História Amado Caçador - O que aconteceu?

Silêncio.

Era o que reinava naquela pequena casa, atravessando a entrada ao lado esquerdo dava acesso a sala, os móveis eram gastos e as paredes manchadas a teve ainda era como as antigas com o tubo atrás encima de uma mezinha de madeira, ao lado da sala estava a pia, lotada de louça com algumas moscas rondando aquela podridão, e ao lado da cozinha tinha um corredor com três portas, uma ao lado esquerdo, outra enfrente a essa e outra no fim do corredor escuro, me dirigi a última porta, estava entre aberta observando pela fresta o quarto estava bastante escuro, mas dava para ver o homem magro esparramado na grande cama de casal roncando como um porco. Voltei para trás e abri a porta ao meu lado direito, era o banheiro parecia estar a muito tempo sem ser limpo, fechei a porta assim que vi um rato levantar da pia e sair correndo para dentro da banheira. Me virei e abri com lentidão a porta a frente do banheiro e...

-Achei...- Sussurrei assim que vi a garotinha de cabelos ruivos e pele branca destacando suas sardas espalhadas por seu rosto, entrei com passos leves, não queria que ela nem a porco acordassem, parei ao lado de sua cama  e me agachei para ficar mais perto da pequena humana e estendi minha mão para acariciar seus cabelos soltos e lisos, mas minha ação foi interrompida de repente quando...o despertador começou a gritar marcando 6:30 da manhã, o barulho quebrou o silêncio calmo daquela casa e instantaneamente a garota ruiva abriu seus olhos azuis e se sentou desesperada na cama. – Vou ter que voltar mais tarde...- Conclui, me esvai em uma sombra negra rapidamente e sai pela porta da frente pela qual entrei.

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Acordei assustada com o despertador e o desliguei rapidamente para não incomodar meu pai. Suspirei profundamente cansada, mais um dia começa, me levantei da cama jogando a fina coberta para o lado, e assim que coloquei meus pés no chão senti algo estranho, me sentia observada, como se alguém estivesse estado aqui no meu quarto a pouco tempo, olhei ao redor para procurar alguma pista, mas assim que bati os olhos no despertador me lembrei que eu tinha que começar logo o dia e ir para a escola, meu pai ficava muito irritado quando eu me atrasava e ele tinha que me levar de carro, então era melhor me adiantar,  fui para o banheiro que já fedia á alguns dias na intenção de tomar um banho, porém era impossível ficar naquele ambiente.
“Acho que vou tomar banho na escola mesmo.”
Voltei para o meu quarto e coloquei a melhor roupa, Coloquei uma blusa de mangas longas rosa clara escondendo o fim da blusa dentro da saia de cintura alta branca, penteei o cabelo fazendo dois rabos de cavalo, e coloquei minhas sandálias velhas, tudo que eu tinha foi usado por outros ou comprados em brechós e mesmo assim meu pai prefere comprar poucas roupas, ele diz que não gosta de gastar dinheiro comigo, eu já me acostumei com isso, mas mesmo assim eu gostaria de ter roupas novas.

Olhei para o relógio eram já 6:40 Peguei minha mochila e comecei a colocar os livros das matérias que usaria hoje e também um livro que peguei emprestado da escola, eu gosto de ler já li quase todos  da biblioteca, foi uma forma que encontrei de me distrair do mundo e do meu pai ele geralmente não está de bom humor e desconta em mim, depois ele me pede desculpas chorando.

“logo os livros vão acabar e não vou ter mais o que fazer em casa e nem no tempo livre da escola.”

Pensei enquanto trancava o portão de casa e olhava o quintal sem grama e cheio de lixo espalhado.

“Quando a mamãe estava aqui isso não era assim...”

Assim que esse pensamento passou pela minha cabeça várias memórias da minha mãe piscaram em frente aos meus olhos, eram embaçadas e só tinham três imagens: uma do sorriso dela, ele sempre sorria para mim, uma dela me chamando pelo nome, quando o papai terminava de brigar com ela eu saia do quarto e consolava ela,  e a última... Ela está suspensa no ar...com uma corda no pescoço.

Parei de andar quando o sinal da escola me despertou dos meus pensamentos me fazendo perceber que já havia passado da rua da escola, respirei fundo e corri de volta para o portão da escola onde uma funcionária estava fechando a entrada, assim que ela me viu sorriu debochado e começou a fechar o portão mais rápido.

“Merda...não vai dar tempo. Alguém segura o portão para mim por favor?”

Pensei em gritar para que me deixasse passar, porém não foi necessário quando estava a poucos metros do portão o mesmo foi puxado com brutalidade das mãos da funcionária sendo forçada a liberar o caminho, os alunos gritaram surpresos com o estrondo do portão que saiu dos pequenos trilhos e caiu a vários metros da entrada, caminhei devagar até lá e vi todos saindo das salas e se acumulando ao redor da entrada todos se questionavam o que havia acontecido alguns com medo e outros com raiva, como a funcionária que exclamou um palavrão se levantando com dificuldade, os professores questionavam os alunos sobre o acontecido e alguns homens tentavam levantar o pesado portão de ferro, e eu só conseguia pensar o mesmo que muitos:

“O quê aconteceu?”