respondeu. 

Pelo cheiro, era possível saber o que cada um estava sentindo, e mesmo sem usar o olfato apurado, eles eram um bando e tinham uma ligação sobrenatural. Justamente por isso, Sasuke sabia que as queimaduras já haviam cicatrizado, e que mesmo assim, ele não queria contar para a bruxa, só para continuar sendo o alvo de sua preocupação. 

Esperto. 

E definitivamente carente. 

Gaara desceu as escadas, segurando a panela que soltava um cheiro delicioso de carne, quase tão bom quanto a cozinheira que havia preparado. 

Sem esperar um convite, Sakura se sentou na mesa, já se servindo. Durante alguns segundos, todos apenas ficaram observando, e como animais atacaram. 

O alfa precisou de alguns segundos até conseguir se mover, e se sentou na extremidade oposta da bruxa. Não confiava em si mesmo para ficar tão perto dela, e definitivamente não queria fazer algo com uma plateia presente. 

- Então, bruxinha, da onde você veio? - Choji perguntou. 

Sakura tirou os olhos do próprio prato, mas manteve o garfo que estava a caminho da sua boca no ar. 

Seus olhos verdes piscaram, como se ela estivesse processando a pergunta.

- Antes daqui ou no geral? 

Sem esperar uma resposta, ela enfiou a comida na boca, soltando um gemido baixo. 

Ele queria ouvi-la gemer por outro motivo. 

- No geral? 

Ela engoliu, passando a ponta da língua pelos lábios rosados. 

Sasuke mudou de posição na cadeira, tentando esconder a ereção que havia acabado de se formar. 

- Eu cresci em um orfanato, então acabei viajando muito. 

Shikamaru terminou de se servir, mas o Uchiha continuou imóvel. Precisava de um tempo para se acalmar. 

- O que você fazia até semana passada? - Gaara questionou. 

- Passava raiva? - ela brinca. 

Sakura não queria falar da sua vida pessoal, e por mais que ele desejasse saber tudo sobre ela, não queria que ela se sentisse desconfortável. 

Quando contasse, seria por vontade própria, e não por curiosidade e pressão de uns lobos. 

- Terminem de comer que precisamos patrulhar - ordenou. 

Realmente precisavam.

Ninguém sabia quem era a nova bruxa do norte, e com a presença dela, era capaz de algumas criaturas saírem das tocas, só para olhar. Muitas, assim que vissem sua falta de poder, iriam aproveitar para se alimentar na cidade e instalar o caos no território. 

Sakura havia chegado a apenas algumas horas, mas considerando como a colheita se aproximava, ela tinha um pouco menos de quatro semanas para aprender o básico e se preparar. 

Se a bruxa do norte mostrasse qualquer sinal de fraqueza, iria ser desafiada pelas trevas. E essa não era uma luta que ela podia vencer.

Não ainda. 

Os lobos pararam com as perguntas, e Sakura olhou para ele. 

Realmente olhou. 

Como ela pode pensar que ele queria machucá-la? Sasuke não suportaria fazer mal a nem mesmo um fio de cabelo dela. Precisava que ela ficasse bem, e que ficasse feliz. Realmente precisava, pois era capaz de morrer se algo acontecesse com ela. 

O sentimento de proteção era ridículo, principalmente para ele. Tinham trocado o que? Cinco palavras até o momento? 

Não fazia sentido que ele se sentisse assim, principalmente quando era nítido que ela queria ficar afastada. 

Era patético. 

Sakura sorriu para ele, e seu coração parou por um segundo, ou talvez por horas. Era difícil dizer.

Ela era perfeita.

Inteiramente e completamente perfeita. 

E ele morreria se algo acontecesse com ela.