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História Era uma vez, você - 01


Escrita por: Cobrelia

Notas do Autor


Oi, talvez já me conheça, mas pra quem não conhece, essa é minha segunda fic. Espero que gostem e vou adiantar meu calendário, toda quinta tem capítulo novo. QUINTA
Primeiro capítulo, se gostar favorita♥

Capítulo 1 - 01


Fanfic / Fanfiction Era uma vez, você - 01

Porscha 

Ele não está atendendo. É a segunda vez que eu ligo em quinze minutos, e também não tive respostas para as mensagens que tenho enviado. Será que ele ainda se lembrava de estar aqui às duas? Desligo e olho para o relógio na parede do bar, vendo que já é quase meia-noite. Ainda tem duas horas antes do meu namorado pensar que meu turno acabou e que pode vir me buscar. E eu aqui pensando que teríamos sorte hoje, se eu saísse mais cedo, para termos uma noite surpreendente. Merda. Preciso arrumar meu carro. Não posso continuar dependendo dele para as caronas. A música toca ao redor, os clientes riem à minha direita e um dos bartenders enche o cooler com gelo do meu outro lado. Começo a me sentir inquieta. Se ele não está atendendo, então está dormindo ou saiu. Ambos significam que vai se lembrar de mim quando for tarde demais. Ele nem sempre é confiável, mas essa não seria a primeira vez, também. Esse é o problema de transformar seu amigo em namorado, acho. Ele ainda pensa que pode se safar. Pego minha camisa e bolsa no armário embaixo da pia e guardo o celular no bolso. Visto a camisa de flanela por cima da regata, abotoo e a enfio no cós da calça jeans, me cobrindo. Eu me visto um pouco sexy para conseguir as gorjetas, mas não sairei daqui assim. — Onde está indo? — pergunta Shel, olhando para mim enquanto enche uma caneca de cerveja. Olho para minha chefe, seu cabelo preto com mechas loiras empilhadas no topo da cabeça e uma sequência de corações minúsculos tatuados ao redor do braço. — Tem uma sessão à meia-noite de “Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio” no cinema “The Grand” — respondo quando fecho o armário e passo a alça da bolsa de couro por cima da cabeça. — Vou passar o tempo lá enquanto espero pelo Nicolas. Ela termina de encher a caneca e olha para mim como se houvesse um milhão de coisas a dizer, mas sem saber por onde começar. É, é, eu sei. Gostaria que ela parasse de me olhar assim. Existe uma boa possibilidade de Nicolas não estar aqui às duas da manhã, considerando que ele não está atendendo o telefone agora. Eu sei disso. Pode ser que esteja completamente bêbado na casa de algum amigo. Ou poderia estar dormindo em casa com o alarme programado para vir me pegar às duas e esqueceu seu telefone em outro cômodo. Pouco provável, mas possível. Ele tem duas horas. Darei duas horas a ele. Além disso, minha irmã está no trabalho e ninguém aqui pode sair para me levar para casa. O movimento está fraco esta noite, e fui dispensada para sair mais cedo porque sou a única sem um filho para sustentar. Mesmo que eu precise desesperadamente do dinheiro da mesma forma. Aperto a alça da bolsa sobre o peito, com a sensação de que deveria ter mais de dezoito anos. Bem, dezenove anos agora, quase me esquecendo de que dia é hoje. Respiro fundo, afastando a preocupação nesta noite. Muitas pessoas da minha idade lutam para ganhar dinheiro, não conseguem pagar as contas e têm que andar de carona. Sei que é esperar demais que eu já tenha tudo resolvido a essa altura, mas ainda assim é vergonhoso. Odeio parecer desamparada. E também não posso culpar Nicolas. A decisão foi minha de usar o que sobrou do dinheiro do meu empréstimo estudantil para ajudá-lo a consertar seu carro. Ele esteve ao meu lado quando precisei. Houve uma época em que só tínhamos um ao outro. Virando-se, Shel coloca a cerveja no balcão em frente a Grady – um dos frequentadores assíduos – e pega seu dinheiro, dando mais uma olhada para mim enquanto registrava a venda no caixa. — Seu carro não está funcionando — afirma. — E está escuro lá fora. Não pode ir a pé até no cinema. Traficantes sexuais estão à procura de adolescentes gostosas, com cabelo loiro e essas merdas todas. Solto um bufo. — Você precisa parar de assistir programas policiais. Podemos estar bem perto de algumas cidades maiores, e Chicago fica só a algumas horas de distância, mas ainda estamos no meio do nada. Levanto a divisória e saio de trás do balcão. — O cinema fica virando a esquina no quarteirão — comento. — Chego lá em dez segundos, se eu correr como se estivesse nas eliminatórias. Dou um tapinha nas costas de Grady ao sair, e o cabelo grisalho do seu rabo de cavalo balança quando ele se vira e dá uma piscadinha para mim. — Tchau, criança — ele se despede. — Noite. — Porscha, espera — Shel grita mais alto que a música, e viro a cabeça para olhar para ela. Vejo quando ela pega uma caixa do cooler, junto com uma caixa de vinho embrulhada e empurra os dois através do balcão para mim. — Feliz aniversário — diz ela, sorrindo como se soubesse que eu provavelmente pensei que ela tivesse esquecido. Começo a sorrir e levanto a tampa da pequena caixa, vendo meia dúzia de donuts. — Foi tudo o que pude conseguir às pressas — explica ela. Ah, mas é bolo. Mais ou menos. Não vou reclamar. Fecho a caixa e levanto a aba da bolsa, escondendo lá dentro meu dinheiro, vinho e tudo mais. É evidente que não esperava que alguém me desse alguma coisa, mas ainda assim, é bom ser lembrada. Cam, minha irmã, sem dúvida vai me surpreender com uma linda camisa ou um par sexy de brincos amanhã quando eu a vir, e meu pai provavelmente me ligará em algum momento desta semana. Shel sabe como me fazer rir, no entanto. Tenho idade suficiente para trabalhar em um bar, mas não para beber. Dar um pouco de vinho escondido para eu poder beber e desfrutar, fora do bar, será minha pequena aventura de hoje à noite. — Obrigada — agradeço e me empoleiro no balcão, dando um beijo em seu rosto. — Tome cuidado — pede. Aceno uma vez e me viro, saindo pela porta de madeira e pisando na calçada. A porta se fecha atrás de mim – a música lá dentro agora só uma vibração – e meu peito cede, soltando a respiração que não percebi que estava segurando. Eu a amo, mas gostaria que não se preocupasse comigo. Ela olha para mim como se fosse minha mãe e quisesse consertar tudo. Acho que seria muita sorte ter uma mãe como ela. O ar puro e acolhedor me envolve, o frio da madrugada faz meus braços se arrepiarem, e o perfume das flores de maio flutua até meu nariz. Inclino a cabeça para trás, fecho os olhos e respiro profundamente, minha longa franja fazendo cócegas no rosto com a brisa leve. Noites quentes de verão estão chegando. Abro os olhos e olho para a esquerda e depois à direita, vendo as calçadas vazias, porém os carros ainda estão nos dois lados da rua. O estacionamento do VFA também está cheio. A noite de bingo deles geralmente termina no bar a uma hora dessas, e parece que a velha guarda ainda está firme e forte. Virando para a esquerda, puxo o elástico do cabelo, deixando os cachos soltos, e o coloco ao redor do pulso quando começo a caminhar. A noite está agradável, embora esteja um pouco frio. Meu nariz ainda sente o cheiro das bebidas que impregnavam cada espaço dentro do bar. Barulho demais e muitos olhos, também. Eu ando mais depressa, animada para desaparecer na escuridão do cinema por um tempo. Normalmente não vou sozinha, mas quando estão mostrando um filme dos anos 80 como “Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio”, eu tenho que ir. Nicolas só quer saber de efeitos especiais e não confia nos filmes feitos antes de 1995. Acabo sorrindo ao pensar em suas manias. Ele não sabe o que está perdendo. Os anos 80 foram fantásticos. Foi uma década inteira de diversão da boa. Nem tudo precisava ter um significado ou ser profundo. É uma fuga bem-vinda, especialmente esta noite. Virando a esquina e caminhando até a bilheteria, percebo que estou alguns minutos adiantada, o que é ótimo. Odeio perder os trailers. — Um ingresso, por favor — peço ao caixa. Tiro do bolso o dinheiro das gorjetas que consegui esta noite e pago os sete e cinquenta pela entrada. Não que eu tenha dinheiro sobrando, com o aluguel vencendo e uma pequena pilha de contas na mesa, lá no nosso apartamento que ainda não podemos pagar, mas não é como se sete dólares fossem me salvar ou levar à falência. E é meu aniversário, portanto... Entrando, desvio da lanchonete e me dirijo para a próxima porta dupla. Só tem um cinema na cidade e, surpreendentemente, este lugar sobreviveu por sessenta anos, mesmo na sombra dos doze maiores cinemas construídos na região. “The Grand” teve que ser criativo com exibições de filmes clássicos à meia-noite como o de hoje, mas com festas à fantasia e festas fechadas, também. Por causa da faculdade e do trabalho não venho muito aqui, mas é um lugar legal e escuro quando você quer sumir por um tempo. Reservado e silencioso. Atravessando a porta, verifico meu telefone mais uma vez e vejo que Nicolas ainda não ligou ou mandou uma mensagem. Coloco o celular no silencioso e guardo de volta no bolso. Alguns anúncios aparecem na tela, mas as luzes estão acesas, e eu rapidamente percorro os olhos pela sala, vendo alguns solitários espalhados. Também vejo um casal sentado na última fileira nos fundos à minha direita, e um pequeno grupo de rapazes no meio – garotos, pelo som das risadas altas. Com cerca de trezentos lugares, duzentos e oitenta e cinco ainda estão disponíveis, basicamente posso escolher qualquer assento. Passo por cinco ou seis fileiras, encontro uma vazia e me sento bem no meio. Coloco a bolsa de lado e discretamente tiro a caixa roxa de vinho, lendo o rótulo sob a luz fraca. Merlot. Pensei que fosse vinho branco, mas tenho certeza de que Shel precisa se livrar dessa coisa. Nós só servimos isso quando tem algum evento ao ar livre e não queremos taças de vidro lá fora. Ao abrir a tampa, inalo o aroma pungente, sem sentir nadica dos cheiros extravagantes que os sommeliers parecem perceber do vinho. Nenhum indício de carvalho com um “aroma arrojado de cerejas” ou qualquer coisa assim. Deslizando o suporte na minha frente, aproveito a fileira vazia à minha frente e dobro os joelhos, encaixando os pés nos braços entre os assentos vazios. Colocando a caixa de vinho no suporte, pego meu telefone do bolso, por precaução, caso Nicolas ligue, e o deixo ao lado dela. Mas, em vez disso, o aparelho escorrega do suporte. Ele desce entre as minhas pernas e cai no chão, e ao levantar os joelhos para tentar pegá-lo, acabo esbarrando no suporte, jogando a caixa com vinho no chão. Abro a boca e arfo. — Merda! — solto num sussurro. Mas que merda?! Abaixando os pés, empurro a bandeja de lado e me inclino para baixo, tateando à procura do telefone. O vinho derramado molha meus dedos, e estremeço com a sujeira. Olhando por cima dos assentos, vejo o grupo dos três rapazes poucas fileiras à frente. Gemo. Que maravilha. Uma leve camada de suor esfria minha testa, e eu me levanto, tirando meu cachecol da bolsa para secar os dedos. Odeio sujá-lo, mas não tenho nenhum guardanapo. Que bagunça. Tanto esforço para escapar por duas horas. Olho ao redor em busca de um dos famosos “lanterninhas” com uma lanterna, bastante certa de que este cinema não tem esse tipo de funcionário, principalmente a esta hora da noite, mas a única iluminação que tenho está no meu telefone, e o chão está escuro. Não vendo ninguém, pego o cachecol e bolsa e sigo até a fileira de baixo, me agachando e olhando sob os assentos para ver se consigo achar meu celular. Quando não encontro nada, vou até a próxima fileira e depois na seguinte, pois com certeza o ouvi deslizar um pouco. Como as fileiras são inclinadas, pode ter ido longe também. Droga.


Notas Finais


Capítulo pequeno, perdão. Até a próxima quinta e visitem minha outra fic "50 tons de punição"
Bjs na bundaa♥


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