História FOR ME, Jasper Hale - Volturi

— Os capas pretas estão chegando, os capas pretas estão chegando!— Garrett sussurra ansioso.

Jasper geme com a força que eu seguro sua mão.

— Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem— eu me agito quando vejo o monte de capas pretas e cinzas se aproximando.

O amanhã chegou, e minha ansiedade também, assim que o dia raiou, nos restou esperar, ninguém tentou falar nada, nem mesmo Emmett tentou aliviar a tensão.

Jasper deve estar sendo mais torturado que todo mundo, mas ele não deixa transparecer, é claro.

— Eles têm suas próprias testemunhas— Edward diz para nós. Eram mais do que o esperado, eu nem queria contar, parecíamos em desvantagem.

Mas não. Eu vou proteger a todos, eu posso fazer isso. Para me testar, fecho os olhos e respiro fundo.

Estou na linha de frente com toda a família Cullen, as testemunhas estão espalhadas nas nossas costas e os lobos ainda não entraram em cena.

Sinto meu dom sair de mim, a pele se estica e eu visualizo o escudo se expandindo na linha de frente, uma divisória de nossos inimigos que correm na nossa direção, mas param a uma distância segura. Jasper me puxa para si, protetor.

Eu fico tentada em lançar meu dom mais para frente, mas não vou arriscar começar uma guerra por minha audácia.

Juro que eu estou a um passo!

Jasper me acalma usando seu dom e meu escudo se recolhe, abro os olhos e o encaro. Ele me olha com intensidade, sério e não fala nada, apenas põe a mão no meu rosto e junta nossas testas por um momento. Eu não posso nem quero perdê-lo de vista mas tenho que olhar para a frente, porque é ali que está a armadilha. Eu posso impedir, eu posso proteger quem eu amo mais esse bando de estranhos que eu mesma estive tão perto de matar no pouco tempo de convívio.

Os Volturi não vão ganhar nada hoje, não posso permitir.

— Devo falar?— Carlisle pergunta a Edward, o grupo de mantos cinzas para de marchar, ao passo que quatro mantos pretos se aproximam, sem pressa.

— É a única chance que você terá— Edward afirma.

Há uma inquietação do nosso lado. Os lobos chegam e uivos rompem pela floresta. Eles queriam uma entrada triunfal e a tiveram com sucesso. É audível a surpresa do outro lado da larga clareira.

Jacob vem para a linha de frente e se põe perto de Renesmee, ladeada pelos pais.

— Aro, meu caro amigo. Já faz séculos!— Carlisle começa, tomando a frente geral. Aro, claramente o do meio no quarteto de mantos negros que continuou a andar, tira a touca exibindo aqueles olhos leitosos e vermelhos, feio para um vampiro, eu não me lembrava de seu rosto assim— Paz.

— Belas palavras, Carlisle— diz Aro, eu nunca senti meu corpo tão tenso, logo procuro por Alec, e fixo meu olhar nos gêmeos, tenho que me livrar daquelas peças do tabuleiro caso o jogo comece de verdade— Mas parecem deslocadas, considerando o exército que você reuniu para me matar e os que me são caros.

Blá, blá, blá, argh! Nem eu sou tão narcisista, ele se considera o presidente do mundo e todos querem seu trono, vai se foder, bufo com impaciência. Jasper olha a formação dos nossos inimigos. Está estudando os pontos fracos e fortes. Sei que Edward está prestando atenção nisso, com o olhar perdido, encarando sem ver Carlisle.

— Basta tocar minha mão, e saberá que essa jamais foi minha intenção— Carlisle estende a mão na direção de Aro. Há uma mulher atrás dele, andando como sua sombra, aposto que ela é o escudo. Não posso testar meu dom contra ela a menos que tenha motivo— Ninguém cometeu qualquer crime aqui.

— Mas que importância pode ter sua intenção, meu caro, diante do que você fez?— seus olhos se estreitam na direção de Renesmee— Você adotou tantas leis irrelevantes para si, Carlisle. Como pôde infligir logo aquela que realmente importa?

— É por isso que estamos aqui, todas essas testemunhas!— Carlisle fala em bom e alto tom— Para provar que essa criança não é imortal!

— Como pode nos tirar de tolos dessa forma?— Caius fala, também baixando a sua toca— Estamos vendo a criatura!

— Também podem ver a cor do sangue em seu rosto, ela não é uma vampira— Carlisle argumenta.

— É um truque!— Caius fala, Bella rosna e sua raiva instiga a minha agitação e de muitos outros do nosso lado— Onde está a informante!?— Caius olha para trás e procura por Irina. Ela é a única vestida de um jeito descontraído do seu lado, os olhos dourados fixam nas irmãs, assustados— Venha aqui!

Irina é levada para o loiro por dois de seus guardas, e leva uma bofetada sem motivo de Caius. Tanya e Kate sibilam, até mesmo sua prima,  Maggie. Foi uma puta ofensa, degradante e desnecessária, ele só quer se mostrar no poder.

Maldito, se eu o pego eu o mato.

— É esta criança que você viu?— ele pergunta, quase cuspindo entredentes— Aquela evidentemente mais que humana?

— E-eu não tenho certeza— diz Irina, os olhos ainda encarando as irmãs. Acho que todo mundo sabe que o destino dela está traçado, o pessimismo é evidente em seu rosto.

— O que isso quer dizer?— Caius pressiona, impaciente.

— Ela está diferente, maior— ela diz, franzindo a testa, confusa.

— Ao que parece temos um mistério em nossas mãos, com as memórias de Irina vemos uma criança claramente imortal, e agora isto?— Aro aponta para Renesmee que se encolhe perto de Bella— Curioso.

— É isso que estamos tentando mostrar!— Carlisle estende a mão novamente, Aro ergue a dele, mas é para pedir para Carlisle parar.

— Se não se importa, eu vou querer ver de alguém mais central na história— Aro olha para Edward— Imagino que, como a criança está aninhada a sua esposa recém criada, você tenha um ponto de vista muito interessante para me mostrar— ele estende a mão na direção de Edward

Um ponto de vista ou o de todos naquele local. Claro que Aro não perderia uma chance como essa. Edward e Bella se olham.

Ele não tem escolha senão ir. Ele sai da formação, indo além de onde Carlisle está, sozinho na direção de nossos inimigos. Edward segura a mão de Aro e eles ficam estáticos durante um longo minuto, ninguém fala nada, ninguém se move.

— Calma, Bella— ouço Zafrina falar, olho na direção de minha gêmea, ela está ofegante e sibila loucamente.

Eu estico o braço e coloco a mão no ombro de minha irmã, apertando-o, puxo Jasper e nos aproximamos de Renesmee e Bella.

— Viu?— Edward pergunta, puxando a mão para se separar de Aro. O homem tem o olhar fascinado de uma criança. São novidades demais, alvos interessantes e novos. Seus olhos se voltam para mim, para Bella e então para Renesmee entre nós duas.

— Deu-me muito o que refletir, meu caro amigo, nunca imaginei a existência de uma coisa dessas em todos os meus séculos— ele comenta, sorrindo— Posso conhecê-la?— aponta para Renesmee.

Edward hesita enquanto Caius, Bella e eu sibilamos de surpresa.

Eu ainda nem mostrei a vida boa para essa criança, não posso perdê-la também. Edward assente, a cara do desagrado e os dois de voltam para nós. Bella pega Renesmee no colo, e sem sequer nos programarmos, Jasper, eu e Jacob andamos do lado delas, Emmett também se junta na nossa formação ameaçadora e do outro lado, os guardas de Aro fazem o mesmo, sendo dentre os seis que vem para frente, Demetri e Felix. Jane e Alec esperam pacientemente ao fundo.

— Companhia interessante vocês tem— Demetri comenta, olhando os lobos com curiosidade.

— Olá, meninas— Felix fala, permaneço de cara amarrada.

— Olá, Felix— Bella responde por mim conforme avançamos.

— A imortalidade lhes cai bem— ele elogia, apenas o encaro, seu sorriso se alarga diante do meu olhar assassino. Aro ri quando paramos, apontando para Renesmee, fascinado.

— Ouço seu estranho coração!— ele exclama, sorridente— Posso cumprimentar sua adorável filha, Bella?

Minha irmã hesita, a mulher atrás de Aro sibila quando eu e minha gêmea nos aproximamos com Renesmee.

— Olá, Renesmee— Aro fala.

— Olá, Aro— Nessie responde, estendendo a mão para o rosto de Aro, ignorando a mão que ele estendia para ela. Mais um minuto de espera.

— Brilhante— Aro murmura.

— Por favor— Nessie fala, séria.

— É claro que eu não desejo machucar seus entes queridos, preciosa Reneesme— ele garante, ninguém acredita em suas palavras, eu ponho a mão no ombro de Bella e nós recuamos. Jasper me põe atrás de si— Metade mortal e metade imortal. Concebida e trazida a luz por essa recém criada enquanto ainda era humana— ele aponta para Bella, e é como se finalmente tivesse nos enxergado— Vocês parecem terem sido feitas para essa vida, a espera realmente valeu a pena!

— Impossível!— Caius rosna, interrompendo o irmão que o olha indignado.

— Acha que me enganaram, irmão?

Caius nos encara, colérico.

— Como pode tolerar tamanha infâmia? Por que estamos aqui parados quando o crime é óbvio e o exibem na nossa cara?!— Caius aponta.

— Porque é tudo verdade, meu irmão, cada palavra, cada testemunhas está disposta a mostrar isso.

O lábio superior de Caius se ergue, de puro desgosto. Não haveria luta e ele realmente quer uma, está procurando jeitos de implicar conosco.

— Eu quero falar com a informante!— ele anuncia, Irina é trazida até nós, novamente. Todos nos voltamos para a loira— Parece que você cometeu um erro em sua acusação— ele diz para ela.

— Os Cullen são inocentes— Irina diz— Eu assumo total responsabilidade por esse terrivel engano— ela olha para as irmãs, e então para Bella. A derrota atravessa seu rosto, mas ela parece sincera— Eu sinto muito. Não houve nenhum crime, não há motivo válido para ficarem.

Caius ergue a mão, um sinal. Em três segundos, os mantos cinzas dos soldados fecham uma cortina ao redor de Irina. Ao se afastarem, Demetri acende um fósforo com a unha do polegar e o joga sobre os restos da loira. O fogo cresce de maneira alarmante e todos nós recuamos para longe dele. Caius dá um sorrisinho.

— NÃO!— Kate grita. Ela e Tanya avançam do nosso lado, brigando com cada um que se mete em seu caminho, três precisam segurar Tanya, mas todos que tocam Kate, caem torturados pela dor de seu choque, eu corro para cima dela e a prendo por trás, fechando meus braços em seu tronco, freando sua corrida. Ela esperneia gritando, mas seu dom é inválido contra mim.

— Cega elas!— Edward ordena para Zafrina, não leva um segundo para que a mulher faça o esperado.

— Devolva a minha visão!— Tanya rosna furiosa.

— Se atacarem agora, não teremos escolha se não lutar, é exatamente isso que eles querem!— Edward fala depressa. Olho para Caius, veneno enche minha boca enquanto mantenho Kate imóvel, ele dá um sorriso maior ainda, cínico.

— Eu sinto muito— eu sussurro para Kate— Eu sinto muito mesmo.— ela começa a gemer e sua luta perde o sentido, Garrett vem para o meu lado e puxa Kate para si.

— Aro, você vê que nenhuma lei foi quebrada aqui— Carlisle fala.

— Eu concordo— Aro balança a cabeça, aos poucos, cada um recua cada vez mais para o seu lado— Mas isso quer dizer que não há perigo?— ele olha ao redor, para a sua plateia que cativava com maestria— Pela primeira vez na história, humanos são uma ameaça para a nossa espécie— ele diz em voz alta para que todos escutem, os lobos rosnam com impaciência, estamos no mesmo nível de interesse por aquele discurso todo repleto de baboseiras que nos trariam apenas um final, de um jeito ou de outro; guerra. Volto correndo para o lado de Jasper— A tecnologia moderna deles criou armas que poderiam nos destruir— Aro dá uma pausa dramática para que o público reaja às suas palavras, eu rosno e me agito com Jasper— Manter o nosso segredo nunca foi mais importante. Em tempos tão perigosos, apenas o conhecido é seguro, apenas o conhecido é tolerável e nós não sabemos o que essa criança vai se tornar. Poderemos viver com tamanha incerteza?

Ele caminha de um lado para o outro diante da sua guarda, pacientemente.

— Evitamos uma batalha hoje.... apenas para morrermos em outra amanhã?— ele pergunta unindo as sobrancelhas.

O ódio, puro e massivo, enche meu corpo e eu rosno junto com todos do meu lado, na defensiva contra o agito na guarda, o desagrado do desconhecido, qualquer ameaça a sua vida longa deveria ser eliminada.

— Alice— Edward sussurra de repente, nós o encaramos, ele tem o olhar perdido, enquanto Aro arfa de excitação. Todos seguimos seu olhar, curiosos.

Alice está atravessando a clareira junto de Maggie, elas andam na direção de Aro. Quando chegam perto, são barradas por Felix, Demetri e outro guarda.

— Minha querida Alice!— Aro exclama— Eu fico admirado de vê-la por aqui, no fim das contas.

— Eu tenho evidências de que a criança não será uma ameaça para a nossa espécie— Alice fala, em alto e bom tom— Deixe-me mostrá-lo— ela pede, estendendo a mão na direção de Aro.

Ele estende a mão chamando por ela. Deixam Alice passar e eles dão as mãos. Mais um minuto de espera.

(Nota da autora: se quiser saber da visão, vai para o próximo capítulo)

Aro arregala os olhos aos poucos, incrédulo com o que quer que esteja vendo. Alice puxa sua mão de volta, com repulsa.

— Agora você sabe o seu futuro— ela diz, com frieza— A menos que você mude seus planos.

— Não podemos mudar— Caius argumenta— A criança é uma ameaça.

Ou eu estou louca, ou Aro está com cara de assustado quando seus olhos se voltam para a minha direção.

— E se soubessem que ela ficaria escondida do mundo?— Edward fala, chamando toda a atenção para si— Poderíamos viver em paz?

— É claro, mas como saberíamos disso?— Caius rebate, irritado.

— Na verdade, há um jeito— Edward sorri. Alice se volta para nós e acena na direção das arvores.

— Eu estive procurando por minhas próprias testemunhas— Alice fala, conforme a dupla de desconhecidos se aproxima caminhando calmamente.

Eu não pensei em nada além do desejo de querer que isso acabasse logo.

Eu quero ir embora.

— Já tivemos testemunhas o suficiente!— Caius argumenta, eu olho para Marcus pela primeira vez, sua indiferença me fazia esquecer que ele estava ali. Ele não se abala por nada.

— Deixe-o falar— Aro interrompe Caius, erguendo a mão.

— Eu sou metade humano, metade imortal— diz o rapaz de pele parda e olhos castanhos, jovem, aparentemente uns vinte e dois, no máximo— Como a criança. Um vampiro seduziu minha mãe que morreu ao me dar a luz. Minha tia Huilen cuidou de mim como seu próprio filho. Então eu a transformei imortal.

— Quantos anos você tem?— Bella pergunta, dando passos ansiosos na direção do moreno. Ele a olha por cima do ombro.

— Cento e cinquenta anos— ele respondeu. O alívio percorreu nossos corpos. Renesmee tem muito o que viver.

— Com que idade chegou a maturidade?— Aro pergunta, sem parecer se aliviar do choque.

— Eu me tornei adulto sete anos após meu nascimento. Desde então parei de envelhecer— ele diz.

— De que se baseia sua dieta?— Caius pergunta com a cara da arrogância, não se convencendo.

— Sangue, comida. Eu posso sobreviver com os dois— ele responde, está calmo, em contraste da sua tia, que olha assustada para os Volturi e, ainda mais inquieta, para os lobos atrás de nós.

Há um longo minuto de silêncio, Aro volta a andar de um lado para o outro. Alice puxa Maggie para longe das garras dos inimigos.

— Ainda assim— Caius persiste— os Cullen criaram uma aliança com os lobisomens, nossos inimigos naturais!

Aro para, toca o ombro do irmão e balança a cabeça sério. Caius o encara, desacreditado.

— Meus caros, não vamos lutar hoje, não há perigo aqui— Aro fala, para a surpresa geral. O alívio percorre o corpo de cada um do nosso lado e eu aperto a mão de Jasper, deixando a esperança me tomar.

Caius encara o irmão como se quisesse ler seus pensamentos para descobrir os motivos de tal traição. E então, num gesto brusco com sua capa, ele dá as costas para todos e vai embora, correndo. Boa parte da guarda e aqueles que supostamente eram suas testemunhas, vão embora.

Eu não acredito no que estou vendo quando Aro se volta para nós. Seu olhar encontra o meu e ele faz uma careta de desgosto.

— Passem bem— ele fala e se retira. Todos vão embora. O pesadelo acabou.

Me viro para Jasper e o beijo como se fosse a primeira vez, porque nós não tivemos que lutar e agora poderíamos viver em paz.

Minha família está segura, no final do dia. Eu consigo rir quando me separo do beijo e a tensão se dissipa. Jasper abraça minha cintura com força e beija meu pescoço.

Toda a família Cullen se reúne ao redor de Maggie e Alice, num grande abraço.

— Mas o que vocês estão fazendo!?— Vladimir berra, indignado— Ainda não acabou!

— Eles recuaram, é a nossa chance!— Stefan complementa.

— Se importam de ir na frente?— pergunto, já cansada desses dois, sempre atrapalhando. Eles me fulminam com o olhar.

— Não ache você que acabou, eles virão atrás de vocês, de todos vocês!— Vladimir diz, gesticulo com descaso e decido ignorar sua ira, me voltando para o abraço em grupo.

É daqui que eu sou feliz para sempre, não é? Hoje a noite vou levar Jasper para falar com meu pai, mostrar para ele o verdadeiro amor da minha vida. Acho que eu tenho o direito de ser feliz.