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História Aluga-se um Namorado - Corra, Sakura, Corra


Escrita por: fleur_dhiver

Notas do Autor


Cheguei ;DDDDD
Capítulo ainda naquela tensão do paradeiro de Sakura ;x
Espero que goste, uma boa leitura a todos;*

Capítulo 16 - Corra, Sakura, Corra


Fanfic / Fanfiction Aluga-se um Namorado - Corra, Sakura, Corra

Os variados sons eclodiam a sua volta, criando uma cacofonia que perturbava sua mente já debilitada. Não estava no Centro, nem perto dos locais que conhecia, muito pelo contrário, havia sido largada em uma avenida qualquer que nunca tinha estado. Assim que o motorista do táxi percebeu que ela estava sob efeito de drogas a forçou a sair do veículo, sem se importar com o estado dela e, agora, lá estava ela, vagando sem saber para onde.

As pessoas passavam por Sakura como se não a vissem. Os altos arranha-céus que cobriam todo o espaço em que estava pareciam sufoca-la, engoli-la em suas grandezas magistral. Espremeu-se no vácuo formado entre a lateral de dois prédios, sentindo o ar lhe faltar, sua mente embaçando mais uma vez. A palpitação no peito tinha parado, porém se sentia tão exausta.

Assim que seus os joelhos pararam de tremer voltou a andar, sua mente dava voltas e sua visão ora ia, ora voltava, mas precisava continuar, não podia ficar parada. Ela precisava chegar em alguém, chegar em algum lugar, mas não conseguia mais lembrar onde, nem por qual razão estava indo. Diversas informações desencontradas cruzavam a sua cabeça, a perturbando ainda mais.

Não sabia para onde ir, qual caminho tomar.

No meio da multidão parecia invisível. As pessoas passavam por ela como se não a enxergassem, batendo em seu ombro e algumas vezes arrastando-a junto com seus casacos e bolsas. Saiu do meio da rua e do centro das calçadas. Fugindo da massa continua, esgueirando-se pelas grades dos prédios. Escorou-se em uma das paredes, sentindo um leve aperto no peito. 

Queria chorar, queria fechar os olhos e dormir. Estava prestes a perder as forças quando foi amparada por alguém. A confusão em sua mente não a alertou dos perigos que aquilo poderia significar. Acompanhou o senhor, que gentilmente a guiou para uma rua mais calma, a levou até uma pequena clinica que havia pela vizinhança

O bom senhor dizia alguma coisa, mas ela simplesmente não conseguia entender o que ele falava. Sua mente zunia, levou uma das mãos à cabeça, queria tanto que toda aquela confusão acabasse. Só o que queria era paz. Por que não conseguia ter paz?

O som da uma sirene trouxe um pouco de razão, sua razão perturbada, mas ainda assim lucidez. Bruscamente, desvencilhou-se dos braços gentis que a amparavam. Hospitais não, precisava ficar longe deles ou a internariam. Não, não podia e ela mesmo queria ter ido para um! Como era burra, tentariam levar para um lugar que não queria.

— Não.

Sakura deu três passos cambaleantes para longe do homem, mas ele logo a puxou e insistiu em leva-la para a clínica. Dessa vez ele não lhe pareceu como alguém que só queria ajudar, aos olhos de Sakura ele era o inimigo. Empurrou-o com toda a força que conseguiu reunir.

— Deixe-me em paz! — Bradou antes de começar a correr o mais depressa que pode. Afastando-se dos sons da sirene que ainda ecoavam em sua cabeça.

A rua em que a clínica ficava localizada não possuía uma movimentação tão intensa quanto na Avenida principal, virando a primeira esquina deparou-se com uma rua residencial. Estava no interior de algum bairro pacato com seus prédios de tijolos vermelhos e casas com tetos tradicionais e arbustos plantados nas calçadas. 

Seu peito queimava pelo exercício realizado a pouco. Observou as casas, as pessoas caminhando e a olhando com desconfiança. Apertou o casaco que usava contra o corpo. Não reconhecia parte alguma daquele lugar.   

O pânico voltou a toma-la e dessa vez ele não veio sozinho, seus olhos queimaram e lágrimas teimosas começaram a escorrer pelo seu rosto alvo. Não deveria ter saído de casa, levou uma das mãos ao bolso, mas seu celular não estava mais ali. Poderia ter o esquecido em casa, no táxi, na casa de Sai, ou deixado cair em alguma rua qualquer. Não sabia, não sabia de mais nada.

Sua cabeça voltou a ficar confusa e sua visão a turvar. Apoiou as mãos no corrimão de entrada de um dos prédios. Poderia sentir seus joelhos começarem a tremer outra vez, curvou o corpo para frente buscando se acalmar, buscando respirar.

Algo suave tocou suas costas. Sakura estremeceu e um leve aperto se fez presente, rapidamente ficou ereta. Sua primeira reação foi se esquivar, não queria ser levada ao Hospital mais uma vez. Não encontraria ajuda naquele lugar.

— Sakura? Querida, o que houve? — O som daquela voz a aquietou, em algum canto de sua mente ela lhe pareceu familiar. Mas ainda assim não conseguia liga-la a ninguém. Por perceber o distanciamento da jovem a senhora disse: — Sou eu, querida, a Mikoto... — aquele nome não foi associado a senhora de cabelos negros que a fitava com preocupação, mas sim a outra pessoa que também possuía cabelos negros, curtos e rebeldes

— Sasuke... — o nome escapou pelos seus lábios sem que desse por si

— Sim, sou eu, a mãe de Sasuke — Mikoto voltou a toca-la, mas dessa vez não foi repelida. Ligeira, Sakura se virou, agarrando-a pelos braços.

— Por favor, me leva até o Sasuke. Eu preciso dele! Preciso muito vê-lo — um pequeno grupo de curiosos começava a se formar ao redor delas, talvez por terem notado quem era a garota que chorava desamparada. Com gentileza Mikoto a puxou, escorando o rosto de Sakura em seu ombro e deixando que ela chorasse livremente, longe do olhar de todos.

— Tudo bem. Fique calma, nós iremos até ele. Agora pare de chorar, meu bem e me acompanhe — como uma criança a Haruno secou as lágrimas, enquanto a matriarca lhe dava “tapinhas” gentis nas costas dela, guiando-a com zelo. 

Mikoto não pretendia visitar Sasuke, tinha apenas saído para comprar alguns ingredientes para os pratos do buffet. Porém não tinha como deixar Sakura perdida, nem contraria-la, em seu atual estado. O melhor a fazer seria leva-la até o filho, afinal ele não morava assim tão longe dela, nem de onde as duas estavam.

Juntas pegaram um taxi. Sakura estava inquieta ao seu lado, olhava de um lado para o outro, ora desconfiada, ora absorta, em alguns momentos até parecia se esquecer de quem Mikoto era. Roía as unhas, as pupilas estavam dilatadas, apesar das roupas caras, ela parecia bagunçada demais para a garota que tinha conhecido no apartamento de seu filho. Conhecia muito bem aqueles sintomas e apiedou-se mais uma vez, fazendo outra caricia nas costas da Haruno. Sem deixar, é claro, de se preocupar com o tipo de pessoa que seu filho estava se envolvendo.

— Estamos quase chegando. 

         (...)

Tamborilava os dedos no volante do carro. Sasuke estava estressado, nervoso, irritado com a falta de resultados nas buscas e para melhorar estavam presos em um maldito engarrafamento.

— Não estamos chegando em lugar algum — Shizune não lhe deu atenção continuou a olhar sua agenda eletrônica. — Já ligou para dez pessoas, já fomos em dois lugares diferentes e ninguém a viu. Nós deveríamos ir atrás do tal do Neji. Tirar satisfações com ele, tenho certeza que sabe onde ela está — sem perceber apertou o volante com mais força que o necessário.

Neji era apenas um nome em sua vida. Sabia que tinha sido enfiado em toda essa história por causa dele e de uma aparente traição, mas Sakura não era a fonte mais confiável, ele tinha achado por um tempo que talvez a história fosse outra, que não tinha traição e que Sakura tinha inventado por não aceitar o fim. Mas agora ao ouvir a história e saber que ele era o causador do sumiço dela tinha certeza que esse não era um homem de confiança. Queria muito tê-lo na sua frente, lhe dar uns bons socos e arrancar uma confissão do maldito, saber exatamente o que ele disse a ela. O porquê de tê-la perturbado.

— Podemos ligar para a polícia também. — Shizune largou a agenda eletrônica apenas para fita-lo, como se ele tivesse acabado de dizer o maior absurdo do mundo.

— Está tudo sob controle e a polícia será só em último caso. Fique calmo, só não estão acostumado com esse tipo de coisa — sob controle? Não está acostumado? Isso era alguma piada?  Teve uma vontade sobre humana de socar algo ou alguém, mas a única coisa que fez foi apertar a buzina, descarregando toda a sua frustração.

Shizune se encolheu, irritada com o som, mas nada disse. Permitiu que ele prosseguisse por quase um minuto inteiro. Sasuke escorou a cabeça no volante, seu telefone vibrou no bolso, pensou em não atender, mas poderia ser Sakura. Pegou o aparelho às pressas, porém não era a Haruno e sim sua mãe. Quase não atendeu, mas ela poderia ficar chateada com ele, sempre ficava, na verdade.

— Mãe, eu estou um pouco ocupado agora... — mas sua fala foi cortada, não podia acreditar naquilo que ouvia, ofegou, virando o rosto para Shizune, a segurando pelo braço, chamando a sua atenção. — O que? Sakura está com a senhora? — Na mesma hora ela fechou a agenda prestando total atenção no que ele falava ao telefone. — Onde estão? Em casa. Ok... ok... estou indo para ai...

— Peça para que ela fique com Sakura e não a deixe sair de forma alguma — Sasuke engoliu em seco pela expressão nervosa de Shizune.

— Mãe, por favor, não saia e não deixe que ela saia — hesitou, desviando o olhar para frente —, invente alguma desculpa. Qualquer coisa, se ela insistir muito para ir embora você volta a me ligar, tá bem?

— Ok, meu filho — Mikoto observou Sakura que estava sentada em uma cadeira de frente para a grande janela do apartamento de seu filho, fitando a rua logo abaixo. — Farei o possível para não deixar que ela saia. Cuide-se — ele desligou a ligação com pressa.

Pensou em questiona-lo sobre o estado dela, porém preferiu deixar essa conversa para quando estivesse resolvido. Sasuke parecia agitado no outro lado da linha e isso também a preocupou. Faria algo para eles comerem, uma refeição descente, Sakura também deveria estar com fome. Ela bem sabia que se dependesse de Naruto e Sasuke eles comeriam qualquer porcaria todos os dias.

O cheiro de comida atraiu a atenção de Sakura. Ela saiu do pequeno canto onde tinha se isolado, aproximando-se de Mikoto, se sentando em frente ao balcão enquanto observava a Uchiha preparar a refeição. Estava bem mais calma do que quando tinha sido encontrada. O apartamento lhe era familiar, ali não se sentia tão acuada. Porém volta e meia ainda se encolhia, como se temesse alguma coisa.

— Onde está o Sasuke? Por que ele não chega? Por que ele não está aqui? — Sua voz saiu tão fraca e quebradiça que partiu o coração da matriarca. A Uchiha secou suas mãos e pegou nas da Haruno. — Eu preciso muito falar com ele...

— Ele logo, logo chega. Fique tranquila, ok? — Aquiesceu, Mikoto sorriu, pegando um pedaço de bolo e a servindo. — Enquanto isso vamos comer um pouco.

Sakura devorou o pedaço de bolo com uma voracidade tamanha. Depois do primeiro, comeu mais três e logo voltou a se agitar com a demora do Uchiha, mas isso não levou mais do que algumas caminhadas apressadas pelo apartamento. Mikoto ia atrás dela, a tranquilizando, não tentou sair nenhuma vez. Quando a refeição ficou pronta, ela comeu mais uma vez.

E ainda assim, nem sinal de Sasuke.

Desligou o carro, soltou o cinto de segurança e correu para dentro do prédio. Sua mente não conseguia registrar mais nada, nem mesmo os gritos de Shizune as suas costas. Só conseguia pensar que precisava vê-la, precisava entender exatamente o que estava acontecendo e o que tinha acontecido. E, principalmente, precisava assegurar-se de que ela estava bem.

Mesmo ciente de que ela estava com a sua mãe e não haveria pessoa melhor para cuidar de alguém. Ele precisava ver com os seus próprios olhos.

Ao abrir a porta avistou sua mãe com uma expressão preocupada. Encostada a parede, e a sua frente estava Sakura, comendo alguma coisa tão vidrada que nem ao menos o notou. Deu alguns passos para frente e ainda assim o prato de comida parecia muito mais importante do que ele.

— Sasuke... — Mikoto chegou a caminha em direção ao filho, mas ao ouvir o nome, Sakura ergueu a cabeça. Não demorou muito para que ela o avistasse, largou o garfo que segurava e correu até ele. Jogando-se nos braços do Uchiha.

Abraçou-o com força e não demorou para que começasse a beijar o rosto dele, até chegar os lábios, tomando-os com sofreguidão. Agarrando-se ao corpo dele, como um naufrago se agarra a uma tabua à deriva. 

— Eu preciso de você, preciso de você comigo, preciso tanto... — soltou-o, para logo em seguida segurar o rosto com ambas as mãos. — Eu passei a tarde pensando em você... — ela não o soltava, dizia em meio aos beijos, parecia ter esquecido que tinha outras pessoas no recinto.

— Sakura... Sakura... — tentou chamar sua atenção, porém nada ocorreu. Então a agarrou pelos punhos finos, afastando-se do toque insistente dela, sacudindo-a bem de leve. — O que está havendo?

No entanto seus movimentos não foram bem recebidos, pois ela começou a chorar, sacudindo-se desesperadamente de seu agarre, a soltou apenas para que ela grudasse nele outra vez. Dessa vez sem beijos, ela escondeu o rosto na curva do pescoço de Sasuke.

— Por favor não me deixe, não me afaste. Eu preciso de você, eu só tenho você... — o choro dela era audível e fazia com que o delicado corpo dele estremecesse a todo momento em seus braços. Nunca tinha passado antes por uma situação tão agonizante. — Eles me odeiam, todos eles me odeiam... vão me pegar, não vão me deixar ficar com você — a situação o tirava do eixo. Queria que aquilo tivesse um fim. Simplesmente odiava quando as coisas fugiam de seu controle e era exatamente isso o que estava acontecendo naquele momento. O que tinha acontecido o dia inteiro. O que vinha acontecendo desde que a conheceu.

— Eu preciso que você se acalme e me explique...

Sasuke segurou o rosto delicado entre seus dedos, por um instante teve a total atenção dela e realmente achou que suas dúvidas seriam sanadas Sakura parecia estar se acalmando aos poucos, no entanto Shizune surgiu no batente da porta e a aparição dela dispersou a calmaria totalmente. Com brusquidão Sakura se afastou do toque dele, dando vários passos para trás.

— Tire-a daqui! Tire agora! Ela é um deles. Ela vai me deixar ficar aqui, não vai me deixar ficar com você. — Gritava a plenos pulmões, se abraçando com os próprios braços.

— Sakura... — parecia que ela estava tendo outro surto. Sakura tapou os ouvidos com as mãos, não queria ouvir o chamado daquela mulher. A cada passo de Shizune, a Haruno recuava mais e mais. Amedrontada, agitando-se ainda mais.  

— Ela veio a mando de Tsunade, ela vai contar a minha mãe. Meu pai vai ficar sabendo — estava escorada a parede como um gato assustado —, vão me internar. — quando ela se encurvou e sentou no chão aos prantos o destruiu. Aquela não era a Haruno que ele conhecia. A garota que o prensou a parede no ano novo não estava ali, não podia estar ali.

— Ninguém vai nos separar — disse por impulso, mas não se arrependeu. Deu alguns passos em direção a ela, tapando Shizune e sendo o único alvo dos olhos esverdeados.

— Ninguém? — Sasuke se aproximou ainda mais, notando que ela continuava receptiva a ele.

— Ninguém. Eu não vou deixar e também não vão tira-la daqui contra a sua vontade Ninguém vai, eu prometo— um pequeno sorriso surgiu nos lábios dela e ele se permitiu ser contagiado por ele. Agachou-se ao lado dela, a puxando para seus braços. — Está tudo bem. É a Shizune. No fundo você sabe que ela nunca lhe faria mal, só te ajudaria.

Naquele momento Sakura parecia precisar dele de verdade e apesar de não querer admitir também precisava dela. De uma forma completamente diferente e ao mesmo tempo mais dependente. Já que ela estava tendo apenas um surto, logo passaria. Quanto a dele era uma necessidade continua, que não seria suprimida tão fácil assim. 

A leve caricia que ele fazia a acalmou, o choro parou outra vez e ela ergueu a cabeça, beijando-o mais uma vez. Sasuke sabia que não deveria ceder, não poderia se aproveitar de alguém que não estava em seu juízo perfeito. Aquela não era uma situação normal, aquela não era a sua Sakura. Não deveria se deixar levar, não deveria mesmo. Porém a teoria era muito diferente da pratica e ele se via desejoso de se entregar aquele toque suave, aquele beijo. Ele queria tanto.

Afagou os cabelos claros com ternura e virou o rosto, encostando sua bochecha no topo da cabeça de Sakura. Ela estava totalmente relaxada e tranquila em seus braços. Com um movimento de mão, Sasuke chamou Shizune, que se aproximou dos dois com cautela.

— Sakura, você sabe que não podemos continuar aqui. Temos o desfile, lembra? — Ela se retraiu, mas sem rompantes.

— Eu não quero ir — a voz saiu baixa, ela virou o rosto para o peito dele, inspirando o cheiro maravilhoso que Sasuke tinha. — Eu quero ficar aqui com você, só com você.

— Sakura, você e o Sasuke tem um compromisso... — Shizune recuou um pouco ao vê-la se retesar, mas só o fato de não explodir como antes era um incentivo para que eles continuassem — Não contarei a sua mãe, nem a Tsunade. Nós vamos dar um jeito, mas você precisa vir comigo e fazer um desfile deslumbrante. E o sucesso da noite vai fazer com que qualquer coisa que o Neji possa ter ti dito suma — a menção daqueles nomes principalmente o ultimo levou a Haruno para um outro estagio, trazendo de volta outras lembranças.

Sakura soluçou baixinho e os dois se preocuparam com isso, ficando tensos imediatamente. Ao invés de permanecer agarrada a Sasuke, ela o soltou estendendo os braços e se jogando para Shizune que se desequilibrou e caiu sentada no assoalho de madeira.

— O Neji... ele falou comigo... ele estava lá — as palavras saiam quase em um miado — Foi horrível. Ele disse que nunca gostou de mim, foi tudo uma mentira. Nada era real. — Shizune a abraçou, tentando acalenta-la.

— Vai ficar tudo bem, lembre-se de tudo que está fazendo — sacudiu a Haruno bem de leve, tentando anima-la, mas não houve efeito. — Ele falou por despeito, deve estar chateado com as notas que saiu sobre você e o Sasuke. Não se importe com isso, não se importe com o que ele diz.

— Eu achei que ficaríamos bem, que voltaríamos a ser um casal feliz — ela deu uma risadinha sem humor —, ele me abraçou, me beijou. Parecia que finalmente nós voltaríamos a ser como antes e então ele começou a despejar coisas horríveis. — Shizune aos poucos ia erguendo Sakura junto com ela.

— Eu sei, querida. Eu sei — em meio a sua história, ela nem percebeu que estava sendo guiada para fora do apartamento, ocupada demais em relatar tudo que Neji disse e fez e como ela tinha se sentido com isso.

Para ele a realidade surgiu rápido demais e o início daquele discurso foi paralisador.  Sabia que não deveria ficar tão chocado assim, estava ciente de que era apenas o quebra galho, o degrau para Sakura alcançar o que queria: Neji. Era por causa dele que tudo tinha se iniciado, eventualmente voltariam e ele seria esquecido. Uma página virada, um plano que deu certo. Ele era como o macete para chegar a uma formula de física difícil.

E apesar de saber de tudo isso não pode deixar de se sentir traído por Sakura. Eles tinham se beijado diversas vezes só hoje. Ela o tinha beijado diversas vezes. Estava ali, sufocada em sua própria dor e pedindo desesperadamente para que ele a amparasse. Mesmo assim tudo isso não tinha significado nada, porque ela só o desejava porque outro tinha partido seu coração e não por ele em si. 

 — Sasuke...

A voz quebradiça o despertou.

— Você não vem? — Não a fitou, não queria vê-la, não agora. Não quando queria manter distância e sabia que seria difícil pelo estado dela.

No fundo queria ter dito que não ia mais e que a partir daquele momento ele estava fora de toda aquela confusão. Chega! Chega de desfile, Sakura, Orochimaru e sua prole. Chega de fazer um inferno na sua vida. Deveria ter gritado isso a plenos pulmões e batido a porta na cara dela Que tudo explodisse!

Porém ele não fez nada disso.

Pelo o orgulho ferido não a respondeu, apenas balançou a cabeça em direção a porta de casa, andando devagar para dar tempo dela e Shizune saírem na frente e quem sabe sumirem na escada. 

— Sasuke.

Esse chamado ele atendeu, se virou para sua mãe, observando suas feições preocupadas. Sabia que devia algumas explicações a ela. Toda essa cena que ela presenciou, além de tudo que foi dito sobre o outro namorado e o que mais Sakura falou no caminho até o apartamento deles. Muita coisa e uma conversa nada fácil.

— Vai ficar tudo bem? Você tem mesmo que ir? — aquiesceu, dando um longo suspiro.

— Sim, eu dei minha palavra que iria ajuda-la nisso então... — Mikoto junto as mãos em frente ao corpo, apertando-as nervosamente.

— Precisamos conversa. Eu estou preocupada com você, com ela... com o que possa vir a acontecer... — Sasuke cruzou o apartamento, indo até ela e pegando em suas mãos.

— Fique calma, está bem? Sakura só teve um pequeno... contratempo. Eu sei que você viu e ouviu coisas que não esperava, mas não se preocupa, ok? Quando eu voltar, nós conversamos — deu um beijo nas mãos de sua mãe — Não vou deixar de dar notícias dona Mikoto — ela sorriu e concordou, tirando pelos menos essa preocupação dos ombros dele e permitindo que partisse sem problemas pendentes.

O trajeto foi uma tortura. Ouvir Sakura choramingar por causa de Neji era uma provação, pior ainda quando ela se aconchegava nele, foi preciso muita força de vontade para não repeli-la. Se ela estava esperando a mesma atenção de antes, estava enganada, pois não receberia. Para sua sorte era ele quem dirigia, então sua falta de zelo tinha uma desculpa.

A vulnerabilidade de Sakura, o levava a entrar em contradição, a odiava e ao mesmo tempo queria pega-la no colo e proteger de todo o mundo. Tudo isso era muito confuso para ele. Até porque não tinha o hábito de ser superprotetor.

Assim que eles chegaram Shizune o fez dar a volta e entrar pelos fundos do hotel, em uma viela suja. Orochimaru e Kabuto já estavam à espera deles. Havia uma entrada escura e feia ali, ao atravessarem a porta foram levados por um corredor mal iluminado em direção a cozinha do hotel.

Passavam rápido pelos cozinheiros que os fitavam com curiosidade, acotovelando uns aos outros para mostrar a movimentação estranha. Sasuke esperava gritos, esporro, um ataque a parte do estilista, porém estavam em silêncio. Orochimaru abraçava Sakura que tinha o braço segurado por Kabuto com Shizune logo atrás, a mesma expressão séria no rosto dos três.

Não passaram pelo hall de entrada para o Hotel, mas sim por outro corredor, até chegarem no corredor restrito dos camarins. As pessoas começaram a surgir, alguns modelos e assistentes que tinham passe para andar por ali, Gaara estava na ponta, do seu próprio camarim e ao vê-los sorriu, “a festa” havia chegado como ele tinha dito.

Orochimaru a soltou e Shizune deslizou para a ponta em que ele estava. Pararam em frente a porta do camarim de Sakura, a voz de Oro ganhando espaço entre o burburinho exigindo que as roupas de Sakura aparecessem e uma equipe fosse para até ela para apronta-la. Com um sincronismo absurdo Shizune guiou Sakura para uma cadeira enquanto Kabuto estava a voltas dentro do camarim, preparando um tipo de coquetel.

Péssima hora para beber, foi o que ele pensou, mas não disse. Porque de alguma forma ninguém mais se chocou com aquilo. Um saquinho com um pó branco foi largado na bancada em frente a Sakura. 

— Você vai fazer como eu disser, vai me obedecer para que tudo dê certo, está bem? — Ela concordou com um aceno, mas parecia infeliz. Sasuke ficou tenso, sem entender o que estava acontecendo ali. O que estava havendo? Com o que ela poderia estar concordando? Tudo o que dê certo?

Sasuke começou a entrar no local, mas logo que a atenção de Sakura caiu sobre ele, os olhos esverdeados se arregalaram. Estava bem mais lucida do que em seu apartamento, em local comum, ela sabia o que aconteceria ali, já tinha ocorrido outras vezes era familiar, mas mesmo assim ela ficou constrangida perante a ele. Desviou o olhar e escondeu na manga do casaco o pequeno saquinho largado na bancada.

— Por favor, tire-o daqui — outro baque, que ele não estava preparado para ouvir. Como assim ela o queria fora dali? Orochimaru que até aquele momento estava fora do cômodo gritando ordens segurou seu ombro e o puxou para fora do camarim.

— Eu quero ajudar. Eu posso ajudar...— Oro não o encarava apenas balançava a cabeça em negação.

— Assim é melhor, Sasuke. Faça o que ela quer.

— Sakura. Sakura!

O chamado dele atraiu o olhar de todo mundo fora do quarto, mas ele não deu importância. Pode ver Sakura fechar os olhos, enquanto grossas lágrimas caiam. Ela virou o rosto, afundando a cabeça no antebraço.

— Por favor, não deixe que ele veja, que participe. Por favor! — Orochimaru fechou a porta, empurrando-o em direção ao camarim dele, dois assistentes em seu calcanhar, ajudando-o na empreitada.

— Sakura! 

Seus gritos de nada adiantaram, ele poderia deixar para lá e esperar, mas não podia. Não depois de do que viu segundos antes da porta se fechar por completo. O dito tão eficiente assistente de Oro estava arrumando carreirinhas de pó branco na bancada da penteadeira. Ele sabia o que era aquilo, o que significa e por alguns instantes ficou sem chão, com as palavras de Tsunade voltando a sua cabeça. Os métodos não ortodoxos.

Vão droga-la e não havia nada que ele pudesse fazer para impedir, pois o show precisa continuar.


Notas Finais


Pobre Sasuke, pobre Sakura. Situações bem complicadas. Sasuke estava todo apiedado, todo apegado, mas levou um baque por conta do Neji e agora ele tem que lidar com isso e o feel que bateu. Quanto a Sakura, nossa bichinha não está nada bem. ;x
Não deixem de me dizer o que acharam do capitulo. Até o próximo; <3
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