História Always by your side - Memories

Em seis semanas, Graham já havia passado por 12 cirurgias e permanecia em coma induzido, mas os médicos já estavam otimistas de que ele conseguiria se recuperar.

A mãe de Graham, o único familiar que ele sabia que tinha, acabou indo atrás dele em Chicago, preocupada por não ter conseguido entrar em contato com filho. Ela nunca tinha ficado tanto tempo sem falar com ele. Ao saber o que tinha acontecido, teve queda de pressão e quase teve um infarto, precisando ser internada às pressas. Quando tudo aconteceu, Emma tinha optado por não lhe contatar, exatamente para evitar problemas. Sabia que era errado, mas se conhecia bem o seu Chefe, ele não iria querer preocupar a mãe, que além de tudo, mora tão longe.

Regina foi suspensa das atividades pelo Superintendente Tom Winter, que alegou que ela não estava em condições psicológicas para ir as ruas. Estava vulnerável demais e isso poderia ser um problema, não só para ela, mas para os colegas e o Departamento também. A condição que lhe foi dada para voltar mais rápido, era procurar ajuda psicológica. Mesmo não gostando da ideia, ela não pensou duas vezes em voltar a visitar a Dr. Doe, a mesma psicóloga que frequentou por um tempo por causa do que aconteceu com Gian, o estuprador. Internamente, ela sabia que aquilo a faria bem.

Em uma reunião apenas com o Departamento, o Superintendente e o Prefeito de Chicago, chamaram a atenção de todos os presentes, mesmo aqueles que não tinham poder de decisão, por terem ido para uma missão, considerada suicida por não terem chamado o apoio da SWAT, e por não terem avisado o que estava acontecendo.

Apesar de terem chamado a atenção de todos, eles praticamente colocaram a culpa em Graham pela fatalidade e insucesso da missão, alegando irresponsabilidade. Só faltaram dizer o nome dele para ficar mais claro.

No fim, todos ficaram de sobreaviso, até os detetives e policiais de rua. Se uma situação daquela voltasse a acontecer, eles seriam obrigados a tomarem medidas drásticas.  

•§•

Três meses depois

Após três meses parado, atendendo apenas em ocorrências simples, deixando a polícia de Chicago enfraquecida, as atividades no Departamento iriam voltar ao normal e o novo Capitão iria ser apresentado no fim do dia, em uma reunião na Prefeitura.

Enquanto o Departamento estava curioso e até ansioso para saber quem ocuparia o cargo de Graham, Regina relembrava alguns momentos que passara com o homem, sentada em uma poltrona, observando sua cadeira de couro, vazia. O seu antigo posto.

— Mills... — Humbert Abriu os braços para abraçar a mulher, porém, ela levantou uma mão o impedindo. — Poxa... Não faz isso comigo. — Fez bico. — É só um abraço... Eu estava com saudade de você.

— Eu não estava. — Virou o rosto e voltou a beber seu café. De repente, foi surpreendida pelos braços fortes de Graham, ao redor do seu corpo, apertando-a. — Ei... — Reclamou ao sentir algo em seu quadril. — Eu não gosto disso. — Fuzilou-o com o olhar ao ver o homem sorrindo.

— Foi a animação de te ver. — Defendeu-se sorrindo malicioso. No mesmo instante, recebeu tapas de Regina. — Ei... — Levantou as mãos para se defender. — Eu estou brincando... Não foi proposital, que você sentisse algo. — Apontou para suas partes, arrancando sorrisos de Emma e Mike. — Ai... Ai... Alguém ajuda, por favor.  — Em seguida a morena parou.

— Só parei porque quero tomar meu café em paz. — Resmungou, terminando a bebida e entrando no Departamento. — Será que podemos ir trabalhar, ou está difícil? — E então sumiu pela porta.

— Eu sei que você sentiu minha falta também.

 Regina sorriu, limpando uma lágrima solitária que descia por sua bochecha.

Fragmentos de um dos seus últimos momentos felizes e de descontração com Graham, vieram à sua mente.

― Eu nunca planejei me apaixonar por você, Regina. ― Ele ri sem humor. ― Sempre soube que não teria chance alguma. ― Respira fundo. Não era fácil confessar aquilo em voz alta. ― Por isso nunca demonstrei. ― Acrescenta em um tom mais baixo. ― Desculpa. ― Sussurra verdadeiramente envergonhado.

― Você está pedindo desculpa por gostar de mim? ― Ele sorri sem graça. ― Ok, Graham, você está desculpado. ― Diz bem-humorada. ― Você escondeu isso muito bem, devo dizer. Parabéns! ― Ele revira os olhos e a puxa para um abraço. Para sua felicidade e surpresa, não é repelido, mas sim, abraçado também. ― Eu estou carente. É por isso que isso está sendo permitido e retribuído. ― Explica-se fingido seriedade, mas o Capitão sabia que ela estava brincando.

― Você é muito durona... ― Comenta e Regina sorri baixinho. ― Agora eu poderei morrer feliz. ― Sussurra e a morena tenta se soltar para lhe encarar, mas ele não deixa. ― Eu não estou morrendo. ― Deixa claro e logo a sente voltando a lhe abraçar. ― Quis dizer que, agora eu poderei, um dia, morrer feliz por ter conseguido um abraço seu. Um abraço retribuído, com carinho e sem ser forçado. ― Explica. ― Para eu morrer ainda mais feliz, só faltou um beijo.

― Aí você já quer demais. ― Rebate rapidamente, mas sem se soltar do abraço do homem. Estava gostando daquele contato. Estava sentido paz e tranquilidade. ― Você vai sempre estar na friendzone, Graham. ― Deixa claro, fazendo o outro sorrir, mesmo sendo uma coisa triste para ele. ― Mesmo se eu gostasse de homens também. ― Completa em um tom mais baixo.

― Eu não estou pedindo e você não seria obrigada a atender esse pedido, caso eu estivesse, mas... ― Dá de ombros. No fundo ele torcia para que ela lhe beijasse, mas por fora, fingia não se importar caso ela não aceitasse.

― Graham... ― Murmura em tom de alerta.

― Eu não estou te forçando a nada, Regina. ― Deixa claro. Seu coração batendo acelerado com aquela conversa inesperada. ― Só estou comentando a minha vontade. ― Explica, levantando as mãos.

― Eu não vou te beijar. ― Diz com convicção, agora olhando para o homem.

― Não precisaria ser um beijo de língua, sabe? Eu só queria sentir o gosto dos seus lábios nos meus e saber qual a sensação. ― Divagou, parecendo esquecer a presença da outra. ― Apenas coisa de apaixonado. ― Acrescentou.

― Eu não vou fazer isso. ― Repete sua decisão.

― Eu não estou te pedindo. ― E então, sendo pego de surpresa, sente rapidamente seus lábios sendo pressionados pelos da Sargento. Um contato que não dura mais que três segundos. Parecia dois adolescentes bobos, descobrindo o beijo.

― Agora já chega. ― Passa a mão nos lábios como se tivessem dado um beijo de língua e bastante molhado. ― Se as coisas ficarem estranhas entre nós, eu vou bater na sua cara. ― Adverte. ― Graham! ― Cruza os braços, irritada por vê-lo de olhos fechados, passando as mãos nos lábios, como nos filmes adolescentes.

 ― Ok! Desculpa... ― Sua expressão zombeteira após abrir os olhos demonstrava o quanto estava tirando onda com a cara dela, fingindo estar perdido em emoções com o rápido beijo. Mas na verdade, ele estava mesmo, só não iria demonstrar isso agora, não na frente dela. ― Será que eu posso fazer um último pedido? ― Ousou perguntar.

― Se não for um absurdo...

― Você me concede uma dança? ― Pergunta, estendendo a mão em sua direção.

― Eu disse que podia se não fosse um absurdo. — Disse séria, mas acabou rindo. — Você está falando sério? ― Ele assente, sorrindo. ― Vamos dançar em uma cena de crime?

— O crime aconteceu lá dentro, não aqui fora. — Rebate rapidamente, como se estivesse pronto para aquela pergunta.

— Não tem nenhuma música aqui.

― Vamos fingir que estamos escutando When You Got a Good Thing da Lady Antebellum. ― Sugere, já segurando sua mão e puxando-a para perto novamente.

― Isso é música de casamento. ― Contesta.

― Eu sei. Será a música que irei cantar para a minha esposa, um dia. ― Conta em um tom sonhador. ― No do casamento, de preferência. ― Acrescenta.

― Você canta? ― Pergunta, chocada com a novidade.

― Shh, vamos nos concentrar em dançar. ― Pede, segurando-a nas costas e iniciando os passos de um lado para o outro.

― Por que eu estou sentindo como se você estivesse se despedindo? ― Indaga, explanando sua suspeita que surgira desde que ele começara com a história de morrer feliz. ― Está acontecendo alguma coisa?

― Eu não estou me despedindo. ― Para os movimentos e olha atentamente para a Sargento. ― Só aproveitei a oportunidade de me abrir para você e realizar três desejos que eu passei a ter desde que me interessei por ti. ― Explica, não passando muita garantia do que dissera.

― Sei... ― Responde, não muito crente de sua resposta.

― Vamos dançar... ― Pede. Então, Regina deita a cabeça em seu ombro, voltando a lhe acompanhar nos passos da música que tocava na mente dos dois.

— Você estava se despedindo, Graham... — A Sargento sussurra. Seus olhos já estavam embaçados pelas lágrimas e sua voz entrecortada por causa da emoção. — Só não sabia... — Não aguentando mais se segurar, ela esconde o rosto entre as mãos e cai em prantos, não se importando se seria ouvida por quem passasse fora, em frente a sala.

A porta do escritório é aberta e Swan coloca a cabeça para dentro, varrendo a sala com os olhos. Ela estava procurando por Regina e já imaginava que iria encontra-la ali. Quando a viu na poltrona, soube que não estava errada.

— Regina... — A loira fecha a porta rapidamente e se ajoelha em frente a amiga. Mills nem se importou de levantar a cabeça para ver quem é. Emma puxa as mãos do rosto da morena e as duas se olham por alguns segundos. Sem nenhuma palavra ser dita, elas se abraçam forte. Emma sabia o que a amiga estava sentindo naquele momento. Ela sentia o mesmo. — Você está bem? — Afasta-se um pouco, só o suficiente para ver o seu rosto vermelho e coberto de lágrimas.

— É apenas saudade... — Diz com dificuldade, fungando. — Eu sinto falta dele, Emma... — Soluça. — Eu só queria poder voltar no tempo e... — Não consegue terminar de falar, sendo acometida pelo choro novamente, dessa vez, mais desesperado.

— Ei... — Emma a abraça novamente, mais apertado. — Essa nova pessoa que vai vir, não vai ficar aqui para sempre. — Diz em um tom animado. Com o otimismo dos médicos, suas esperanças tinham se renovado. — Graham vai ficar bem. Quando a gente menos esperar, ele vai estar ali... — Aponta para cadeira de couro preto, abrindo um sorriso, tentando segurar o choro. A saudade doendo em seu peito e a tristeza por não vê-lo ali, sentado. Mas, mais uma vez, ela precisava ser forte pelas duas. Não podia desabar agora. Não na frente de Regina. — Rindo da nossa cara e fazendo piadas. — Finaliza e sorri aliviada ao ver o pequeno sorriso da amiga. Era um sinal de que estava conseguindo acalma-la. Sabia que as idas a psicóloga tinham tido efeito. Mas ainda tinha medo. — Não podemos perder a esperança. — Acrescenta, com a voz embargada. Regina a puxa para um abraço e a faz se sentar em seu colo. Não aguentando mais ser forte, Swan explode em um choro compulsivo, nos braços da amiga. Aquele abraço era a gota d’agua que faltava para ela transbordar.

— Pode chorar... Coloca tudo para fora... — Mills sussurra, com a voz falha, mexendo em seus cabelos e beijando sua cabeça. — Você me confortou muito. — Respira fundo e pisca algumas vezes, tentando se segurar. Seu peito doía de saudade e ela só queria botar para fora. Mas agora era a sua vez de ser forte pela amiga.  — Agora é a minha vez... — Beija os cabelos loiros mais uma vez e a aperta em seus braços, escutando seu choro abafado em seu ombro. — A saudade dói...

•§•

Já estava escurecendo, quando o Prefeito e o Superintendente convocaram todos para irem à Prefeitura, para anunciar quem seria o novo Capitão da Divisão.

Emma e Regina esperavam a reunião começar quando Eric, Mike, Robin, Ruby e outros oficiais chegam da última operação do dia.

— Ainda não acredito que isso aconteceu. — Mike reclama, passando as mãos pelo cabelo, agoniado. Emma e Regina se olham, intrigadas.

— Que filhos da mãe! — Eric xinga, vindo mais atrás. — Vai ser impossível conseguir montar de novo, uma emboscada tão boa quanto essa...  

— Quatro meses jogados fora... — Mike retruca, com raiva na voz.

— Ei, o que aconteceu? — Emma pergunta finalmente, aproximando-se mais do grupo, curiosa com a irritação deles. Regina a acompanha, igualmente curiosa.

Ruby iria começar a explicar, mas a aproximação de uma mulher do FBI a interrompe.

— Olá, você é a Superintendente da Divisão? — A mulher pergunta para a loira, tocando em seu ombro para chamar a sua atenção. — Eu gostaria de pedir desculpas em nome do FBI. — Emma se vira, reconhecendo aquela voz. — Nós... — Interrompe-se, franzindo o cenho. — Emma? — Pergunta, incrédula.

— Catherine? — Emma arregala os olhos, tão surpresa quanto. Primeiro por ela estar muito diferente do que se lembra, e segundo porque, até onde se lembra, a ruiva estudava administração na faculdade.  

Os demais apenas observavam a interação, curiosos, inclusive Regina, que se perguntava quem era ela.

— Você é Superintendente?

— Na verdade, eu sou Sargento. — Mostra o distintivo pendurado no cós da calça. — Eu não sabia que você estava trabalhando no FBI. — Seu tom demonstra o quanto está confusa e surpresa. — Quando você... — Interrompe-se, apontando para as roupas da outra.

— Foi muito tempo atrás. Eu tinha conseguido um trabalho no administrativo em Nova Iorque. Passei tanto tempo dentro daqueles escritórios que acabei me interessando, e bem, aqui estou. — Explica, rindo e apontando para si. — Agente Especial, Catherine Conor. — Estende a mão à loira, que rapidamente a aperta.

Regina tinha um olhar curioso em cima da mulher e nem se preocupava em disfarçar. Mas Catherine estava tão focada em Emma que nem tinha percebido.

— Estou surpresa em rever você. — Emma comenta, puxando assunto após alguns segundos que passaram em silêncio, encarando-se. — Está tão diferente...

— É, eu também estou surpresa em ver você... — A outra replica, olhando-a intensamente nos olhos verdes.

Nesse momento, vendo que a conversa ficaria mais pessoal, Ruby, Robin, Eric e Mike, decidiram se afastar, mas Regina permanece no mesmo lugar. Rindo, Lucas volta e puxa Mills consigo, que resmunga mas a segue.

— Você está trabalhando por aqui ou veio de outro estado? — Swan lhe pergunta. Mas antes que a ruiva pudesse responder, escutam a voz do Prefeito no microfone, chamando a atenção de todos.

— Bem, parece que essa conversa vai ter que ficar para outra hora. — Catherine lamenta, enfiando a mão no bolso e puxando algo. — Vamos marcar para botar a conversa em dia. — Sugere, entregando-lhe seu cartão.

— Claro! — Observa-o por alguns segundos e o enfia no bolso.

— Foi bom te ver, Emma. — Aperta a mão da loira mais uma vez, e com um sorriso, se afasta, indo embora.

Swan a observa por alguns minutos, logo vendo-a sumir na multidão e então volta para perto de Regina e dos demais, que contavam à Sargento o que o FBI tinha feito. Quando a loira se faz presente perto do grupo, Regina até pensa em interroga-la sobre a ruiva, mas ela repensa melhor e decide que aquele não era o melhor momento para isso. Emma sugere para se aproximarem mais e todos assentem, seguindo para mais perto dos outros, prestando atenção no que Tom, o Superintendente, discursava.

Após alguns minutos de discurso, relembrando alguns casos que já aconteceram na história do Departamento de Polícia de Chicago, o Prefeito toma o lugar dele no pequeno púlpito e também diz algumas palavras. Após falar brevemente sobre o caso de Graham e autorizar oficialmente, o retorno de todas as atividades no Departamento, ele anuncia Brian Knight, o Capitão de um dos Departamentos de Nova Iorque, como o substituto de Humbert.

Quando o homem toma o seu lugar no púlpito e se apresenta, as Sargentos se olham e sorriem aliviadas por saberem que será alguém conhecido, aparentemente honesto e legal que ocupará o lugar do amigo.