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História Alphas - Chapter 7 - I wish they were Boy Scouts


Escrita por: Bad-Lady

Notas do Autor


Sério, eu preciso aprender a me controlar KKKKKKKKKK

Capítulo 8 - Chapter 7 - I wish they were Boy Scouts


CAPÍTULO 7 - PREFERIA QUE FOSSEM ESCOTEIROS

 

Seus olhos se abriram devagar, e o mundo entrou em foco em uma forma mais lenta ainda. Sentindo a língua áspera em sua bochecha, Sakura usou uma das mãos para afastar o felino.

- Tá bom, tá bom... - resmungou se levantando.

Seu corpo todo doeu com o movimento, provavelmente por ter dormido de forma desconfortável a noite toda. Ou então por causa dos pesadelos impiedosos que ainda assombravam sua mente.

Com uma careta saiu da banheira, tirando os tigres em seguida. Assim que abriu a porta do banheiro, eles passaram desesperados pelo meio das suas pernas, correndo pelo quarto. Sakura resmungou um palavrão enquanto se equilibrava.

Com um bocejo saiu do quarto, e novamente eles quase a derrubaram. Deviam estar famintos... Ela não sabia que horas eram, mas como o sol estava tão forte, provavelmente quase meio dia. Talvez um pouco antes.

O andar de baixo estava bem menos abafado que o de cima e ela suspirou em alivio, sentindo uma brisa fresca. Os tigres se enfiam primeiro na cozinha, mas Sakura os ignorou. Precisava de café. Sentia como se não houvesse dormido quase nada, até mesmo seus olhos estavam cansados...

Ela encheu a chaleira sem se preocupar em lavar.

Precisava de uma cafeteira.

Amanhã mesmo iria até a cidade comprar uma.

E uma televisão.

E solicitar a instalação da internet.

E uma arma.

Um gosto amargo subiu em sua boca e seus olhos se abriram devidamente.

Uma arma.

Sakura engoliu o seco, e todo o sono desapareceu do seu corpo. Ignorando a dor que sentia, refez o caminho até o corredor. Em passos lentos se aproximou, perguntando-se se tudo havia sido um sonho.

Perto da porta estava a faca caída.

Fechando os olhos ela respirou fundo.

Tinha sido uma alucinação. Só isso. Uma alucinação causada pelo cansaço, pela viajem exaustiva que fez.

Tomando coragem da onde não tinha, Sakura abriu a porta. Vários pares de olhos se viraram para ela, e nem todos eram humanos. Uma sequencia de palavrões escapou pela sua boca e ela respirou fundo, tentando se controlar.

Inferno de vida.

Só queria paz, uma vida tranquila e sem agitações. Pelo amor de deus, ela havia fugido de contrabandistas! Foi pra porcaria do interior - mesmo sabendo que não haveria mc donald’s ou burguer king - apenas para se ver livre de problemas - tanto financeiros quanto físicos -. Era pedir demais? Só um pouco de paz e tranquilidade?

Provavelmente era.

Lobisomens.

Puta que pariu. Ela preferia os contrabandistas ou os policiais corruptos.  

- Preciso de café... - resmungou, dando meia volta.

Sakura não se importou de trancar a porta - do que adiantaria? Se eles podiam se transformar em lobos enormes, com certeza podiam forçar a entrada.

Os tigres esperavam na cozinha, ainda empolgados com a perspetiva de comer. Sakura começou a preparar o café deles, tentando se manter focada nessa única tarefa.

Não podia pensar muito, porque se pensasse, iria surtar.

Ela picou a carne como se fosse fazer um strogonoff e preparou aos poucos, tomando uma grande caneca de café no processo. Quando deu comida aos felinos - misturada com ração, óbvio -, Sakura encheu novamente a caneca.

Podia lidar com isso, certo?

Seria tipo Crepúsculo ou Teen Wolf.

Exceto talvez pela possibilidade dela acabar virando o jantar.

Com um suspiro levemente exagerado ela voltou para fora, segurando sua caneca quente. Talvez devesse adicionar vodka...

- Bom dia... - Naruto cumprimentou.

Sakura franziu a sobrancelha.

- Não sei dizer o que tem de bom.

Konohamaru riu.

- Pelo menos ela tem senso de humor - o jovem falou, enfiando as mãos nos bolsos da bermuda jeans.

Com a luz do sol ela conseguia ver que ele era claramente o mais novo ali. Talvez uns 17 anos. Ou 18. Sakura se sentou no primeiro degrau, tentado manter essa distancia. Nenhum deles se aproximou.

Tomando mais um gole de café, ela percebeu que alguns haviam sumido. Naruto, Gaara, Choji e Konohamaru ainda estavam lá, acompanhados do modelo da Loreal Paris - aquele cabelo era definitivamente maior que o dela -, o preguiçoso e claro, o senhor irritado, que a olhava com puro ódio.

Bom, ela também não estava feliz por estar ali.

Sakura voltou sua atenção ao Naruto, que parecia esperar alguma coisa dela. Coitado. Nem mesmo ela esperava nada de si mesma, exceto talvez uns gritos e algumas lágrimas.

Mentira, Sakura não chorava.

Mas com certeza podia gritar.

- Vejo que alguns sumiram - falou.

Naruto indicou a floresta.

- Foram patrulhar. Agora que você chegou, talvez receba uma visita ou duas. Nem todas amistosas.

Ah, claro, fazia sentido.

Sakura tomou mais um gole da bebida.

Devia ter colocado vodka.

Naruto se moveu um pouco - não o bastante para ser considerado uma ameaça -, e ela conseguiu ver com clareza cada gominho na barriga chapada. Certo, talvez a situação não fosse tão ruim.

- Vocês não tem roupa não? - resmungou, bebendo de novo.

Ele sorriu.

- Seu humor é sempre assim?

- Só quando estou cercada por lobisomens sem camisa.

Konohamaru fez o que fazia de melhor: riu.

De todos os lunáticos ali, ele era o seu preferido.

Sakura queimou a língua com o café e fez uma careta.

Bebida idiota.

- Como estava dizendo ontem antes de você sair correndo... - o loiro começou.

Ela revirou os olhos.

- Sério, de quem foi a ideia genial de aparecer aqui ontem? No meio da noite? Sem usar roupa?  

Ninguém respondeu.

Sakura automaticamente olhou para o irritado, apesar de saber que ele não iria prover resposta nenhuma. Os olhos negros a encaravam. Por deus, ele não sabia que era falta de educação encarar alguém assim?

Sem querer mostrar seu desconforto, ela o mediu.

Um erro, obviamente.

Se Naruto era bonito com os cabelos loiros, olhos azuis e um tanquinho que dava para lavar toda a sua roupa suja acumulada, o irritado era mil vezes melhor. O cabelo negro estava bagunçado, ou como descreveria Ana de 50 tons: cabelo pós foda, o formato do seu rosto era, de todos os modos imagináveis, perfeito: olhos onix, maças do rosto levemente avermelhadas, uma boca fina, porém incrivelmente chamativa, um maxilar que beirava a perfeição e levava até aquele pescoço.

Senhor, ela nem sabia que um pescoço podia ser tão bonito.

Só de olhar dava vontade de beijar. Ou chupar.

Os ombros eram largos e musculosos, os braços cruzados em frente ao peito escondiam uma parte do seu corpo, mas lá estavam alguns gominhos, levando aquele “V” de musculos que levavam diretamente para dentro das calças.

Sakura desviou o olhar.

- Estávamos esperando você sair, mas aparentemente sua prioridade era dançar - o preguiçoso falou.

Seu rosto corou.

- Falta de respeito ficar observando os outros.

E possivelmente algum crime, talvez de invasão de privacidade.

Ele deu os ombros.

- Falta de respeito deixar os outros esperando.

- Eu nem sabia que vocês estavam aqui! Acredite, se soubesse não estaríamos tendo essa conversa.

Porque ela nem teria vindo.

Sakura deu mais um gole, ainda sentido um desconforto na língua queimada. Não sabia exatamente o que fazia ali fora, conversando com homens estranhos que aparentemente se transformavam em lobos. Mas ela não sabia o que fazer. Seu instinto lhe dizia para ficar ali e ouvir, e sua parte racional havia desistido assim que abriu a porta e viu quatro lobos diferentes, em cores distintas com olhos brilhando e um porte que no mínimo era preocupante.

Pelo menos não eram lobisomens estilo Van Helsing.

Estilo Jacob dava para lidar, agora aquelas bestas enormes definitivamente não.

- Como estava falando ontem, - Naruto recomeçou, como se nem houvesse sido interrompido - Nós somos os lobos das sombras, protetores da floresta e da bruxa do norte.

Sakura fez uma careta.

- Estilo Sabrina? - a careta se intensificou - Por favor, não me diga que adoramos Satã. Na série é divertido, na vida real nem tanto. Sério, se eu ver um corno manso enorme no meu quarto vou ficar puta.

Ele a olhou como se ela estivesse falando em outra língua.

- Não sei quem é essa tal de Sabrina, mas não, não adoramos Satã e nem existe “corno manso” enorme.

Menos mal.

- Pelo menos são sou filha do diabo... Governar o inferno deve ser um porre.

Naruto fez uma careta, o que arrancou um sorriso dela.

- Não temos nada a ver com o inferno, apesar dos contos mundanos.

Sakura se inclinou um pouco para a frente.

- E aquele papo da lua cheia? Beber sangue? Bala de prata no coração?

- Podemos nos transformar a vontade, mas somos mais fortes na lua cheia. Quem bebe sangue é vampiro, e bala no coração mata quase todo mundo.

Ela apertou a caneca.

- Vampiros existem... - era para ser uma pergunta, mas acabou soando como uma afirmação.

Ele concordou, e uma mecha do seu cabelo brilhante caiu em seu rosto. De fato, Naruto era bem bonito, apesar de não poder ser comparado ao irritado.

- Provavelmente foi um que te encontrou.

Bom, quando diziam que advogados eram filhos da puta, estavam falando sobre isso. A desgraçada sabia o que a esperava, mas mesmo assim não contou. Claro que não. Ela apenas falou aquelas coisas idiotas e sem sentido, alegando serem ligadas na natureza. Que corna!

Custava falar: olha só, casa e dinheiro, porém vão ter uns lobos te chamando de bruxa, suave?

Essa aí merecia queimar.

Sakura levantou a cabeça, percebendo algo importante.

- Eu encontrei a cretina durante o dia. Ela não devia ter virado pó ou realmente existe anéis do sol?

Ele negou.

- Tudo isso são contos mundanos. Não somos criaturas malignas, não somos da noite.

Ela mordeu a boca.

- Então por que ficam mais fortes na lua cheia?

Dessa vez, o preguiçoso respondeu.

- Fomos criados pela deusa de lua. As três raças são mais fortes durante a noite.

Sakura voltou toda a sua atenção para ele.

No geral, ela não gostava muito de mitologia. Muitos deuses e muitos blá blá blá: sério que eles acreditavam que a espuma do mar era esperma?

Muita idiotice, na sua opinião. Os deuses na mitologia - pelo menos em todas que ela tinha lido - estavam mais para humanos com super poderes: mimados, ciumentos, invejoso, irritados, vingativos, mesquinhos. E dar poder para os humanos era uma péssima ideia, independente de quem desse. Humanos eram uma merda, e como os deuses se comportavam como humanos, também eram uma merda.

Por causa disso, Sakura não tinha informação nenhuma sobre deusa nenhuma, nada para usar como referencia na conversa mais bizarra que já tinha tido na vida.

- Uma deusa criou vocês? - questionou.

Ele assentiu.

- Durante a guerra do primeiro milénio, a deusa da lua presenteou três humanos com poderes para lutarem contra as trevas. O primeiro lobisomem, o primeiro vampiro e a primeira bruxa. - ele deu os ombros - Com certeza deve ter um exemplar da história na biblioteca.

Sakura não estava afim de ir até a biblioteca: queria respostas agora.

- Se ela tinha poderes até para dar, por que não lutou contra eles?

Ele olhou para longe, em algum ponto na floresta. Diferente dos outros, apesar de ter musculos, ele era magro, de algum modo parecia ser mais inteligente do que bruto.

Por um momento, Sakura achou que ele não ia responder, e quando estava prestes a dirigir sua pergunta ao Naruto, o miss preguiça voltou a falar.

- O senhor das trevas era seu irmão. Ela não podia matá-lo, pois o amava.

- Então mandou um trio fazer o serviço.

Típico dos deuses.

- Foi mais do que isso. Os humanos estavam sendo devorados, a terra se tornava cada dia mais sombria, só existia morte e sangue. Ela precisava de ajuda.

- E por que não pediu aos outros deuses?

Ele voltou a olhar para ela.

- O senhor das trevas matou todos, menos a irmã.

Certo, aquela historia não era exatamente legal. Apesar que era bem típico de um homem fazer merda. Sempre o homem

Sakura terminou seu café, sentindo um gosto amargo na boca que não tinha nada a ver com a bebida. Desconfortável, decidiu mudar de assunto.

- E aquela história de ser imortal? - perguntou um pouco mais baixo do que havia planejado.

Não importava: eles eram lobos, podiam ouvir muito bem.

Naruto respondeu.

- A deusa deu um presente a cada um. O vampiro quis a imortalidade, então ganhou uma vida longa, sem morte por velhice.

Sakura assentiu.

- Por isso o sangue.

- Exatamente - ele sorriu, satisfeito, como se ela fosse uma aluna muito aplicada que aprende rápido - A bruxa pediu uma ligação com a deusa, então se tornou a única com uma ligação direta com a magia de todo o mundo, sendo boa ou ruim.

Ah, sim, ligação com a natureza era quase que a mesma coisa de ligação com magia. Fazia sentido se partisse do principio que a magia é algo natural. Sakura tinha ouvido falar disso, provavelmente em alguma das muitas séries que já havia assistido.

Precisaria dar uma pesquisada depois.

- E os lobos? O que pediram?

Naruto abriu a boca para responder, mas uma voz interrompeu.

- Amor.

Os olhos verdes se voltaram para o lobo irritado. Ele a encarava de forma intensa, como se aquela palavra significasse algo. Sakura engoliu o seco, se sentindo desconfortável. Ele a fazia se sentir nervosa, e toda vez que olhava para ele, era como se o mundo saisse um pouco do lugar.

Ela desviou sua atenção.

“Covarde...”

- Parece ser um pedido egoísta - falou, tentando acalmar seu coração disparado.

Naruto levantou as sobrancelhas.

- Por que?

Sakura deu os ombros.

- Amor não devia ser algo natural? Não acho que pode ser exigido.

O loiro sorriu.

- Não é assim - ele fez uma pausa, e então olhou para o irritado. Sakura se recusou a olhar também. Quando os olhos azuis voltaram para ela, ele parecia mais confiante - Estamos falando de amor verdadeiro, uma ligação incompreensível. É puro destino, duas pessoas feitas uma para a outra. Todo mundo tem isso, ela só tornou mais intenso para os lobos e para as suas marcadas. Alguns dizem que ela se baseou no amor do lobisomem original, dizem que ele amava uma mulher com cada célula do seu corpo, que era um amor tão intenso que ele moveu o mundo para protegê-la.

Automaticamente Sakura olhou para o irritado.

Ele ainda a encarava com os olhos negros.

Será que ele era tão bravo por causa disso? Ela podia imaginar como devia ser horrível amar alguém nesse nível e então perder. Talvez ele houvesse amado, talvez ela tivesse morrido. Por um momento ela quase perguntou, mas então desistiu. Se ele já a odiava agora, imagina se ela se metesse em sua vida pessoal.

Seus olhos se desviaram.

“Covarde”

O clima estava tenso por algum motivo que todos pareciam saber menos ela. Era melhor mudar de assunto.

- Então... - começou, mas nada lhe veio a mente.

No geral, Sakura era boa achando assuntos, e com certeza tinha muitas coisas para perguntar. Porém, ouvir essa história havia lhe deixado abalada, e agora não conseguia se concentrar em nada especifico a não ser a possibilidade do irritado estar com o coração partido. Isso não explicava exatamente o motivo para ele não gostar dela, mas talvez uma coisa não tivesse nada a ver com a outra. Talvez só não gostasse porque ela era idiota e leiga, porque passou a tarde dançando feito uma criatura estúpida, talvez não gostassem de mulheres, ou sua voz o irritava.

Sakura podia jurar que ele fazia caretas toda vez que ela falava, como isso lhe causasse algum tipo de agonia física.

Novamente sua vontade foi se trancar no quarto e ficar por lá. Não gostava de sentir o olhar dele, e não gostava de como o seu corpo reagia.

Ela afastou esse pensamento.

Com certeza tinha problemas maiores do que um lobo irritado que a odiava. Havia acabado de se enfiar em um conto de terror, e apesar de ser bizarro e preocupante, algo dentro de si lhe dizia que não podia fugir disso.

Talvez nem quisesse.

Com certeza não queria ter a garganta cortada por garras afiadas ou ser obrigada a adorar uma deusa de que nunca tinha ouvido falar. E que convenhamos, nunca a ajudou em nada. Do que adiantava ser uma bruxa se não podia fazer porcaria nenhuma?

Porém, por outro lado, alguma coisa finalmente parecia ter sentido. Sakura nunca sentiu que pertencia a algum lugar, sempre se achou deslocada e com uma facilidade alarmante de deixar tudo para trás sem dificuldades. Ela nunca se sentiu presa, e toda vez que se lamentou por ter que mudar de casa ou de cidade, era uma questão prática e não de sentimentos.

Agora aparentemente ela tinha um propósito, e apesar dele falar sobre proteção da bruxa de uma forma geral - afinal, não importava quem fosse, eles iriam proteger -, era reconfortante saber que pelo menos alguém nesse mundo estava preocupado com a sua segurança, mesmo que fosse por uma questão prática. Afinal, o que aconteceria se ela se machucasse? Ou se morresse?

Seus olhos se voltaram ao preguiçoso.

Talvez devesse perguntar o nome dele...

- O que acontece se eu morrer?

Eles fizeram silêncio.

Não é possível que ninguém soubesse.

O irritado pareceu rosnar, mas considerando que ele a odiava, possivelmente estava se deleitando com essa possibilidade.

Babaca...

O preguiçoso deu os ombros.

- Suponho que as outras três grandes bruxas teriam que repartir seu território.

Sakura levantou as sobrancelhas.

Não sabia se ficava mais surpresa por ninguém tomar seu lugar ou por ter um território aparentemente respeitado por outras bruxas.Ninguém a respeitava, nem mesmo na fila do mercado. Quantas vezes havia se distraído e algum babaca se enfiou na sua frente?

- E por que não uma nova bruxa para assumir meu lugar? Do mesmo modo que assumi o da minha vó?

Dessa vez, Gaara respondeu.

Eles pareciam meio irritados. Será que tinham ficado a noite toda ali? Esperando que ela tivesse coragem de sair? Talvez não tivessem dormido ou comido. Ela com certeza virava o demônio quando estava com fome ou sono, principalmente se estivesse com fome.

- A primeira bruxa teve quatro filhas, e quando ela morreu o mundo foi dividido em quatro, um pedaço para cada filha governar. Você é descendente direta da primeira filha, então a menos que tenha uma irmã ou de a luz a uma criança antes de morrer, ninguém pode ocupar seu lugar.

Ah, mais uma obrigação que a advogada vampiresca havia esquecido de mencionar: ter um filho.

Reconfortante.

Com 24 anos Sakura não conseguia nem manter um relacionamento, quem dirá ter um filho. E sinceramente, não sabia se queria. Até o momento havia pensando que não tinha nenhuma estabilidade para dar a uma criança, e agora que tinha, não sabia se iria condenar seu filho a uma vida assim, cercado literalmente por lobisomens.

- Então só existem quatro bruxas no mundo.

Bom, esse era um número bem pequeno.

Naruto voltou a falar.

- Quatro grande bruxas. Porém existem outras, treinadas pelas grandes, mas nenhuma tem uma ligação direta com a magia.

Sakura mordeu a boca.

- Então eu poderia treinar alguém se quisesse?

Ele assentiu.

- Meio difícil treinar alguém quando você não sabe fazer nada - Gaara respondeu.

Ela olhou feio para ele.

- Tá, mas se eu soubesse, poderia treinar?

O ruivo deu os ombros.

- Claro.

- Qualquer pessoa?

- Somente mulheres e quanto mais jovem, mais fácil.

- Então não existem bruxos.

O preguiçoso respondeu.

- Bruxos não, porém existem feiticeiros.

Antes que pudesse responder, ou melhor, fazer mais perguntas, Choji jogou as mãos para o alto, soltando um suspiro exagerado e muito dramático. Sakura fez uma careta e conseguiu ver o Loreal Paris revirar os olhos.

- Muito legal as explicações, mas eu to com fome! Estamos a mais de 24 horas esperando a bruxinha e até agora nada de comida! Será que podemos ir caçar? - ele olhou para o irritado - Antes que eu desmaie?

Sakura se levantou, percebendo que também estava faminta. Pela posição do sol, já passava do meio dia, e considerando que foi dormir sem jantar, seu estômago agora implorava comida.

E uma parte sua estava levemente preocupada em acabar virando o jantar se eles não comessem.

Eles começaram um debate sobre a importância de explicar tudo por causa da porcaria da colheita que se aproximava, fosse o que fosse. Sakura continuou olhando para eles que debatiam o assunto com fervor, quase como se estivessem prontos para brigar fisicamente caso se tornasse necessário.

O único que não participava do assunto era o irritado. Sakura olhou para ele, percebendo que ele ainda estava focado nela, na mesma posição desde que ela saiu pela porta. Por um momento desejou saber o que ele pensava, mas logo afastou esse desejo.

A mente de um lobisomem com certeza não era um bom lugar para estar, principalmente se esse lobisomem a odiasse.

De toda a situação, aquela era a pior.

Ela podia lidar com o fato de ser uma bruxa inútil, podia se virar com os lobos na sua porta ou com o medo constante que sentia. Podia até mesmo ignorar a sua parte que gritava que todo mundo ali era louco, incluindo ela. Sakura era capaz de lidar com qualquer coisa, ou pelo menos era isso o que achava até encarar aqueles olhos negros.

Ela não podia lidar com ele, até porque se tornava difícil pensar quando ele a olhava.

Novamente foi ela quem desviou o olhar.

“Covarde”

Sua atenção focou nos lobos que haviam se reunido e na discussão que tinham. Faltava muito pouco para aquilo virar uma briga de bar, e sinceramente ela não podia lidar com sangue agora: iria surtar.

Precisava comer, e aparentemente além dos seus tigres agora tinha lobos para alimentar.

Inferno de vida.

- Preferia que fossem escoteiros... - ela suspirou, e então entrou.

 

 

 

 

 

Os lábios finos soltaram a fumaça que segurava.

O cheiro de nicotina era melhor do que o cheiro do corpo despedaçado que encaravam.

Gai se abaixou e mexeu os braços, espantando as moscas que insistiam em pousar na carne aberta. Dois dias desde a morte, e já estava irreconhecível.

Haviam demorando um pouco para encontrar o corpo: muito sangue e muitas marcas na floresta.

Ele nem sequer sabia que um corpo podia sangrar tanto, isso porque já estava acostumado a lidar com essas coisas. Não, aquilo não era nada com o que já tivesse lidado.

Olhando para a sua esquerda ele conseguia ver um pedaço da mão do homem, ou o que havia sobrado. Do outro lado o braço, ou uma parte dele. As tripas estavam nas árvores, penduradas como e fossem um enfeite. Também haviam moscas lá, mas ele com certeza não subiria para espantar.

Nem sequer fazia sentido.

O homem já estava morto desde o amanhecer do dia anterior, e avaliar os cortes não iria ajudar em nada.

Alguma coisa sem raciocínio havia feito aquilo.

Estavam perseguindo a besta há uma semana, e apesar de terem lidado com dois corpo no caminho, nada se comparava aquilo. Antes ele só tinha se alimentado: pescoço rasgado e barriga aberta para ter acesso aos órgãos, uma marca ou outra de garras, nada muito interessante, apenas o bastante a manter o corpo parado.

Mas aquilo? Aquilo não tinha sido para se alimentar, aquilo tinha sido por pura raiva e ódio. Ele só não sabia do que.

Podia jurar até o momento que a criatura não tinha raciocínio, apenas instinto, mas agora precisava pensar em outra possibilidade.

- Todos os órgãos principais estão aqui - Gai anunciou, se levantando - Ele não se alimentou.

Kakashi deu mais um trago no seu cigarro.

- Ele estava com raiva.

- Furioso, eu diria.

Olhando para os lados, ele localizou alguns dedos. Dos pés, talvez. O sol estava iluminando boa parte da floresta, mas ele não confiava nas pequenas sombras que se formavam entre uma árvore e outra. Ainda não havia se encontrado com a sua presa, e considerando o corpo no chão, não estava ansioso para isso. Tinha dormido muito pouco nos últimos dias, seus reflexos certamente estavam mais lentos, e aquilo não era um errante qualquer.

As marcas com certeza indicavam um lobisomem, mas eram grandes demais, até para um alfa. Devia ter o dobro do tamanho de um normal, e apesar da informação passada por Tsunade indicar que se tratava de um errante, o caçador nunca tinha visto nada assim.

Errantes matam para comer, atacam algumas pessoas por instinto, no geral deixam um belo rastro de corpos e sangue pelo caminho, mas o objetivo principal são outras marcadas, sempre estão buscando o cheiro delas, e quando as encontram sozinhas comem seu coração.

Quantas mulheres perderam suas vidas simplesmente pelo fato de estarem destinadas a um lobo?

Errantes eram um saco para lidar, porém Kakashi estava acostumado com eles, sabia prever o comportamento.

Não era o caso aqui.

Se ele era um errante, definitivamente era diferente.

Ele sabia o que procurava quando escapou, e apesar de ter mudado o caminho alguma vezes, nunca pareceu perder o foco, parando somente para se alimentar. E agora matava por raiva? Como se estivesse se deliciando com a agonia do homem? Como se quisesse punir?

Alguma coisa não fazia sentido.

- Estamos no território do Uchiha mais novo, - Gai começou, limpando as mãos sujas de sangue na calça - E considerando que perdemos o rastro, acho que é melhor falar com ele.

Sasuke Uchiha.

Kakashi não gostava muito dele: novo e arrogante.

Seu irmão com certeza era mais fácil de lidar, e mais inteligente também. Sasuke não gostava de interferência, não gostava de ninguém em seu território, e apesar de geralmente deixar para os lobos resolverem essas questões, principalmente quando estavam na área deles, dessa vez devia oferecer ajuda, talvez até mesmo forçar.

Aquilo que estavam caçando era diferente, provavelmente capaz de massacrar uma alcateia toda, e o comportamento não tinha explicação. Os lobos precisariam de toda ajuda que pudessem ter.

- Vamos até ele.

Kakashi deu mais um trago, suspirando baixo.

Enquanto se afastava do corpo, acionou a equipe de limpeza para dar um jeito naquela bagunça, antes que os humanos vissem e decidissem caçar por si só, o que certamente era uma péssima ideia para todos os envolvidos.

A única coisa que tinha certeza era que o suposto errante seguia em frente, sem perder o foco. Ele estava buscando alguma coisa ou alguém, e quando encontrasse, que os deuses tivessem piedade, porque ele com certeza não teria.


Notas Finais


Foram muittos comentários maravilhosos que eu não me aguentei! Sério, 34? Isso meio que é um recorde pra mim! E é bem interessante, porque eu tenho fics com mais favoritos do que essa, porém, essa provavlmente deve ser a mais comentada KSSKKSKSKS

Gente, e a Sakura achando que o Sasuke odeia ela? KKKKKKKKKKKKK

Ainda não comecei o proximo, mas acho que vou dar uma focada em sasusaku skskskks

OBS: lembrando que eu sempre posto uns spoilers nas minhas atividades, então fiquem de olho! <3


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