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História Always - SNARRY - Capítulo 24


Escrita por: LeChatNoir_

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 24 - Capítulo 24


 

Ele andava em meio da Floresta Proibida, enquanto sentia seus pés se afundarem nos galhos e folhas secas conforme caminhava lentamente. Ele tornou em mãos o pomo de ouro que Dumbledore havia deixado a ele, e com algumas palavras certas sussurradas, o pequeno objeto reluzente se abriu, apresentando a Pedra da Ressurreição em seu interior.

A situação se dissipou em névoas e mudou.

Agora ele já se via no centro de uma pequena roda, composta por todas aquelas pessoas que ele amava e que as perdeu. Ele sentiu um nó na garganta ao olhar para o rosto de sua mãe, de seu pai, de Remus e principalmente ao olhar para seu padrinho, Sirius.

A saudade apareceu junto com uma forte dor no peito, criada a partir da vontade que ele tinha em tê-los ali, junto com ele, fazendo realmente parte de sua vida.

E a cena mudou novamente.

Agora ele já se encontrava em frente ao Voldemort, ele encarava aqueles olhos penetrantes e juntamente aquele sorriso louco estampado no rosto do Lorde. Como em segundo plano, ele escutava a voz de Hagrid, a mesma voz que um dia lhe dissera que ele era um bruxo. Mas agora a voz familiar falava com desespero, a voz dizia a ele para sair dali, o dizia para fugir.

Mas ele não iria fazer isso, ele tinha a total certeza que aquilo era o certo a se fazer. Ele estaria salvando muitas vidas apenas com a sua própria. Era um sacrifício que valia a pena.

E então outra voz apareceu e invadiu sua mente fazendo com que ele ficasse momentaneamente confuso. Seu raciocínio voltou a funcionar quando começou a se lembrar do que estava acontecendo.

Harry estava caído.

Ele não estava na floresta.

O Avada Kedavra não foi proferido por Voldemort, era uma pessoa diferente que havia feito isso com ele. Ali no labirinto, ele sentiu a familiar dor instantânea e rápida percorrer seu corpo após ouvir tais palavras serem ditas com tanta clareza. E mesmo com os olhos já fechados, ele pôde ver o clarão verde o atingir em cheio.

Avada Kedavra.

Aquelas palavras iam e vinham em seu subconsciente fraco. Ele estava morrendo? Parecia que sim. Mas então por que ele ainda conseguia ouvir alguém chamando por ele?

Harry sentiu seu corpo dormente se mexer involuntariamente, aquilo havia sido uma alucinação? Sentiu agora algo descer por sua garganta, era quente e doce, mas depois se tornou amargo e frio.

Ele se sentia estranho.

Harry não conseguia mais dizer o que era real ou não.

E antes que concluísse sua linha de raciocínio, se sentiu cair em uma completa escuridão.

 

...

Harry se mexeu desconfortavelmente sentindo dor em todo seu corpo, o que diabos tinha acontecido?

Ele reuniu forças para abrir os olhos, ele precisava saber onde estava. Harry tentou abri-los, mas não conseguiu. Através de suas pálpebras ele pôde ver uma sombra passar através de seus olhos fechados, alguém estava ali.

Ele aguardou mais um pouco e então seu corpo pareceu corresponder às suas vontades. Ele abriu os olhos e se sentou lentamente na cama, apoiando seu peso nos braços, e como de costume, automaticamente ele se virou para pegar seus óculos que logo estariam na mesinha na cabeceira de sua cama.

No meio do gesto ele parou ao perceber que não havia nenhuma mesinha e que os óculos estavam em seu rosto. E então caiu a ficha de que ele estava em uma cama. Como ele foi parar em uma cama?

Ele se concentrou, tentando lembrar-se da última coisa que fizera.

Snape.

Ele se lembrou de estar no labirinto com Snape. E depois... eles se separaram. E então em seguida ele se deparou com um Comensal. Era isso, ele lembrou. Quando Harry se encontrou com o homem, lembrou das palavras ditas pelo mesmo, palavras na qual diziam que Snape estava usando-o, que apenas estava o levando consigo para entregar ao Lorde e voltar a ser um Comensal novamente, ter sua vida de volta, a vida obscura da qual sentia tanta falta.

Mas isso não poderia ser verdade, Snape não era assim. Ou era? Ele estava certo que não conhecia o professor muito bem, apenas sabia de tudo o que ele já havia passado e feito por ele e por Dumbledore. Mas ele confiava no homem que havia tantas vezes salvo sua vida.

Quando Harry olhou para o outro lado do local em que se encontrava, os seus olhos se cruzaram e ele pode ter mais certeza ainda que mesmo com todas as desconfianças, ele ainda era capaz de sentir que Snape não lhe faria mal.

“Onde...” ele pigarreou, tentando livrar a voz da rouquidão “Onde estamos?” Perguntou ainda com a voz fraca.

Snape caminhou em sua direção e parou ao lado da cama alta, que fazia com que Harry mesmo estando sentado nela, não precisasse erguer muito a cabeça para olhar para Severus.

“Como você está se sentindo?” Snape perguntou.

“Eu estou bem” Harry colocou a mão no peito, sentindo que quando respirava aquela região doía mais “Exceto por essas dores aqui”.

“Logo elas irão passar” respondeu gentilmente “Dei algumas poções a você algumas horas atrás”.

Harry assentiu e voltou a analisar o lugar em que estava com mais concentração e percebeu que aquele lugar era a barraca em que estavam passando todas as noites anteriores. E reparou que apenas não havia concluído isso antes porque realmente ela estava muito diferente do que estava acostumado. Ela parecia ser mais ampla e era mais escura. Havia pequenas luminosidades nos quatro cantos e também espalhadas pelo meio da barraca, mas a sensação de estar mais escuro vinha do pano da barraca que o cercava, em vez de ser claro como ele estava habituado, o pano era completamente escuro e preto. Havia também a grande cama de casal no meio onde ele estava, em vez de duas pequenas como anteriormente.

“Por que mudou tudo?” perguntou quando viu que Snape estava observando ele avaliar internamente todo o local.

“É melhor assim” Snape se sentou nos pés da cama “Desta maneira ficamos mais seguros”.

Harry não entendeu de imediato, mas foi capaz de compreender pelo menos que a proteção preta fazia com que eles não pudessem ser observados, ao contrário da antiga que do lado de fora era possível ver as sombras e silhuetas de quem estava do lado de dentro.

“E por quanto tempo eu... bem, fiquei assim?”

“Apenas um dia. Na verdade, fazem exatamente vinte e quatro horas e meia que você está inconsciente, Potter”.

Harry se espantou com todo o tempo que havia passado, ele poderia jurar que teriam sido apenas alguns minutos, ou pelo menos no máximo uma hora. Mas um dia inteiro era muita coisa.

“Me desculpe.” Harry disse, esperando que o professor não o xingasse ou fizesse algum comentário irônico contra ele “Eu realmente deveria ter tido mais atenção, foi um descuido meu. Prometo que não acontecerá novamente”.

Harry aguardou e para sua surpresa, Snape ficou em silêncio, imerso talvez em seus pensamentos enquanto encarava nada em específico. Ele preferiu não falar mais nada e tentar não piorar tanto a situação, já que até agora, ele estava sendo apenas um atraso para Snape.

Severus franziu a testa, e Harry percebeu que alguma coisa não estava normal, afinal o professor estava demonstrando alguma expressão, o que era quase que inédito.

“Professor...?”

O homem continuou sentado nos pés da cama, sem demonstrar nenhuma reação ao ser chamado por Harry.

“Está tudo bem?” o menino se arrastou para os pés da cama também “Aconteceu algo?”

Snape virou a cabeça e se deparou com a imagem de Potter o encarando com aqueles olhos verdes e arregalados.

“Você é um idiota” falou.

“Eu sei” Harry se encolheu com a afirmação “Foi um descuido. Como eu disse, prometo que...”

“Não foi apenas um descuido, Potter.” Snape o interrompeu “Você poderia ter morrido. Era para você estar morto neste exato momento. Você compreende isso?”

Os olhos de Harry se arregalaram ainda mais, ele não estava surpreso pelas palavras do professor, estava surpreso pelo sentimento confuso presente na maneira de como elas foram ditas. E o ocorrido anteriormente no labirinto havia parecido apenas um sonho distante, a morte havia se tornado tão natural, o perigo, as trevas roubando sua vida, tudo era tão natural que o alívio por estar vivo não era mais tão grande.

Mas ao ouvir Snape dizer isso, ele se deixou acordar por um momento e finalmente perceber a situação. A primeira coisa que veio a sua cabeça foi Rony e Hermione, mesmo estando um pouco distantes, ele os amava tanto, e só de pensar na possibilidade de nunca estar com eles novamente, Harry permitiu a si mesmo de sentir a tristeza. Permitiu a si mesmo de sentir o desespero e o medo de morrer.

“Agradeça ao Voldemort” Snape cuspiu as palavras continuando a falar e percebeu a expressão feita pelo mais novo “Sim, a ele. Se não fosse por ele, juntamente com aqueles malditos poderes, você estaria morto, Potter. Agradeça a ele por ter lhe passado tudo quando você o matou.”

Isso sim havia o surpreendido.

Voldemort? Ele deveria ser agradecido por não ter lhe deixado morrer? A ideia era um tanto absurda e irônica. O homem que matou inúmeras vidas, que no caso, inclui a de seus pais, lhe deu dons? A ideia era tão contraditória que ele poderia rir se não estivesse ainda espantado com o fato. Era difícil, se não, impossível de acreditar em tal coisa.

Harry ainda estava sentado na cama, ao lado de Severus, ele pensou em sair dali para ficar um pouco sozinha, mas não havia nenhum lugar na qual ele pudesse ir.

“Certo” Harry disse tentando se mostrar pouco incomodado “Eu já entendi, senhor. Mas estou bem vivo, acho que é o que importa.”

“Não, Potter.” Snape disse com os dentes cerrados “Você diz isso porque não sabe o inferno que foi ver você caído naquele chão.” O professor segurou o menino pela camisa, enquanto tentava controlar as palavras “Você não sabe pelo o que eu passei, então não me venha pedir desculpas e dizer que não vai acontecer novamente!”

Harry abriu a boca para falar, mas ele não foi capaz de dizer nada, sua voz não saiu e mesmo que saísse algo de sua boca, não saberia se seria o certo a se dizer no momento.

“Você é um idiota” Snape sibilou novamente olhando nos olhos do rapaz enquanto os nós de seus dedos se esbranquiçavam por segurar a camisa do menino com força.

“Eu...” ele ainda não sabia o que dizer. O que seria isso, uma mentira de mau gosto do professor? Ou aquelas palavras seria verdade? Porque para ele, Snape parecia estar sendo bem sincero. O que fez, claro, Harry ficar mais perplexo por saber que o professor realmente se importava com ele. E principalmente porque ele mesmo havia dito isso.

Mas mesmo estando na atual situação, a consciência de Harry gritava para ele não acreditar e não se deixar levar por apenas palavras. Ele precisava mais do que isso. Ele precisava mais do que isso se ele quisesse assumir para si mesmo que gostava de Snape. Que gostava de tê-lo por perto e de beijar ele.

Snape o soltou e voltou a encarar qualquer coisa, menos o garoto em sua frente.

Enquanto a mente de Harry debatia consigo mesma, ele deixou involuntariamente que seus pensamentos se transformassem em palavras “Eu não entendo...” disse, no mesmo lugar com a voz baixa.

“O que você não entende, Potter?”

Depois de notar que havia deixado seus pensamentos escaparem, resolveu ignorar a vergonha e o medo e falar o que realmente estava pensando.

“Você me odeia. Você sempre odiou.” Harry se levantou e começou a andar, disfarçando o nervosismo “Você pode estar gostando de brincar comigo desse jeito, mas eu cansei.”

Ele passou a mão nervosamente pelos cabelos bagunçados.

“Eu não queria estar aqui.” Afirmou “Eu queria estar em Hogwarts terminando o ano, conversando com meus amigos, queria estar jogando Quadribol. Eu queria estar lá, despreocupado.” Ele parou em frente ao professor “Tem horas que eu penso que vale a pena estar aqui, eu digo a mim mesmo que vale a pena porque eu estou com você e eu gosto de você.” Céus, Harry não acreditou que havia dito isso em voz alta “Mas parece que você gosta de me deixar confuso e sem saber no que pensar.”

Harry suspirou e voltou a andar pelo local, continuando a falar.

“Pelo menos uma vez na vida você pode ser sincero comigo? Você pode me dizer tudo o que eu deva saber, e o que seja preciso eu saber, sem ser através de uma penseira enquanto eu sei que você poderá estar morrendo?”

“Cale a boca, Potter.” Snape se levantou também, não conseguiu ficar sentado enquanto ouvia o garoto atirar tantas palavras para ele. “Se eu fiz o que fiz, ou escondi de você o que escondi, foi porque foi necessário. Agora para de se portar como uma criança, é ridículo.”

Ali estava novamente, Snape levava a conversa para outro rumo, ele tomava o caminho em que suas palavras apenas julgavam o menino e escondia o que ele realmente sentia. Seria muito pedir por isso? Seria muito querer saber se Snape tinha o mínimo de afeição por ele que ia além do interesse da missão?

Talvez se Harry não estivesse ido para aquele lugar, Severus continuaria sendo sempre o professor chato e injusto, e não seria o homem que começou a mexer com ele de maneira tão absurda.

“Quer saber?” Harry falou “Esqueça tudo” bufou “Não vou mais gastar tempo com isso”.

Tentou convencer a sis mesmo que tentaria esquecer sobre o assunto. Harry foi caminhar até a saída daquela estúpida barraca para ficar sozinho, porém percebeu que não havia saída em nenhum lugar. Antes que pudesse formular alguma pergunta em seu estado de mau humor, a voz de Snape interrompeu seus pensamentos.

“Então diga, Potter”. O mais velho falou “Diga o que quer saber.”

Harry se virou para o professor, sem saber o que exatamente queria ele saber. Porque novamente, ele não esperava por aquilo.

Um rápido pensamento passou pela cabeça do menino, desde que ele acordara, apenas surpresas e coisas completamente inesperadas foram ditas por Snape.

“E você será sincero?”

“Completamente.”

Mesmo com a afirmação, Harry ainda desconfiava que o professor fosse mesmo falar com sinceridade.

Snape voltou a se sentar no mesmo lugar de antes e agora que o menino estava um pouco mais calmo, se sentou aos pés da cama também.

“Você me odeia?” Foi a primeira pergunta que passou por sua cabeça, e ele sabia que havia sido uma pergunta estúpida.

“Sim, eu te odeio.” Respondeu com calma.

Harry respirou fundo.

Afinal, o que ele esperava? Uma declaração de amor?

Mas se ele me odeia...

“Porque me beijou?”

“Essas realmente são suas perguntas, Potter?” Snape se mexeu desconfortavelmente “Realmente?”

“São idiotas, eu sei. Não precisa perder tempo dizendo isso para mim” Harry disse “Apenas responda”.

“Não vou responder isso” o professor disse seco “Pergunte outra coisa.”

“Você disse que responderia qualquer coisa” lembrou o garoto.

Snape suspirou, acalmando-se “Em nenhum momento eu falei algo parecido, Potter. Apenas disse que seria sincero.”

“Tá, certo.” Harry desistiu por ora, mas mentalmente concluiu que voltaria para essa pergunta mais tarde “Então me diga sobre Voldemort. Por que acha que ele que me deu alguns poderes? Não acha que eu possa ter desenvolvido por mim mesmo?”

“Não. Não acho. Primeiramente porque para você ser capaz de tal coisa seria preciso estudar Arte das Trevas, e eu sei que você não anda fazendo isso. E também não é algo que você apenas desenvolve, é preciso ter uma certa obscuridade e má intenção para ser capaz de fazer isso.”

“E o que foi exatamente que eu fiz?”

“Você não. Voldemort” ele corrigiu Harry “Não sei dizer se o que ele fez foi proposital ou não. Mas você é agora imune às três maldições imperdoáveis e também à feitiços mentais, como Obliviate e Legilimens e vários outros, desde os comuns até os mais complexos. Eu tentei na noite em que você foi na minha sala e incrivelmente você ganhou algo a mais para te proteger” Harry sentiu um pouco de ironia do professor na ultima frase, mas pôde tentar entender o motivo de ter sido expulso da sala no dia de sua detenção do nada. “Ninguém pode mais entrar em sua mente, a não ser que você mesmo lance intencionalmente um feitiço em alguém para mostrar algo a ela.”

Harry estava de certa forma grato com aquela proteção, ele não poderia reclamar. Era completamente ótimo ele sentir a privacidade de seus próprios pensamentos, já que sempre foi horrível em tentar esconder algo de qualquer um, inclusive do Lorde das Trevas.

Snape se adiantou antes que Harry fizesse mais alguma pergunta.

“Eu vou dormir agora, Potter. Sugiro que faça o mesmo.” Ele se levantou e se encaminhou para suas bolsas “Amanhã provavelmente chegaremos em nosso objetivo, é bom você estar preparado.”

“Eu ainda tenho mais uma pergunta” duas, aliás, Harry pensou lembrando-se sobre o beijo que Snape não respondeu.

O menino observou as mãos de Snape pararem o que estavam fazendo dentro da bolsa de couro, significando que Snape lhe concedera a última pergunta.

“Quando eu fui atingido pelo Avada, você que estava tentando me salvar naquela hora, certo?” Ele viu o professor assentir com a cabeça, mesmo estando de costas “Então por que você diz que foi ruim ter me visto caído quando você diz que me odeia?”

“Você e todo esse seu sentimentalismo, Potter.” Snape disse, virando-se de frente para o menino que ainda não havia saído do lugar “Se você fosse talvez um pouco mais inteligente, provavelmente soubesse o porquê.”

Talvez Harry realmente soubesse o porquê, mas não queria pensar nessa alternativa, não queria para não se decepcionar mais uma vez “Então me explique. Claramente.” ele disse “ Tudo está confuso, apenas peço sua sinceridade.”

O professor ergueu uma de suas sobrancelhas, percebendo a vulnerabilidade de que o rapaz se encontrava. Se ele quisesse, poderia brincar com os sentimentos do mais novo facilmente, poderia fazer com que ele se envergonhasse ou qualquer outra coisa que o fizesse pagar por tudo o que seu pai lhe fez passar em sua maldita adolescência.

Snape nunca havia tido essa oportunidade.

O rosto angelical e inocente lhe encarava com angústia, esperando por uma resposta que ele já sabia qual era.

A oportunidade estava ao seu dispor, completamente de braços abertos a ele. Mas isso só fez com que ele percebesse que aquilo estava errado. Ele poderia sim se vingar pela humilhação que passou e descontar tudo no garoto na sua frente, mas por que ele não se movia? Por que alguma parte dele tinha o pensamento que seria totalmente errado e irracional? Por que, que por mais ele tentasse fazer algo, seu corpo se mantinha parado, perdido naqueles olhos?

Era isso que estava errado. Ele não possuía vontade de fazer nada ao Potter, pelo contrário, ele sentia que era capaz de protegê-lo com sua própria vida novamente. O resto de senso que lhe restara gritava em sua mente para não pensar assim e agir como sempre agiu, mas ele não era mais o mesmo, Snape mudou. Potter o mudou.

Chegando a essa conclusão, Snape sentiu uma necessidade de sair dali, ele precisava lidar com isso sozinho. Ele precisava reerguer a barreira que de algum modo, Potter havia passado por ela. Ele queria colocar a máscara em seu rosto que apenas mostrava a frieza e indiferença.

Ele queria fazer isso e precisava. Pois ele sabia que tudo o que sentia apenas o faria sentir dor ao ser rejeitado novamente.

“Eu sei o que quer ouvir, Potter” Snape forçou a voz, já que saíra fraca inicialmente “E isso, claramente, não é bom para nenhum de nós.”

Harry piscou, tentando entender “Espere, está dizendo que...”

“Este não é lugar para ficar lidando com esse tipo de envolvimento. Você só está tornando tudo pior. Apenas pare” Ele disse firme “Chega.”

“Não, não.” O rapaz se levantou esperançoso “Finalmente estamos chegando a algum lugar. Você não percebe que eu estou aqui depositando minhas esperanças em você?”

“Obviamente. Não é como se você fosse um mistério, Potter”. Comentou arrogantemente.

“Então apenas diga o que sente. Nada ruim pode acontecer por conta disso”.

Severus soltou uma curta risada vazia, achando inacreditável a situação. Nunca em toda sua vida, imaginou um momento como este com o garoto.

“Deposite suas esperanças em outra pessoa” ele pigarreou “Fique com a Weasley e esqueça tudo isso.”

“Posso te beijar?” Harry perguntou, ignorando as palavras do professor.

“De maneira nenhuma!” respondeu.

“Por que não?”

“Por que não?” repetiu a pergunta “Acho que essa sua cabeça vazia não compreendeu o rumo da conversa que estamos tendo, Potter.”

“Na verdade, eu entendi. Perfeitamente” ele concordou com a cabeça, olhando fixamente nos olhos de Severus “Eu entendi que você não quer confessar, mas pelo menos você sente algo por mim, mesmo que seja mínimo. Eu passei boa parte da minha vida em Hogwarts e isso me fez, involuntariamente, passar a te conhecer. Você não é assim. Você não conversa assim. E você não se comporta assim. Você é o Snape, é o professor que todos odeiam e têm medo, mas aqui, apenas comigo, você é diferente.”

“Potter” Snape o chamou.

“Você sabe que eu estou certo. Por que não tentar?” insistiu “Você não precisa se preocupar, sabe que talvez nem saiamos vivos daqui”.

“Potter!”

“Não,” ele não ia desistir assim “você sabe o que quer. Não faz sentido se privar assim.”

“Potter.” Snape disse novamente, já com os dentes cerrados pelo o menino continuar falando.

“O quê?” Harry suspirou.

“Me beije.”

 

 


Notas Finais


Até mais!


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