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História Always With You - Centro de Treinamento


Escrita por: Gwen_Parker

Capítulo 7 - Centro de Treinamento


Fanfic / Fanfiction Always With You - Centro de Treinamento

Acordei um pouco mais cedo que o normal. Maxon estava do meu lado respirando tranquilamente e eu sorri involuntariamente lembrando da noite anterior. Depois de ficarmos no telhado, ele veio para o meu quarto e… bom. Acho que já sabem o que aconteceu.

Levantei- me e fui para o banheiro apertando uns botões e fazendo a água sair depois de algumas tentativas. Consegui colocar alguns sais na banheira e fiquei lá tentando relaxar. Tudo bem, como se eu conseguisse ficar tranquila quase caminhando para a morte. Demorei um tempinho lá, quando fui perceber, havia- se passado meia hora, então rapidamente saí e me sequei.

Coloquei a roupa que separaram para mim: calças pretas justas, uma túnica lilás de mangas compridas e sapatos de couro. Arrumo meu cabelo em uma trança e me olho no espelho. Ficou bom.

Saí do banheiro e dei de cara com Maxon colocando a cueca. Dei um gritinho e fechei os olhos, uma atitude meio sem noção, mas tudo bem. Entretanto, o loiro apenas gargalhou e começou a procurar alguma coisa no chão, o que presumi ser suas calças.

-Não entendi esse grito não, querida- ele diz com a ironia transbordando do seu tom de voz.- Já me viu usando muito menos.

Bufo irritada e pego as minhas roupas espalhadas no chão, dobrando-as e colocando- as em cima da cama. Tento não prestar atenção na barriga e nos músculos definidos de Maxon, o que era resultado dos nossos treinamentos árduos.

-Cala a boca- murmuro.- Vá se trocar.

Ele apenas dá um sorriso irônico, abotoa a calça e pega sua camisa.

-Pode deixar- ele diz e atravessa o quarto, dando- me um beijo.- Adeus.

Quando ele se vai eu deixo os meus lábios se curvarem em um sorriso e solto um suspiro. Atravesso o quarto e abro a porta no intuito de procurar alguma coisa para comer, eu estou simplesmente morta de fome.

Haymitch não nos deu horário para o encontro no café da manhã e ninguém me contatou hoje de manhã, mas a noite foi longa e eu preciso colocar algo no estômago, de modo que me encaminho para a sala de jantar na esperança de encontrar comida. Quase dou pulos de alegria quando acho. Um avox está parado no fundo e sinto meu estômago embrulhar. Não havia me acostumado com essa ideia. Sento- me e começo a me servir.

Pego alguns ovos, bacon e alguns pedaços de bolo de chocolate. À medida que ponho tudo para dentro, observo o sol se erguendo sobre a capital e minha mente vai até minha família. Provavelmente, nesse horário meu pai estaria acordando e minha mãe fazendo café da manhã. May iria acordar Gerard e juntos iriam para a escola. Para mim, faziam anos que eu estava aqui.

O que eles disseram quando me viram no desfile? Será que os deixou esperanços?

Maxon chega junto com Haymitch, me dá bom dia e começam a se servir. Noto que Maxon estava com a mesma roupa que eu e me lembro que Cinna e Portia nos queriam deixae gêmeos. O porquê eu não sei. Vai entender, né. Mas, apesar de não entender o pensamento por trás disso, acho que deve ser uma ideia muito boa.

Estou confiante em relação ao treinamento. Haverá três dias nos quais os tributos treinarão juntos. Na última tarde, nós teremos a chance de nos apresentar sozinhos diante dos Idealizadores dos Jogos. Eu faria de tudo para impressioná- los, mesmo que a ideia de ficar numa sala com eles me causasse ânsias de vômito.

Após de terminar de comer várias porções de cozido, Haymitch empurra o prato com um suspiro. Pega um frasco no bolso, dá um longo gole e apoia os cotovelos sobre a mesa.

-Vamos começar a trabalhar. Treinamento. Primeira coisa, se vocês concordarem, vou treinar os dois separadamente. Decidam agora.

-Se for separadamente, terá mais tempo para treinar cada um de nós?- Maxon pergunta e eu não consigo deixar de concordar. Sei que sempre treinamos juntos, mas se treinar separado significava mais o foco e tempo de Haymitch, era muito melhor.

-Provavelmente eu ficarei melhor, já que focarei em um só na aula. E talvez tenha mais tempo sim- ele respondeu pensativo.

-Separados- eu e Maxon respondemos juntos.

-Tudo bem, então por que vocês não me dão uma ideia do que são capazes de fazer?

-Eu consigo lutar- digo.- E manusear algumas armas.

-Eu também- Maxon concorda.

Haymitch nos lança um olhar curioso.

-E como conseguiram tal proeza?- ele perguntou e eu olho para Maxon pedindo ajuda.

-Nós treinamos. Queríamos estar preparados para os Jogos- ele responde por mim. Isso era meia verdade, então estava bem. Entretanto, tenho a sensação de que Haymitch não foi convencido.

-Quais tipos de armas você manuseia, docinho?

-Arco e flecha, lança, facas e espada- digo com uma careta.- O resto eu tento me virar.

-A mesma coisa, embora prefira a lança- Maxon responde.

-E vocês são bons nisso?- o bêbado volta a perguntar.

-Acho que damos para o gasto.- respondo por nós dois e dou de ombros.

-Estou curiosíssimo sobre as suas habilidades. Espero vê- las em breve. Acho que nesse ano, o 12 tem um par de lutadores.

-Você nem imagina- murmurei e respirei fundo. Haymitch sustentou o olhar em nós e nos analisou.

-Ok. Não sabemos o que terá na cornucópia, mas concentre- se em mostrar a sua melhor arma para os Idealizadores. Mostre a eles o que vocês são capazes de fazer. Até lá, fiquem longe das armas. Vocês são bons em armadilhas?

-Sei montar algumas arapucas básicas- murmuro. Eu e Maxon costumávamos deixar em volta do lugar em que treinamos.

-Isso pode ser importante em termos de comida- diz Haymitch.- O plano é o mesmo para vocês dois. Vocês vão para o treinamento em grupo. Passam o tempo tentando aprender alguma coisa que desconhecem. Fazer uma fogueira. Manusear uma clava. Aprender a dar um nó decente. Tudo menos mostrar que vocês são bons. Até chegarem às sessões particulares. Estamos entendidos?

Maxon e eu assentimos com a cabeça. Fazia muito sentido.

-Uma última coisa. Em público, quero vocês um do lado do outro o tempo todo- eu e Maxon voltamos a assentir e ele nos observou atentamente.- Bom, bom… Saiam. Effie estará esperando vocês no elevador às dez horas para começar o treinamento.

Vou para o meu quarto pensando em tudo o que Haymitch dissera. Maxon também veio junto comigo, mas apenas ficamos deitados abraçados na cama sem falar nada um com o outro. A realidade que iríamos enfrentar estava chegando perto. E eu não estava preparada. É tudo tão confuso! Eu queria participar. Quero vingar Amy, mas agora a minha vontade diminuiu. Se vencer os Jogos significa matar Maxon, não faria isso. Quando era quase dez horas, ele e eu levantamos, escovamos os dentes e penteamos os cabelos. Fomos em direção ao elevador de mãos dadas e encontramos uma Effie maravilhada por nos ver junto.

Quando chegamos ao Centro de Treinamento, logo percebo que é um ginásio repleto de diversas armas e sequências de obstáculos. Todos os tributos estavam lá e estavam com um pano pendurado com o número do seu Distrito. Alguém coloca o número nas minhas costas e nós nos juntamos.

Assim que nos juntamos ao círculo, a treinadora principal, uma mulher alta e atlética chamada Atala vai a frente e começa a explicar o cronograma de treinamento. Especialistas de cada habilidade vão ficar em suas estações. Ficaremos livres para viajar de área para área conforme desejarmos, conforme as instruções de nossos mentores. Algumas das estações ensinam técnicas de sobrevivências, outras, técnicas de luta. Estamos proibidos de nos envolver em qualquer exercício de combate com outro tributo. Há assistentes por perto se quisermos praticar com um parceiro.
Quando Atala começa a ler a lista de estações de habilidades, meus olhos não conseguem evitar esvoaçar para os outros tributos. É a primeira vez que estamos reunidos, nos mesmos termos, com roupas simples.

Muito deles eram maiores que eu, mas eu sabia que podia ganhar do mesmo jeito. Tudo bem que havia os Carreiristas (pessoas que também treinavam desde cedo) mas eu realmente agarrava a chance de, por ter uma motivação muito grande, vencer. Mas eles não conhecem tudo o que passei, para eles sou uma presa fácil do 12.

A ligeira vantagem que tenho no Centro de Treinamento, minha entrada feroz ontem a noite, parece sumir na presença da minha competição. Os outros tributos tinham inveja de nós, mas não porque éramos sensacionais, porque os nossos estilistas eram.
Agora não vejo nada além de desprezo nos olhares dos Tributos Carreiristas. Cada um deve ter de vinte e dois a quarenta e cinco quilos a mais que eu. Eles projetam arrogância e brutalidade. Quando Atala nos libera, eles se dirigem diretamente para as armas com aspecto mais mortífero no ginásio e as manuseiam com facilidade.

-Por onde começamos?- Maxon perguntou me dirigindo um olhar calmo.

Meu olhar se fixa nos Carreiristas e de como eles pareciam tão convencidos. Mal sabem o que os esperam, trouxas.

-Que tal começarmos pelas técnicas de sobrevivência?- perguntei e ele sorriu.

-Boa ideia. Sobrevivência é bom. Gosto de sobreviver

Os Idealizadores dos Jogos aparecem cedo no primeiro dia. Mais ou menos vinte homens e mulheres vestidos em robes roxos escuros. Eles se sentam em estrados elevados que cercam o ginásio, às vezes perambulando nos arredores para nos observar, rabiscando anotações, outras vezes comendo o banquete infinito que foi preparado para eles, ignorando-nos. Mas eles realmente parecem estar de olho nos tributos do Distrito 12. Várias vezes eu olhei para cima e descobri um fixo em mim. Eles se consultam com os treinadores durante as nossas refeições, também. Nós vemos eles todos reunidos juntos quando voltamos.
O café da manhã e o jantar são servidos no chão, mas no almoço, os vinte e quatro tributos comem em uma sala de jantar fora do ginásio. A comida é arrumada em carrinhos ao redor da sala e você se serve. Os Tributos Carreiristas tendem a se reunir brutalmente ao redor de uma mesa, como se para provar sua superioridade, que eles não tem medo um do outro e consideram o resto de nós indignos de sermos notados.

Maxon e eu conversamos normal, não de clima casal apaixonado, mas sim como muito bons amigos.

No segundo dia, percebemos que uma garotinha chamada Rue ficava me seguindo. Quase me derreti com ela, ela me lembrava tanto de Amy.

-O que podemos fazer quanto a isso? - pergunto a ele, demonstrando meu sofrimento.
-Não há nada a fazer - ele diz de volta. - Só conversando.
Agora que eu sei que ela está ali, é difícil ignorar a criança. Ela desliza e se junta a nós em estações diferentes. Como eu, ela é esperta com plantas, escala com ligeireza, e tem boa mira. Ela consegue atingir o alvo todas as vezes com o estilingue. Mas o que é um estilingue contra um rapaz de 100 quilos com uma espada?
De volta no andar do Distrito 12, Haymitch e Effie nos interrogam durante o café da manhã e o jantar sobre cada momento do dia. O que fizemos, quem nos observou, como os outros tributos nos avaliam. Cinna e Portia não estão por perto, então não há ninguém para acrescentar sanidade às refeições. Não que Haymitch e Effie estejam brigando mais. Ao invés, eles parecem ser uma só mente, determinada a nos colocar em forma. Cheios de direções sem fim sobre o que devemos fazer e não fazer no treinamento.
Quando finalmente escapamos para cama na segunda noite, a primeira coisa que Maxon faz quando eu deito na cama com ele é sussurrar em meu ouvido:
-Alguém deveria dar uma bebida a Haymitch.
Faço um som que está entre uma bufada e uma risada e viro para encará-lo. Dou um beijo nele e fecho os olhos, exausta demais para fazer qualquer outra coisa.

 

No terceiro dia de treinamento, eles começam a nos chamar do almoço para nossas sessões particulares com os Idealizadores dos Jogos. Distrito por Distrito, primeiro o garoto, então a garota tributo. Como sempre, o Distrito 12 é condenado a ser o último. Nós nos tardamos na sala de jantar, não certos mais de onde ir. Ninguém volta uma vez que tenham partido. Enquanto a sala se esvazia, a pressão para parecer amigável se alivia. Na hora que chamam Rue, somos deixados sozinhos. Nós nos sentamos, eu brincando com a mão dele e ele com a minha, até que eles chamam Maxon. Ele se levanta.
-Arrase, seu gato.
As palavras saem da minha boca  antes de eu pensar e ele solta uma gargalhada.
-Obrigado, querida. Eu irei -ele diz com a mão no peito fingindo- se de lisonjeado.- Você já vai mesmo, vou falar mais nada. Arrase, amor.
Eu sorrio e olho pra baixo envergonhada. Ele sempre causava esse efeito em mim. Sozinha, minha mente foi se desviando até chegar em minha irmã. O que ela deve ter sentido quando estava aqui? Eu estava nervosa, imagina ela na época!
Após cerca de quinze minutos, eles chamam o meu nome. Eu aliso meu cabelo, coloco meus ombros para trás e entro no ginásio. Instantaneamente, sei que estou encrencada. Eles estão aqui há muito tempo, os Idealizadores dos Jogos. Estiveram sentados por outras vinte e três demonstrações. Tomaram muito vinho, a maioria deles. Querem mais do que tudo ir para casa.
Não há nada que eu possa fazer a não ser continuar com o plano. Eu ando até as armas. Ah, as armas! Eu estava louca para colocar minhas mãos nelas há dias! Arcos feitos de madeira e plástico, metal e materiais que eu nem mesmo sei o nome. Flechas com penas cortadas em linhas uniformes perfeitas.
Eu escolho um arco, penduro-o e amarro o coldre de flechas combinando por sobre o meu ombro. Depois pego algumas facas e uma lança. Há uma linha de tiro, mas é limitada demais. O centro de um círculo padrão e silhuetas humanas. Eu ando até o centro do ginásio e escolho meu primeiro alvo. O boneco usado para prática de faca. Atirei algumas facas bem no centro da cabeça e perto do coração, mas todos os Idealizadores não estão prestando atenção em mim.
Tento de novo com a lança e olho para eles. Nada. Eu acertei tudo! Como eles podiam me ignorar desse jeito? Apenas alguns estão acenando em aprovação, mas a maioria deles está fixada em um porco assado que acabou de chegar a sua mesa do banquete.
De repente fico furiosa, a capital é mesmo deplorável! Eles sabem que a minha nota vai praticamente dizer se eu mereço morrer ou viver. Não acredito que um porco morto está roubando a minha cena. Meu coração começa a martelar, e consigo sentir o meu rosto queimando. Sem pensar, pego o arco e a aljava, puxando uma flecha da mesma.  E mando-a diretamente para a mesa dos Idealizadores dos Jogos. Ouço gritos de amedrontamento enquanto as pessoas recuam. A flecha espeta a maçã na boca do porco e a espeta na parede atrás dele. Todos me encaram em descrença.
— Obrigada pela sua consideração — digo.
Então eu dou uma ligeira reverência e ando diretamente na direção da saída sem ser dispensada.
 



 

 



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