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Aether estava sentado em frente a porta de sua loja, ele encarava o céu de onde havia descido ao lado de sua irmã a tantos anos atrás, cair em mundos habitados nunca deixava de ser uma surpresa. Talvez fosse mais animador para Lumine, já que ela havia descido à terra mortal para criar o maior dos reinos, mas para Aether, havia se tornado simplesmente chato esperar por algo grande vindo daquele planeta.
Mas nem tudo era ruim, ele tinha muito poder nas mãos e o usou para o que quis. Apesar de ser incrível, ainda havia muitos atrasos naquele planeta, desde a magia tão pouco desenvolvida quanto a coisa que sequer era considerada útil: Alquimia.
A alquimia era inútil naquele mundo, ou assim pensavam, eles nem haviam ido atrás para descobrir suas reais belezas ou avanços, ela era como um mar infinito que poucos se atreviam a navegar. Aether não sabia quando a alquimia havia se tornado algo tão subestimado, mas em seus anos lá, talvez ele tenha uma ideia.
A “magia a partir da troca” é algo difícil ou complicado demais, as poucas pessoas que se atreviam tentar usá-la buscavam grandes feitos, estes que tinham um peso grande demais para alguns mortais e como ninguém sabia os princípios dela, eles só rezavam para que desse certo, o que nunca daria, já que sequer se preocupavam em anotá-la para ter uma base, acreditavam que ela era uma magia com base na sorte desbalanceada.
Celestia era burra por nunca buscar por tamanho poder…
— Mas isso me dá a brecha de aproveitar dessa ignorância. — cantarolou Aether. Seus olhos dourados e brilhantes apresentavam analisavam cada detalhe perfeito da loja a sua frente, mesmo antes estando em um terrível estado, nada impediu o nobre alquimista de restaurá-la e transformá-la em sua.
A loja tinha o mesmo ar nobre do centro da cidade que demonstrava um grande contraste com a área ao redor. Grandes construções, lixo, ratos e fedor, isso tudo que cercava o estabelecimento; Aether havia lutado muito para conseguir aquele lindo resultado que já não se importava mais com o perigo que a cercava, nenhuma alma conseguiria entrar lá dentro sem autorização mesmo.
Talvez Celestia, a cidade dos deuses, fosse vista como um lugar divino, mas estava longe de ser um lugar justo e, se formos tirar o centro da cidade, podemos colocar a pobreza nisso. Celestia era uma cidade adorável para aqueles que tinham altos status, deuses de alta classe, Serafins e Arcontes, mas o resto, deuses pequenos, que acenderam do nada, viviam na pobreza e na pequena e vazia existência própria…
Aether havia aprendido na pele como sobreviver naquele lugar e, após roubar muitas carteiras e vender diversas invenções, finalmente tinha em suas mãos um lugar para chamar de seu.
Aquele dia agradável era a abertura de sua loja de alquimia, faltavam em torno de 10 minutos para abrir e não havia uma alma viva.
— Pois é, acho que ninguém vem. — Constatou Ícaro batendo suas asas enquanto se sentava ao lado de Aether.
O homem cercado por espelhos cerrou os punhos e gritou:
— Esqueça isso! Eles obviamente vão vir! O tanto de cartazes que espalhamos deveria ser o suficiente para chamar a atenção de pelo menos uma pessoa!
Uma mulher com o rosto de porcelana quebrada bateu o pé no chão, o som não foi alto e a batida por pouco pode ser considerada como uma, mas todos se calaram.
— Não piorem as coisas, idiotas! — Seu tom seria semelhante ao de uma mãe quando brigando com seus filhos, mas o rosto não demonstrava tal seriedade, invés disso era semelhante a um olhar estático e carinhoso.
Ícaro revirou os olhos e Mirror revirou os olhos por trás das diversas imagens. Mary caminhou até a Aether e tocou em seu rosto, suas mãos eram frias e duras, mas o toque ainda parecia fraterno.
— Ignore as idiotices dos dois, mestre. Tenho certeza que alguém virá.
O alquimista de aparência jovem suspirou, embora já esperasse o vazio na abertura, ainda era um pouco incômodo não ter aparecido uma alma para ter aparecido. Mas ele não se deixaria abalar, havia ainda muitos experimentos para serem feitos naquele estabelecimento! Afinal, a loja era só uma desculpa para fazer ter um laboratório de alquimia em um lugar acessível, então os motivos para lamentar eram mínimos, mesmo o dinheiro sendo algo essencial.
Enquanto Aether pensava, a briguinha entre Ícaro e Mirror crescia, a pequena brincadeirinha escalou para uma briga física, mesmo nenhum dos dois podendo, de fato, se ferir.
Mary, não sendo feita para lidar com aquilo, suspirou e se sentou no banco de madeira precário, no qual estava Aether.
— Quanto tempo você acha que Ícaro demora a levar uma carta para Lumine? — perguntou o alquimista levantando sua cabeça.
A mulher de porcelana balançou a cabeça e colocou a mão nos lábios.
— Talvez uns 5 dias? Se ele voar sem parar, sem se distrair, sem…
— Okay, okay, com ele sendo ele.
— Um mês, no mínimo. Meu irmão considera essas “saídas” como férias, então ele só volta em um mês.
Aether balançou a cabeça, Ícaro tinha um trabalho impecável quando se tratava de fazer uma entrega, mas quando se tratava de eficiência, pode esquecer. Ele acenou, felizmente não havia nada urgente que fosse necessário de Ícaro, os suprimentos do mundo mortal eram suficientes.
— Acho que não haverá problemas em enviá-lo hoje, né?
Mary acenou. Aether levou sua cabeça para a direita, evitando um ataque perdido dos dois imbecis que lutavam, os ataques de Mirror e Ícaro estavam se tornando cada vez mais irritantes e chamativos.
— Chega disso. — Disse Aether.
E em um momento, os dois estavam no chão, seus corpos acertaram tão agressivamente o chão que havia deixado uma marca na calçada irregular. Os espelhos que rodeavam o homem subiram para cima de seu corpo se restabelecendo em seus devidos lugares imediatamente assim que ele se levantou.
Ícaro balançou-se ao se levantar, suas asas se bateram repetidas vezes tentando se livrar da sujeira que haviam poluído-as, ele odiava ter suas lindas asas sujas, até chegou a voar um pouco para limpá-las. Mas assim que tocou o chão, permaneceu em silêncio, assim como Mirror man, que, mesmo com seu rosto sendo escondido por um espelho, era possível ver um certo medo.
— Mirror, vou te pedir para ficar aqui com Mary enquanto eu vou para casa com Ícaro, vou escrever uma carta para minha irmã, então vocês precisam cuidar da loja para mim, entendido?
Houve um aceno em conjunto entre o homem com espelhos e a mulher de cerâmica, eles logo se direcionaram para loja, deixando os outros dois sozinhos.
— Ícaro, preciso que leve isso a sério, certo?
O rosto do menino brilhava com animação, ele não esperava que fosse tirar férias tão cedo!
Aether sorriu e bagunçou os cabelos castanhos do garoto, que era um pouco menor que o próprio loiro. Naquela “forma”, Aether parecia uma criança, na época em que tinha tal aparência não apenas parecia, como era.
— Vamos para casa, idiota.
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Lumine caminhava de um lado para o outro, seu vestido longo arrastava pelo chão a cada passo, as servas olhavam incômodas com a chance de que sua mestra pudesse tropeçar no tecido desnecessariamente longo.
— Vossa alteza, por favor, precisa se acalmar! — Julia, uma das servas mais novas, toma frente. Seu tom hesitante e até mesmo amedrontado.
Lumine puxou um pouco de ar e bateu a mão na mesa.
— Chamem Louis! Aquele maldito vai me explicar isso! — gritou ela levantando o motivo de sua raiva, uma carta vinda de Liyue, onde um de seus maiores negócios estava estabelecido.
Não demorou nem um segundo para que Julia abrisse as portas e saísse correndo pelos corredores. Lumine se afastou da mesa e colocou a mão na cabeça.
— Vossa alteza, gostaria de um chá para se acalmar? — perguntou Eliza, outra serva.
— Por favor, faça o de sempre. — Disse a loira ainda enfurecida.
A mulher abre a porta e, enquanto ela sai, um homem com cabelos negros com manchas brancas entra. Ele não era muito alto, embora fosse mais alto do que Lumine, ele abaixa a cabeça fazendo uma saudação.
— O que houve, Lumine? — perguntou ele ainda olhando para baixo.
— Me explique como você permitiu que aqueles malditos levassem 60% das plantas medicinais do nosso território de Liyue, Louis! — gritou.
— Lumine, isso foi algo necessário, ok? — disse o homem calmamente. — As 60% delas não é grande coisa, plantamos muito e nós nem vamos vendê-las lá, como foi estabelecido antes, nós usaremos aquelas plantas de Liyue para testes, tentaremos plantá-las aqui com o novo sistema, e os Qixing pediram 60% delas em troca de liberar uma negociação mais passiva em relação a nossa nação recém nascida.
A princesa suspirou ainda irritada, ela segurava a carta com força e seus olhos pareciam ainda mais irritados. Ela chutou o pé do jovem Louis, que caiu com o dano. Então Lumine se abaixou e segurou a carta próxima do rosto dele.
— Louis, está vendo essa carta? Leia para mim.
Um pouco tonto, o homem segurou e começou a ler:
— Minha querida amiga, Lumine. Te aviso por meio desta que dei a Liyue 60% de nossas ervas, mas já te aviso para não se irritar, dei as para eles por uma boa causa, então não esquente essa sua cabeça e espere os frutos de minhas boas escolhas.
Assim que terminou de ler, o rosto dele ficou vermelho.
— Isso não é um aviso, então me diga, que relatório é esse?! — ela bateu com a carta nele. — Seu Ba.BA.CA! Eu te pedi um relatório, não uma cartinha amigável!
— Wahh! Eu te disse para esperar!
— E quando você chega, a primeira coisa que você faz não é vir me falar sobre isso?!
— Luminee! Paraaaaa!
Lumine bufou deixando o homem mais alto se libertar. Louis se levantou logo após a loira, ele limpou as roupas de mordomo e passou a mão no cabelo arrumando-o e logo se sentou na mesa cheia de papéis, a qual Lumine havia socado.
A princesa também limpou as próprias roupas e se sentou na frente dele.
Assim que a briga se encerrou, a empregada voltou com chá.
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