A conversa entre Rogue e os de mais se prolongou por algumas horas, até que algo chamou a atenção de Gajeel.
— Lucy, isso aí todo enfaixado é... – não precisou nem concluir, sendo que a loira o respondeu rapidamente.
— Sim, é o Tridente – confirmou um pouco mais calma, surpreendendo Cana e Rogue –... De certa forma pode vir a nos ajudar na luta... E se não ajudar, pelo menos ele já está no seu Reino pertencente...
Rogue se aproximou lentamente do Tridente, com seus olhos em um leve brilho avermelhado. Percebendo a intenção do pequeno, Lucy pegou aquele item que estava tão relacionado à sua vida, o trazendo para mais perto de si e impedindo o amigo de o tocar.
— D-De qualquer forma... Gajeel, vamos sair! Temos que descobrir onde os outros estão... Fomos criados no escuro, então não seremos pegos facilmente no meio da noite – o pequeno Rogue explicou ao chamar a atenção do irmão – Cana, fiquei aqui com a Lucy e não a deixe fazer nada precipitado... Conforme Gajeel e eu formos encontrando os outros, os mandaremos para cá.
— Eu não farei... – Lucy o respondeu com uma gota na cabeça, vendo os dois garotos de cabelos negros partirem logo em seguida, mas então a morena do Reino da Terra chamou sua atenção.
— Está tudo bem eles saírem assim? Digo, não tem perigo? – a garota indagou um pouco receosa, ouvindo a loira a responder no mesmo instante.
— Perigo há... Mas precisamos que eles façam isso... E também não podemos dizer o que se passa pela cabeça do Worer – Lucy se sentou em um canto ao concluir, colocando o Tridente ao seu lado.
Apesar da preocupação das duas garotas, cada uma com seu motivo, o que fez com que a noite parecesse ainda mais longa, após algumas horas a primeira pessoa chegou à casa. Os donos da residência já estavam a dormir quando Lucy pôde ver sua amiga Levy adentrar no local. Claro que ela seria quem Gajeel procuraria primeiro, e logo a pequena correu em direção à loira, a abraçando fortemente. A partir de então, de hora em hora um dos amigos chegava na casa. Juvia, Nina e Luca vieram respectivamente. E prestes a amanhecer, Rogue e Gajeel retornaram junto de Jellal e Happy.
— Acho que estamos todos reunidos... – o pequeno rei do Reino da Terra comentou um pouco cansado, vendo todos juntos –... Alguém aqui está com sono? Pois eu sinto que poderia virar mais três dias acordado direto – Rogue brincou ao ver as olheiras estampadas na face de seus amigos, onde Jellal o respondeu logo em seguida.
— Só não durmo a dois dias, mas quem poderia dormir? Além de estarmos sendo perseguidos, nosso amigo e futuro rei precisa de nós mais do que nunca... Dormir é apenas perda de tempo – o garoto mais velho do grupo falou em um tom mais sério, fazendo com que Juvia confirmasse com a cabeça.
— O que? Só eu que dormi como um bebê esse tempo todo? – Happy chamou a atenção de todos, provocando a ira de Nina de certa forma.
— Eu posso bater nele? – a pequena indagou já andando em direção ao menino de cabeça raspada, parecendo incorporar Wendy em indignação, mas logo foi impedida por Luca, percebendo que Rogue queria continuar a falar.
—... De qualquer forma, vocês foram perseguidos até agora, mas com isso eles não esperam que ELES mesmos sejam perseguidos... – chamou a atenção de todos –... Voltando para cá, Gajeel, Jellal e eu vimos onde Worer planeja executar o Natsu... Assim sendo, já tenho uma ideia de como salvar nosso amigo, mas nesse momento meu irmão e eu chamaremos atenção e acabarão vindo atrás de nós... É ai que vocês entrarão... Não me importa como, mas se livrem desses tais “nobres”, não os deixem atrapalhar a provável batalha que acontecerá entre o avô de Natsu e eu... – explicou em um tom sério.
Apesar de ter o mesmo tamanho de Happy e as outras duas crianças, todos respeitavam e levavam em consideração as palavras de Rogue. Seu tamanho não mudava o fato de que ele era o grande rei do Reino da Terra. E em resposta a tudo que o menino falou, Juvia indagou:
— São quatro nobres, como nos dividiremos entre eles? – a garota indagou com os braços cruzados, fazendo com que Jellal confirmasse com a cabeça já que era a mesma duvida dele.
Rogue olhou um por um durante alguns segundos e logo tirou a duvida daqueles a sua frente.
— Jellal será responsável por um, Juvia por outro, Lucy e Cana terão que dar conta de um e Levy e as três crianças impedirão o ultimo... Lucy, assim como Cana, se perceberem que não darão conta, apenas fujam – o pequeno de cabelos negros concluiu, deixando Levy e Happy espantados.
— Eu terei que dar conta de um? E por que fui colocada junto a crianças? – a namorada de Gajeel indagou completamente inconformada, mas logo teve suas perguntas sobrepostas pelo desespero de Happy.
— Por que uma criança tem que lutar? Por que? Ainda mais contra um dos homens mais fortes do Reino das Águas! O que se passa pela sua cabeça? Pense um pouco! Droga! – o menino de cabeça raspada parecia que não pararia de falar, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.
Cana estava prestes a dar um corretivo no menino, mas as palavras de Rogue foram o suficiente para fazê-los entender.
— Crianças ou não, fracos ou não, vocês estarão em quatro contra um... Levy, você é uma garota inteligente, então use sua cabeça para derrotar o nobre pelo qual ficará responsável e nos mostre que força não é tudo... E diferente de você Happy, aposto que os outros dois estão dispostos a lutar pelo bem de Natsu – concluiu ao apontar para Nina e Luca, fazendo os mesmos confirmarem com a cabeça, mesmo estando tomados pela insegurança, mas Levy ainda tinha uma duvida.
— E o Gajeel? Por que não deixa ele vir comigo? – a pequena percebeu que seu amado não havia sido relacionado para a luta contra os nobres.
— Ah sim, você não estava quando eu disse... Gajeel e eu lutaremos contra o avô de Natsu – Rogue a respondeu, voltando a surpreender o grupo, mas ninguém se atreveu a contrariar aquilo.
As horas se passaram desde então. E longe daquela casa, mais precisamente abaixo do palácio real, Natsu permanecia preso em meio à escuridão. O rosado mal conseguia se manter em pé, já que passara a noite inteira na presença de seu avô e de Worer. O príncipe mais velho não esperava que Grandine viria a se arriscar para solta-los, e isso o estava incomodando já que não estava em seus planos. Worer então fez com que “Gepeto-san” tentasse tirar à força do rosado onde Lucy e os demais poderiam vir a estar.
Mas não demorou muito para que Natsu visse a porta daquela cadeia, que o acomodara por todos aqueles dias, ser aberta. O rosado então percebeu que eram dois dos nobres que haviam se aliado ao seu irmão. Os mesmos abriram a cela e seguraram Natsu, um em cada braço, sem se preocuparem sobre o mesmo reagir, já que sabiam do estado do garoto. O rosado mal andava, parecia mais ser arrastado para fora daquele local. Só então Natsu percebeu como estava claro do lado de fora, acreditando já estarem no horário em que o sol se encontra no seu ponto mais alto na superfície.
Enquanto era encaminhado para fora das dependências do castelo, o rosado percebia como a quantidade de pessoas na rua apenas aumentava, onde as mesmas o encaravam completamente espantadas e incrédulas. Foi então que chegaram a uma parte da rua principal onde era quase impossível passar devido à enorme concentração de pessoas. No mesmo instante, todas as conversas e murmúrios cessaram, fazendo com que todo o local fosse tomado por um silêncio perturbador, podendo apenas se ouvir os passos pesados dos nobres que arrastavam o jovem príncipe para sua própria execução.
Natsu olhava de um lado para o outro com a fraqueza estampada por todo seu corpo, tentando encontrar seus amigos. Mas eram tantas pessoas, que tornava tal ato praticamente impossível, fazendo com que o rosado logo desistisse. Não demorou muito para que o garoto de cabelos rosados pudesse avistar um enorme palanque que pegava de um lado ao outro da rua, a fechando praticamente. Em cima do mesmo estavam Worer, seu avô e um homem encapuzado com uma enorme lamina cortante em suas mãos, mais parecido com um machado.
O rosado então subiu os degraus, que o levariam à morte, a passos lentos, até chegar ao ponto mais alto do palanque. Lá o mesmo foi forçado a se ajoelhar de frente para as pessoas. Nesse momento Natsu entendeu que todas as pessoas da cidade, de crianças a idosos e até mesmo de outras cidades do Reino das Águas ali estavam. O silêncio continuava, mas em meio à toda aquela multidão, os olhos de Natsu se cruzaram com o de uma garota pouca coisa mais alta que Wendy, mas que nunca havia visto antes. A mesma possuía as íris tomadas por uma mancha branca, o que fez Natsu entender que ela não enxergava nem mesmo um palmo a sua frente. O rosado então abaixou a cabeça, acreditando que as pessoas pareciam se interessar em sua execução, para até mesmo um cego estar ali para presenciar tal ato...
Ainda assim, misturados em meio às pessoas, Jellal e os de mais do grupo possuíam alguns panos em suas cabeças, presos como bandanas para que não fossem reconhecidos, ainda mais Lucy, Gajeel, Rogue e Cana. Os mesmos assistiam a tudo como os outros, até que começaram a se separar, com os pequenos grupos definidos por Rogue seguindo em direções opostas.
Mas logo algo prendeu a atenção de todos. Uma voz feminina ecoou em meio ao silêncio, mas os mais afastados não conseguiam ver quem era, já que a jovem era baixa e parecia se esconder entre as outras pessoas.
— Qual o motivo pela execução de nosso futuro rei? – a garota indagou o que todos queriam saber. Aquela voz mexeu com Natsu, por algum motivo o garoto sentia conhecer a dona daquele timbre, mas não sabia de onde.
Foi então que Worer respondeu à pergunta.
— Natsu foi julgado indigno de ascender ao trono pelo antigo rei, ele provocou a ira do Reino do Céu, do qual dependemos, transformou uma humana que viria a ser a futura rainha, quase deu sua vida por causa dessa mesma humana, sem se importar com o reino... E ele também “penhorou” o Tridente em uma troca – o jovem explicou calmamente – Uma pessoa dessas não trará nada de bom para o Reino das Águas... E antes que o Reino do Céu se volte contra nós, acalmaremos sua ira com a morte de Natsu... E assim nossos dias seguirão em paz...
Tais motivos deixaram o povo confuso. Alguns entendiam, mas outros não aceitavam. Foi então que a mesma garota que levantou a dúvida voltou a indagar:
— Não acredito que alguém aqui odeie a Lucy-sama! A partir do momento que Natsu-sama a escolheu, ela se tornou uma de nós... Então está dizendo que não devemos nos aceitar? – aquela pergunta ecoou em um tom mais elevado, fazendo com que outras pessoas gritassem em confirmação.
— Isso mesmo! Isso não é motivo para matarem Natsu-sama!
As vozes formavam um coro em concordância a jovem, até que a mesma tornou a falar, fazendo as pessoas se calarem novamente.
— E que história é essa de Tridente? Ele não estava perdido? Nos expliquem isso antes de quererem tomar a vida de alguém! – mais uma vez incitou o povo a estar ao seu lado, jogando a todos contra aqueles homens que estavam em pé atrás de Natsu. A multidão só tornou a se calar quando a menina falou por uma última vez – E desde quando o Reino do Céu se tornou superior a nós? Assim como dependemos deles, eles também dependem de nós... Se Natsu-sama os irritou de alguma forma, com certeza eles devem ter feito algo também... Então só tenho algo a dizer sobre isso... FODA-SE O REINO DO CÉU! – com seu brado, um coro alto e forte em resistência às ações de Worer e seu avô ecoaram prolongadamente por toda a cidade.
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