1. Spirit Fanfics >
  2. Always By Your Side (EM REVISÃO) >
  3. Estou Bem

História Always By Your Side (EM REVISÃO) - Estou Bem


Escrita por: Nellyy

Notas do Autor


Oiiii, estou de volta! ^^
Vim aqui rapidinho deixar um cap pra vocês. Espero que gostem! ^^

P.S: Mais dois caps e a verdade finalmente será revelada xD

Capítulo 70 - Estou Bem


Fanfic / Fanfiction Always By Your Side (EM REVISÃO) - Estou Bem

As quatro paredes brancas como gesso faziam meus olhos doerem. A única janela no alto deixava com que alguns raios solares entrassem timidamente, eu passava maior parte do tempo olhando para ela, imaginando como estariam as coisas lá fora. O único móvel do quarto era um cama onde eu estava deitada de barriga para cima, exausta por ter berrado mais do que vinte minutos. Minha garganta doía. Todo aquele branco estava me agoniando. Soltei um palavrão antes de virar de lado e enfiar as mãos entre as pernas, adotando uma posição fetal.

Ninguém me amava verdadeiramente, era tudo uma grande mentira. Todas aquelas pessoas se escondiam atrás de máscaras, fingindo que se importavam, que queriam o meu bem, mas no final, ninguém hesitou em me abandonar nesse lugar para enlouquecer de verdade. Eu estava bem, mas ninguém acreditava nisso.

Apertei os olhos na tentativa de impedir que qualquer umidade escapasse por eles, me remexi no colchão duro e encaroçado enquanto metia as unhas no pescoço. As roupas que eu usava, da mesma cor das paredes, pinicavam a minha pele. Eu não parava de coçar. Minhas unhas finas e afiadas acabariam por me ferir inteira. Eu não ligava.

Fui vencida pelas lágrimas. As pequenas gotas molhavam os lençóis esbranquiçados. Funguei irritada quando cutucaram meu ombro.

- Não quero nenhum remédio! Não vou tomar nada! – berrei ao enfiar a cabeça embaixo do travesseiro. Estranhei quando ouvi risadinhas.

- Não viemos dar remédios à você. – ele disse.

Mil anos poderiam se passar e eu ainda seria capaz de reconhecer aquela voz doce. Afastei o travesseiro do rosto e olhei para trás. Jimin não estava sozinho. Ele e Hoseok estavam vestidos como eu, ambos seguravam travesseiros e sorriam de um jeito sapeca. As expressões delatavam que gostariam de aprontar algo divertido.

- Viemos fazer companhia. – Hope completou e lançou uma piscadela na minha direção. Ele ainda mordiscou um chocolate antes de jogar a embalagem de plástico no chão do quarto.

Pelo menos um pouco de cor por aqui, pensei ao olhar rapidamente para a embalagem marrom.

- O que estão fazendo aqui? – perguntei.

- Já disse! Viemos fazer companhia! – Hoseok voltou a dizer com certa impaciência.

- Quero dizer, como vocês conseguiram entrar aqui?

Os dois se entreolharam, cúmplices, e depois voltaram a emitir as mesmas risadinhas travessas de antes.

- Podemos aparecer aonde quisermos. Você já deveria saber disso, Tiff. – disse Jimin. Sorri inconscientemente quando ele levou as mãos até a cintura, agindo como se estivesse chateado.

 - Vocês são os únicos que se importam comigo de verdade. – suspirei sentando-me sobre a cama. Limpei minhas bochechas molhadas e olhei para os meninos. - Onde estão os outros?

- Não puderam vir. – Hoseok deu de ombros. – estão preparando uma surpresa para... Ai!

- Fica quieto! – Jimin cutucou a costela do amigo com o seu cotovelo. - Agora vamos fazer guerra de travesseiro! – ele berrou de repente e acertou a cabeça de Hoseok com o travesseiro fofo.

Soltei uma gargalhada ao notar que Hope havia sido pego desprevenido. Ele então revidou na mesma hora e acertou o rosto de Jimin. Nem percebi quando Hoseok veio pra cima de mim e atacou meu braço. E sem perder tempo entrei na brincadeira distribuindo golpes para todos os lados. Parte do chão já estava coberto de penas, eu gargalhava ao ver o cabelo dos meninos repleto delas.

- Ah, está rindo? Então agora vou dar um motivo para você rir ainda mais!

- Não! – Hoseok agarrou minha cintura e me fez cair junto com ele no chão. O garoto fazia cócegas por toda a minha barriga. Eu não parava de rir e Jimin rolava ao nosso lado, gargalhando sem parar.

- Para, Hobi! – pedi. Ele cutucou minha barriga ainda mais. Até que em algum momento ele cansou. Saiu de cima de mim e jogou-se ao meu lado, a respiração acelerada, um sorriso contente no rosto. Olhei para o lado, ele e Jimin haviam fechado os olhos, mas os lábios continuavam esticados em um sorriso. Eu pretendia relaxar como eles, porque esse era o objetivo dos meus amigos, me deixar mais leve, sem preocupações, mas não consegui.

Eu tive a impressão de que já havia vivido um momento parecido. Não, não era um impressão. Eu já tinha vivenciado um momento como aquele. Guerra de travesseiro, penas pelo ar, risadas, felicidade... Eu lembrava desse dia.

Eu queria continuar me divertindo. No entanto, as coisas foram ficando estranhas. A cama foi desaparecendo como fumaça. Jimin e Hoseok estavam sumindo. E eu também.

Acordei com o pescoço molhado de suor e Sayuri entrando no meu quarto.

- Ah, ainda bem que acordou. A Dra. Jang já está ai embaixo. – ela foi direto para a minha cômoda, puxou a cadeira e a levou até o outro lado do quarto, onde uma outra cadeira já estava disposta. As deixou uma de frente para a outra.

- Er... Dra... Quê? – confusa por ainda estar praticamente de olhos fechados e alarmada com a possibilidade do meu sonho ser algum vislumbre do futuro, sentei na cama tentando pôr meus pensamentos em ordem.  

- Dra.Jang. Ela... veio ver você. Ela sempre vêm. – esboçou um sorriso amarelo. Sayuri esfregava as mãos impacientemente, ela sempre fazia isso quando ficava nervosa.

- É... Não. Eu que sempre vou vê-la. O que ela...

- Papai chamou. – ela rapidamente me cortou.

O suspiro pesado que saiu por entre meus lábios deixou claro à Sayuri que ela não precisava dizer mais nada. Era evidente que depois da noite passada papai não deixaria para lá. Era até engraçado ele ter chamado a doutora ao invés de me jogar em um hospício. Meu corpo se arrepiou quando o sonho tomou minha mente.

- Pede pra ela subir. – disse por fim.

Sayuri apenas balançou a cabeça e saiu rápido do quarto.

Uns cinco minutos depois, Dra.Jang já estava sentada em uma das cadeiras que Say havia preparado. Sem nem lavar o rosto, muito menos trocar de roupa, e incrivelmente emburrada, saí da cama e sentei-me na outra cadeira de frente para ela.

- Seu pai pediu para que eu viesse conversar um pouco com você. Ele me contou o que têm acontecido... – ela foi direto ao ponto. Não houve “boa tarde” “como você está?” “dormiu bem?”. Não sei dizer se isso me incomodou ou me deixou aliviada.

- Eu não quero conversar. Se eu quisesse tinha procurado você. – a rispidez na minha voz a pegou de surpresa. Talvez porque fosse a primeira vez que eu a tratava daquele modo. Nem quando ela me disse que eu precisaria passar um tempo em uma clínica eu a destratei.

- Você têm os visto, Tiffany?

Bufei.

- E se eu disser que sim? Você vai me diagnosticar como louca de pedra?

- Não.

Soltei um riso debochado.

- Ah, me poupe.

- Eu quero primeiro entender o que está acontecendo.

O interrogatório e a sua forma de me encarar como se eu tivesse feito algo ilegal me irritou ainda mais.

- O que está acontecendo é que eu vejo os espíritos dos meus amigos! – esbravejei.

Ela até tentou ser profissional e esconder sua reação. No entanto, eu consegui identificar nos seus olhos a certeza aterrorizante que ela teve sobre a minha sanidade mental.

- Tiffany, são eles que mandam você fazer coisas ruins? – as palavras saíram compassadas e cuidadosas. Encareis seus olhos.

- Não mete eles nisso.

- Só estou tentando entender.

- Você acredita em Deus? – perguntei de repente. Seu cenho se franziu levemente devido a surpresa.

- Acredito. Vou todos os domingos à igreja.

Sorri.

- Engraçado. Você diz acreditar em Deus, mas quando se depara com uma situação como a minha, a primeira coisa que vem a sua cabeça é: louca. Você deveria acreditar na existência de anjos, espíritos, demônios.

Ela negou, balançando a cabeça de um lado para o outro.

- Não é verdade, Tiffany. Eu acredito em você e quero ajudar. Eu só quero ajudar. – afirmou.

- É mentira! Você e nem ninguém acredita em mim! E eu não preciso da sua ajuda! – virei o rosto para o lado e cruzei os braços sobre o peito.

- Eu sei que precisa. E vou ajudá-la.

- Eu. Não. Preciso. De ajuda. – sibilei entredentes.

Ouvi a doutora suspirar.

- Se não precisa, então por que deixou aquela mensagem na parede?

Franzi o cenho.

- Quê...? – encarei a doutora.

- Por que escreveu “me salve” na parede?

Ela fez um singelo sinal com o queixo, indicando algo atrás de mim. Virei o rosto imediatamente. Levei um grande susto quando meus olhos focalizaram as letras com uma grafia distinta e características únicas. Levantei da cadeira, indo em direção a parede rabiscada. As palavras “I’m fine” haviam sido desenhadas no alto da parede, acima da minha cama.

Elas não estavam ali antes.

- Eu não fiz isso. Essa letra não é minha. – virei-me para a doutora. Agora não havia nada de profissional na sua postura. O rosto murcho, os lábios em uma linha fina e dura, a testa levemente enrugada, caracterizavam a pena que ela sentia de mim, mas que jamais deveria ser exposta.  – além disso, está escrito “eu estou bem”. “I’m fine” significa “eu estou bem” em inglês.

- Eu entendi, Tiffany. Lendo ao contrário outra coisa aparece.

Engoli em seco. Com medo de que ela tivesse razão, hesitei antes de olhar outra vez em direção à frase. E para o meu desespero ela estava certa. Lendo de outro ângulo, a frase “save me” estava clara para quem quisesse ver.

- Você está pedindo ajuda do seu jeito. E eu vou ajudar você.

Atordoada, fui incapaz de dizer alguma coisa.

- Eu preciso ir agora. Mas amanhã volto para ver você.

Eu ainda encarava a parede quando ouvi a porta do quarto sendo aberta e fechada.

Expulsei um pouco de ar pelos lábios.

- Vocês estão me metendo em uma bela enrascada, sabiam disso? – olhei ao redor do quarto. – o que isso quer dizer? Vocês... não estão bem?

Cansada, caí de joelhos no chão e comecei a chorar.

 

***

 

Já era tarde da noite quando senti fome e não consegui mais dormir. Minha barriga roncava como se eu tivesse passado dias em jejum. Mesmo com preguiça, fui até a cozinha. Os empregados estavam todos dormindo, a casa estava em um silêncio perturbador. A única luz acesa era a da sala de estar. Entrei correndo na cozinha e acendi a luz.

Fiz um pouco de leite e peguei um pote de biscoitos. Tirei cinco e comi tudo bem rapidinho. Era muito assustador ficar aquela hora, no meio da madrugada, sozinha na mansão. Deixei tudo arrumado e saí da cozinha. Eu atravessava a sala de estar, passando em frente ao piano, quando parei e voltei um passo. O objeto peculiar captou minha atenção. Aproximei-me e analisei o pirulito amarelo que cintilava solitário sobre o piano preto. Sorri. Peguei o doce e estava prestes a colocá-lo na boca quando fui interrompida.

- Tiff? O que está fazendo? O que você têm na mão?

O tom um tanto quanto desesperado do meu pai me aborreceu. Virei-me abruptamente e o encarei furiosa.

- É só um pirulito! – ergui o doce -  Ele não mata ninguém! A não ser que eu morra engasgada! – falei sem pensar. Me arrependi no mesmo segundo em que sua expressão entristeceu. Ele parecia querer chorar.

Tudo bem. Eu havia sido uma pessoa terrível ao dizer aquelas coisas. Mas a falta de confiança de todos me deixava maluca. Eu não queria que me tratassem como louca. Eu não estava louca! Era tão difícil acreditar em mim? Era. Eu sabia que era.

- Já disse que não gosto dessas suas piadas.

Respirei fundo.

- Pai, se põe no meu lugar. É horrível pensar que ninguém confia em mim. Todos me olham como se eu inventasse coisas absurdas. E não é assim! O fato é que... você não me ama de verdade. É isso. Seu amor... é falso.

Papai me olhou como se eu tivesse dito a coisa a mais inacreditável do mundo, como se eu tivesse afirmado que é possível construir uma casa com areia.

- Tiffany, não diga bobagens!

- É falso sim! E eu estou cansada disso! Se me amasse de verdade você acreditaria em mim! Ouviria o que eu tenho pra dizer, tentaria, pelo menos, entender! Se esforçaria! Mas o caminho mais fácil é sempre achar que estou doente da cabeça, não é?!

Eu estava chorando. E nem mesmo sabia o que estava dizendo. Eu só queria gritar, pôr sentimentos para fora, me livrar da agonia. Meu único desejo era que nada mais doesse em mim e nem no meu pai.

- Tiffany...

Ele tentou chegar perto, mas eu recuei. Meu bumbum tocou no piano, impedindo que eu me afastasse mais.

- Eu estou assustada, sabe? Confio nos meus amigos, mas fico tão confusa quando vejo os seus olhares acusatórios e penosos, quando ouço todos dizendo que a minha cabeça não está boa... Eu só queria que alguém pudesse acreditar em mim. Acho que não haveria tanta dor se vocês acreditassem em mim...

- Minha filha, - ele começou com cuidado. – como... como eu posso acreditar que você vê o seus amigos se... sempre que você diz vê-los, acontece algo de ruim? Eles amavam você, certo? Não poderiam lhe fazer mal. Eles não estão aqui, minha filha.

Fiquei calada por um momento, processando as palavras do meu pai.

- Er... talvez eles estejam sentindo a minha falta e...

- Tiffany, vêm. Vamos subir e dormir. Você têm que descansar. – Papai me interrompeu porque sabia bem o que estava prestes a sair da minha boca. Nem percebi quando ele chegou perto e pegou delicadamente na minha mão. O pirulito caiu no chão e lá ficou, ao lado do piano. Olhei na direção dele enquanto subia as escadas.

Eu o estava deixando para trás, mas não queria que acontecesse o mesmo comigo. Eu não queria que eles me deixassem para trás. Eu não queria ser abandonada. Mais uma vez.


Notas Finais


Beijuuus
Até o proximo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...