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História Amélie Dixon - Bondoso


Escrita por: lalimoonx

Capítulo 16 - Bondoso


Quando acordo, a primeira coisa que faço é esticar os braços, mas acabei  desistindo ao perceber o peso neles, eu se quer conseguia respirar corretamente. Me convenci que o melhor era abrir os olhos e assim o fiz, dando de cara com Carl... Me olhando com um pequeno sorriso nos lábios. Congelo. Provavelmente eu estava a com a cara mais assustada do mundo para ele, visto que ele riu com gosto de mim e eu, me virei de costas para ele.

Mas... O quê? Como? Quando? Eu estou sonhando de novo?

–Eu juro que acabei de deitar aqui. –Carl disse. Pude sentir o ar quente tocar meu pescoço e me arrepiando. –E que não fiz nada além de te abraçar. –Completou, se aproximando mais. Fitei o jogo ainda ligado com "Game Over" piscando incansavelmente na tela e tentei puxar assunto para disfarçar meu nervosismo.
–Que horas você parou de jogar?
–Logo depois que você começou a conversar durante o sono. –ele sussurrou. –Você... Disse o nome do Daryl a noite toda.

Pisquei algumas vezes sentindo meus olhos lacrimejarem e achei melhor não falar nada. Meu silêncio foi suficiente para que Carl me envolvesse e me virasse habilidosamente para ele.

–Daryl está procurando por você nesse exato momento, eu tenho certeza. –Ele afirmou, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. –E não estará sozinho. Todos estão, Mel.

Afirmei em silencio e levei um susto ao ouvir as trancas da porta principal fazerem barulho, sinal de que alguém estava entrando. Nós dois corremos para a porta e de lá espiamos o que estava acontecendo, basicamente um banquete com várias coisas estava sendo colocado na mesa por umas pessoas e dois "guardas" estavam lá, atentos ao redor, como se estivessem garantindo que tudo estava bem. Logo após aquele entra e saí, eles nos trancaram de novo e eu caminhei para o banheiro. Por cima um dos ombros, vai que Carl caminhou para a mesa. Ele estava sem camisa e ao que tudo indicava, havia tomado banho.
Após um bom banho e uma troca de roupa para um vestido, resolvo ir para a mesa, mas Carl está lá com a mesma carranca de ontem, enquanto segura um papel. Assim que me viu, ele começou a ler:

"Me esperem para o café da manhã. –Shane"

–que merda –sussurrei, enquanto me sentava e esperava o digníssimo.

[...]

Eu me sentia incomodada pelo clima tenso que se instalou na mesa e pelo fato de não conseguir encarar o Carl. Minhas mãos soavam de tão nervosa e ter que aguentar calada o bom humor do estúpido do Shane não estava me  ajudando de fato. Eu já me perguntava se aquilo que eu estava fazendo ia nos ajudar a ficar vivos até o grupo nos encontrar ou nós encontrarmos uma brecha, ou se estava apenas adiando a minha própria morte.

–Entendem? Eu fiquei completamente louco! –Shane estava nessa de falar do passado desde que entrou no apartamento para tomar o café da manhã conosco e, basicamente, ficou até o almoço, quando ele teve que ir quando o segurança de olhos verdes da noite passada chamado "Ed", o disse que ele tinha um assunto importante para resolver.
Shane saiu, mas Ed ficou alguns minutos, me encarando como se quisesse dizer algo, mas não pudesse.  Seja lá qual fosse o assunto, eu me sentia tentada a saber.

–Perdeu alguma coisa aqui, cara?  –Carl perguntou, visivelmente incomodado, Ed por outro lado apenas riu com deboche e saiu. –Ele só está esperando que você fique sozinha...

Continuei calada, olhando para qualquer lugar que não fosse Carl.

–Estou enjoando disso... –sussurrei. –precisamos conseguir a confiança dele logo, Carl.
–Não sei se vou conseguir fingir gostar dele. Posso tentar calar a boca, bolar um plano de fuga e é só.
–Certo. –Me levantei, peguei uma maçã e caminhei para o quarto, sem se quer me importar com Carl no meu encalço.
–O que está pensando? –Ele perguntou e eu me sentei na cama.
–Daryl dizia que, se eu tivesse problemas, eu deveria me acalmar e tentar ver por outra perspectiva. Não consigo ver nada além do Shane, essas grades na janela e você. –disse com uma falsa calma, ele se sentou ao meu lado. –Eu sei que estava por um fio em Woolsey, mas eu gostava de lá e das ruas. Gostava de ir pra casa do sr. Jason, enquanto ele ia para a escola ao lado, para pegar livros a hora que quisesse, porque ele deixava...  Ou acordar cedo para ver o nascer do sol dos muros.
–Está tão sentimental que estou quase pensando que você vai dizer que sente falta do Kennedy também!  –ele brincou, para me acalmar. Eu ri baixo e ele, sem aviso prévio, se aproximou do meu rosto. –Eu tenho um precipício pelo seu sorriso, senhorita Amélie Dixon. –sussurrou.

Não vou perder o contro... Certo, foda-se.

Me aproveitei da proximidade para colocar meus lábios nos dele. No primeiro momento, foi só o que eu consegui fazer, enquanto ele parecia não esperar aquela atitude vinda de mim, ficou tenso e não se moveu.

Tara sempre disse que pra beijar precisa de "química", mas que diabos era aquilo? Eu não fazia ideia, mas seja lá o que fosse... Parecia faltar comigo e o Carl. Me senti culpada e arrependida no mesmo instante e me afastei devagar, tentando pensar em alguma desculpa esfarrapada, quando ele me puxa de novo para ele seus olhos estavam focados nos meus lábios. Com uma de suas mãos ele agarrou meu cabelo e com a outra me segurou pela cintura.

–Estaremos ferrados se alguma câmera estiver escondida... –ele sussurrou, colando a testa na minha.
–Concordo –ri e ouvimos, novamente, todo o barulho na porta. Nos afastamos e quando nos demos conta, Ed e mais dois caras nos levaram as pressas para dentro de um prédio, em seguida para trás de uma prateleira imensa de livros e para um porão escuro. Carl tentou lutar com Ed, mas o moreno apenas falava calmamente.

–Eu vou deixá-los a salvo, mas presos. Peco desculpas, mas hoje não vai ter suquinho de frutas.
–Por quê? –Carl e eu perguntamos em uníssono.
–Vocês vivam em Woolsey por muito tempo e fora dos olhos do cara... Tsc. Que sorte. –ele mais falou consigo mesmo do que com nós, mas logo se tocou disso e esperou que os outros caras nos prendessem em canos que passavam por todo o local, nos possibilitando andar. Havia algo incomum nas algemas... eles eram...

Fofas!

Era a primeira vez que via algemas que pareciam uma zebra(em mim) e uma oncinha(em Carl). Ed segurou o riso ao vê-las.

–Essas não vão deixar marcas... São ótimas em outras ocasiões. Espero que aproveitem –Ele tinha um tom divertido, indicando as algemas. –Ah, podem gritar e fazer o barulho que quiserem. Ninguém lá fora vai escutar. O que é bom, vocês não vão querer conhecê-lo.
–Quem?
–E mais uma coisa, –ele continuou trocando de assunto. – tem frutas aqui e enlatados. Não passarão fome em dois ou três dias, certo? A patroa virá aqui quando puder. Alguma pergunta?
–Sim. Quando você vai ir pra puta que pariu? –Carl revidou com raiva.
–Vou no dia em que Amélie Dixon conseguir ser Judith Grimes, pode ser? –Ed piscou com um sorriso cínico nos lábios. Senti um arrepio na espinha e Carl ficou mudo. –Só está viva porque eu sou bondoso... E quero ver até onde vai aguentar fingir. –ele riu, tirando duas chaves do casaco de couro e jogando-as na cama, próxima aos meus pés. Ainda sibilou "Bondoso", antes de nos trancar sozinhos.



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