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História Amizade Colorida - Sunsun - Vivendo e aprendendo


Escrita por: Uauter-San

Notas do Autor


OLÁAAA! Como vão? Eu espero que estejam bem. Venho aqui trazer o último cap dessa fanfic podendo assim finalizá-la após meses sem atualizar nada. Sinto muito por isso, foi porque aconteceu tantas coisas, além de que eu tive que resetar meu notebook e foi um estresse puro para tentar baixar o Word novamente.

Então perdão pela a demora!

Enfim, espero que todos gostem! Recadinhos nas Notas Finais.

17k para o cap 17 :0
coincidência? Uiui

GATILHO: suicidio.

Boa leitura❤

Capítulo 17 - Vivendo e aprendendo


  O som do “tique-taque” ressoava o local enquanto sua perna não parava de tremer devido o nervosismo da vez, seus olhos não paravam em um ponto especifico, temia que se olhasse para a mais velha acabaria se sentindo mais mal ainda e choraria na frente das duas, o que o loiro não queria.  

— Vamos, me digam!  

 Novamente a mulher pediu para os dois dizerem de quem foi a ideia da festa. Sunoo se encontrava de cabeça baixa enquanto sua irmã apenas olhava para o lado com cara de poucos amigos. Não se sabia qual das duas estava mais irritada, sua mãe ou Eunji.  

 Quando a Sra. Kim apareceu foi um caos completo, pois não foi apenas os dois Kim que ouviram como também seus amigos, a mulher estava furiosa que nem se importava com quem estava dando sermão. No final, ela pediu desculpas para os amigos dos dois, pedindo para eles irem embora, pois teria que resolver com seus filhos. Jake, Heeseung e Heejin foram os primeiros a ir embora, depois Jay. Jay estava de fato irritado, mas também magoado, porque se sentia excluído, ele sabe que Sunoo e Sunghoon são bastante amigos, mas ele também é amigo deles, o que acontece entre os dois também é diz respeito a ele. Jay não queria pensar de jeito nenhum que em um trio, sempre terá um excluído, isso não aconteceu com seu trio. Sunghoon e Sunoo mesmo sendo colados não deixavam Jay de fora, os três são sim apegados, e os três se consideram como melhores amigos, irmãos. Mas agora, tudo parece tão diferente, Jay se sente diferente agora. As coisas mudam, mas não pensou que mudaria tanto ao ponto de ele querer apenas se afastar do Kim e do Park. Se sente magoado.  

 Depois que Jay foi embora, foi a vez de Sunghoon, o mesmo não sabia onde olhava, se olhava Sunoo ou Eunji, estava confuso e atordoado. Não tinha uma opinião concreta sobre o que Eunji disse sobre o loiro ter concordado ajudá-la a se declarar para ele. Talvez fosse isso que ele sentia desde o começo quando Sunoo começou a agir estranho, claro, era isso que o loiro escondia. Porém, por que Sunoo não chegou simplesmente nele e disse tudo? Talvez, tudo isso seria poupado se Sunoo tivesse lhe dito que Eunji o via mais do que um amigo ou irmão de consideração. Tudo seria evitado se Sunoo e ele tivessem um diálogo simples, mas Sunoo optou por esconder e isso deixa o Park triste. Não sabe se é com Sunoo ou com a situação, talvez as duas, tantas coisas aconteceram, é difícil pensar. No final, Sunghoon foi embora sem olhar para os irmãos Kim, apenas se despediu da Sra. Kim formalmente e foi embora sem olhar para trás, embora sua vontade era olhar Sunoo e Eunji, mas algo lhe impedia.  

 A mais velha estava irritada e não era difícil de ver isso, afinal seu olhar estava atravessado enquanto pedia para que seus filhos lhe dissessem logo o motivo da festa e de quem foi a ideia. Sunoo sem querer mais ouvir sua mãe ameaçar os dois de castigo, ele se pões de mão levantada olhando sua mãe.  

— Fui eu. Eu que tive a ideia da festa. O motivo foi porque fiz um trabalho em dupla e consegui ser o escolhido junto com a minha parceira para apresentarmos para a escola o nosso trabalho. Pensei que uma festa inofensiva não seria demais, não sabíamos que você iria voltar hoje.  

 Esclareceu um tanto inseguro, claro, novamente ele mentiu. A ideia não foi sua, foi de Eunji, mas ele não quer que sua irmã receba o sermão de sua mãe, pois sabe que seria demais para ela devido a situação de minutos atrás. No entanto, a risada falsa de sua irmã soou pela a sala de estar fazendo os dois ali olharem ela confusos.  

— Você acha que pegando a culpa irá fazer eu perdoá-lo? — parou de rir, olhando Sunoo séria. — Você é tolo por pensar desta forma.  

— Eunji! — sua mãe a chamou. — Quem deve brigar aqui sou eu, não você. Não importa de qualquer forma de quem foi a ideia da festa, pois os dois irão ficar de castigo.  

— E quem disse que eu ligo para isso? Você acha que apenas colocar seus filhos de castigo vai fazê-los repensarem e mudarem? Não. Não vão!   

— Olha como você fala comigo. Sou sua mãe!  

 Eunji riu forçada, revirando os olhos mudando de posição no sofá. Respirando fundo antes de voltar seu olhar desafiador para a Sra. Kim.  

— Eu não me importo se você é minha mãe ou não. E tenho certeza que você também não se importa, já que foi você quem arruinou essa família.  

— Do que está dizendo, Eunji? — Sunoo perguntou confuso não entendendo um terço do que elas estão discutindo agora. A citada olhou seu irmão e depois para sua mãe que suavizou a expressão irritada para uma espantosa.  

— Mesmo oppa sendo mais velho parece que ele não sabe e não desconfia de nada, certo, mamãe? — disse em um tom sarcástica olhando sua mãe, que desfazia a pose intimidante. — Oppa, você nunca se perguntou o motivo de papai nos deixar?  

— Eunji!  

— Do fato de ele pegar suas coisas e ir embora? — o loiro negou com a cabeça, olhando sua mãe que continha lágrimas em seus olhos. — Bem, o motivo foi porque nossa querida mãe estava o traindo. Beijando outro homem...  

 A garota se levantou, ficando de frente para a mais velha.  

— Saindo com outro homem. Dormindo com outro homem! — exclamou Eunji, mas foi calada com um tapa ecoando no cômodo.  

 Sunoo que escutou e viu aquilo ficou chocado, sua mãe deu um tapa no rosto de Eunji. Ela nunca chegou a encostar um dedo sequer na garota quando as duas discutiam, sempre tentava se manter calma perante a situação mesmo que Eunji dizia ofensas deploráveis para a mais velha. Agora, parece que ela já está na gota d’água com tudo. Suas lágrimas escorriam por seu rosto enquanto olhava Eunji com os olhos estreitos devido as lágrimas e a ardência, além de estar soluçando enquanto a garota olhava para o chão com a cabeça abaixada, seu cabelo castanho escuro cobria uma metade de seu rosto deixando a bochecha avermelhada com a possível marca do tapa em seu rosto à mostra. O loiro se levantou rapidamente, ainda pasmo com tudo.  

— Não ouse jogar a culpa toda em cima de mim quando você não sabe nem a metade da história! Não me orgulho por traí-lo, foi um erro e eu confesso. Me sentia um lixo todas às vezes que via vocês brincando com seu pai enquanto eu sabia que fiz algo errado. Contudo, isso não faz seu pai seja a vítima da história, ele tinha um lado que só comigo que aparecia. Seu pai era péssimo como marido, mas um bom pai. Não estou justificando isso apenas para amenizar a traição, mas que o motivo de sua partida não foi apenas pela a traição em si. O pai de vocês já aprontou e muito, eu apenas quis o bem de vocês.  

— Nosso bem... Éramos crianças. Crianças que eram apegadas a ele. E você ainda acha que foi para o nosso bem tirá-lo de nossas vidas como se ele nunca estivesse existido? Que fomos criados do barro ou algo do tipo sem a porra de um pai? — a voz áspera de sua irmã fazia questão de deixar tudo mais tenso ao ponto de Sunoo não saber quando interferir. — Ele pode ter sido um péssimo marido, mas você é uma péssima mãe. E eu preferia que você tivesse ido embora ao invés dele!  

 Após gritar, Eunji se afastou da mulher saindo andando fazendo questão de esbarrar com agressividade o ombro dela com a mulher, chocando-os e andando em passos pesados até as escadas, rumo ao seu quarto. A mais velha cambaleou até o sofá tentando se acalmar. Sunoo abaixou o olhar assimilando e ingerindo todas às informações passadas até agora. Ele não fazia questão que sua mãe havia traído seu pai e que esse foi um dos motivos do homem ir embora. Ele pensava que o Sr. Kim foi embora por motivos de falta de amor com sua mãe, já que ele um dia disse sobre querer ir embora apenas porque já não sentia mais nada por sua mãe. Agora saber que havia traição no meio tudo muda, de um jeito ruim.  

 Seus olhos cor-de-mel pararam na mulher que soluçava sentada no sofá enquanto escondia seu rosto com suas mãos pálidas e magras. Ele sentia pena, sentia raiva e tristeza, acima de tudo, o sentimento de decepção também. No final, ambos sentiam decepção um do outro. Ambos escutaram uma bateção de porta no segundo andar, podendo imaginar que seria Eunji batendo a porta com raiva.  

 Sunoo ia tentar ir até sua mãe para acudir a mesma, porém ela apenas se levantou abruptamente, secando suas lágrimas com o dorso de sua destra, mirando seu filho em seguida. Respirou fundo, tentando conter mais de suas lágrimas. Seu rosto estava todo vermelho carmim, olhos, nariz, suas maçãs, além dos seus olhos bonitos estarem inchados. Fungou ruidosamente, olhando para baixo por alguns segundos.  

— Vou tomar um banho. Quero a casa limpa para hoje ainda. Peça para sua irmã ajudá-lo na limpeza — sem mais e menos, ela saiu. Andando até as escadas deixando o loiro na sala sozinho, parado como estátua.   

 O mesmo se sentou no sofá, ou melhor, se jogou no sofá. Encostando sua cabeça no encosto do sofá, olhando para o teto. Tudo parece desmoronar em um único dia, isso é tão frustrante.  

 Do outro lado, Eunji chorava no travesseiro, no quarto escuro e trancado. Seus sentimentos ruins não poderiam ser descritos, muitas coisas aconteceram. Sunghoon a rejeitou, confirmou que seu irmão e ele têm um caso, sua mãe e ela brigaram novamente. Seus sentimentos estão perturbados e não é pouco, seus soluços ressoavam no quarto enquanto ela pensava e pensava, até se lembrar de algo. Se levantou da cama, indo até sua gaveta de objetos, puxando dali uma caixinha roxa pequena, voltando rapidamente até sua cama e se sentando no chão, encostando suas costas na base da cama de casal. Endireitou-se no tapete fofinho do chão antes de ligar seu abajur, iluminando um pouco o quarto, logo voltou sua atenção para a caixinha roxa em sua mão, observando os mínimos detalhes quando finalmente abre a caixa, revelando ali uma ficha de fliperama em cima de um paninho azul.  

 Ela pôs a caixinha no chão, pegando a ficha e passando o polegar no metal feito de chumbo, sentindo a textura polido do metal em seu dedo. Logo as sensações de alguns anos atrás foram à tona assim que se lembrou das frases do garoto e do mesmo lhe dando a ficha de fliperama.  

 Talvez foi ali que ela se apaixonou pelo o rapaz de cabelo negros, ou descobriu que estava apaixonada por Sunghoon desde ali, quando o garoto lhe deu aquele objeto pequeno e, para alguns, inútil. Porém, para ela significa muito, pois significou para Sunghoon. Quando Eunji descobriu sobre a traição de sua mãe, a garota nunca foi mais a mesma em relação a sua mãe, não a admirava como antes. Iniciando sempre uma discussão entre as duas, mesmo que Sunoo ou a própria Sra. Kim não via, Eunji se sentia mal e chorava por conta disso pela as costas. Embora parecesse confiante e séria em tudo o que dizia, não dava nem dois minutos sozinhas e desmoronava. Ela tenta se fazer de forte, mas por trás é apenas uma garota de dezessete anos querendo que tudo mude. Que sua mãe e ela se resolvam, que seu irmão diga o quão orgulho ele está por ela finalmente amadurecer e Sunghoon amá-la da mesma forma que ela o ama. Mas não foi assim, ela sabe que não está nem em um passo em amadurecer, continua uma criança birrenta que briga com suas amigas para fazer o que ela propõe e que não aceita ser a errada da situação. Que não tem vontade de se resolver com sua mãe e, bem, Sunghoon não a ama como ela gostaria que ele amasse.  

 Desde então se sente só, mas ela não pensava desta forma, só estava abalada pela as inúmeras brigas com sua mãe e Sunghoon estava lá. A acudiu dizendo coisas que a deixava tranquila e menos mal pelos os ocorridos passados, quando a garota viu o mais velho retirar um pano azul e a entregar, dizendo que a ficha de fliperama era um objeto que fazia as pessoas ficarem felizes e tirar a tristeza dentro de si, foi o bastante para Eunji acreditar e guardar o presente que Sunghoon deu a ela quando a mesma tinha seus quatorze anos. Sunghoon carregava aquilo, pois acreditava que era como um amuleto da sorte e queria que Eunji carregasse porque ela merecia mais que ele.  

 Suas lágrimas caíam e caíam, ela queria jogar fora, ela queria destruir, mas não conseguia porque ainda sente carinho pelo o objeto dado de Sunghoon a ela. Seus sentimentos estão intactos, o que deixa a mesma à beira da loucura porque Sunghoon agora se tornou o impossível para ela. O que poderia ser impossível para seu irmão agora são possíveis, porém para ela não. Eunji não se importa se seu irmão é gay, mas se importa que quem ele esteja apaixonado é Sunghoon.  

 O que ela deveria fazer com isso?  

  

[...] 

  

 Os garotos olhavam o Park sentado em sua carteira com os fones de ouvido enquanto está deitado em seus braços. Sunoo suspirou, deixando de olhar Jay e encarar seus amigos que estavam em volta de sua mesa.  

— Ele me bloqueou em todas as redes sociais. E bloqueou Sunoo também — comentou Sunghoon, coçando sua cabeça frustrado.  

— Ele não é assim. Para ele fazer essas coisas vocês dois devem ter feito algo ruim. Lembra quando eu e ele brigamos por algo bobo? Jay só ficou alguns dias sem conversar comigo. Nunca chegou a me bloquear ou algo do tipo — alegou Jake, gesticulando com a mão esquerda enquanto dizia, pondo novamente seu pirulito em sua boca.  

— Jake tem razão. Jay parece mais distante do que o normal. Já fez uma semana que não vejo vocês conversarem ou ele querer sair. Até chegou a privar a conta no Instagram — o ruivo indagou, olhando Jay por alguns segundos antes de voltar a encarar Sunoo e Sunghoon. — Sério, o que vocês dois fizeram para ele estar desta forma?  

 Os dois garotos se entreolharam, não sabendo se diziam ou não o que realmente aconteceu naquela festa. Sunghoon havia comentado sobre dizer para Jake e Heeseung o que estava rolando, mas Sunoo não queria ainda dizer porque queria primeiro se resolver com Jay. No entanto, o mesmo não ajudava já que sempre estava ignorando os dois amigos. A última vez que ouviram Jay falar diretamente com os dois foi: “Deixem-me em paz”, depois foi embora. É notável que Jay está magoado com o segredo dos dois garotos já que eles não escondem segredos uns dos outros. Se sente excluído, e é horrível se sentir excluído e a segunda opção. Então optou por sair do grupo e acabar com a amizade com os dois garotos. Ele só conversava com Jake e Heeseung, mas era bem de vez em quando já que preferia ficar sozinho em um canto. Embora seja difícil, porque sempre está vindo alguns colegas de sua classe conversar com ele, ou até alguns alunos de outras salas, principalmente as garotas, ficar com ele no intervalo para não o deixar se sentir só. Até as pessoas que nem o conhece não deixavam ele de fora, mas seus amigos de anos sim.  

— Hum... É complicado de explicar isso agora para vocês, mas prometemos dizer tudo em detalhes. 

 Pronunciou o loiro, vendo sua professora chegando na sala e pedindo para os alunos se colocarem em seus respectivos lugares. Seu olhar caiu no Jay, vendo o rapaz continuar deitado em seus braços sem se importar se a professora chegou. Ele quer tanto conversar com Jay, mas o rapaz não colabora e talvez ele entenda. Sunoo e Sunghoon deveriam ter conversado com Jay sobre a relação deles, mas não fizeram, deixando-o de fora. Respirou fundo, deixando seu olhar cair em seu caderno e livro. Havia se passado uma semana depois do ocorrido e a atmosfera é desagradável demais. Eunji nem olha na cara do loiro, sua mãe quase nem aparece, mesmo ela estando em seu quarto, Jay não conversa mais com ele e o de cabelo negros. E Sunghoon, eles conversam, mas nem tanto, parece que Sunghoon nem havia se declarado naquele dia, contudo Sunoo gostaria de sim pôr a conversa em dia, mas sabe que isso não irá ajudá-los. Precisam de um tempo, para ambos. E foi o que exatamente os dois fizeram, deram um tempo, Sunghoon não beija mais Sunoo, o loiro também não faz isso, era como se tudo voltasse ao normal. Do normal para pior, pois perderam um amigo.  

 E eles se arrependem por terem iniciado essa amizade colorida? Não se sabe, eles não pensam sobre arrependimentos, apenas se lamentam, mas não chegaram ao ponto de pensar ou dizer o quão errado foi.  

 Quando às aulas acabaram, Sunoo e Sunghoon foram embora, conversavam um pouco, mas quando viram Jay passar por eles com uma feição séria pararam em imediato. Queriam correr até Jay e conversar com ele como de costume, mas Jay não colabora. Sunghoon sempre está observando Jay, já que o caminho de sua casa bate com a de Jay, mas ele não ousou conversar com o garoto porque sabe que seria em vão. Após Sunghoon e Sunoo se despedirem, o loiro apressou para chegar em casa, pois parecia que iria chover.  

 Faltam apenas três dias para a sua apresentação com Iseul, e até agora ele não chegou a conversar com a garota devido a situação atual. Assim que chegou em sua casa anunciou sua chegada e, como o esperado, ninguém o respondeu. Suspirou, tirando os sapatos e calçando as pantufas, logo andando em direção a seu quarto na casa silenciosa, ele não sabe se sua irmã está em casa ou ainda está em sua escola, porém não queria pensar ou chegar em conclusão nenhuma, apenas queria tomar um banho relaxante antes de telefonar para Jungwon. O que o loiro fez, deixou sua mochila sobre a cama indo rapidamente para o banheiro tomar uma ducha quente e se afogar em suas magoas.  

 Parcialmente era para Sunoo estar contando sobre seu dia a dia, além de conversar sobre roupas ou até mesmo do seu modelo favorito que atualizou trezes publicações em sua rede social, mas ele não dizia nada, apenas assentia para tudo o que Jungwon dizia. O que preocupava o Yang que não estava por dentro devido sua única fonte é o próprio Sunoo que não lhe diz nada. Sunoo toda vez que faz chamada com Jungwon está sempre alegre e afobado como se muitas e muitas coisas tivessem acontecido durante sua semana, já que não era sempre que os dois garotos fazem ligação devido Jungwon ter seus assuntos de escola e Sunoo também. No entanto, Sunoo não parece animado como antes, seu olhar muitas vezes caía e está sendo difícil ver qualquer sorriso verdadeiro no rosto angelical do loiro.  

“Então como hoje fui ruim nos testes chutei um velho na rua e causei um acidente em um orfanato fazendo as crianças de lá perderem seus lares.”  

 Dito tudo aquilo concluiu que Sunoo não estava prestando atenção nele, pois o mesmo apenas sorriu falso dizendo: “Que legal”, o que ele está dizendo a cada frase dita por Jungwon nesses vinte e poucos minutos de ligação.  

“Sunoo, eu não fiz nada disso. Há algo acontecendo? Você está se comportando de uma forma que não estou acostumado. Cadê meu Sunoo sorridente e exibido?”  

— Desculpa, Jungwon..., mas ultimamente tudo está indo de pior a mil vezes pior. Não estou sabendo lidar com nada e me sinto inútil por isso. Já nem lembro quando foi a vez que eu sorri e ri. Me sinto tão para baixo que não consigo prestar atenção em muita coisa. Me perdoe por isso. 

 Jungwon escutando tudo e percebendo como a voz do loiro se quebrava parecendo que a qualquer hora ele iria chorar partia o coraçãozinho do Yang. Ele realmente gostaria de abraçar e reconfortar seu amigo, mas é apenas um amigo virtual. Suspirou, encostando suas costas por completo na cadeira e olhando para o lado, vendo sua mesada sobre a cama e pensando sobre. Tendo uma ideia.  

“Sunoo, você mora em Changwon, certo? — o loiro que escutou a pergunta franziu o cenho, assentindo a cabeça. — Oh, certo. Amanhã esteja de olho em seu celular, irei visitar você. Faltarei o colégio amanhã e quero que você faça o mesmo, não me importo se você tem teste ou não. Irei mandar mensagem para você quando eu sair de Pohang.” 

 Sunoo que escutava tudo arregalou os olhos ligeiramente, surpreso e não acreditando no garoto.  

— Jungwon, espera! 

“Até amanhã, Sunoo!” — antes que o garoto lhe dissesse algo, Jungwon desligou a chamada, se espreguiçando na cadeira. — Oh, merda... O que fiz? Minha mãe não irá me deixar ir até Changwon.  

 Se levantou de sua cadeira, indo até sua cama e pegando seu dinheiro e olhando para as notas de dinheiro. Ele tem 21000 won (R$ 81,21), talvez a passagem de trem seja uns 10000 won (R$ 38,64) no máximo, mesmo assim precisa de mais dinheiro para a volta. Soltou um som de aborrecimento, olhando a porta de seu quarto entreaberta, ele tem que conversar com sua mãe de qualquer jeito. Respirou fundo antes de tomar a devida coragem em sair do quarto e descer as escadas para ir até sua mãe. Embora tenha idade para sair e beber, ainda assim, sua mãe o tratava como uma verdadeira criança, uma criança que ainda não possui pelo no saco. É frustrante demais para o Yang, afinal, sua mãe parece não confiar nele o bastante. Nem para namorar, pensa que com seu primeiro namoro acabaria deixando sua namorada grávida ou iria querer morar com ela. O que é um puro absurdo para ele, até porque Jungwon não gosta de garotas, não desta forma.  

 Quando avistou sua mãe mexendo no notebook aquela confiança toda e as palavras que usaria junto com seus argumentos infalíveis sumiram assim que avistou a mais velha. Que merda, hein. Parado ali, a Sra. Yang virou para encarar seu filho, não entendendo o motivo do garoto estar parado ali. 

— Houve algo? — escutou a voz suave da mais velha soar, fazendo ele voltar para a realidade em que vive. Pôs um sorriso torto enquanto anda até sua mãe. — Você não iria para a biblioteca?  

 Já virou uma rotina cansativa para ele.  

— Ah, bem, sim..., mas há algo que quero conversar com você ainda — alegou, sentando-se ao lado de sua mãe, que voltou a olhar a tela do notebook.  

— Pode dizer, estou escutando — Jungwon observou sua mãe digitar algumas coisas em seu notebook. Já imaginando que ela estava trabalhando em seu projeto.  

— Hã... Eu não sei por onde começar exatamente... — é complicado para ele, já que é a primeira vez que ele realmente quer levar esse assunto longe. — Você sabe que eu tenho um amigo virtual, Sunoo, meu amigo. Nós sempre estamos conversando e mantemos nossa amizade sempre em pé. Só que ele mora em Changwon... E ultimamente ele está tendo problemas...  

 A Sra. Yang franziu o cenho, parando de digitar para encarar seu filho que dizia tudo da forma mais lenta e mansa possível.  

— Aonde quer chegar, Jungwon? — o citado engoliu em seco, encarando sua mãe nos olhos.  

— Eu quero visitá-lo.  

 A mulher apenas sorriu, voltando a digitar em seu aparelho.  

— Você já sabe a resposta — um “não” bem resumidamente. O rapaz suspirou, desviando o olhar tristinho. Ele iria levantar e ir para seu quarto, mas rapidamente se manteve determinado.  

— Mãe... Estou cansado disso. Poxa, eu já tenho dezoito anos, sou responsável o suficiente para cuidar de mim sozinho sem precisar ser supervisionado por você.  

— Já disse, Jungwon. Você não vai e ponto final. Não importa se tem dezoito ou mais.  

 Ela se fará de difícil? Pois bem, Jungwon vai insistir mais.  

— Isso é frustrante. Mostra o quanto você não confia em mim. Quero sair para outros lugares sem ser a merda do colégio ou da biblioteca. Eu não tenho uma vida. Não a vida que eu quero, apenas a vida que você quer que eu tenha. À metade da minha adolescência foi desperdiçada.  

— E não quero- 

— Por favor, deixe-me terminar — sua mãe arqueou o cenho surpresa com o filho. A mais velha fechou a tampa no notebook para encarar o filho melhor sem ter distrações. — Todavia, ainda sim deixei que você controlasse minha vida porque pude compreender seu lado. Contudo, você não compreende o meu. Entendo que me ama tanto que não quer que eu acabe entrando em perigo, mas mãe... Se eu não aproveitar o que tenho que aproveitar, serei um adulto de trinta anos que ainda estará morando com a própria mãe e sem amigos. Porque todos os que conhecia têm vidas muito melhores que a minha.  

 Tudo saía, tudo aquilo que guardou estava saindo. Ele sabia que iria sair e por mais que sua mãe possa possivelmente deixá-lo de castigo, Jungwon não iria se arrepender em dizer tudo e muito mais.  

— Honestamente, eu só queria que confiasse o bastante em mim para me deixar sair com meus amigos, conhecer novas cidades e novas pessoas. E nem isso eu tenho porque sou chamado de filhinho da mamãe. Eu sou sim filhinho da mamãe, mas não quero deixar de ter minha independência por ser lembrado disto. Então, por favor, deixe-me ir para Changwon ver o Sunoo, eu prometo que nada irá acontecer comigo.  

 Sra. Yang estava perplexa, sabia que um dia seu filho tentaria confrontá-la em finalmente o deixar explorar o mundo por conta própria. Mesmo assim, foi inesperado para ela. Mesmo assim, mesmo que esteja receosa sobre seu filho ir para uma cidade desconhecida por si só, ainda assim sente um tanto de orgulho de seu filho. Pois, isso mostra que Jungwon pode sim cuidar de si ao ponto de mostrar isso por palavras e seus motivos. Sente por ter deixado seu filho por bastante tempo longe do mundo real, já que foi criada desta mesma forma. Seu primeiro namorado já virou seu marido e já estava grávida de Jungwon. No entanto, a Yang sente que seu filho não seria igual ela.  

— Desculpa... — a mais velha olhou o garoto. — Desculpa se estou parecendo ingrato por tudo o que fez por mim. Eu não quero que veja desta forma.  

 Sua mãe sorriu fraco, pondo o notebook sobre a mesa de centro.  

— Desde pequena fui criada assim também. Minha mãe vivia me privando de tudo e todos. Não importa o quanto tentasse. E hoje, eu faço o mesmo com você, porque pude entender o que minha mãe sentia sobre mim, já que sinto o mesmo com você. Jungwon, filho, eu amo tanto você que quero protegê-lo de tudo, até do mundo de lá fora. E com isso, acabei esquecendo que você também quer viver por conta própria. Mesmo que tenha dezoito, ainda o vejo como uma criança.  

 Jungwon abaixou o olhar. No entanto, quando sentiu o toque quente em seu rosto, ergueu seu olhar novamente, vendo o sorriso bonito de sua mãe.  

— Sinto muito por ter deixado você tanto tempo sem aproveitar do jeito que queria. Mamãe te ama e se deixa feliz em ir a Changwon ver esse Suni... 

— Sunoo — a corrigiu rindo.  

— Ah, Sunoo. Esse Sunoo, então... — respirou fundo. — Você pode.  

 Seus olhinhos chegaram a brilharem ao escutar sua mãe finalmente deixá-lo fazer algo que sempre quis, sair para outro lugar que não seja o colégio e biblioteca. Ele automaticamente abraçou sua mãe feliz.  

— Obrigado, obrigado. Eu amo você muito! — a Sra. Yang riu, beijando o topo da cabeça do filho.  

— Tem dinheiro para ir e voltar? — Jungwon abriu os olhos ao lembrar o motivo do mesmo estar conversando com sua mãe.  

— Sobre isso...  

— Já entendi. Darei a quantia que precisa. Apenas me diga que dia que pretende ir e quanto tempo pretende ficar lá.  

 Sim, Jungwon tem a melhor mãe do mundo, em sua concepção.  

— Amanhã. Irei faltar o colégio, mas não terá nada avaliativo ou algo do tipo. Pretendo ficar apenas o dia inteiro, voltarei para casa logo pela manhã do dia seguinte.  

— Uhum, tudo bem. Acha que 30000 won (R$ 115,77) vai ser possível? — Jungwon arregalou os olhos, assentido. É claro que seria. Daria para ele juntar com os 21000 won que tem. Não só poderá ter o dinheiro para a ida e volta, como também dinheiro para comprar algumas coisas no shopping de Changwon com Sunoo. — Ok. Irei sacar o dinheiro mais tarde eu entrego para você hoje de noite, pode ser?  

— Pode sim. Obrigado, mãe. Irei me arrumar para ir à biblioteca.  

— Ok. Continuarei trabalhando em meu projeto da empresa.  

 Jungwon assentiu, dando um último beijo em sua mãe antes de sair da sala para ir se arrumar e avisar Sunoo que iria oficialmente para visitá-lo. Jungwon está tão animado que poderia até cantar. Finalmente poderá ver Sunoo pessoalmente e, quem sabe, ajudá-lo com o que precisa. Kim Sunoo, apenas espere, seu herói chegará.  

 Seus olhos de gatinhos estavam um pouco fechados, com uma certa vontade de dormir mesmo que já tenha jogado duas vezes água em seu rosto angelical. O Yang olhava a rua de sua cidade, vendo que já estava chegando na estação de trem. Ao sair do carro com sua bolsa nas costas, Jungwon olhou sua passagem, o horário de embarque estava próximo. Mesmo assim, não se arrepende em acordar mais cedo, poderia ter uma refeição com seus pais fora também, algo que já não fazem há um tempinho, pois, o Sr. Yang estava ocupado com seu trabalho, mas não iria deixar de ir junto com sua esposa para deixar seu filho com segurança na estação de trem. Era visível a preocupação da mulher mais velha em ver seu filho se despedindo deles e entrando no trem após entregar sua passagem e indo até seu assento perto da janela que havia escolhido. Seu único filho estava indo para um lugar desconhecido por si, sua vontade era enfrentar os seguranças e pegar seu precioso bebê daquele trem.  

 Porém, sabia que antes mesmo que tentasse fazer tudo isso, seu marido estaria ali para impedir. Já que o Yang mais velho estava contente que seu filho pudesse passear e conhecer novas coisas por conta própria. Ficou feliz que sua esposa aceitou em deixar Jungwon ir para Changwon, ele confia no garoto e sabe que Jungwon iria se virar.  

 O maquinista avisou que já iria começar a fazer o trem andar fazendo os passageiros acelerarem os passos. Jungwon começou a fazer movimentos com a mão perto da janela ao ver que sua mãe e pai o olhavam, repetindo o mesmo movimento de despedida. Até parece que Jungwon irá morar com Sunoo, seus pais realmente são um pouco dramáticos. Quando sentiu o trem começar a andar, o Yang se ajeitou em seu assento agradecendo que ninguém iria sentar ao seu lado durante a viagem de duas horas e meia até a cidade natal do Kim. Levou sua canhota até seu bolso, tirando seu celular e com a outra mão aproveitando para retirar seu AirPods, pondo cada um em seu ouvido e logo pondo sua playlist mais tocada, começando a aproveitar a viagem.    

 Ao notar em seu mapa que estava próximo da estação de Changwon, Jungwon logo ligou seus Dados Móveis para avisar Sunoo que estava chegando e que iria encontrá-lo na cidade do rapaz. Não demorou muito para escutar o maquinista anunciando que iriam parar na estação Changwon. Logo, o Yang se preparou para sair do trem, esperando o transporte parar por completo, feito isso, andou em fila no centro junto com os demais passageiros. Suas mãos suavam ao imaginar que iria finalmente conhecer Sunoo em carne e osso sem ser por chamada de vídeo, sem Skype. Contudo, sentiu a brisa fria bater em seu rosto fazendo-o estremecer já que no trem estava mais quentinho, porém isso era de menos. Andou até o centro comercial da estação, pondo os pés na escada rolante e deixando ser levado para baixo. Continuou a olhar aos redores, ansioso para conhecer a cidade ou pelo menos uma boa parte dela.  

 Jungwon andou até os bancos e se sentou, tirando sua mochila das costas e a pondo em seu colo, encostando na parede enquanto mexe em seu celular, ou melhor, tirar fotos da estação de Changwon para mandar para seus pais e também para postar em seu Instagram com uma legenda que combinava com o momento. Iriam dar quase dez horas, trinta minutos do Yang esperando Sunoo na estação, já estava comendo todas as unhas de suas mãos de ansiedade, até ouvir seu nome ser proferido, erguendo seus olhos e podendo ver o loiro parado alguns metros de distância dele com aquele sorriso bonito que tem quando faziam vídeo-chamada. Logo não tardou em se levantar rapidamente e ir ao encontro de Sunoo, vendo o mesmo erguer os braços indo até ele, ambos corpos se chocando juntos em um abraço caloroso e repleto de felicidade de ambas partes. Mesmo que Sunoo tenha duvidado no começo que Jungwon iria vê-lo, ainda assim, ansiava para que pudesse ver o garoto pela à primeira vez, sem uma tela separar os dois. Seus corações batiam intensamente ao saber que eles estavam realmente juntos.  

 Com relutância, Jungwon se afastou um pouco podendo ver que, de fato, Sunoo é dois centímetros mais alto que ele, o que fez com que um bico se formasse nos lábios finos do Yang.  

— O que foi? Achou que eu estava mentindo quando disse que era mais alto que você? — questionou entre risos, podendo ver a careta do garoto à sua frente.  

— Tem sorte que hoje é para ser um dia especial porque estou vendo você pela à primeira vez — alegou, voltando a abraçar o mais alto, que soltou um risinho antes de retribuir o abraço rapidamente.  

 Ambos garotos grudados como ímã estivesse unindo-os naquele meio tempo enquanto as pessoas na estação passavam olhando para os dois jovens com curiosidade. Sem delongas, Sunoo se afastou para dizer que iria mostrar sua cidade natal, ou pelo menos seus lugares favoritos para ele. Os primeiros lugares claramente foi o centro, já que tinha várias atrações no local como as feiras de várias culturas e comidas. Eles davam voltinhas em cada cantinho que Sunoo considerava legal, além de apresentar a escola dele para Jungwon que ficou surpreso com o tamanho do local, embora sua escola seja para garotos e de alto orçamento, ainda assim, não se comparava a escola de Sunoo. Por um momento ele queria entrar lá e ver se era bonito por dentro também, mas sabia que não podia, mesmo assim, iria pedir para que Sunoo mandasse um vídeo de Vlog de sua escola.  

 Os dois rapazes foram para o shopping do centro, aproveitando para comprar algumas lembrancinhas apenas para lembrar da ocasião. Sunoo estava receoso que quando conhecesse Jungwon não seria a mesma coisa que virtualmente. Que eles não teriam tantos assuntos e acabaria ficando estranho pelo os dois estarem tímidos, mas não foi bem assim, quando o loiro pôs os olhos em Jungwon, ele soube que iria falar de tudo e que seria um ótimo tutor para o Yang, que via tudo com brilhinhos nos olhos enquanto soltava volte meia um: “Uau”.  

 Era engraçado, tudo eles se olhavam e riam juntos de coisas bobas. Era libertador, pois Jungwon realmente imaginava desta forma que ele iria começar a explorar as coisas sozinho, não tão sozinho é claro. Era perfeito, afinal, a risada de Sunoo junto com a sua formava uma melodia que contagiava, ele não imaginou que seria tão bom em ter o loiro ao seu lado. Estar com Sunoo poderia sim se tornar algo que seria divertido diariamente.  

 Logo, os dois estavam sentados em uma mesa do lado de fora de uma sorveteria, da sorveteria que Sunoo veio no dia do suposto encontro de sua irmã com Sunghoon, onde ele foi o estraga prazeres. Com isso, seus olhos claros foram parar no chão ao lembrar do ocorrido na festa, fazendo o rapaz ao seu lado notar sua repentina expressão mudar drasticamente. O Yang lembrou um dos motivos de estar ali, o motivo que lhe fez enfrentar sua mãe para estar ao lado de seu amigo. Sua destra tocou o dorso da mão do loiro, podendo ver o rapaz reagir, virando o rosto para encarar Jungwon, que sorriu cintilante para ele.  

— Sunoo, você pode conversar comigo agora. Sei que aconteceu algo com você, esse foi um dos motivos para eu vir até Changwon.  

 Sunoo deixou seu olhar cair nas mãos dele, virando sua mão e a entrelaçando com a de Jungwon como uma forma carinhosa sua de agradecer. Um sorriso fraco começou a se formar em seus lábios junto com um olhar tristonho ao imaginar Sunghoon, Jay e Eunji.  

— Eu fui um péssimo melhor amigo e um péssimo irmão...  

 Começou a explicar, tudo desde o começo. Desde o momento que se apaixonou por Sunghoon, desde o momento que fez aquela brincadeira com o mesmo, desde que Eunji confessou estar apaixonada por Sunghoon; desde tudo. Ele lutava consigo para se manter forte e não chorar na presença de Jungwon, porque não era momento para aquilo, eles estavam tão felizes, mas não conseguiu, acabou chorando mesmo assim. Cada minuto o dorso de sua mão canhota ia até seus olhos enxugava as lágrimas, seu sorvete já estava derretido no copinho, sorvete esse que só pôs duas vezes na boca.  

 Jungwon por outro lado escutava tudo com a maior atenção, não dizia nada, apenas escutava. Às vezes ele apertava os dedos querendo mostrar apoio ao Kim. Quando o loiro terminou de explicar e jogar todas suas frustrações, além de assumir para Jungwon, algo em seu peito se desfazia gradualmente, pois havia dito tudo o que guardava para si desde que decidiu ajudar sua irmã com Sunghoon.  

— Uau... — ele estava impressionado na verdade, com tudo. — Não foi sua culpa, Sunoo. Sei que deve ser difícil ter as coisas sendo diferente do que antes, mudanças acontecem. Tudo bem que você possa ter sido só um pouco bobinho, já que não chegou em Sunghoon-ssi e disse sobre sua irmã ter sentimentos por ele. Ali mesmo poderia ter impedido que uma desilusão pudesse acontecer. Porque vamos ser sinceros, não acho que Eunji-ssi tenha culpa, ela é apenas uma garota apaixonada fazendo tudo para ter atenção de seu crush, quando somos apaixonados fazemos estupidezes. É totalmente normal, ainda mais daqueles que talvez não saiba lidar com os próprios sentimentos.  

 Jungwon limpou a garganta, olhando para frente e pensando sobre.  

— Não concordo com o que ela disse para você, tenho certeza que foi na hora da raiva que ela tenha o insultado porque, talvez, não era a raiva em si, mas estava tão chateada e desacreditada que não estava sabendo lidar com as próprias palavras. O que comprova que ela não sabe lidar com os sentimentos e nem as palavras que usa, até porque nem sempre é fácil controlar aquilo que nem suas emoções estão pré-estabelecidas. Digo o mesmo de você, não se julgue e coloque a culpa toda em cima de você, assim só piora e fica mais difícil de resolver.  

 O mais baixo olhou atentamente o loiro, tentando o reconfortar não só com as palavras como suas ações.  

— Esse seu outro amigo, Jay-ssi... Talvez não foi a melhor forma que ele usou para resolver o problema, se afastar e ignorar. Acho, minha opinião, que em momentos assim o simples: “Irei me afastar e começar a ignorar” não seja a solução, porque ele só estaria fugindo e se machucaria sozinho ao ter pensamentos que foi excluído de tudo, acabando por criar remorsos em ter outras amizades e confiar nas pessoas. Não posso dizer isso para ele porque nem ao menos o conheço, mas se você quer de fato resolver com ele... Na verdade, resolver com todos, a única solução plausível seria dialogar. Não há outra coisa sem o diálogo, pois as palavras podem sim demonstrar muito do que sente. Então apenas ache uma forma de dialogar com os dois e contar tudo, tudo o que disse para mim, mas agora para eles.  

— E se eles não quiserem ouvir?  

— Claramente irão se fazer de difícil, mas se eles realmente quiserem terminar com tudo, irão ouvir.  

 Sunoo o olhou nos olhos, abraçando o Yang enquanto o mesmo o consola com sussurros que tudo iria ficar bem. Jungwon está certo, Sunoo parecia tentar mais e mais, não pode desistir nas primeiras vezes, precisa lutar e mostrar o quanto ele se importa. Sunoo estava determinado a resolver tudo. 

  

[...] 

  

— Sunoo-ssi... — o citado olhou para o lado ao escutar seu nome ser proferido, podendo ver uma garota que faz parte do grêmio ir até ele. — Sua apresentação é a próxima. Cadê sua parceira de dupla?  

— Ah...  

 A verdade é que Sunoo não sabe onde Iseul se meteu. Ele a viu subindo as escadas até o terceiro andar hoje mais cedo, mas eles ficam no segundo, então ele só poderia ter duas hipóteses. Ou ela está em uma sala fechada ou no terraço, um dos dois. O loiro deu de ombros.  

— Bem, acho melhor se apressar em encontrar ela. Porque a apresentação do 3D está quase terminando e vocês entram em seguida.  

 O informou, indo até a outra dupla que chegavam conversando, chamando a atenção deles. Sunoo desviou o olhar para as cadeiras que eram ocupadas pelos os alunos de todos os anos, professores e coordenadores. Seus olhos cor-de-mel procuravam alguém especifico na plateia; Sunghoon, mas o de cabelo negros não parecia estar na fileira de sua turma, o deixando nervoso. Sunghoon veio hoje junto com Jake e Heeseung, Jay faltou e ele não sabe o porquê. Um suspiro longo saiu por seus lábios, se levantando e saindo do auditório para ir procurar Iseul.  

 Ele andou em círculos, às vezes dava uma olhada nas salas para ter certeza que a garota não estava lá, mas não estava. Sua única solução seria subir as escadas até o terraço para ver se a mesma se encontra lá, o que é estranho, pois nessas horas o terraço era para estar fechado e não aberto, dificultando qualquer acesso de alunos no local. Mesmo com esses pensamentos, Sunoo não tinha outra escolha a não ser ter que andar todos os degraus das escadas até o bendito terraço. Iseul estava esquisita hoje, ela parecia não estar cem por cento consciente do que faz. Era como se estivesse apenas seu corpo caminhando, parecia que nem sua alma estava em seu corpo. O que preocupou o Kim, porém o mesmo não chegou a dizer nada ou perguntar, apenas deixou quieto. Embora, lá no fundo, quisesse ir ver o que a garota tinha, ou melhor, tem.  

 Ao ver a porta do terraço entreaberta, seu cenho logo franziu, chegando mais perto e empurrando a porta com sua destra, escutando-a ranger no processo. O loiro então andou para frente, podendo sentir a brisa do vento bater em seu rosto e fios claros. Logo já andava até o centro do local, podendo ver algo no canto do olho, virando o rosto rapidamente. Seus olhos arregalaram assim que viu a garota ali. Ficou incrédulo sem saber ao menos se mexer naquele momento, Iseul estava de pé na beira do terraço, parecia pronta para pular o que deixou Sunoo mais perdido, Iseul iria se matar? Por que ela estaria tentando tirar a própria vida? Nada entrava em sua cabeça. Seus fios longos e castanhos junto com suas vestes balançavam no ritmo do vento enquanto mantinha-se em pé na beira, um passo para tudo terminar.  

— Iseul! — a chamou, andando até a mesma em passos longos para chegar até a garota mais rápido, temendo que ela pudesse se jogar. — O que está fazendo?!  

 Perguntou preocupado, podendo ver a citada virar o rosto e o corpo depois com cautela, olhando-o atravessado, como se tivesse com raiva do loiro, assim pensava Sunoo, que não sabia o motivo da raiva da mesma. Ele fez algo e não lembra? Seus pensamentos iam e vinham de forma que o deixava mais perturbado com a situação. 

— Não se aproxime! — clamou alto, erguendo a mão com a palma sinalizando um “pare”, fazendo Sunoo imediatamente parar de andar até ela.  

— Iseul, o que está fazendo? Por que está aí? É um lugar perigoso... Venha para cá... — tentou fazer que a mesma saísse dali com segurança. Porém, sua expressão mudou para uma confusa ao escutar Iseul rir amarguradamente.  

— Acha mesmo que irei obedecê-lo? Sunoo-ssi, pare de fingir que se importa comigo, de fingir achar que me entende. Pare de fingir ser quem você não é.  

 Ok, doeu? Doeu sim, mas não poderia deixar que isso lhe afetasse, Iseul precisava de ajuda e, acima de tudo, apoio. Sunoo olhou para o chão, querendo pensar em uma solução, embora seja difícil no momento quando Iseul a qualquer instante pode se jogar ou até mesmo escorregar e cair.  

— Por que está fazendo isso? — a questionou, observando cada mínimo detalhe do rosto de Iseul.  

— E por que não faria? Essa é a questão. 

— Tirar sua vida seria uma solução? — seu cenho permaneceu franzido enquanto Iseul apenas sorri, mas qualquer um poderia dizer o quão falso era o sorriso que ela dava.  

— Se eu falar que sim? Irá me dar um sermão dizendo o como é bom viver? Só se for bom para você, porque estou de saco cheio de tudo isso.  

— Eu não iria dizer isso na verdade.  

— E então?  

— Que você está fazendo um erro. 

 Iseul o olhou desacreditada com o que acabara de ouvir. Sunoo não sabe nem um terço do que ela vive e quer dizer o que é certo ou errado?  

— Oh, claro. É um erro querer a única coisa que pode realmente resolver todos os meus problemas inacabáveis só porque um riquinho mimado que tem tudo e mais um pouco me disse que é a porra de um erro acabar com a MINHA vida.  

— Iseul...  

— Você não sabe o que eu passei, não sabe o quanto eu aguentei até agora. Então não me venha dizer que é um erro.  

— Então deixe-me ajudá-la... — o loiro começou a dar passos para frente, mas Iseul o ordenou que continuasse parado. — Iseul, se matar não é solução para seus problemas.  

— Pode não ser, mas seria uma paz para mim. Meus pais não me amam mais, eu não tenho amigos e vivo sendo violentada, odiada... Ninguém se importa. Tudo isso porque aceitei quem eu sou — sua voz começava a sair trêmula, seus olhos brilhavam com as lágrimas que iam se formando.  

 Iseul estava perdida, não sabia nem para onde correr, não havia ninguém que poderia ajudá-la e a consolar em suas piores horas, sempre foi ela mesmo. Quando alguém a humilhava ou violentava ela apenas se sentava em um canto e chorava porque não tinha ninguém disposto a cuidar de seus ferimentos, sejam eles físicos ou psicológicos. No final do dia, era apenas ela em meio aquele sofrimento que nunca ia embora. Mesmo assim, mesmo com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, mesmo assim permaneceu em pé, não queria dar o gostinho de vitória para ninguém. Queria dar a volta por cima e mostrar que ela realmente pode ser feliz, porém quando viu que nada estava prosseguindo, que nada que ela planejava ou planejasse não estava dando certo, acabou não aguentando mais. 

 Seus soluços preenchiam aquele local, suas lágrimas que antes caiam uma por uma, agora pareciam como se fosse uma cachoeira, seu peito doía. Ela não quer isso, realmente não quer deixar de viver, mas o que fazer nessa situação quando não há para onde ir se não uma barreira que a impede de prosseguir? Estaria certa sua mãe que se assumindo não iria ser feliz? Deveria ter acreditado na mais velha e fingir ser algo apenas para agradar os demais?  

— A que preço pagamos para sermos felizes...? Você nasce, cresce, começa a aprender mais e mais, se descobre e é totalmente rejeitado por ser aquilo que não agrada seus progenitores e nem a ninguém. Então qual seria o intuito da vida? Viver sendo algo que você não pode e nunca será apenas porque as pessoas não vão gostar de você sendo você? A que preço devemos ser felizes quando não somos aquilo que gostaríamos de ser?  

— Eu não sei... — respondeu o loiro tristemente, fechando os olhos.  

— Então como quer me ajudar se nem ao menos sabe essas questões? — Sunoo engoliu em seco. — Prometi para mim mesma que não iria fazer os gostos de ninguém, que não me tornaria aquilo que todos querem. Se o preço da vida é ser quem você não é para ser aceito na sociedade e ser infeliz pelo o resto da vida, então não quero viver passando por uma farsa.  

 Iseul se virou, dando as costas para o Kim, que de imediato ao escutar as palavras da garota abriu os olhos disparadamente.  

— Iseul, não faça isso! Eu a entendo, entendo bem, mas por favor, não pule...  

— Quantas vezes tenho que dizer?! Você não me entende e nunca irá me entender!  

 Após proferir suas palavras em um tom alto e claro, Iseul fechou os olhos e abriu ambos braços, deixando a última vez a brisa do vento bater em seu rosto antes de deixar seu corpo pesar fazendo-a começar a ir para frente.  

— ISEUL!  

 Sunoo correu o mais rápido possível, era como se o tempo tivesse parado ao ponto que uma agulha preste a cair pudesse congelar no tempo. Se Iseul pulasse, Sunoo nunca iria se perdoar por não ter impedido. O loiro agarrou a cintura da garota, pondo forças em suas pernas fazendo com que se desequilibrasse para trás com Iseul, conseguindo tirá-la de cima das beiradas do terraço. Ambos caíram juntos no chão sujo, Iseul gritava para que Sunoo a soltasse, mas o loiro apenas forçou o abraço, não deixando que ela fugisse e repetisse a mesma coisa.  

 Iseul chorava implorando, sua dor sentimental estava a deixando mais e mais agoniada. Ao ponto de soltar um grito frustrado. Sunoo que abraçava estava chorando, tentando acalmar a garota em seus braços.  

— Me solte, por favor... Deixe-me em paz! — pedia enquanto chorava alto.  

— Iseul, me escute... Me escute... Por favor, se acalme — a citada se debatia nos braços do loiro querendo se soltar, porém só fazia com quem Sunoo deixasse o abraço mais firme.  

— Eu não quero escutar! — gritou, continuando a debater nos braços do garoto.  

 Sunoo já não estava sabendo o que fazer, Iseul estava o acertando em pontos que o machucava e temia que não iria conseguir manter o aperto. Sua única solução seria mostrando o quanto ele entende Iseul.  

— Eu sou apaixonado pelo o meu melhor amigo... No começo eu não sabia o que fazer com essa descoberta, pois nunca me apaixonei, mas tenho a maior certeza que não tenho qualquer tipo de atração por mulheres. Minha mãe, minha irmã e meus amigos não sabem ou pelo menos têm uma ideia de que eu seja gay. Finjo ser aquilo que não sou porque tenho medo... Medo de me assumir e sofrer as consequências, confesso que estava acomodado com isso, até tudo desmoronar com minha imprudência e burrice.  

 Iseul parava gradualmente de se mexer, suavizando sua expressão.  

— Está certa, não é legal viver sendo aquilo que não é apenas para agradar as pessoas ou porque está com medo do que lhe espera. Morro de medo de apanhar por ser gay ou até mesmo morto por isso. Mas Iseul, mesmo com tudo isso, mesmo que seja difícil e doloroso, não desista. Não dê essa satisfação para seus agressores porque a pior coisa para eles é ver você ainda de pé. Eu entendo você, sinto sua dor, embora não seja tão intensa como a sua, mas nós dois lutamos pela a mesma causa e não será agora que deixaremos tudo para trás.  

 Ele fechou os olhos fortemente, sentindo suas lágrimas caírem tudo de uma vez.  

— Confesso que no começo me aproximei de você porque estava curioso sobre. Como você conseguia se manter forte diante de tudo e todos e se assumir é tão doloroso. Contudo, criei um carinho por você e queria ajudá-la mesmo que você pedisse para eu ir embora. Iseul, eu estou aqui para você. Por favor, não faça isso. Pense naquela garota que estava com você na sorveteria, vocês estavam tão felizes lá, irá deixar ela para trás? Você pensa que ninguém se importa com você, mas está enganada. Eu me importo e tenho certeza que aquela garota também. Acima de tudo, comece a se importar consigo mesma.  

 A garota parou de se mexer, olhando para o chão, pensando sobre o que Sunoo lhe dizia. Estava certo em alguns pontos, não queria deixar sua namorada e ao mesmo tempo não pensou nela quando estava pronta para pular e acabar com sua própria vida. O cansaço era um dos pontos que contribuía para seus pensamentos pudesse a levar para o suicídio.  

— É verdade? — sua voz soou mansa, como se estivesse mais calma. — É verdade que você é gay?  

— Sim. Não assumido, mas já são duas pessoas que sabem... Ou pelo menos eu penso que sejam apenas duas.  

 Sorriu sem graça, afrouxando o aperto e deixando que Iseul pudesse se libertar. Observou a garota se levantar ainda inseguro, porém a insegurança foi embora quando viu a mesma estender sua mão para o Kim, que a pegou sem hesitar, pondo forças em suas pernas e a mão que estava no chão também, se levantando com a ajuda dela.  

— Obrigado.  

— Desculpe — comentou, abaixando sua cabeça. — Não deveria ter enfatizado que não me entende quando na verdade você entende sim. Estava atordoada, ainda estou, mas só um pouco.  

 Sunoo balançou a cabeça, sorrindo.  

— Uhum, uhum. Está tudo bem. Não precisa pedir desculpas por isso, pude compreender seu lado — levou sua canhota até o ombro de Iseul, dando um aperto amigável na região. — Na próxima, não faça mais isso. Se você estiver com coisas assim na cabeça, não evite em vir até mim, eu prometo ser seu ombro amigo. A única coisa que eu quero é vê-la sorrir e ser feliz, mesmo que possa demorar um pouco.  

 Iseul sorriu fraco, começando a chorar novamente. Sunoo fez um beicinho, com pena dela, o loiro se aproximou de Iseul dando-lhe um abraço caloroso. O que fez a mesma ficar surpresa, pois era a primeira vez sendo abraçada quando tinha essas crises e até mesmo quando chorava. Sua namorada não pôde fazer isso porque Iseul evitava a todo custo chorar na frente dela, pois era a última coisa que queria na presença de sua garota. Ela então levantou os braços, retribuindo o abraço e chorando no ombro do Kim enquanto o mesmo afagava seus fios castanhos carinhosamente.  

— Está tudo bem, está tudo bem... — repetia baixinho para ela escutar, tranquilizando-a.  

— E-eu não... Eu não quero apresentar...  

— Está bem, eu imaginei. Você pode ir para casa se quiser ou ficar na enfermaria.  

— Você ainda irá se apresentar? — o questionou, se afastando para enxugar suas lágrimas com a manga de seu suéter.  

— Sim, precisamos dar um fim a essa discriminação.  

— E como quer fazer isso? Com palavras? Eles não vão nem ao menos pensar duas vezes em vaiar você. São tudo um bando de mentes fechadas — alegou, falhando a fungada. Sunoo sorriu fraco e olhou para o céu limpo.  

— Alguém me disse que dialogar é o primeiro passo para chegarmos a algum lugar. Fique bem — deu dois tapinhas leves acima da cabeça de Iseul, antes de começar a andar até a saída do terraço.  

— Sunoo... Espere! — o citado parou de andar quando escutou Iseul o chamar. — Obrigada.  

 Sunoo sorriu mostrando os dentes para ela, empurrando a porta com a canhota e descendo as escadas. Seu coração palpitava fortemente, não sabia se era por causa do momento alguns minutos atrás ou porque estava indo apresentar sozinho e dizer tudo. Talvez ambas coisas, queria acabar com aquilo tudo ou ao menos tentar fazer com que as pessoas pudessem ter consciência de seus atos e palavras. Iseul estava quase tirando sua vida por causa desses atos, das palavras dirigidas a ela; tudo. Respirou fundo, entrando pela a entrada aberta do auditório, olhando para o palco que continha dois alunos que estavam preste a terminar sua apresentação. Um dos membros do grêmio correu até o loiro, perguntando onde ele estava e onde Iseul se encontra, mas o garoto não respondeu. Apenas pegou o microfone educadamente na mão de um dos alunos que acabaram de apresentar. Ele subiu as escadas do palco, recebendo aplausos dos alunos sentados. Os membros do grêmio ficaram confusos, pois não era a apresentação do Kim, sua apresentação iria ficar por último devido ao atraso.  

— Aaah... Testando som... — é claro que o som está bom, afinal um dos alunos apresentou com esse microfone. O loiro revirou os olhos por sua burrice, mas respirou fundo, olhando os rostos que o olhavam. — Desculpa estar pegando a vez da dupla que iria apresentar. Eu só quero encerrar essa apresentação mais rápido possível, então serei breve.  

 Indagou, pegando o papel em seu bolso da calça, desdobrando-o. Acabando por rir baixo ao escutar alguns alunos da plateia o elogiando por apenas estar ali. Ele leu o papel por meros segundos, para no final rasgar ele e olhar a plateia.  

— Bem, meu trabalho... Não só meu, como também da minha parceira, Choi Iseul, se trata e aborda sobre a homofobia — engoliu em seco, procurando seus amigos naquela multidão. — É...  

 Estava nervoso, suas mãos tremiam e sentia que seu coração iria sair pela a boca. No entanto, tudo isso parou quando avistou ele, Sunghoon, parado em pé ao lado da porta de entrada e saída, o olhando. O loiro deixou seu olhar cair para o chão e fechou os olhos, você consegue Kim Sunoo. Abriu os olhos novamente, abrindo a boca para começar a falar:  

— Como todos sabemos, homofobia é muito frequente nesta escola, nesta cidade, neste país; no mundo, resumidamente. Na sociedade, homem e mulher devem ficar juntos e ponto final, mas todos nós sabemos que não é assim que funciona. Uma mulher pode sim se apaixonar por outra e ser felizes juntas, como qualquer casal heterossexual. Mas, o que faz um casal homossexual, sáfico, aquiliano, ser diferente do heterossexual? Simples, porque a sociedade impões isso. Sociedade essa que impôs coisas totalmente absurdas, que podem prejudicar vidas e que mesmo assim, está pouco se importando para o que o povo passa, porque estão ocupados se queixando sobre um relacionamento entre dois homens.  

 As pessoas do auditório estavam mistas, alguns surpresos, outros impressionados e, claro, uns que discordavam e não escondiam isso.  

— Sabe, hoje quase perdi alguém... Essa pessoa quase tirou sua própria vida porque estava cansada de receber críticas por quem ela é. Alguém quase se matou por causa desses julgamentos toscos! Alguém quase deixou tudo para trás por estar sendo quem ela é! Vocês conseguem entender isso? Não quero generalizar, estou dizendo para os que fazem isso, aqueles que não fazem não se sintam ofendidos... Agora, o que vocês ganham com isso? O que ganham em deixar alguém deprimido? O que ganham em se intrometer na vida alheia? Vocês dizem sobre estar fazendo o certo, que pessoas de orientação sexual diferente é “pecador” ou o “errado”, mas vocês não veem o que fazem. Acham mesmo que maltratar, julgar, bater, xingar e humilhar é certo?  

 O loiro tentou olhar para todos ali.  

— Nada do que vocês fazem é certo. Não é divertido brincar com a vida alheia, muito menos incentivá-la a tirar sua própria vida por estar sendo quem ela é realmente. Alguém me disse: “Se o preço da vida é ser quem você não é para ser aceito na sociedade e ser infeliz pelo o resto da vida, então não quero viver passando por uma farsa.” Conseguem sentir o peso desta frase? Conseguem sentir os sentimentos atordoados e frustrados com essa frase? Não é legal dizer que um homem homossexual precisa apanhar para se tornar um “homem de verdade”. O que seria um homem de verdade?  

 Perguntou para todos, mas ninguém ousou a responder, o que fez um sorriso debochado aparecer na face do Kim.  

— Foi o que imaginei. Não existe esse “homem de verdade”, existe apenas homens. Independente se tem uma orientação sexual diferente dos demais ou é trans. Do mesmo jeito que serve para mulheres. Cada um escolhe o que quer vestir, cada um escolhe ser feliz, cada um escolhe viver. Fingir ser alguém que não é por medo não deveria ser retratado como algo normal! Não é normal temer que a qualquer momento pode apanhar na rua ou ser assassinado por ser alguém que não segue o que a sociedade quer que seguimos. Não deveríamos tratar a homofobia... Não, não deveríamos tratar qualquer tipo de preconceito e discriminação, seja ela por sua cor, sua etnia, por aquilo que veste, sua sexualidade, sua religião, seu gênero, não deveríamos tratar isso como algo normal na nossa sociedade. Nada disso é uma piada. Pessoas realmente morrem por essas coisas. Abrem suas mentes e parem de achar que tudo gira em torno da família tradicional. Cada um é diferente, opiniões, seus estilos, suas personalidades, mas por dentro, somos todos iguais e exigimos respeito!  

 Ele sentia que iria chorar, mas não iria chorar ali por nada nessa vida. Se manteria forte a qualquer custo.  

— Eu, Kim Sunwoo, sou homossexual. Sou apaixonado por um garoto e como qualquer um neste auditório possuo sangue vermelho, ou seja, somos todos iguais quando o assunto é nos identificar como humanos. Não se escondam por medo, não fingem quem vocês realmente são. Sejam felizes! Obrigado pela a atenção.  

 Sunoo começou a andar até as escadas para se retirar do palco, quando escutou alguém da plateia gritar.  

— Eu sou homossexual! — gritou um garoto com confiança, olhando para todos.  

— Eu também! — uma garota se levantou, gritando também.   

— Sou bissexual! 

— Sou pansexual!  

— Sou assexual e gênero fluído!  

 O loiro sorriu orgulhoso de todas as pessoas que se levantavam e diziam com confiança, assumindo. 

— Discriminação com o próximo é crime! — exclamou o loiro, começando a receber aplausos.  

 Assim, entregou seu microfone, andando até a saída, vendo que Sunghoon já não se encontrava mais lá. Sunoo saiu do auditório escutando que o próximo trabalho a ser apresentado seriam de tal turma. O loiro queria procurar Iseul, no entanto acabou apenas andando em círculo, pois Iseul aparentava não estar mais na escola. O garoto suspirou, andando até o banco do pátio e se sentando, sentindo suas mãos ainda trêmulas por ter dito tudo o que estava preso em sua garganta. Não se arrepende nenhum pouco de ter se manifestado e nem de se assumir para a escola inteira. Afinal, uma hora ou outra as pessoas iriam descobrir de qualquer forma, seu olhar ficou no chão, pensando um pouco.  

 Estava tão concentrado em seus pensamentos que nem notou a presença de alguém ao seu lado, por mais impressionante que fosse, ele poderia ter pensado em qualquer um, Iseul, Jake, Heeseung até mesmo Jay, menos Sunghoon. O Park estava ao seu lado de pé, olhando-o como se Sunoo fosse uma espécie de estátua em uma exposição. O loiro levantou a cabeça podendo encarar o rosto bonito de seu melhor amigo, estava pensante se Sunghoon havia escutado seu discurso e se a resposta for sim, então ele queria saber a opinião do mais alto.  

 Sunoo limpou a garganta.  

— Você... 

— Gostei do que você falou lá — o interrompeu, começando a se mexer para se sentar ao lado do loiro, que de imediato se arrastou um pouco para o lado, dando espaço para Sunghoon se sentar. — Foi corajoso da sua parte dizer tudo aquilo e ainda se assumir. Tenho orgulho de você.  

 Sunoo abaixou o olhar, seus lábios tremiam e seus olhos enchiam de lágrimas, Sunghoon que percebeu acabou rindo fraquinho enquanto leva sua destra até a cabeça do loiro, pressionando para frente, dando-lhe um abraço enquanto afaga seus fios claros. O Kim começou a chorar no ombro de seu melhor amigo, levantando seus braços e retribuindo o abraço. Ele precisava chorar, se manteve tão forte diante daqueles alunos, mas quando está com Sunghoon, a vontade de deixar seu eu verdadeiro fazer qualquer coisa como chorar era mais forte. Não é um choro triste ou algo ruim, é bom, bom porque havia se libertado daquele mundo sufocante que criou em sua cabeça. E Sunghoon sabia exatamente disso.  

 O mais baixo se afastou para encarar o de cabelo negros que enxugou suas lágrimas com suas mãos. 

— Eu sou apaixonado por você há um tempo já, desculpe não ter dito.  

— Não peça desculpas por isso. Não posso dizer que já gostava de você bem antes de começarmos tudo isso, mas tenho certeza que neste momento, meus sentimentos por você são fortes.  

— Isso significa que nossos sentimentos são recíprocos? — Sunghoon assentiu com um sorriso. — Então...?  

— Quer que eu peça você em namoro primeiro? Quem deveria me pedir primeiro é você — brincou o mais alto.  

— O quê? Por quê? Você quem deveria!  

— Não, não. Você! Até porque você é mais tempo apaixonado por mim, então provavelmente seria você quem deveria se ajoelhar e me pedir em namoro.   

 Sunoo riu, dando um tapa no Sunghoon que devolveu com uma apertada na bochecha do loiro.  

— Está doendo seu ogro! — alegou, escutando a gargalhada gostosa do mais alto. O mesmo parou de apertar a bochecha do outro, se aproximando com o rosto para depositar um beijinho onde apertou.  

— Quer namorar comigo?  

 Sunoo arregalou os olhos, foi repentino, ele realmente não estava esperando, até cogitou que seria ele mesmo que teria de pedir o mais alto em namoro — o que não é um problema. Aquele beicinho em seus lábios cheinhos desmanchou, agora tendo um sorriso radiante do loiro, que poderia iluminar até os lugares mais escuro do mundo com esse sorriso lindo. Seus olhinhos sorriam juntos, deixando o garoto a coisa mais fofa e apertável para Sunghoon.  

— Quero! Óbvio. Sem mais e menos. Apenas eu e você — disse animado, poderia explodir de tanta felicidade.  

— É claro que seria apenas nós dois, ou você acha que deveríamos convidar o Jay para se juntar e fazer um trisal? — o loiro revirou os olhos com o comentário do Park, rindo ao imaginar Jay ouvindo isso e dando um soco nele. — Falando nele, estou com saudades...  

— Eu também...  

 O mais baixo levou o olhar até Sunghoon, vendo-o olhar para frente, agora eles são namorados. Namorados! Logo, uma ideia surgiu em sua cabeça.  

— E se contarmos para ele? Ele será o primeiro a saber que estamos namorando. Talvez, assim podemos conseguir a confiança dele novamente e tornaremos o trio perfeito, ou quase.  

 Sunghoon pensou, mas aceitando na hora. Levantando e estendendo sua mão para seu namorado, que agarrou e se levantou também.  

— Faremos isso hoje então e também reconciliar com Eunji. O combo, gato.  

 Eunji e Jay, algo desafiador, afinal ambos são mente fechadas quando o assunto é se reconciliar. Porém, como Jungwon havia dito, se eles querem mesmo acabar com isso também, então devem escutar igual Sunoo e Sunghoon farão, escutar e concertar, com ambos.  

— Está bem. Precisamos de um- 

 Sunghoon nem ao menos deixou o garoto completar sua frase e já foi logo atacando os lábios do loiro. Demorou alguns segundos para Sunoo processar, para assim poder retribuir o beijo com gosto, abraçando Sunghoon e mexendo seus lábios junto com o mais alto. Sensações, muitas sensações, sejam elas de paixão, euforia, desejo, tudo. Eles realmente estão apaixonados e qualquer que pudesse ver esse momento diria o quão gay eles são, mas acima de tudo, um casal apaixonado que terá uma longa vida juntos.  

 Ambas línguas roçavam uma na outra, cada um tentando explorar a cavidade oral do outro, conseguindo aproveitar cada segundinho daquele beijo. Sunoo acabou deixando um gemido baixo soar durante o beijo quando percebeu que Sunghoon iria prolongar o beijo, pois o loiro já se encontrava com falta de ar. Com relutância, se separou do beijo, deixando sua cabeça encostada no ombro do mais alto.  

— O que você estava dizendo mesmo? — Sunoo riu, abraçando mais forte o corpo de seu namorado.  

— Precisamos de um plano para conseguir conversar com os dois sem eles terem para onde ir.  

— Então iremos fazer. Mas não agora, porque eu quero ter mais sessão de beijos com meu namorado.  

 O loiro acabou rindo alto, feliz por escutar aquilo, no entanto pondo a mão em seus lábios impedindo Sunghoon de beijá-los.  

— Esqueceu que estamos na escola ainda?  

— Eu não me importo — retirou a mão do Sunoo que estava na frente de seus lábios bonitos. 

 E novamente atacou os lábios do Kim. Provavelmente Sunoo com certeza irá voltar para casa com os lábios dormente por causa de Sunghoon, porque ele tem a maior certeza que o garoto vai repor todos os dias que eles ficaram sem se beijar. Aí de Sunoo.  

 

[...] 

 

 O rapaz levou a mão até a maçaneta de seu quarto, porém parou assim que escutou sua campainha ser tocada, o que fez o Park arquear o cenho. Seus pais haviam acabado de sair para ir à casa de seus avós junto com seu irmão, mas eles não avisaram que teriam visita. Jay respirou fundo, virando os calcanhares e indo até a porta principal, não fazendo questão de ver no olho mágico e já abrindo uma brechinha, esboçando uma expressão séria assim que viu o garoto ali, parado na frente de sua porta com uma sacola na mão e um sorriso fajuto nos lábios.  

— Vai embora, Sunoo.  

— Espere, Jay- 

 Sem hesitar ou esperar, fechou a porta na cara do loiro e virou os calcanhares novamente para ir até seu quarto e fingir que Sunoo não estava lá fora. Foi uma alucinação. Park então após chegar na frente da porta de seu quarto e imediatamente pôr a mão na maçaneta, virando-a e escutando a porta abrir, empurrou dando passos para frente, entrando no cômodo. Quando ia fechar a porta deu um pulo assustado ao ver Sunghoon deitado na sua cama.  

— Olá, bonitão. Quanto tempo, não? — Jay parecia ter visto um fantasma em sua cama e ele realmente iria preferir ver um fantasma do que o outro Park ali.  

— Que porra que você está fazendo aqui e como caralhos entrou no meu quarto?! 

— Sou ótimo escalando. Poderia trabalhar escalando a casa das pessoas.  

— Vai se foder, Sunghoon. Pode ir embora. Não quero papo com você e nem com Sunoo! — exclamou, indo até o mais alto.  

— Não diga isso, eu sei que você está morrendo de saudades de nós dois, além de que já estamos de papo.  

 Ok, ele não vai negar que está com saudades dos dois amigos, afinal se conhecem há tempo já e estando tão distante deles sem ao menos reclamar da sua vida é frustrante, de alguma forma. Altas vezes que Jay desbloqueou os meninos e depois bloqueou porque não queria dar esse gostinho para eles, embora estivesse a todo tempo tendo um dilema e discutindo consigo mesmo, claro que uma parte sua quer conversar com eles e fingir que nada aconteceu, mas ao mesmo tempo estaria dando brecha para que coisas assim acontecessem novamente.  

 No fim, acabou só aceitando que não poderia fingir que nada aconteceu, mas também não quer ser aquele que irá tentar resolver. Pois, quem precisava fazer isso seria Sunghoon e Sunoo.  

— Jay, vamos conversar...  

 O citado olhou para baixo, pensativo. Mas seus pensamentos foram interrompidos ao escutar sua porta ranger atrás dele, fazendo-o se virar para ver o que era e avistando Sunoo fechando a porta. Que abusado, ele entrou sem permissão.  

— Nem vem. Você faz o mesmo na minha casa — indagou, como se soubesse o que Jay estava pensando. O mesmo apenas revirou os olhos e andou até sua cadeira gamer, sentando-se ali. — Agora podemos conversar?  

— Por que estão fazendo isso?  

— Porque você é nosso amigo, não é óbvio — respondeu Sunghoon, se levantando da cama para se sentar nela, olhando Jay que não estava formalizado ainda com a resposta do outro. O loiro andou até a cama e se sentou ao lado de Sunghoon.  

— Amigo... Bem, que eu saiba amigos não escondem coisas dos outros. Eu não sei se posso dizer que estou bravo ou chateado, mas com certeza excluído entra nessas alternâncias.  

 Os dois garotos escutaram aquilo, abaixando ambas cabeças como cachorrinhos após seus donos os reprenderem. Jay está certo, eles gostando ou não excluíram o rapaz sem mais e menos.  

— Nós não queríamos que isso acontecesse. Jay, nós amamos você e jamais iríamos exclui-lo desta forma.  

— Então por que não me contaram o que estava acontecendo entre vocês dois? — cruzou os braços após questionar os dois.  

— Acha que é tão fácil assim? Vamos lá. Se contássemos que eu e Sunoo estávamos nos beijando e fazendo coisas que geralmente eu e você não faríamos, você iria agir normalmente?  

 Jay parou para pensar um pouco.  

— No começo eu iria estranhar sim, mas não iria parar de ser amigo de vocês por isso. Seria estranho no começo e com o tempo eu iria me acostumar — disse, confiante.  

 Sunoo e Sunghoon se entreolharam após escutar as palavras do Park, ambos podendo o que o outro estava pensando e concluindo com acenos que iriam dizer. Jay que viu a cena apenas franziu o cenho com aquilo.  

— O que vocês- 

— Estamos namorando! — anunciou os dois juntos, cortando Jay.  

 O rapaz arregalou os olhos quando escutou a notícia, não sabendo como reagir naquela situação, não esperava, já estava pronto para dar seu discurso de o quão errado e chato é ser o amigo excluído. Ele deixou seu olhar cair para o chão. Desde sempre Jay zombava dos dois amigos dizendo o quão gays eles podiam ser, já que pareciam um casal. No entanto, nunca se passou em sua cabeça que eles realmente iriam se tornar um casal de verdade. Talvez só começou a ter essa mentalidade quando viu os dois se beijando naquela festa, mas tirando esse dia, é até impossível os dois estabelecerem algo a mais do que uma amizade.  

 Agora escutando que são um casal é tão chocante que chega a ser um novo mundo para o Park. Ele levou a mão até a cabeça, coçando a região com uma expressão de confusão por ainda estar preso em seus pensamentos, esquecendo que estava bravo com os dois ali. E ao lembrar disso, tornou-se sua expressão séria e encarou os dois garotos que pareciam esperar uma resposta concreta do amigo.  

— Foda-se, eu ainda estou bravo com vocês.  

 Cruzou os braços, empinando o nariz e olhando para a direção oposta dos dois. Sunghoon e Sunoo logo arquearam uma sobrancelha com a resposta do Jay.  

— Jay...  

— Estou cansado de ser colocado para fora desse trio. Eu realmente pensei que iria dar certo participar de um trio, pois sabia que os dois nunca iriam me excluir, do mesmo jeito que eu não faria isso. E saber que os dois estavam escondendo de mim um segredo e que, sei lá, a quanto tempo estão com esse namorico. Amigos de verdade não escondem dos outros. Eu jamais iria julgar vocês de verdade e dizer: “Opa, vocês são gays? Não, não. Não quero ser amigo mais de vocês por isso”, não é assim que funciona e, como amigos de anos, vocês sabem muito bem que eu não iria ligar que vocês são namorados ou deixam de ser. Se são héteros, gays, bissexuais, arromânticos, assexuais; foda-se, vocês são meus amigos independente de que orientação ou etnia!  

 Ambos ao escutar aquilo ficaram cabisbaixos, Jay jamais iria parar de ser amigo deles ou julgá-los, foi sim irresponsabilidade dos dois por não terem ido no Jay e conversado com ele sobre o que estava rolando. Sunoo suspirou, pondo forças em suas pernas e indo até Jay, ficando em sua frente e se ajoelhando no chão, fazendo Sunghoon e Jay estranharem o ato repentino.  

— O que está fazendo?  

— Desculpe por não contar sobre o que eu e Sunghoon estávamos tendo. E-eu não saberia como dizer a você ou a qualquer um sobre isso e tenho certeza que Sunghoon também. Ultimamente comecei a me sentir pesado por estar guardando segredos, não é coisas que eu faria. O único segredo que eu escondia e, por um momento, quis esconder de mim mesmo é eu sendo apaixonado por Sunghoon há um tempão e que me descobri ser gay. E com esse simples segredo, mais segredos foram acumulados com minha imprudência. Foi tudo minha culpa, eu não deveria ter escondido tudo de você, do Sunghoon, dos meninos... Da minha irmã... Escondi tanto que acabei virando um mentiroso, menti tanto que acabei caindo nessas mentiras e deixando todos descontentes.  

 Sunghoon se levantou também, se colocando ao lado de Sunoo e se ajoelhando. Queria mostrar para Jay o quão arrependido está e sabe que o mesmo iria perceber, pois Sunghoon nunca iria fazer isso, jamais se colocaria assim para o outro Park, mas ele reconhece seu erro e não é mais que justo provar fazendo algo que, para Jay, seria raro de ser ver novamente.  

— Desculpe também... Como Sunoo disse, erramos em não ter ido a você e contado tudo. Mas tente entender nosso lado, estávamos com medo e receosos, conhecemos você, mas mesmo assim sentíamos que não seria uma boa contar. Pelo menos até nós dois tentar entender um e o outro primeiro, pois não estávamos namorando — Jay arqueou o cenho. — O que nós dois estávamos tendo era uma amizade colorida... Com os dias se passando, acabamos descobrindo, ou melhor, eu estava descobrindo que meus sentimentos por Sunoo ia muito além do que algo platônico, muito além. Naquele dia que você viu nós dois se beijando eu havia acabado de se declarar para Sunoo.  

— Nós realmente iríamos contar para você depois daquilo. E, bem, você é a primeira pessoa que sabe que estamos namorando porque queríamos que você fosse o primeiro a saber. Sentimos muito por isso.  

— Nós só queremos você novamente ao nosso lado. Está sendo difícil não poder conversar com você, e escutar sua linda risada e suas piadas ruins.  

 Jay semicerrou o olhar ao escutar as últimas palavras do Sunghoon, no entanto suspirou longamente, se levantando em seguida.  

— Levantam-se — ordenou, vendo os dois se entreolharem e fazerem o que o outro pediu, se levantaram e ficaram em pé na frente do Park. — Eu irei dar mais uma chance a vocês dois, porque sei que estão arrependidos, mas por favor, não escondem mais nada de mim porque isso me faz pensar que sou um intruso e é horrível sentir-se assim. Estou com saudades de vocês dois e não irei mentir, ficar longe e fingir que não me importo não é bem o que eu quero. Vocês são meus melhores amigos e, acima de tudo, as pessoas que eu daria tudo e mais um pouco para estar com vocês.  

 Os três de imediato se abraçaram, finalmente se reconciliando. Os três estavam felizes e ficaram aliviados por tudo dar certo. Afinal, eles são O Trio Perfeito e não poderiam manchar este título por coisas que poderiam facilmente serem resolvidas com diálogo e compreensão.  

— Agora que nós nos resolvemos... Eu tenho regras a estabelecer de agora em diante.  

— Desde quando temos regras? — perguntou Sunghoon se afastando de Jay, porém permanecendo abraçado com Sunoo.  

— Desde o momento que vocês fizeram cagada — alegou. — E também porque vocês estão namorando então automaticamente tenho que ser rápido antes que aconteça algo na minha frente. 

 Sunghoon revirou os olhos e Sunoo apenas riu divertido.  

— Então anuncie as regras — disse o loiro, enrolando seus braços na cintura do Sunghoon.  

— Ok. Número 1: Sem beijos e melação na minha frente, independente se são namorados, eu não quero ser a vela. Número 2: Pelo amor, não ficam usando apelidinhos de namorados quando eu estiver com vocês, assim me deixa ainda mais como a vela, não, a tocha humana. E número 3 e última regra é: Sem segredos entre nós.  

— Fechado. Certo, amorzinho? — provocou Sunghoon, arrancando gargalhadas do Kim e recebendo um chute na perna por Jay, mas o mesmo acabou rindo junto.  

— Não se preocupe, Jay. Eu e Sunghoon não vamos ficar de melação, vamos ser os mesmo quando éramos apenas amigos.  

— Nós vamos? — Sunghoon fez beicinho, mas sorriu em seguida, concordando com o namorado. — Ok, nós vamos.  

— Ótimo.  

 Jay andou até sua cama, se deitando e se espreguiçando. Sunghoon deu um beijinho discreto no loiro antes de sair de perto do mesmo e se jogar em cima do outro Park, escutando os sons de aborrecimentos do Jay ecoar no quarto.  

— Não quer participar, Jayzinho? Nós podíamos ser um trisal. O Trisal Perfeito, que tal? — brincou Sunghoon, cutucando a bochecha do garoto.  

— Sai fora. Meu pesadelo é ter um relacionamento romântico com você. Posso ter com qualquer garoto, menos com você.  

— Está se assumindo, Jayzinho?  

— Vai se foder, Sunghoon e pare de usar esse apelido estranho.  

— Ah, Jayzinho...  

 Sunoo sorriu com os dois brincando entre eles, porém ficou cabisbaixo ao lembrar que ainda tinha que resolver com sua irmã, o que poderia ser difícil. Eunji é quase uma missão impossível, se assim pode se considerar. Nem Sunghoon pode convencê-la de escutar, quem dirá Sunoo. Porém, uma ideia em sua cabeça logo apareceu após pensar em um jeito de fazer sua irmã escutá-lo.  

— Jay, eu preciso da sua ajuda.  

 O citado olhou para o lado parando de cutucar Sunghoon para encarar Sunoo curioso e depois Sunghoon. Sunoo está determinado a terminar tudo, pois não aguenta esperar que o tempo faça seu “milagre”.  

 A garota olhou para o lado quando escutou um som familiar, logo distinguiu que seu celular estava tocando. A mesma se levantou, andando até o aparelho barulhento, estranhando ao ver o número e o nome da chamada. Eunji então agarrou o celular, rolando a bolinha verde para cima e já pondo o aparelho em seu ouvido enquanto anda até sua cama novamente. No entanto, ela tirou o celular do ouvido para pôr no viva-voz, voltando a pintar suas unhas.  

— Alô?  

“Vai se fu- AH! Eunji, olá. Lembra de mim ainda?” — a mesma revirou os olhos.  

— Sim, oppa. Você está salvo na minha lista de contatos, esqueceu?  

“Ah, verdade. Esqueci, sabe como é” — respondeu Jay, rindo nervoso.  

— Não, não sei como é — respondeu, suspirando. —Afinal, por que está me ligando nessas horas?  

“Nessas horas? São 20h.” 

— Por isso mesmo. Desembuche.  

“Hã... Bem... — limpou a garganta antes de dizer: — Não quer vir aqui em casa?”  

 Eunji franziu o cenho ao escutar a proposta do mais velho assim do nada.  

— Como?  

“Estou falando em inglês? Perguntei se não quer vir na minha casa, hoje, agora.” 

— Isso eu entendi, boboca. Estou querendo o motivo disso. Por que quer que eu vá em sua casa às 20h de repente? 

“Aí que garota chata. Só vem logo para cá. Depois eu explico com mais clareza, apenas venha.” 

— O que eu ganho com isso?  

 Um silêncio formou-se na ligação após a pergunta de Eunji, fazendo a mesma estranhar o silêncio que ficou. Porém, não deu tempo para a mesma questionar, pois logo escutou a fungada de Jay na ligação.  

“Kimchi fresquinho.” 

 Eunji deixou uma risada escapar ao escutar aquilo.  

— Agora sim ficou mais interessante. Tudo bem, eu vou. Mas com uma condição.  

“Diga, diga.”  

— Você paga o Uber.  

“Ora sua-” 

— Até logo! — disse com entusiasmo, desligando a ligação na cara do mais velho. — Garotos.  

 A Kim olhou para o lado e depois para seu esmalte mal fechado enquanto pensava calmamente sobre o convite momentâneo de Jay. Ela não estava em um bom momento para sair, altas vezes que Eunji recusa sair com sua melhor amiga ou com seus outros amigos. Porém, Eunji sente que Jay também precisava de alguém para conversar depois do que rolou naquela festa, pois o mesmo também não sabia o que estava rolando entre seu irmão e Sunghoon o que faz a mesma perceber que Jay a entende nesse requisito e seria bom para ambos conversarem, até porque já fará uma semana e meia que ambos não se veem e conversam.  

 Seria uma boa ideia ir na casa do mais velho então, mas claro, o maior motivo de sua aparição irá ser pelo o kimchi. Assim, ela finalizou suas unhas, começando a se preparar para ir enquanto já havia pedido um Uber. Pôs uma roupa simples, já que quem iria ver era nada menos que Jay e não iria precisar se produzir para ver o garoto. Quando escutou a buzina do lado de fora de sua casa, rapidamente pegou sua bolsa e saiu do quarto, descendo as escadas e podendo ter em mente que Sunoo e sua mãe não se encontram em casa. Então apenas resolveu fechar as coisas antes de sair de casa. 

 Feito isso, entrou no carro e cumprimentou o motorista, dando a localização da casa de Jay. Logo já se acomodou no assento e mandou uma mensagem simples para o mesmo avisando que estava a caminho.  

 Enquanto isso, os três garotos tramavam um jeito de fazer Eunji escutá-los, Jay tem consciência que a garota vai ficar irritadíssima, então já providenciou kimchi e bolo de sobra para acalmar a mesma. Sunoo e Sunghoon estavam preocupados que Eunji tivesse um tique de raiva, pois eles sabem muito bem como a mais nova se comporta quando está com raiva ou não quer escutar. Porém, ambos estavam confiantes que tudo iria dar certo, mesmo que possa ser difícil no começo. Os dois tentavam ver onde e como iriam começar a explicar tudo claramente para Eunji com exemplificação já que Jay teve surtos enquanto Sunghoon e Sunoo contavam o como e quando iniciou os beijos e caricias entre os dois.  

 Entretanto, ao escutar o nome do anfitrião da casa ser chamado por uma voz feminina do lado de fora, Sunghoon e Sunoo se alarmaram, todas aquelas expectativas foram embora assim que escutaram a voz de Eunji. Sunoo começou a roer as unhas parado na sala olhando Sunghoon dar uma espiada em Jay que não tardou em ir atender a Kim. Ele abriu a porta então, pondo um sorriso descontraído nos lábios antes de dar espaço para a recém convidada entrar.  

— Cadê meu kimchi? — Jay fechou a porta, trancando discretamente e semicerrando o olhar para Eunji.  

— Mal chegou e já quer comer. O que tem aí? — apontou para o estômago da mais nova. — Um buraco negro?  

— Sim, sim.  

 Jay revirou os olhos, gesticulando para ela o acompanhar até a sala, querendo não demonstrar nervosismos.  

— Antes de eu dar a comida para você, eu tenho que mostrar algo para você.  

 Alegou, parando de andar e ficar ao lado de Eunji, incentivando-a ir na frente, a mesma apenas esboçou uma expressão confusa com o que o mais velho disse, mas não hesitando em prosseguir o caminho primeiro. Porém, assim que avistou os dois rapazes de pé ao lado do sofá, automaticamente ficou perplexa. Embora ela vê Sunoo de vez em quando em casa, ainda sim era chocante para a Kim, além de Sunghoon estar ao seu lado. Ela não estava pronta para estar frente a frente com Sunghoon.  Sunoo engoliu em seco, limpando a garganta antes de começar a falar:  

— Eunji, precisamos conversar.  

 A citada virou os calcanhares, mas Jay a impediu de sair do cômodo.  

— Apenas escute seu irmão e Sunghoon, por favor — pediu, segurando os braços da garota, que debatia para sair.  

— Me deixem em paz! Eu não quero conversar com vocês. Deixa-me ir embora.  

— Não, você deve ao menos ouvir o que eles têm a dizer. Pare por um momento de ser orgulhosa e escute.  

 Eunji esboçou uma expressão de desgostosa com a repreensão de Jay em relação a sua escolha de querer ir embora. Ela sabe como o garoto é e sua forma de resolver as coisas, porém aquelas palavras a deixou apreensiva, pois ela não pensa que está sendo orgulhosa, não é orgulho! Ela está magoada, chateada, irritada, tudo isso. Não é compreensivo alguém não querer nem olhar as pessoas que fizeram ela se sentir assim? Parece que tudo o que ela escolhe é por puro orgulho, se ela escolhe não querer escutar é orgulho, se ela não quer dar a iniciativa em algo é orgulho. Há uma diferença enorme entre orgulho e escolhas através de seus sentimentos momentâneos, e o que ela está tendo não há rastros de orgulho. Embora suas atitudes não sejam às mil maravilhas, ela realmente queria que as pessoas parassem de vê-la apenas como uma garota orgulhosa.    

— Cinco minutos.  

 Declarou, saindo do aperto de Jay e andando até a poltrona, sentando-se ali. Sunghoon olhou para o loiro, pedindo para ele iniciar. O mesmo sentou na ponta do sofá, gesticulando para que Sunghoon fizesse o mesmo.  

— Eu não sei bem por onde começar...  

— O tempo está passando — Sunoo olhou para Eunji, respirando fundo.  

— Eu sou apaixonado pelo o Sunghoon desde os quinze anos, embora ache que talvez era bem mais para trás. Mas essa paixão por ele era um segredo meu, era meu único segredo... Eu não sabia bem o que eu era durante aquele ano, até porque para mim estava sendo novo tudo o que sentia e com medo que a minha amizade com Sunghoon pudesse mudar com esses sentimentos, eu escondi. E, claro, não consegui mais conter esses sentimentos quando fiz uma “brincadeira” com Sunghoon sobre nós termos uma amizade colorida.  

— Aonde você está querendo chegar? — questionou Eunji já com o cenho franzido.  

— Eu e Sunghoon começamos uma amizade colorida antes mesmo de você me dizer que estava apaixonada por ele, resumidamente.  

— Oh... 

— Eu sinto muitíssimo por não ter contado a você desde o começo que eu também gosto do Sunghoon, mas fiquei com medo porque não só estaria anunciando ser apaixonado pelo meu melhor amigo como também me assumir abertamente gay. Eu ainda estava inseguro com isso. Não sabia como iria reagir com isso...  

— Eu também peço desculpas por não ter ao menos contado sobre meus sentimentos por Sunoo no começo que você se declarou para mim. Talvez, uma boa parte dessa situação poderia ser evitado. Sunoo não me disse sobre você gostar de mim, então nós não ficávamos rindo de sua cara. Eu não fazia ideia que você possuía sentimentos muito além do que uma amizade juvenil. Não é culpa do Sunoo e não considero, porque tenho noção que ele estava também inseguro em me dizer algo entre mim e você acabar mudando.  

— Eunji, só Deus sabe o quanto me senti mal por ter esse tipo de amizade com Sunghoon enquanto você ainda estava tentando se declarar a ele, mas meus sentimentos foram tão fortes que eu não me contive só em guardar os segredos como também a mentir. Para você, para Jay, até mesmo para Sunghoon. Porque a cada verdade que eu diria, poderia ser uma nova confusão em minha cabeça, mas percebi que falar a verdade é mil vezes melhor do que mentir e deixar as pessoas receberem consequências por minhas palavras.  

 Sunoo se levantou, indo de mansinho até sua irmã que permanecia imóvel.  

— Eu amo você e é tão desgastante não poder conversar com você dentro de casa... Escutar sua voz, suas risadas, seu ânimo contando qualquer coisa.  

 Eunji olhou para o lado, pensando sobre as palavras dos dois rapazes ali, ela queria ser forte e fingir que nada lhe afetava, mas é óbvio que as palavras de seu irmão e Sunghoon a deixaram sensível, pois lágrimas começou a se formarem no canto de seus olhos.   

— Eu não sei se tento compreender o lado de vocês ou continuo irritada. Pois, tentam entender meu lado, você, Sunoo-oppa, havia dito que me ajudaria a conquistar Sunghoon-oppa. Eu coloquei muitas expectativas nisso, queria mostrar para Sunghoon-oppa o quanto cresci e que não sou mais aquela criança de anos atrás para ele... E saber que ele me considera sua irmãzinha me deixou decepcionada, pois não era isso que eu queria e ver vocês dois se beijando foi um choque de realidade em mim.  

 Ela levou suas ambas mãos até seu rosto e secando as lágrimas com os dorsos, fungando. Sunoo queria abraçá-la, mas sabia que não poderia fazer isso.  

— Eu não queria ser vista assim por ele, porque meus sentimentos por ele apareceram quando tive a ideia que Sunghoon-oppa me entendia e, de fato, entendia, mas não do jeito que eu queria. Não iria me importar tanto por ser rejeitada por ele ao longo do tempo, ficaria arrasada por alguns dias? Sim, mas nada de tão absurdo.  

 Sunghoon abaixou a cabeça, olhando seus pés.  

— Agora você Sunoo-oppa, você seria a pessoa que mais me entende, creio que você me entende mais que a Heejin-unnie, e ver você beijando alguém que eu dizia e dizia que estou apaixonada me deixou frustrada, como se você me traísse e, por um momento, eu mesma concluí que foi um tipo de traição.  

— Eu não queria que fosse assim, eu juro para você... 

— Oppa, você é meu irmão... Eu nunca iria ter desgosto de você por ser gay. Sua orientação sexual não interfere em sua personalidade, ou seja, eu não iria ligar para isso porque você ainda seria meu irmão. E saber que você escondeu isso de mim por medo do que eu pensava só me faz crer que não há mais um tipo de: “Nós entendemos um e o outro”. Você é a minha pessoa favorita e foi você mesmo que me deixou magoada. Sunghoon-oppa... Eu não ligo de você gostando de outra pessoa, mas ligo quando essa pessoa é Sunoo-oppa, pois gostando ou não, eu deveria sim ser uma das pessoas a saber porque sou especificamente a irmã dele! Então sim, poderia ter evitado uma boa parte disso se você me dissesse quem estava apaixonado.  

— Desculpa...  

 O loiro já estava chorando ali, parado na frente dela enquanto olha para sua irmã, ele não queria ter essa ideia do que a Eunji de fato pensava naquela situação. Sunoo a ama tanto que não pensou duas vezes em esconder algo que ela tem total direito de saber, além de que se eles realmente fossem o porto seguro um do outro, então ela seria uma das primeiras pessoas a saber não só sua orientação sexual como também por quem tem sentimentos.  

— Vou ser honesta com vocês dois, eu não vou desculpá-los nem com um discurso lindo de quão errado vocês estavam e que me amam ao ponto de não conseguir ficar longe de mim. Porque no momento eu realmente não consigo pensar... — ela então se levantou, indo até Sunoo e pondo sua destra sobre o ombro do mais velho. — Me dê um tempo... Me dão um tempo para tentar entender tudo e conseguir ter uma ideia em perdoá-los até lá. Pois, agora falando tudo para mim não irá me fazer automaticamente abraçar vocês e dizer o quanto estava com saudades, não é assim que funciona.  

 Essa é a Eunji. Não é errado pedir um tempo para assimilar tudo, para ela é a melhor forma de resolver as coisas lá no futuro. Ela precisa de um tempo para repor tudo novamente e entrar em sua própria conclusão no seu quarto, no escuro. Assim, poderia pôr-se no lugar de seus oppa’s para ter uma noção do que eles sentiam. Sunoo e Sunghoon por outro lado não sabem se é algo bom de se deixar essa conversa para uma outra ocasião, pois temem que não vá acontecer uma nova conversa. Porém, eles não tinham direito de escolher nada ali, apenas aceitar as escolhas da mais nova.  

— Eu prometo repor essa conversa um dia para nós se resolvermos, mas no momento eu não posso aceitar seus pedidos de desculpas e espero que me entendam.  

— A gente entende, Eunji. Pode ficar tranquila com isso, prometemos esperar até lá, mas...  Antes, eu e Sunoo... — limpou a garganta, um pouco receoso sobre dizer. — Estamos namorando.  

 A garota esboçou uma expressão surpresa ao escutar, não era impossível, nem nada, mesmo assim a deixou surpresa com esse anunciado. Embora ela quisesse responder Sunghoon, apenas assentiu tentando dar um sorriso fraco, mas saindo estranho. Contudo, deu um aperto no ombro de Sunoo antes de virar os calcanhares para se retirar do cômodo. Jay até parou para olhar os dois ali como uma forma de querer saber se podia deixá-la ir, no entanto Sunghoon apenas gesticulou para que ele não fizesse nada enquanto o loiro assistia sua irmã ir embora. Ele queria ir atrás e pedir misericordiosamente para ela o perdoar? Sim, mas sabe que deveria dar esse tempo a ela até os dois estiverem mais dispostos a escutar e perdoar com clareza.  

 No fim, era necessário a conversa de agora para o futuro.  

 

[...] 

 

Dois meses depois;  

 As risadas ressoavam no local inteiro enquanto uma harmonia boa emanava junto com suas risadas gostosas, os olhinhos do loiro estavam fechados por rir tanto do seu namorado lhe dizendo sobre antigamente deles começarem a serem amigos coloridos. O mesmo forçou-se a abrir os olhos e ver o sorriso bonito do Park.  

— Eu já mandei sim uma indireta para você sobre eu gostar de você de outra forma. Você que foi lerdo e não entendeu — alegou se defendendo após ser acusado de não ter dado indícios que havia sentimentos românticos por Sunghoon durante os anos de amizade após Sunoo descobrir seus sentimentos.  

— Deve ter sido a indireta mais ‘indiretada’ para eu não conseguir ter uma ideia de que você gosta de mim.  

 Sunoo riu, negando com a cabeça.  

— Foi muito claro para mim, acho que até Jay teve aquela desconfiada.  

— Sério? Qual foi a indireta então?  

 O loiro se levantou da cama apenas para se sentar no colo de seu namorado e abraçar seu pescoço, logo apontando com o dedo indicador para seu cabelo. Sunghoon esboçou uma expressão confusa, por que ele está apontando para seu cabelo? Seria seu cabelo ou sua cabeça?  

— Lembra que você disse que gostava de pessoas loiras? — Sunghoon parou para relembrar enquanto abraça a cintura de Sunoo, olhando para cima. Conseguindo alguns fiapos de lembranças.  

— Acho que sim, mas por quê?  

— E no dia seguinte eu não cheguei com o cabelo tingido de loiro? Isso não é a indireta mais “não indireta” para você ter noção que eu gosto de você?  

 Sunghoon acabou rindo, pois ele lembra, mas nem sacou aquilo. Claro que ele lembra que Sunoo apenas disse em pintar seu cabelo, mas um pensamento de: “Nossa ele pintou o cabelo quando eu disse que gosto de pessoas loiras, será que ele me quer?” seria até impossível entrar em sua cabecinha, pois estava muito ocupado admirando Kim Sunoo loiro.  

— Culpa sua por ser bonito loiro, não consegui nem ter esse tipo de conclusão ou hipóteses porque fiquei babando por você — Sunoo fez um beicinho, rindo em seguida.  

— Oh, sério? Então irei voltar para a cor original do meu cabelo e depois repintar de loiro para você ter essa ideia.  

 Sunghoon revirou os olhos, jogando seu namorado para o lado e começando a fazer cócegas nele com beijinhos em regiões sensíveis do loiro e novamente as risadas dos dois ressoavam divertidamente o quarto do Park. Porém, logo Sunghoon quando teve a oportunidade capturou os lábios bonitos do Kim, iniciando um beijo carinhoso, o mesmo ficou todo molinho nos braços do Sunghoon, retribuindo rapidamente o beijo.  

— Eu gosto de você... — disse entre os lábios, fazendo Sunoo rir com o tremor nos lábios, pois fez cócegas.  

— Também gosto de você, mas acho que gosto mais quando você está dormindo.  

 Sunghoon deu uma apertada na cintura do loiro, fazendo o mesmo gritar e rir com o de cabelo negros repetir as sequencias de apertadas no pobre garoto. R.I.P cintura do Sunoo. No fim, ambos se beijaram e concluíram que iriam fazer algo para comer porque estavam com fome. 

 Dois meses, se passaram depois dos acontecimentos, fora um tanto difícil para os dois rapazes, já que tiveram que anunciar seu namoro para seus amigos, para seus pais. No começo o Sr. Park não aceitou muito bem a ideia de seu filho gostar de garotos, mas com a conversa de Sunghoon com o homem mais velho acabou sendo o suficiente para o mesmo aceitar de braços abertos seu filho e, claro, o namorado dele. Na sua cabeça era até bom que fosse Sunoo namorado de seu filho, pois o conhece desde sempre e sabe como o garoto é, até seus caprichos, além de conhecer sua família. Sra. Park ao escutar o anunciado de seu filho apenas disse um: “Imaginei”, fazendo o garoto junto com o marido ficarem surpresos, o que tornou motivos de risadas depois. No fim, Sunghoon estava de bem por sua família aceitar uma boa que ele está namorando um garoto.  

 No caso do Sunoo, bem, Eunji já sabia, mas já sua mãe... Igual o Sr. Park ela não ficou tão indiferente, pois não imaginava e ao mesmo tempo imaginava, um tanto confuso. Diferente do pai de Sunghoon ele durou apenas 4 dias para Sunghoon convencê-lo, já Sra. Kim demorou uma semana para aceitar, até porque ela refletiu bastante e, como uma mãe ausente, é até estranho ela ficar chateada ou brava com seu filho por ser gay, mas tudo deu certo quando Sunoo tentou fazer o mesmo que Sunghoon fez, pegar um dia bom e ter uma conversa com sua mãe.  

 Porém, não foi isso que se destacou nesses meses, mas sim a reconciliação de sua mãe com Eunji. As duas pararam de fingir que nada afetava elas, precisavam conversar e se resolver, esclarecer todo o mal-entendido, tudo que tinha direito. E o mais impressionante foi que quem deu o primeiro passo para essa conversa acontecer foi justamente Eunji, pois ela reconheceu seus erros e suas palavras cruéis, além de tentar recompensar sua mãe de alguma forma. E, claro, a mais velha também começou a aparecer mais e mostrar o quão importante são seus filhos, tendo uma chance de ser uma mãe presente para seus filhos. Antes que ela possa perder a oportunidade de ainda tê-los morando com si, pois gostando ou não, seus filhos já iriam poder se mudar.  

 Do lado da Iseul, depois de sua quase tentativa de tirar a própria vida, ela começou a ficar mais confiante quando percebeu que as pessoas começaram a parar de tratá-la indiferente por sua sexualidade. No começo Iseul até tentava fugir quando alguém perguntava sua sexualidade para ter certeza e, agora, ela assumiu sem problemas ser lésbica. Ainda assim, há algumas pessoas que tentam a intimidar, mas antes era ela por si só e agora as pessoas começaram a se interferir, defendendo-a. Os professores começaram a se despertar, já que o discurso de Sunoo estava sendo gravado por alguns alunos e postado na internet, trazendo popularidade para o colégio. Claro que eles aproveitaram o momento para fingir que se importam, mas os alunos que estão fora dos “padrões” da sociedade começaram a se manifestar agora. Ser LGBTQA estava sendo algo mais comum e se já está assim por dois meses, imagina daqui anos.  

 Sunoo fica feliz por isso, mas triste porque teve que ser um aluno para dar esse choque de realidade. Iseul e Sunoo viraram bastante amigos, pois Iseul viu que podia contar com o loiro e foi a melhor coisa que ela já fez aceitar ter o garoto ao seu lado, além de ficar feliz por Sunoo conseguir a resolver seus problemas, igual a mesma fez com os seus sem fugir.  

 Jungwon após confrontar sua mãe e mostrar que podia se cuidar de si mesmo, começou a visitar mais vezes Sunoo, até mesmo conheceu Sunghoon e Jay. Obviamente que os dois no começo se picaram, mas no fim ambos viraram amigos e até trocaram números.  

 Agora, Sunoo vive feliz com Sunghoon, tranquilo por todos aqueles problemas se resolveram. Eunji perdoou ele e Sunghoon após três semanas daquela conversa onde a mesma pediu para que dessem um tempo a ela. Feliz por Eunji começar a amadurecer e mostrar a pessoa verdadeira dela, sem fazer birra e aceitar que ela erra, que ela deveria deixar seu orgulho de lado às vezes para dar seus passos mais grandes.  

 Contudo, Sunoo aprendeu que esconder as coisas dos outros, mentir e fingir que tudo está bem só traz mais consequências lá pela à frente, podendo trazer mais dificuldades em resolvê-las. Não pode temer e muito menos duvidar daqueles que tem convívio.  

 No fim, uma amizade colorida com seu melhor amigo trouxe tantas coisas que poderia dar páginas de um livro. Porém, pôde ter a sorte de que Sunghoon conseguiu não só se descobrir como também poder retribuir seus sentimentos.  

— Sunoo...  

— Hum?  

— Vamos nos casar?  

 Os dois se entreolharam por alguns segundos, acabando por rirem juntos com a pergunta do Park. 

— Quem sabe lá no futuro — disse, se aproximando para dar um beijinho na bochecha de seu namorado.  

— Estarei esperando ansiosamente até lá.  

 Eles têm tantas coisas pela à frente. Entretanto, um futuro feliz. Porque Sunoo tem Sunghoon e Sunghoon tem Sunoo, apenas.  

 Ambos se amam e só isso importa.  

  

 Fim. 


Notas Finais


Desculpe qualquer erro.

Estou deveras feliz por todos os favoritos e comentário até aqui, sério, isso foi de grande ajuda para mim. Embora que agora, infelizmente, iremos nos despedir desta fanfic, mais uma encerrada :((
Sentirei falta de escrevê-la!

______________

Representação:

- Sunoo homossexual;
- Sunghoon pansexual;
- Jay "hétero" curioso;
- Eunji hétero confiante;
- Iseul homossexual;
- Jungwon homossexual;
- Heeji Hétero confiante;
- Jake assexual (ainda se descobrindo);
- Heeseung assexual e hétero.
______________

Espero que todos tenham gostados e que possam levar algumas coisas dessa fanfic para vida, porque há coisas que não podem ser ignoradas. Eu amo todos vocês e aqui se encerra essa fanfic para novas no futuro :)) ❤❤
Obrigado a todos que chegaram até aqui!

Amo vcs e até um novo projeto!💕💕


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