História Always On My Life - Não Foi Por Vingança

Acordei no dia seguinte e fiz o de sempre, academia, casa, banho... Vesti uma calça cinza, nem muito apertada e nem muito folgada, um cinto preto, uma blusa preta de gola alta por dentro da calça, um blazer da mesma cor da calça e um scarpin preto, fiz um coque, passei perfume, peguei uma bolsa preta, troquei a água e coloquei comida para os gatos e saí. Fui para o escritório... Abri as cortinas e liguei o computador, me sentei na cadeira... Hoje o dia estava mais calmo, não tinha muita coisa para fazer, mas ainda tinha um caso para estudar, então peguei o arquivo e comecei a ler. Eu estava totalmente concentrada ali, tentando associar as provas e evidências para defender meu cliente

-Precisamos conversar - a voz de Thomas me assustou, assim como o barulho do copo de café que ele colocou sobre minha mesa. Calmamente fechei o arquivo que estava lendo 

-Tudo bem... Sente-se - falei, Thomas sentou em uma das duas cadeiras na frente da minha mesa -O que precisamos conversar?

-Isso ainda me parece um tipo de vingança... Nos últimos tempos nós saímos duas vezes, você poderia ter me levado para sua casa nessas duas vezes mas não o fez... Por que?

-Porque eu não estava afim nas últimas duas vezes?! Thomas, eu sou uma pessoa vingativa, mas eu mesma já havia assumido minha parcela de culpa no que aconteceu... Em nenhum momento você fez algo que eu não queria... Assim como na quinta - falei

-Então você não fez isso por vingança ou por outra influência desse tipo?

-As únicas influências que tive foram a tesão e esse seu rostinho bonito... Talvez o vinho também - falei, ele riu baixo -Mas por que está tão preocupado com isso?

-Porque... Eu tenho sentimentos por você... Sentimentos de verdade, desde 82 quando nos reaproximamos. Mas eu sei que você não sente o mesmo por mim e que tem sentimentos por outro, então decidi não te falar nada... Pelo menos até agora - ele disse me deixando surpresa

-I'm sorry, eu não tinha percebido - falei 

-Tudo bem, você não é advinha... Tem lá seus motivos para estar apaixonada por esse homem e eu não tenho nada a ver com isso - ele disse

-Oh God, agora me sinto terrível - falei

-Se sente terrível por não sentir o mesmo por mim? Pare com isso, não é sua culpa, você não escolhe por quem vai se apaixonar... Serve como lição para mim, não aproveitei quando tive seu amor e agora não terei mais. Só vamos seguir em frente, quem sabe eu consiga superar isso - Thomas disse

-I'm sorry - falei novamente

-Tudo bem, esqueça isso... Eu vou voltar para minha sala, tenho trabalho a fazer - ele falou se levantando

-Tá bom - falei. Ele saiu... Eu ainda estava um pouco chocada. Nunca pensei que Thomas poderia ter sentimentos verdadeiros por alguém, principalmente por mim. Também me sentia culpada por não sentir o mesmo por ele, mas eu não podia fazer nada, isso não é algo que eu possa controlar... Se eu pudesse seria muito mais fácil.

Voltei a me concentrar no caso que tinha que estudar e pude esquecer um pouco sobre o choque de agora a pouco... No final do expediente eu ainda estava me sentindo culpada, então escrevi uma carta para Thomas

"Thomas,

Sinto muito por não ter percebido antes e por não corresponder a esse sentimento. Eu suspeitei, mas pensei que fosse coisa da minha cabeça ou outra armadilha como a anos atrás. Você se tornou um homem maduro e uma pessoa maravilhosa, merece alguém digno disso, não eu, e tenho certeza que vai encontrar essa pessoa. Espero que isso não interfira na nossa relação profissional, de comandar a firma, ou a amizade que criamos nos últimos meses. 

É verdade que tenho fortes sentimentos por outro homem e, infelizmente, não posso controlar isso... Espero que fique bem e que encontre quem realmente te mereça

Com amor

Bethany Ehrlich"

Fiz um envelope e pronto. Peguei minha bolsa e saí, peguei o elevador e desci. Quando as portas do elevador se abriram no térreo, vi Thomas. Acelerei os passos e coloquei a carta no bolso traseiro de sua calça. Ele sentiu e me olhou passar por ele, o olhei mostrando que eu havia colocado a carta ali... Ele pegou o envelope e o olhou enquanto eu continuava andando até a saída do prédio

-O que é isso? - ele perguntou alto com o envelope em mãos

-Descubra - respondi abrindo a porta e saindo.

Fui para o meu carro e dirigi até um mercado próximo da firma, precisava comprar ração e areia para os gatos. Perto do mercado tinha uma banquinha de jornal, na qual passei mas não prestei atenção. No mercado, comprei dois pacotes de ração e um de areia para gatos... Levei as compras para o carro com a ajuda de um carrinho de supermercado. Voltei para devolvê-lo ao mercado e quando estava voltando para o meu carro, o moço da banca me chamou

-Ei! - ele falou alto, olhei para ele para ver se era comigo -É você aqui? - ele perguntou me mostrando um jornal. Me aproximei e peguei o jornal de sua mão. Havia uma foto minha e de Michael saindo do hospital. Óbvio que havia algum paparazzi ali...

"Michael Jackson deixa hospital acompanhado" a menchete dizia. Não tinha nada demais ali...

-Acho que sou eu sim - respondi -Quanto custa o jornal?

-1 dólar - ele respondeu. Peguei uma nota de um dólar da carteira e o entreguei. Voltei para o carro com o jornal... Passei em Encino para falar com Michael sobre isso. Ao chegar lá, DeeDee abriu a porta

-Olá DeeDee - falei ao vê-la e a abracei

-Olá Bethany - ela respondeu

-Michael está? - perguntei

-Esta no quarto dele - ela disse me dando espaço na porta para que eu pudesse entrar

-Obrigada - falei entrando. Entrei na sala

-Olá todo mundo - falei

-Tia Beth! - Taryll exclamou ao me ver e veio correndo até mim... As crianças me cercarem e eu falei com todas

-Um dia eu levo todos vocês para minha casa, mas agora a tia Bethany tem que falar com o tio Michael, é algo importante - falei

-Tudo bem - Taj disse, as crianças se afastaram e eu subi para falar com Michael. Dei duas batidas leves na porta de seu quarto e entrei devagar. Michael estava deitado na cama, de bruços, com a cabeça afundada no travesseiro

-Michael? - falei baixo

-Beth? - ele falou com voz abafada e quase inaudível

-Sou eu - falei fechando a porta e indo em direção a sua cama

-Que bom que veio - ele disse se sentando na cama devagar

-Esta tudo bem? - perguntei me sentando na cama também

-O analgésico ainda não fez efeito, minha cabeça está doendo muito - ele respondeu

-Tente descansar, logo vai passar - falei -Só passei aqui para te mostrar isso - falei lhe entregando o jornal

-Me desculpe por isso - ele disse depois de ler a manchete

-Esta tudo bem, você não teve culpa de nada - falei

-Sorte que eles não dizem nada de negativo - ele disse

-Verdade... Mas agora deite e descanse - falei pegando o jornal de sua mão

-Você já vai embora? - ele perguntou

-Quer que eu fique? - perguntei

-Sim... Pelo menos até o remédio fazer efeito - ele disse

-Tudo bem, então eu fico - falei -Você já comeu hoje? 

-Não, estou sem fome - ele respondeu

-Vou arrumar alguma coisa para você comer - falei me levantando

-Não, eu não quero comer - ele disse 

-Você precisa comer. Vai se recuperar melhor se estiver forte - falei. Saí do quarto segundos depois e desci até a sala -Kate, o que posso levar para Michael comer? Ele disse que não comeu nada hoje - falei com Katherine, que estava na sala 

-Só você para fazer esse garoto comer. Venha comigo - ela disse e foi em direção da cozinha, eu a acompanhei. Ela colocou sopa em um prato fundo e suco de laranja em um copo. Ela colocou tudo em uma bandeja de madeira e também colocou um copo d'água.

Ela subiu comigo, eu segurava a bandeja e ela os dois copos. Abri a porta, ela colocou os copos na bandeja e deixou que eu entrasse sozinha, fechou a porta quando eu entrei

-Aqui, venha comer - falei colocando a bandeja sobre a cama. Michael voltou a se sentar e pegou o copo d'água, bebendo-o rapidamente -Pelo visto vou ter que passar aqui todo dia para fazer você comer

-Fique a vontade - Michael disse pegando o prato de sopa e me fazendo rir

Michael comeu e estava bem melhor, o analgésico parecia ter finalmente feito efeito

-Agora que está bem e alimentado, eu tenho que voltar para minha casa - falei

-Tudo bem, não posso te prender aqui - ele disse me fazendo rir novamente -Mas espere um pouco, parece estar preocupada com algo

-É sobre Thomas - falei depois de um longo suspiro

-Oh... Thomas... Certo... O que aconteceu? - ele perguntou tentando mostrar interesse

-Ele disse que tinha sentimentos verdadeiros por mim e eu me sinto mal por não ter percebido ou por não sentir o mesmo por ele - falei

-O que disse a ele?

-Me desculpei, ele já sabe que estou apaixonada por outro então não precisei falar muito - falei

-Não acho que deva se culpar... Você não é obrigada a sentir algo por ele só porque ele sente algo por você - Michael disse

-Você está certo... Não demoro a contar meus sentimentos para a pessoa que gosto - falei

-Que bom, não vai ter que aguentar isso sozinha - Michael disse

-Só estou criando coragem - falei

-Espero que consiga - Michael disse 

-Bom, já vou... Tenho três bebês me esperando em casa - falei me levantando da cama e pegando a bandeja

-Espero que venha amanhã - Michael disse

-Venho nesse mesmo horário - falei indo em direção a porta

-Tchau Beth - ele disse

-Tchau Michael - respondi saindo do quarto. Desci, levei a bandeja para a cozinha, me despedi e fui para casa. Ao chegar, levei as compras para dentro e falei com os gatos, tirei o blazer e me joguei no sofá. Peguei meu telefone e liguei para minha mãe

-Alô - ela disse ao atender

-Oi mama - falei

-Olá schatz - ela disse

-Como a senhora está? - perguntei

-Estou bem, e você?

-Estou bem também... Só um pouco chocada ainda - respondi

-Chocada por que? - ela perguntou

-Thomas me contou tudo, mama - falei 

-Tudo o quê? - ela perguntou

-Que tem sentimentos por mim mas não disse antes porque sabe que eu tenho sentimentos por outra pessoa - falei

-Esse é o mesmo Thomas que eu conheço? - minha mãe perguntou

-Sim mama, ele mudou... Mas eu não sinto o mesmo por ele - falei

-Eu sei que não sente... Deixe isso claro para ele, não dê falsas esperanças - ela disse

-Ele está bem ciente disso... Sabe que eu sou apaixonada por outro e entende que eu não sinta o mesmo por ele até porque é algo que não posso controlar - falei

-Que bom que ele entende... Mas quanto a você e Michael? Falou com ele? - ela perguntou

-Acabei de voltar de sua casa... Não vou falar para ele por agora... Ele está em uma situação difícil, não quero jogar essa bomba nas costas dele agora. Vou esperar ele se recuperar - falei

-Tudo bem, você está certa... Mas não esqueça de falar - ela disse

-Não vou esquecer - falei -Agora tenho que me ajeitar para dormir... Tchau mama 

-Tchau Bev - ela disse, desliguei pouco depois. Levantei do sofá e fui para o quarto. Tirei minha roupas, tomei banho e fiquei pronta para dormir. Me deitei na cama, onde os três gatos já estavam, e adormeci rápido

No dia seguinte, acordei e fiz o de sempre... Academia, casa, banho... Vesti um body vermelho com aparência de veludo (foto 1) e uma saia lápis vinho que ia até depois dos meus joelhos, com um corte atrás. Calcei um scarpin vinho, deixei meu cabelo solto, passei um batom vermelho e peguei uma bolsa cor vinho.

Cheguei no escritório, abri as cortinas e liguei o computador. Me sentei na cadeira.

Minutos depois, Thomas entrou na minha sala com o café e um envelope nas mãos. Ele colocou o copo sobre a mesa e o envelope também

-O que é isso? - perguntei pegando o envelope enquanto Thomas se dirigia até a saída da minha sala

-Descubra - ele falou e saiu. Abri o envelope e me deparei com uma carta sua

-"Bethany

Não precisa se preocupar com isso ou se desculpar por algo que você simplesmente não tem controle... Sei que está apaixonada por outro e já me conformei com isso, vou ter que aprender a conviver com esse sentimento.

Esse jeito de se preocupar com as pessoas foi um dos motivos pelo qual me apaixonei.

Eu espero encontrar alguém e torço para que você seja feliz com o homem pelo qual é apaixonada.

Não se preocupe que isso não vai atrapalhar nosso profissionalismo ou amizade

Com amor

Thomas Moore" - a carta dizia

Dobrei a carta e a guardei no envelope. A joguei dentro da gaveta.

O meu dia se passou normal