História Amar é Deixar Ir - Vai lá em casa hoje!

Fátima B.

O dia passou tranquilo e eu troquei algumas mensagens com o William, que ficou ocupado resolvendo algumas pendências, coisas chatas de burocracia mesmo, já que nesse tempo morando fora ele não conseguia fazer muitas coisas que eram presenciais. Nós combinamos de irmos separados para a casa da Flávia, já que talvez ele precisasse atrasar um pouco e ficaria mais tarde se ainda fosse me buscar em casa.

Cheguei lá primeiro e fui recebida por João Pedro, que me deu um abraço apertado na porta e olhou atrás de mim, imagino eu que procurando por William.

- Ué, cadê teu boy, mulher? – Eu ri do jeito que ele falou e ele me acompanhou na risada.

- Ele tinha uns compromissos, vai chegar um pouquinho atrasado, mas já, já ele está por aqui!

- Ah, entendi! A Fla me contou sobre vocês e preciso dizer que estou muito feliz, de verdade! Todos nós estamos, você sabe, né?!

- Sei sim, e eu e ele somos muito gratos a vocês por todo o apoio de sempre! – O abracei de lado e ele me guiou para o interior da casa, onde Flávia, Patrícia e Marcos já estavam.

Cumprimentei meus amigos e recebi de Flávia uma taça de vinho. Não passarei disso hoje, já que mesmo morando muito perto, vim dirigindo! Ficamos ali conversando por um tempo e ouvimos o som da campainha. Parecendo os alunos do fundão da quinta série, todos olharam pra mim de uma vez só com os olhares zombeteiros e eu não pude evitar de dar risada.

- Não quer ir atender, dona Fátima? – Patrícia perguntou, prendendo o riso.

- Para de ser ridícula, eu hein! – Respondi fingindo estar brava e decidi levantar pra abrir a porta, recebendo uma chuva de gritinhos animados de todos.

Quando abri a porta, ele estava ali de pé e nem parecia que eu o tinha visto hoje mais cedo, pois meu coração acelerou como se fizessem dias que eu não o via!

- Que gata essa funcionária que a Flávia contratou, hein?! – Ele disse brincalhão e me puxou pela mão, colando nossos corpos e depositando um beijo rápido em meus lábios.

- Então quer dizer que é assim que o senhor chega? – Falei após nos separarmos do beijo, entrando em sua brincadeira.

- Desculpa, é que você realmente é muito linda, eu diria que parece muito com o amor da minha vida! – Ele disse a última frase com um sorrisinho fofo e eu não resisti, o puxando para mais um beijo.

- Vem, vamos entrar! – Falei baixinho contra seus lábios e limpei o batom que acabou transferindo um pouco. – A quinta série nos espera, não podemos demorar muito aqui na porta! – Ele riu com certeza entendendo do que eu falava e entrelaçamos nossas mãos, indo em direção à sala.

Quando chegamos lá, ouvimos várias piadinhas do tipo “demoraram na porta, hein?!” e tudo mais! Nossos amigos estavam nos tratando como um novo casal de namorados no meio do grupinho de adolescentes e isso estava muito engraçado! É incrível como qualquer momento com eles se torna leve e divertido! É muito bom viver isso estando com o William de novo!

Nós jantamos num clima agradável, conversamos bastante sobre muita coisa, um assunto ia puxando outro, como sempre! Tiramos algumas selfies juntos e eu pude notar em William uma enorme tranquilidade quando nossos amigos questionaram se podiam postar, diferente de meses atrás, mas fui eu quem pedi para que dessa vez ninguém divulgasse nada ainda, já que nem com nossos filhos nós conversamos, então Patrícia postou apenas uma foto que pegava um pouco de nossas mãos segurando as taças de vinho e postou em seus stories, sem marcar ninguém pra não levantar suspeitas!

Voltamos para a sala e ficamos mais um bom tempo jogando conversa fora e dando boas risadas, até que Patrícia e Marcos se levantaram para ir e eu e William aproveitamos o gancho e também nos despedimos. Ele foi comigo até a porta de meu carro estacionado na rua e me puxou para um beijo de abrir a porta pra mim.

Quando estava quase saindo do condomínio onde Flávia e João Pedro moram, liguei pra ele, que estava no carro logo atrás do meu.

Ligação ON

- Oi, amor. Aconteceu algo?

- Amor... vai lá em casa hoje? – Perguntei com um sorriso no rosto, mordendo o lábio inferior.

- Ah, é? E por que o convite? – Percebi seu tom provocativo e decidi continuar nesse jogo.

- Porque eu quero que você vá beber umas comigo, ué! Aquele vinho que você levou ontem... Falando nisso, saudades de ontem!

- Saudades de especificamente o quê que aconteceu ontem? – Ele devolveu e senti meu rosto ruborizar, aproveitando que não estava em sua frente para poder provoca-lo mais abertamente, sem vergonha.

- Ah, de tudo... mas principalmente de você me beijando, sabe... – falei num tom baixinho, como se fosse segredo. – lá pra baixo do meu umbigo... – pude ouvir seu risinho sacana e sabia que ele já estava completamente entregue! – E aí, vai?!

- Você sabe que tudo o que você me pede eu faço rindo! Tô indo logo atrás!

Ligação OFF

Quando chegamos em minha casa, eu abri o portão da garagem para guardarmos os carros e quando desci, ele já me esperava de pé, encostado na lateral do carro dele, me encarando com um sorriso de lado. Eu me aproximei dele e fiquei na pontinha do pé, depositando um selinho em seus lábios.

- Eu achei que você não fosse muito de beber... – Ele sussurrou ainda com os lábios encostados nos meus.

- Mas com você eu bebo, gato! – Respondi no mesmo tom e ele deu uma risada gostosa, me dando mais um beijo.

O puxei pela mão, entramos em casa e ele foi em direção à cozinha enquanto eu estava na sala ligando pra Bia, conferindo se estava tudo bem lá na praia, como mãe coruja que sou e não consigo evitar esse cuidado. Quando estava me despedindo da minha filha, o senti chegar por trás de mim e depositar um beijo em meu ombro, me arrancando um sorriso.

- Tudo certo com nossa cria, amor? – Ele disse colocando em cima da mesa de centro a garrafa de vinho que trouxe ontem e duas taças, voltando à cozinha.

- Sim, meu bem. Você sabe que ainda me preocupo com um monte de jovens reunidos e com álcool à disposição livremente. – Falei mais alto pra que ele escutasse de lá e tirei as sapatilhas, sentando no sofá e colocando os pés em cima da mesa de centro.

Depois de alguns minutos, William voltou trazendo nas mãos duas taças de gin.

- Gin, William? Você quer mesmo me embebedar por quê? – Questionei com a sobrancelha arqueada e querendo rir.

- Ah, vamos aproveitar esse vale night com a casa só pra nós dois, amor! Lembra de quantas vezes já quisemos isso mas tínhamos três pessoinhas no nosso encalço? Apesar de ser gostoso, eu sofri um pouquinho! – Ele disse rindo e foi inevitável não lembrar disso.

- Você tem razão! Era cada operação bem montada que a gente precisava fazer! Agora vem cá, vamos então aproveitar pra ver um filme juntinhos e ficar bêbados sem preocupação! – Falei divertida e ele sentou ao meu lado no sofá, repetindo o meu gesto de tirar os sapatos e colocar os pés na mesa de centro.

- Você sabe que a desculpa do filme tá velha, né?! Se quer seduzir me conta outra! – Ele falou se fingindo de ofendido e eu dei um tapinha no braço dele, bebendo um gole de gin enquanto ria daquilo.

Ficamos ali assistindo o filme até as taças de gin acabarem e ele serviu o vinho para nós dois em uma taça só, que dividimos em silêncio enquanto ele me fazia um carinho na coxa e eu fazia um cafuné atrás da orelha dele, um ponto específico que ele adora! Notei que ele estava quieto e levantei o rosto dele, que parecia estar pensativo, com os olhos fixos na televisão.

- Amor? – Chamei e ele me olhou. – Tá tudo bem? Tô achando você muito pensativo!

- Tá tudo bem, vida. – Ele respondeu dando um sorriso leve e depositando um selinho em meus lábios. – Eu só estou aqui pensando... parece mentira que estamos tomando esse vinho juntos depois de tudo que aconteceu. Eu sei que não é a mesma garrafa daquele dia, mas mesmo assim... não sei explicar!

Notei que ele ficou visivelmente emocionado, com os olhos marejados. Achei tão fofo aquilo! Coloquei a taça em cima da mesinha e o puxei para um beijo lento e carinhoso, que ficamos curtindo por um tempo até nos afastarmos com vários selinhos.

- Eu tenho certeza que ainda vamos tomar vários vinhos juntos! Vinho, gin, whisky... tudo que você quiser! – Falei contra seus lábios e deixei mais um selinho ali.

- Eu te amo! – Ele disse baixinho, mas senti tanta intensidade no olhar do William! Parecia que dentro daquelas três palavras existiam tantos sentimentos!

- Eu também te amo! Pra sempre! – Ele encurtou ainda mais a distância que havia entre nós e avançou sobre meus lábios, buscando um beijo intenso que rapidamente correspondi no mesmo ritmo e senti ele colocando o peso de seu corpo sobre o meu, me fazendo deitar no sofá. – Depois era eu quem queria seduzir com a história do filme, né?! – Falei em meio aos suspiros que eu dava sentindo o toque da mão dele em minha coxa e gemi ao sentir sua mão apertar minha bunda por baixo do vestido.

- Eu não resisto a você! – Ele disse e mordeu meu lábio inferior, puxando levemente, o que me fez soltar um gemido baixo. Esse filho da mãe sabe exatamente o que fazer para me enlouquecer!

Ao mesmo tempo em que tínhamos pressa, também curtíamos o momento, sem nos preocupar com mais nada! Aquela noite estava completamente favorável para nós dois e o nosso amor!

Uma a uma, nossas peças de roupa foram ganhando espaço no chão da sala e o que se podia ouvir em todo o cômodo, junto com o som baixo da televisão, eram nossos gemidos que expressavam todo o desejo que sentíamos um pelo outro!

Nossos corpos se moviam em total sintonia, completamente sincronizados e um sabia exatamente o que fazer para enlouquecer o outro! A ligação que nós temos é realmente surreal e só melhora com o passar dos anos! Nós nos amamos ali, no sofá da sala, durante horas madrugada à dentro, desfrutando de cada uma das sensações que despertávamos um no outro!

Não sei se foi pelo vinho, pelo gin, ou uma mistura dos dois unidos ao desejo que nós sentimos um pelo outro, mas foi incrível!

Quando chegamos ao ápice, quase juntos, ele me puxou para deitar em seu peito e eu fiquei com a cabeça encostada ali, apenas lhe fazendo um carinho leve e ouvindo o som de nossas respirações ainda desreguladas.

- Pega água pra mim? – Pedi manhosa e senti seu peito se movimentar numa risada. Levantei sentando no sofá e ele vestiu a cueca, indo até a cozinha.

Narrador

Quando William voltou da cozinha com o copo d’água na mão, ela estava vestida apenas na lingerie, catando as roupas de ambos no chão com um sorrisinho bobo no rosto, a famosa “carinha de apaixonada”!

- Vamos tomar um banho e dormir, vem! – Ela disse pegando a água da mão dele e subindo as escadas sendo seguida pelo homem, que caminhava abraçando-a por trás e depositando beijinhos pelo pescoço e ombro dela.

- Só vamos tomar banho mesmo? – Ele perguntou provocativo no ouvido dela.

- Sim, insaciável! Se comporta! – Ela respondeu rindo e eles foram para o banheiro juntos, cumprindo com o que foi dito, apenas trocando alguns beijos e carícias.

Quando terminaram o banho, deitaram agarradinhos e rapidamente dormiram tranquilos nos braços um do outro!

No outro dia, tomaram café da manhã juntos e Fátima lembrou que as filhas chegariam a qualquer momento da praia e eles não queriam que elas ficassem sabendo da reconciliação deles assim, de repente. Combinaram que iriam marcar para conversar com as meninas na tarde daquele mesmo dia, aproveitando que era domingo e poderiam ligar para Vinícius também, conversando com os três filhos juntos.

Estavam se beijando na garagem, encostados na porta do carro dele, estando tão envolvidos no beijo que nem perceberam o portão da garagem se abrir.

- GENTEEE, O QUE ROLOU AQUI? – Se afastaram no susto, ouvindo a alta voz de Beatriz, que estava com o rosto pra fora da janela do carro, sem esconder o espanto em sua fisionomia.

Continua...