História Always On My Life - Esperança

Acordei com o despertador, Delilah estava dormindo na cama ao meu lado. Levantei e fiz o de sempre, academia, casa, banho... Vesti um vestido preto simples, bem justo, a manga ia até pouco acima da metade do meu braço e ficava pouco abaixo do joelho, tinha um corte na parte da saia atrás, para não ficar tão apertado. Fiz um coque arrumado e calcei um scarpin preto, passei um batom vermelho (foto 1), passei perfume. Troquei a água de Delilah, peguei minha bolsa e saí. Ao chegar no escritório, estava tudo bem, fiz o que costumava fazer. No meio de expediente recebi uma ligação

-Alô? - falei ao atender

-Bethany...

-Mama, oi, bom dia - falei

-Bom dia... - ela disse com voz baixa e acoada

-Aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupada

-Sim... Eu ia te falar mais tarde, mas é melhor saber logo - ela disse

-Esta me deixando preocupada, o que aconteceu? - falei me levantando da cadeira e andando pela minha sala

-Seu pai... Ele piorou - ela disse

-Piorou como? 

-Ele está internado - ela disse fazendo um sentimento ruim me invadir de forma nada terna 

-Mas... Mas ele está bem? Como ele está? - perguntei ainda mais preocupada

-Ele... Está em coma induzido por conta dos respiradores - ela disse ainda com voz baixa e triste

-Coma? - senti as lágrimas arderem meus olhos -Como a senhora está? Posso ir aí hoje mesmo

-Bethany, fique em Los Angeles, é melhor... Venha na sexta como fez antes... Seu pai não está sentindo dor ou algo do tipo... Ele... Vai ficar bem... Está desacordado para não sentir o desconforto dos aparelhos que são temporários... E o médico usou um sedativo leve, ele deve acordar ainda hoje ou amanhã, é só para estabilizar a respiração dele - ela disse

-Mas o que aconteceu exatamente, mama? - perguntei limpando uma discreta lágrima que desceu pela minha bochecha

-Ele sentiu muita falta de ar a noite, mal conseguia respirar, o trouxe para o hospital e os médicos tiveram que fazer isso, ele não conseguia respirar - ela disse, um silêncio se formou -Bev, não pare por conta disso, volte ao trabalho que por aqui vai ficar tudo bem... Sabe que seu pai é forte, vai acordar como se nada tivesse acontecido

-Sim, mama - falei mesmo que relutante. Nos despedimos e desliguei o telefone... Minha vontade era simplesmente desabar ali, mas não era um lugar bom para me mostrar tão vulnerável, então segurei firme deixando apenas algumas lágrimas inevitáveis escorrerem, eu estava apoiada na cadeira na frente da mesa, de costas para a porta, com o tronco um pouco curvado. Ouvi batidas na porta e a pessoa não esperou minha permissão, apenas abriu e entrou. Limpei as lágrimas rapidamente e levantei o tronco, ainda de costas para a porta

-Bethany... - era Thomas, começou a falar de forma rápida mas logo desacelerou ao perceber algo de errado -Esta tudo bem? - ele perguntou se aproximando um pouco

-Sim... Precisa de algo? - falei com voz ainda não totalmente recuperada e ainda sem me virar. Thomas não respondeu, apenas estendeu seu lenço do paletó para mim, apenas estendendo a mão ao meu lado. Peguei o lenço e sequei meu rosto com delicadeza para não tirar a pouca maquiagem que eu usava e limpar se algo tivesse sido borrado. Pude me virar para ele e entregar o lenço

-Obrigada - falei sem olhar diretamente para seus olhos

-Precisa me dizer alguma coisa? - ele perguntou

-Acho que... Vamos ter que remarcar a nossa reunião - falei

-Por que? 

-Vou ter que voltar a Gary... Meu pai foi internado - falei indo para trás da mesa

-Oh Bethany, eu sinto muito - ele disse vindo até mim na intenção de me abraçar

-Não... - falei colocando uma das mãos contra seu peitoral impedindo que ele se aproximasse mais -Se me abraçar agora eu vou chorar de novo

-Pode chorar, está tudo bem - ele disse

-Não... Prefiro continuar parecendo invulnerável - falei tirando minha mão de seu peitoral, que não avançou

-Tudo bem... 

-Por que veio aqui? - perguntei

-Eu ia falar sobre a reunião, recebi outra ligação - ele disse

-Me desculpe por isso... - falei

-Esta tudo bem, tem que ver seu pai... Não se preocupe, marcamos depois - ele disse indo em direção a porta, se retirou pouco depois.

Pude me recompor, tomei um copo d'água e fui ao banheiro verificar se estava tudo bem no meu rosto e voltei para o escritório. Tentei esquecer isso, apesar de ser impossível, para seguir meu trabalho. Consegui terminar tudo mais cedo, então fui para casa. Delilah me recebeu com seu miado agudo e alto, passando por minhas pernas

-É, eu também senti sua falta - falei pegando-a no colo. Fui para o quarto e a coloquei na cama, mas ela logo desceu e saiu. Tirei as roupas e fui para o banho. Demorei um pouco no chuveiro, lavei o cabelo. Ao sair, vesti uma camisola qualquer e finalizei meu cabelo, deixando-o solto para secar. Eu estava na sala, aproveitando a companhia de Delilah e da minha solidão, tentando não surtar ao lembrar que meu pai estava internado...

Eu sempre fui muito sozinha, a única pessoa que eu tinha sempre ao meu lado era Michael, eu sabia que podia confiar minha vida a ele... Os outros eram apenas superficiais e eu os perdi ao longo do tempo de qualquer jeito, agora minhas noites são resumidas ao silêncio e a solidão...

Eu estava deitada no sofá, quando meu telefone tocou, ele estava no braço do sofá, então peguei e atendi

-Alô - falei com tom sem paciência e desanimado, ríspida

-Bethany, oi - era a voz de Michael, o que me fez sentir um sentimento bom de bem-estar

-Oi, Michael... - falei amaciando um pouco a voz

-Não vou nem perguntar se está bem porque já percebi que não - ele disse

-Eu não sabia que me conhecia tão bem - falei

-O que aconteceu? - ele perguntou

-Meu pai... Ele está internado - falei depois de respirar fundo, após sentir aquele mesmo sentimento ruim de mais cedo

-Oh Beth... Mas ele está bem? - Michael perguntou preocupado. Não respondi, apenas respirei fundo ao senti as lágrimas arderem meus olhos -Bethany? Está me ouvindo? Ele está bem?

-Ele... Merda - falei baixo ao sentir que não conseguiria segurar mais, limpei as lágrimas que começaram a descer

-Ele o quê, Bethany? - Michael perguntou ainda mais preocupado

-Ele está em coma induzido - falei tentando controlar minha voz e meu choro, prendendo-o

-O quê? - Michael disse como um sussurro

-Por conta dos respiradores - completei respirando fundo

-Bethany, eu... Eu sinto muito... Não sei o que dizer - ele disse com voz baixa e nitidamente abalada

-Não precisa dizer nada...

-Quer que eu vá aí? Posso passar a noite com você - ele disse

-Não precisa... Tenho que tirar minha armadura de durona um pouco... - falei

-Sabe que não precisa de armadura estando perto de mim - ele disse

-Eu sei, Michael, não faz ideia do quanto eu confio em você... Mas eu realmente preciso ficar sozinha, pelo menos hoje - falei

-Tudo bem... Fica bem... E por favor, não faz nenhuma besteira... - ele disse

-Não vou fazer... Pode contar a sua família... - falei

-Tá bom... Boa noite, Bethany - ele disse

-Boa noite, Michael - falei. Ele desligou pouco depois. Joguei o telefone ao meu lado e pude apenas deixar sair tudo que prendi durante o dia. As lágrimas desciam seguidamente, eu chorava não muito baixo, mal conseguia respirar... Andava pela sala enquanto tentava voltar ao controle do meu corpo, o que demorou para acontecer. Eu sentia um sentimento terrível por estar longe do meu pai e por saber do risco que ele estava correndo, eu poderia receber notícias boas ou ruins a qualquer momento e era algo que estava totalmente fora do meu controle. Quando me tranquilizei, depois de longos minutos, lavei o rosto, escovei os dentes e fui deitar. Fiquei na cama, pensando, fui vencida pelo cansaço e acabei conseguindo dormir

Bethany Off

Michael On

Quando ela desligou o telefone, o joguei na cama e apoiei os cotevols nas minhas pernas, apoiando o rosto nas minhas mãos. Eu não podia nem imaginar o que ela estava sentindo, dava para perceber o quanto ela estava tentando se controlar enquanto conversava comigo.

Me levantei e desci, estavam todos na sala, parei na escada

-Aconteceu alguma coisa, Michael? - minha mãe perguntou

-O senhor Johnson... - comecei a falar, minha mãe se levantou devagar do sofá -Ele está em coma induzido

-Coma? - Joe perguntou. Vi a surpresa, espanto e tristeza no rosto de cada um ali presente

-Por que? - Tito perguntou

-Bethany disse que é por conta dos respiradores - falei descendo o resto das escadas

-E como ela está? - DeeDee perguntou preocupada

-Abalada, mas tentando esconder... - falei. Se via minhas cunhadas consolando meus irmãos. Ninguém falou mais nada, eu voltei a subir. Tomei um banho enquanto tentava associar aquilo tudo. Vesti um pijama e me sentei na cama, enquanto só conseguia pensar em Bethany... Eu já pensava nela o dia todo, todos os dias, mas estava pensando no que ela estava sentindo, não gostava de saber que ela não estava com seu sorriso lindo no rosto e que não tinha motivo para tê-lo.

Fiquei na cama pensando sobre isso, coloquei um filme mas nem mesmo consegui me concentrar nele... Só fui dormir depois das três da manhã