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História Always - SNARRY - Capítulo 32


Escrita por: LeChatNoir_

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 32 - Capítulo 32


 

 

Harry se remexeu na cama familiar e confortável, quando o ar encheu profundamente seus pulmões, o odor de grama molhada e poeira invadiram seus sentidos. Ele havia tido uma boa noite de sono, e embora se sentisse cansado enquanto se arrumava lentamente para sair do dormitório, estava mais disposto do que estivera a semana anterior inteira.

Harry deu uma última olhada no espelho tentou ajeitar o cabelo como de costume, mas como sempre ele se permaneceu bagunçado e estranho. Quando estava pronto para sair dali, aproveitando que ainda era cedo e não haveria alunos demais nos corredores, Hermione entrou no quarto, pulando nos seus braços.

“Harry! Feliz aniversário!” ela o apertou com mais força. Harry apenas sorriu, agradecido como sempre por a ter como amiga “Trouxe um presente”

Ela entregou a ele um pequeno embrulho dourado, pequeno suficiente para caber na palma da mão do menino. Ele desfez o lacinho vermelho e virou o conteúdo na sua mão. Ele encontrou um cordão de ouro, com um pingente. Ele olhou atentamente, mas antes que pudesse examinar seu presente, a amiga tomou-o empolgada.

“Olhe, ele abre. Minha mãe tem um igual, é bem comum no mundo dos trouxas” Ela abriu o pingente de formato circular, que em sua face possuía um leão que se movimentou soltando um rugido silencioso quando foi aberto “Bem, os dos trouxas não se mexem, obviamente.”

“Eu amei, Hermione!” ele olhou para a parte interna e continha uma foto de Rony, Hermione e Harry juntos, que sorriam inocentemente. Ele lembrava daquele dia, Harry estava passando as férias junto com a família de Rony e nada poderia estragar aqueles momentos. Sentiu um aperto no peito ao se lembrar da Sra. Weasley que havia tirado essa fotografia e que até agora ainda não havia tido a coragem de encará-la. A culpa da morte de seu filho pesava em suas costas “De verdade. Vou colocar.”

Hermione observava Harry colocar o colar no pescoço, mas tinha a atenção na feição do menino.

“O que foi?”

“Como assim?” Harry respondeu sem entender.

“Você parece... não sei... triste?”

“Só não estou muito animado com meu aniversário, ainda mais com tudo o que está acontecendo” e era verdade. Ele não se sentia empolgado como se sentira nos anos anteriores, pensava muito em todos os problemas maiores e como coisas como aniversários se tornavam detalhes não muito importantes na vida.

“Eu acho que isso acontece quando nos tornamos mais velhos” ela riu “toda o encanto do dia desaparece com o tempo, não acha?”

Eles se sentaram no chão aproveitando a tranquilidade do dormitório e conversaram. A menina recebia olhares surpresos dos meninos que iam se levantando da cama, não era comum uma menina, principalmente Hermione que era monitora e não quebrava regras com frequência, estar ali.

Quando começaram a falar de relacionamentos, Hermione contou tudo o que havia acontecido entre ela e Malfoy. Harry a ouviu atenciosamente e em nenhum momento fez comentários, sabia pelo olhar dela que estava agradecida por não estar julgando. Mas Harry sabia que quem menos podia julgar alguém era ele.

“Como está Gina?”

“Está bem, eu acho. Não comentou mais nada sobre você, mas também não começou a sair com ninguém, nem algo do tipo. Talvez seja verdade e ela ache que não te merece”

“Eu sempre achei que fosse me casar com ela” os dois riram.

Sentiu seu estômago se contorcer de fome, ao mesmo tempo se revirando por estar falando de Gina, mas pensando em Severus. Sua vontade era contar tudo a amiga, mas quando ele pensava nas palavras, quando ele ensaiava mentalmente, sabia que soaria um absurdo em voz alta. Decidiu ficar quieto por hora, ainda não se sentia pronto e nem confortável para compartilhar aquilo com ninguém.

Quando se sentaram na mesa do café, Harry encontrou com todos os amigos e todos lhe desejaram feliz aniversário, até mesmo Gina. Luna entregou a ele um pequeno pote de vidro com areia, Harry observou pequenos insetos que flutuavam sobre ela, que pareciam uma mistura de besouro com borboleta, eram minúsculos e de repente começavam a brilhar, emitindo uma luz azulada.

“Parecem vagalumes” ele sorriu enquanto os insetos piscavam “Muito obrigado, Luna”

“Meu pai disse que eles se alimentam de pesadelos. Deixe-o perto da sua cama, assim você só terá sonhos bons.” Retribuiu o sorriso.

Harry olhou para a mesa dos professores, mas se sentiu decepcionado ao ver que estava praticamente vazia. As únicas cadeiras ocupadas eram a da professora Sprout, de Flitwick e de Hagrid, que acenava para ele como se não tivesse acabado de lhe esmagar com seus braços gigantes enquanto o lembrava de seu aniversário de onze anos.

“Olha só o que temos por aqui” escutou uma voz perto de seu ouvido “Um aniversariante”

Antes de se virar, Harry já sabia que era Sebastian. Mas não esperava vê-o daquela maneira, vestido com o uniforme da escola, nas cores escuras com detalhes esverdeados, como um típico sonserino.

“Espero que não esteja satisfeito com os presentes que já ganhou, porque você ainda não recebeu o meu”

Ele usou a beira do banco entre Harry de Rony e se sentou de costas para a mesa, colando seus ombros nos do menino.

“Você não pode sentar aqui, você é da sonserina” Harry zombou dele.

“Quem liga pra isso? Não é como se alguém estivesse vigiando e claramente proibindo” deu ombros.

“Na verdade, Rony e Hermione estão vigiando, são os monitores” ele olhou para a menina e viu que ela estava em um assunto totalmente interessante com um aluno do quinto ano, que pedira ajuda para entender as matérias que estava com dificuldade. Não havia nada mais prazeroso para a menina do que alguém pedindo pela sua ajuda e dar toda atenção a ela enquanto explicava animada. Rony estava concentrado apenas em seu prato e não se importaria de continuar focado na comida por mais um bom tempo “Pelo menos eram para estar vigiando”

“Não quer saber o que é o meu presente?” sorriu.

“O que é?”

Ele encostou ainda mais em Harry, chegando mais próximo ao seu ouvido e respondendo em um sussurro.

“Meu corpo” abriu um sorriso puro que escondia por trás a malícia.

Harry ajeitou os olhos timidamente. Percorreu os olhos pela mesa e todos pareciam distraídos, o que foi um alívio, não queria que ninguém tivesse ouvido aquilo e nem que percebessem o quanto seu rosto adquiria um tom avermelhado.

“Você sabe que não precisa me dar presente” sussurrou de volta.

“Você está recusando meu presente, Potter?”

“Eu...”

“Ei, Potter” a atenção de Harry foi desviada para o outro menino que passava atrás de suas costas. Draco estava sozinho, mas estava com o mesmo sorriso irritante que exalava excesso de confiança “não se esqueça de me chamar para a festa”

“Você, com toda a certeza, seria o primeiro da lista, Malfoy”

“Nos vemos mais tarde” o menino de olhos azuis de despediu “Aula de poções, certo?”

“Nós temos aula de poções hoje?” perguntou alto após assistir Sebastian se retirar.

“Infelizmente, Harry.” Rony compartilhou a mesma expressão de indignação “Um super infelizmente”

“Na verdade, um super felizmente, Rony” a menina o repreendeu com um sorriso de satisfação “Finalmente vamos voltar a ter aulas de poções. Os N.I.E.M’s estão próximos e tenho muito que estudar, perdemos muitas aulas e estamos sendo prejudicados. Vocês dois deveriam estar tão preocupados como eu”

“Sim, claro” o ruivo respondeu automaticamente “Eu só não entendo como que todas as vezes que queremos um pouco de descanso, uma aula de poções surge do nada. Não poderia ser história da magia para eu colocar meu sono em dia?”

Harry apenas riu, sentindo a mistura de sentimentos que reviravam em seu interior quando pensava Snape.

 

...

 

Harry caminhava em direção a sua primeira aula desde quando voltara ao castelo, era difícil jogar as lembranças dos últimos dias em um canto da sua mente e fingir que nada havia acontecido. Seus amigos evitaram o assunto e até mesmo Sebastian, que havia ficado calado o tempo todo no caminho de volta. Sabia que o menino sentia raiva e culpa por ter deixado a oportunidade escapar, e ele sabia como era a sensação. A sensação de querer vingança, de acabar com aquele que matou sua mãe, de ansiar tanto o momento e não sair como repetira inúmeras vezes na sua mente.

Ele ia para a aula de feitiços, Rony e Hermione foram na frente enquanto ele voltava ao seu dormitório para guardar o presente de Luna. Com tantas coisas na cabeça, lembrou do que a amiga havia falado no café da manhã, ele havia esquecido completamente dos N.I.E.M’s, ele não poderia se permitir ir mal, sabia que precisava ir muito bem nas matérias, era seu futuro que dependia do seu esforço. E pelo que lembrava, as matérias para ser um auror eram Defesa Contra Artes das Trevas, Transfiguração, Herbologia, Feitiços e Poções.

O que mais lhe preocupava era Poções, nunca havia tido talento. E para ajudar, Snape sempre implicou com ele, desmerecendo seu esforço nas aulas e fazendo-o errar enquanto o desconcentrava com seus inúmeros insultos, não havia sido fácil.

Sabia que a melhor pessoa para o ajudar era Hermione, anotou mentalmente que deveria conversar com ela mais tarde, tentaria encontrar um espaço vago em seus horários.  

A aula de feitiços transcorreu normalmente, exceto pelas vezes em que Flitwick chamou sua atenção por claramente não estar focado na aula. Ele não podia evitar, quando menos esperava sua mente começava a viajar e ele se perdia em meio aos pensamentos. Principalmente quando se tratava de Snape, de Domenic, dos exames e mais uma vez, de Snape.

Logo após a aula, teve um breve intervalo e já se encaminhou para a aula de Herbologia, era a penúltima aula do dia e o pensamento revirou seu estômago de ansiedade. Era estranho ter que conviver com o professor de poções como se nada nunca tivesse acontecido, de ser tratado como um aluno qualquer enquanto ele conseguia lembrar da sensação dos lábios finos nos seus.

Quando Harry saiu com Rony e Hermione da estufa em que tivera a aula, podia jurar que haviam passado o dobro de horas do que parecia ter passado. A professora Sprout explicava como deveriam cuidar das folhas para que ficassem mais hidratadas e serem mais úteis no fornecimento de seiva, mas ninguém conseguiu se concentrar, exceto Neville.

Foram até as escadas para descer até as masmorras e encontraram com um grupo de alunos da Sonserina no caminho. Harry viu Rony enrugar o rosto e abaixar a cabeça, quando olhou para Hermione, viu que ela encarava uma outra garota. Era a menina com que o ruivo havia ficado, mas esta nem se deu ao trabalho de olhar para o Rony, ignorou-o completamente.

“Harry” chamou o menino de olhos azuis que acabava de o alacançar “Preciso falar com você”

“Está tudo bem?”

“Sim, está sim” desacelerou um pouco o passo para criar uma distância entre Harry e seu amigos “Eu queria te pedir uma coisa”

Harry esperava por algo malicioso, como ouvira no café da manhã. Até mesmo respirou fundo se preparando para seu rosto não ferver tanto como na primeira vez.

“Eu passei o dia um tanto desconcentrado. Pensando nas coisas, sabe.” Harry assentiu compreensivo “E eu também pensei sobre ontem, quando enfrentamos os comensais pela primeira vez, assim que saímos do labirinto. Teve uma hora que eu caí, que um dementador estava em cima de mim e Snape me salvou. E eu... bem, eu nunca havia me sentido tão triste na minha vida.”

“Você nunca encontrou com um dementador antes?”

“Não. Eu já havia lido sobre, já havia visto uns com Voldemort, mas nunca enfrentei um” ele deu um sorriso nervoso “E eu vi quando você conjurou um veado, e ele era... bem poderoso. E então eu queria saber se você poderia me ensinar aquele feitiço?”

“Claro, sem problema” Harry sempre teve a impressão de que Sebastian era forte e confiante, que nunca pediria ajuda ou admitisse fraqueza. Mas sua impressão sobre o menino mudara drasticamente “Quando você quiser”

“Obrigado, Harry” respondeu enquanto atravessavam a porta da sala de poções.

E lá estava Snape, sentado atrás de sua mesa, com apenas os olhos e a parte superior da cabeça a vista, escondido atrás da pilha de livros enquanto dedicava sua atenção a leitura de um deles.

Todos se sentaram silenciosamente, já acostumados a disciplina necessária para não desagradar o professor. Sentaram-se em duplas, Rony colou em Harry e sentou do seu lado o mais rápido que pôde para ninguém roubar o lugar, não queria ter que escolher outro lugar enquanto Hermione se perguntaria se ele teria coragem para sentar com ela ou não. Ele não teria.

“Vocês sabem que os exames do N.I.E.M’s estão próximos” o professor se levantou para caminhar entre os alunos, e de todas as outras aulas até agora, ele fora o primeiro a mencionar as provas “E eu realmente me pergunto se essas suas mentes estúpidas terão capacidade de conseguir alguma coisa. Todas as poções que foram estudadas até agora possuem, no máximo, um nível mediano de dificuldade, e ainda assim, muitos têm a capacidade de atingir o ápice da ignorância, colocando a vida de todos em risco com caldeirões explodindo o tempo todo, não é, sr. Longbottom?”

Quando Snape parou do seu lado, o menino apenas abaixou a cabeça. Harry sabia que a implicância do professor consigo era fruto do desentendimento no passado com o seu pai, que ele não possuía muita culpa, mas com Neville, era puramente pela dificuldade do menino. Sabia que se não fosse tão pressionado, talvez conseguiria obter melhores resultados.

“O que eu quero dizer, é que vocês estão no último ano. Devem estar cientes de que se não aprenderem tudo o que não tiveram capacidade de aprender nesses sete anos, não aprenderão mais” Snape parou ao lado de Sebastian, que estava sentado com Hermione “Portanto, pensem sobre isso. Hoje vocês deverão escolher qualquer poção que se achem capazes de termina-la com sucesso, sem derreter nenhum caldeirão, sem incendiar a sala e sem matar ninguém. Vocês têm uma hora”

“A aula mal começou e eu já não aguento mais” Rony soltou a cabeça na mesa, colando a testa no livro aberto.

“Que poção você quer fazer?” ignorou a reclamação do amigo e começou a folhear seu livro em busca de ideias.

“Qualquer uma, Harry” ele levantou a cabeça, espiando a mesa próxima em que Hermione estava “Acabei de ouvir que Hermione vai fazer a poção morto-vivo. A gente pode fazer também e ir copiando dela”

“Não, Rony. Podemos até não gostar de toda essa rigidez do Snape, mas o que ele disse é verdade. A gente tem que levar isso a sério, não vamos mais voltar pra Hogwarts, essa prova é o nosso futuro.”

“Eu sei disso, vou me esforçar. Eu tenho que me esforçar, se não minha mãe me mata de qualquer jeito. Só estou cansado, entende?”

Depois de alguns minutos tentando decidir o que fazer, Harry optou pela poção Wiggenweld. Ficaria pronta rápida, mas compensaria por não ser tão fácil, decidiram que seria a melhor opção.

“Certo. Rony, precisamos de mais dois ingredientes. Veja se consegue achar ditamno e muco de verme-cego lá na prateleira”

Não demorou para que a poção ficasse pronta, os dois meninos seguiram atenciosamente todos os passos do preparo da poção e o resultado saiu como o esperado. Após colocarem a amostra nos frascos, Rony levou o pequeno vidrinho até a mesa do professor, que abria e cheirava o líquido produzido por Malfoy.

Colocou o frasco na mesa e se virou para voltar ao seu lugar o mais rápido que pôde para não ser vítima de comentários grosseiros.

“Chama isso de poção, sr. Weasley?”

Rony sentou ao lado de Harry com a cara fechada, guardou seu material e saiu da sala, resmungando que estava indo para o dormitório. Ele entendia que o amigo estava cansado, porém ele também estava, havia passado por tanta coisa e pareciam nunca ter um fim.

Era sempre uma coisa atrás de outra, sempre ficando pior, sempre ali para o deixar exausto disso tudo.

Desejava poder voltar para seu primeiro ano na escola, poder começar tudo de novo, aproveitar sua inocência e os momentos de tranquilidade, onde tudo se resumia ao frio na barriga para capturar o pomo de ouro no seu primeiro jogo ou apenas estudar o mundo extraordinário da magia que acabara de descobrir.

Coisas tão simples que fazem tanta falta. Harry nunca pensara que iria sentir saudade de coisas como visitar o diretor na sua sala, de observar a fênix cantar e renascer. Dos passeios a Hogsmade, em que compravam um monte de doces e bebiam cerveja amanteigada rindo sobre piadas bobas.

Tudo havia ficado tão sério que ele havia deixado para trás as lembranças de como era mais fácil. E por mais que soubesse que é impossível voltar no tempo, não era impossível tentar tornar as coisas melhores, não só para si, mas para todos que já havia sofrido, todos que perderam a vida, e todos que ainda lutavam por isso. Era isso que o ajudava sempre a ter a determinação necessária.

Ao voltar sua concentração à realidade, percebeu que era um dos últimos alunos na sala. Draco e uma menina também da sonserina deixavam a mesa de Snape para sair da sala, Harry pegou suas coisas rapidamente para não ter que ficar sozinho com o professor e se encaminhou para a porta. Assim que chegou a ela, o professor chamou-o.

“Sim, professor?”

“Potter, você poderia passar na minha sala durante a noite?” estava de costas para Harry, com um tom indiferente enquanto acenava a varinha colocando a sala de aula em ordem.

“Como uma detenção?”

“Não.” Deu uma breve pausa, como se pensasse bem nas palavras que iria dizer “Como uma... Pode ir? Não irei tomar muito de seu tempo.”

“Posso, claro” respondeu de imediato, falhando na tentativa de esconder seu nervosismo “Até mais tarde”

 

...

 

Harry não encontrou Rony em nenhum lugar, queria ver como o amigo estava, já que parecia mal e desanimado o dia todo, estava preocupado com o menino. Também precisava de algo que o distraísse para acalmar seus nervos enquanto pensava no homem que ocupava demais seus pensamentos.

Ele estava no Salão Principal, sentando como sempre com todos seus amigos, ouvindo as risadas e conversas, mas sua atenção não estava ali. De vez em quando ele virava a cabeça delicadamente para a direita, com o objetivo de olhar para a mesa dos professores.

Diferentemente do horário do café da manhã, agora a mesa possuía praticamente todos os lugares ocupados, apenas não estavam presentes alguns professores que quase nunca apareciam, e se Harry tentasse lembrar seus nomes, falharia, já que nem aula com eles ele tinha.

Pelas poucas vezes em que conseguiu olhar para mesa sem ser interrompido, o menino percebeu que o professor de poções estava muito distraído, porém desistiu de encará-lo quando o homem o pegou olhando para ele.

Terminou de comer rapidamente e foi para o dormitório buscar a capa da invisibilidade para sair antes que todos chegassem na sala comunal. Seria um problema ter que explicar porque estaria saindo durante a noite ou dizer que estava indo na sala do Snape sabendo que não era obrigado a ir. Seu próprio cérebro tentava encontrar uma explicação para o porquê de estar indo, mas como estava acontecendo ultimamente, parecia que ele não queria encontrar.

Respirou fundo quando chegou de frente com a porta fechada, ergueu os punhos e deu duas leves batidas, e como resposta, a porta entreabriu-se.

“Boa noite, professor.”

Harry olhou ao redor e percebeu que a sala estava diferente de quando ia cumprir detenções. Sempre pareceu bagunçada, uma bagunça organizada, formada por frascos, ingredientes, caldeirões e muitos livros abertos, os quais ele sempre teve que limpar e arrumar. Mas agora tudo estava no seu devido lugar, com um cheiro intenso do que parecia ser menta misturado com alguma outra erva que ele não conseguia reconhecer.

O que também o surpreendeu foi Snape, que estava de costas quando entrou, mas quando o homem se virou, seu olhar foi rapidamente atraído para as vestes. Não eram as vestes habituais, Snape havia deixado de lado o fino casaco longo que usava todos os dias que cobria seu corpo por inteiro. De longe, poderia se dizer que Severus estava como sempre, seria uma figura negra aos olhos de qualquer um, mas aquelas calças escuras juntamente com a camisa de botões de manga longa preta apertada, realçavam o corpo magro e rígido do professor que nunca havia estado a vista para ninguém.

“Boa noite, Potter.”

Fingindo que não havia percebido nada de diferente, Harry desviou o olhar do professor, tentando encontrar algo interessante o suficiente na sala para se concentrar.

“O motivo que lhe chamei aqui foi apenas para lhe entregar isto” se virou novamente para a mesa que estava vazia atrás de si, com exceção de dois livros, os quais Snape tomou em mãos. Harry não estava entendendo o que estava acontecendo. Quando pegou os dois livros, viu que em cima havia um envelope e a caligrafia nela presente fez o coração do menino pular “E também pra te dizer, feliz aniversário.”

Não acreditou quando ouviu, aquilo era muito mais do que ele poderia ter imaginado. Nunca, nunca poderia pensar que Snape estaria lhe dando presentes e lhe desejando feliz aniversário.

Não pôde se conter e deu um sorriso sincero para o homem.

“Muito obrigado” com os livros na mão e o envelope, foi até a mesma mesa e os apoiou para vê-los “Tem certeza que esses livros estão certos?”

“Sim, tenho certeza” Snape também não pôde deixar de sorrir ao ver a expressão do menino e o motivo de sua pergunta “Esses livros são apenas para te ajudar neste último ano, não é nada demais. Apenas para você aprender a se defender e fazer algo digno daqui pra frente.”

Harry folheou primeiramente o livro de poções, era o mesmo que havia usado no sexto ano, com as anotações do Príncipe Mestiço. Reparou enquanto passava por folhas aleatórias que havia mais anotações e que a caligrafia estava mais legível e as instruções mais claras.

“Eu adicionei algumas coisas que não havia descoberto até então quando ainda os usava, assim como também atualizei o outro livro. Mas não os leve com você nas aulas, use-os para estudar e isso também vai ajudar a decorar essas informações rapidamente.”

Harry agora pegou o outro livro com o título de Defesa Contra Artes das Trevas. A excitação tomou conta de seu corpo quando lembrou de que essa era a arte que Snape dominava. Se o livro de poções era poderoso, não poderia imaginar o que ele encontraria ali, queria poder sair correndo para sua cama e passar noites e noites lendo a escrita manual nos rodapés e nas laterais de cada página. Mas antes, queria poder pular nos braços daquele homem e agradecê-lo por tudo isso.

“Eu não estou acreditando. Esses livros vão ser de grande ajuda, muito obrigado mesmo” ele se encostou na beira da mesa, soltando seu peso enquanto pegava o envelope. Snape se encostou da mesma maneira.

“Não lhe dei de nenhuma outra matéria porque não anotei nada de útil, seria apenas para ocupar espaço. E sobre essa carta, leia depois. Acho que você ficará mais confortável com privacidade”

E Snape estava certo, Harry não sabia o que encontraria ali. Apenas o fato de que quando foi abrir o envelope encontrou ‘de Lílian’, e sabia que aquela era definitivamente sua letra, já foi o suficiente para fazer seu coração bater mais forte.

Quando olhou dentro viu que havia dois papéis, um deles era claramente uma carta enviada pela sua mãe e o outro parecia ser uma fotografia. Ao pegá-la, seu rosto exibiu mais um sorriso.

Ali estava apenas sua mãe e ele.

Ela sorria para a câmera enquanto balançava o menino que estava no seu colo, de modo que o fazia soltar uma risada enquanto acenava para a pessoa que registrava a fotografia. Ambos os sorrisos eram contagiantes, Harry poderia ficar olhando para aquilo o dia todo, mas antes que muito tempo se passasse, ele colocou a fotografia de volta ao envelope.

“Não sei nem como lhe agradecer.”

“Não precisa agradecer.”

Ele olhou para o professor, e este o olhou de volta.

Pela primeira vez não se sentiu desconfortável ao encarar as órbitas negras, não se sentiu como se estivesse espiando ou tentando observar o homem escondido. Sentiu-se livre para olhá-lo, assim como se sentia bem com ele o olhando. Não sabia o que aquilo significava, mas o silêncio era tão calmo que Harry não ousaria desperdiçar aquele momento anunciando sua partida. Ele não queria sair dali, queria continuar nessa calmaria que não sentia a muito tempo, queria continuar com a oportunidade que lhe estava sendo dada de se sentir estranhamente feliz.

“Potter” desviou o olhar quando o professor disse seu nome, enquanto se sentia idiota por ter perdido a noção do tempo. “Quer ir para algum lugar, fora de Hogwarts?”

A pergunta lhe pegou de surpresa.

“Não seria contra as regras sair do castelo, ainda mais este horário?”

“E quando foi que você se importou com as regras?”

Harry riu.

“Para onde iríamos?”

“Para qualquer lugar.”

“Qualquer lugar?”

“Qualquer lugar. É só você escolher.”

Harry sentia seu coração acelerando novamente, tentou pensar em lugares em que desejaria ir, mas nada vinha em mente.

Até que se lembrou de um lugar, onde sabia que se pudesse ir para qualquer lugar, era pra lá que iria. Quando passou pela primeira vez, queria ter tido a oportunidade de explorar o lugar, de sentar em alguma montanha ao longe enquanto observava as luzes da cidade se apagarem com o nascer do sol.

“O que acha de Godric’s Hollow?”

“Parece perfeito para mim.”


Notas Finais


Até mais!


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