Izzy andava de um lado para o outro, parecendo uma barata tonta, dentro do grande salão e estava falando em um tom autoritário e segurava uma prancheta.
- Izzy, onde colocamos isso? – Perguntou um dos homens, segurando uma espécie de estatua de mármore.
- Coloquem... – Ela pareceu considerar, mordeu o lábio inferior e apontou para uma das mesas, um pouco afastada e com um vaso de tulipas no meio, como todas as outras mesas. – Ali, ao lado da mesa sete... por favor.
Os homens apenas assentiram com a cabeça e arregraram a estátua, que aparecia estar bastante pesada, até a mesa sete.
- Izzy! – Chamei seu nome, minha voz fez eco na sala. Ela se virou em minha direção e levantou o olhar para me encarar.
- Clary, até que enfim você chegou. – Ela disse de forma animada, enquanto andávamos em direção uma a outra. Nos demos um abraço e ela sorriu sem mostrar os dentes. – Já estava ficando nervosa, pensei que não iria vir.
- Eu nem demorei tanto assim – tirei meus olhos dela e olhei para o meu relógio de pulso. – Apenas uns vinte minutos. O transito estava terrível.
Ela me olhou de cima a baixo e sorriu.
- Você está... – Ela se interrompeu, enquanto me olhava de uma forma surpresa. – Diferente parece mais...
- Como assim? – Perguntei abaixando o olhar para minha roupa, estava usando uma regata branca, calças pretas, botas de salto e estava segurando minha jaqueta na mão esquerda. Não estava tão diferente assim. – Estou feia?
Ela negou com a cabeça e lançou mais um olhar para mim.
- Não, você está ótima, mas está com mais corpo – Ela mordeu o lábio inferior e franziu o cenho, surpresa. – Está malhando?
- Claro que não, você sabe muito bem que eu posso longe de uma academia. – Lancei mais um olhar para o meu corpo e ajeitei minha roupa. Realmente, meu corpo estava melhor, estava com mais corpo e meus seios estavam fantásticos.
Izzy apenas deu de ombros, mas logo apareceu lembrar de algo importante.
- Ah, falando em corpo... – Ela olhou para mim novamente, mas parecendo preocupada. – Helen me disse o que aconteceu na cafeteria, você está bem? O que aconteceu?
Eu vou matar a Helen, eu a fiz prometer que não iria contar nada.
- Izzy, não foi nada demais – Ela me olhou desconfiada. – Foi apenas um mal-estar e eu até já estou melhor. Prometo.
- Tem certeza? – Ela voltou com seu olhar preocupada e segurou a prancheta com mais força. Eu apenas assenti com a cabeça. – Não está sentindo nada de estranho? Vocês foram para o hospital?
- Izzy, isso já faz duas semanas. – Revirei os olhos. – Eu estou ótima e nós nem precisamos ir para o hospital.
- Se você está dizendo. - Ela me olhou de cima a baixo e fiquei aliviada quando ela pareceu dar de ombros. – Agora vamos organizar as coisas.
- Para isso que eu vim. – Ela sorriu e revirou os olhos. – Para que precisa da minha ajuda?
- Eu preciso que você se certifique que tudo está em ordem, veja se tudo foi entregue, que todos estão fazendo suas devidas tarefas e... – Ela desviou seu olhar para a prancheta e colocou uma mecha de cabelo rebelde atrás de orelha. – Que você me acompanhe na prova do vestido que vai ser em duas horas.
- Pensei que sua mãe fosse te acompanhar na prova – Falei, mas ela apenas suspirou e me lançou um olhar triste.
- Ela não vai vir para o casamento – Ela disse, cabisbaixa. – Ela disse que tem que resolver uns assuntos do trabalho e por isso não irá pode vir.
- Izzy, eu sinto muito. – Ela apenas balançou a cabeça em uma tentativa de afastar aquele pensamento.
- Bom, pelo menos, o meu pai vai vir. – Sorriu de forma triste. – Ele conseguir uma brecha e chegara a tempo para o casamento e me levar para ao altar. Mas vamos esquecer isso e focar no que realmente importa, certo? – Assenti com a cabeça.
- Certo, que você quer que eu... – Interrompi minhas próprias palavras, quando ouvir uma voz familiar chamar o nome de Isabelle.
- Izzy, o que é isso? – Jace perguntou, enquanto andava até nos duas e segurava algum objeto estranho nas mãos.
Ela revirou os olhos e lançou um olhar estranho para Jace.
- Isso é uma estátua. – Ela falou com raiva. – Cuidado como você segura, ela é cara e frágil.
- Izzy, isso é ridículo. – Ele falou enquanto mascava o chiclete na boca. – Parece um pênis.
Ela revirou os olhos, irritada.
- Você é um idiot... – Ela se interrompeu quando virou sua cabeça para a direita e olhou para um dos funcionários tentando arrumar alguma coisa. – O que ele estar fazendo? – Esbravejou e andou em direção ao homem, me deixando sozinha com Jace.
Ficamos em silencio por um tempo, um silencio bastante constrangedor. Coloquei minhas mãos no bolso da calça e olhei em volta do salão.
Não sabia como a Izzy e o Simon haviam conseguido arrumar o dinheiro para o casamento, já que o lugar parecia bem caro. O salão era todo branco com alguns detalhes em dourados, lembravam o salão de um castelo, e estava cheio de mesas redondas cobertas por tolhas brancas com vasos de flores, tulipas, em cima de todas mesas.
Tudo estava realmente lindo, como a Izzy queria.
- Você está bem? – Jace perguntou, me tirando de meus devaneios.
Olhei para ele. Boca aberta. A voz não vem.
Ele continua me encarando com aqueles olhos dourados, esperando tranquilamente pela minha resposta. Caramba, por que eu não consigo formar uma frase?
- Clary – Ele me chamou mais uma vez.
- Que foi? – Falei, rápido demais e desviei meus olhos dele.
- Você está bem? – Ele perguntou novamente.
- Estou ótima, por quê? – Cruzei os braços e mordi o lábio inferior.
Ele não falou nada por alguns segundos e podia sentir seu olhar queimar sobre minha pele.
- Izzy me contou que você estava doente. – Ele disse, enquanto colocava a estátua em cima de uma das mesas. – Você está melhor? Por que não me falou nada?
- Não foi nada, foi apenas um mal-estar passageiro. – Falei, ainda sem olhar para ele. – Eu estou bem melhor agora.
- Ok. Então por que você tem me evitado? – Jace perguntou, parecendo cabisbaixo.
Voltei minha atenção para ele e descruzei os braços.
- Como assim? – Perguntei, olhando para ele e um pouco irritada, mesmo sem saber o motivo.
- Primeiro, você tem evitado minhas ligações e mensagens. Segundo, quando saímos todos juntos, você nunca olha na minha cara e quando eu vou na sua casa, você nunca está. – Ele disse, parecendo pensativo. – O que está acontecendo?
- Nada, Jace. – Falei saindo de perto dele, ou pelo menos tentei já que ele entrou na minha frente, me fazendo bater no peito dele. – Jace, saia da minha frente. Preciso ver as coisas do casamento.
- Depois de me falar o que aconteceu, você pode ir. – Ele falou, sua voz soou um tanto autoritária.
- Eu já te falei que não foi nada e se poder sair da minha frente. – Tentei passar por ele, mas ele me interrompeu novamente.
- Clary, o que está acontecendo por que não quer falar comigo? – Perguntou novamente, nossos olhares se cruzarão e momentaneamente me perdi naqueles olhos dourados, mas apenas momentaneamente.
- Olha, Jace, depois nós conversamos. Ok? – Perguntei. – Eu estou bastante ocupada agora.
Ele respirou fundo e desviou seu olhar de mim. Ele estava com raiva, isso era bem nítido.
- Hoje á noite, eu vou na sua casa. – Ele disse, voltando seu olhar para mim. – E não ouse me ignorar.
Antes que eu pudesse dar uma resposta, ele saiu da minha frente e foi para algum lugar do salão.
***
Não o havia visto o dia inteiro, depois da nossa “briga” ele havia desaparecido dentro do salão e isso de certa forma foi bom para mim, já que consegui me concentrar nas minhas tarefas.
Nas últimas semanas, eu estava me sentindo diferente e não de uma forma boa. Os enjoos estavam se tornando uma coisa bastante frequente e meus hormônios estavam a flor da pele, como se eu tivesse entrado da puberdade novamente. Isso estava me assustando, não sou burra, mas também não faço a menor ideia do que estou tendo e minhas suspeitas sobre isso me apavoram. Então decide que iria tirar as dúvidas a limpo, antes que eu enlouqueça.
Consegui fazer com que a Izzy me deixasse sair mais cedo do salão, alegando que eu não estava me sentindo bem, ela pediu um taxi para mim e pediu desculpas por não poder me acompanhar até em casa, já que estava super atarefada. Me senti mal por estar mentindo para a minha melhor amiga, mas era por uma boa causa, pelo menos, espero que seja.
Antes do motorista chegar na minha casa, pedi para que ele parasse algumas quadras antes e se pudesse me levar até a farmácia, ele assentiu e mudou o trajeto porque sabia que eu teria que pagar mais caro.
Quando paramos na frente da farmácia, paguei pelo trajeto e sai do carro e entrando diretamente na farmácia e andando em passos rápidos até a bancada.
- Boa tarde, o que deseja? – O farmacêutico perguntou, ele parecia ter uns cinquenta anos, tinha cabelo e bigode grisalhos. Lembrava aqueles avôs dos comerciais.
- Boa tarde, eu preciso... – Minha voz falhou, era vergonhoso dizer aquilo. Me sentia uma adolescente novamente, quando eu ia a farmácia comprar absorvente pela primeira vez ou até mesmo camisinha. – de um teste de gravidez.
Minha voz saiu como um sussurro, como uma fuinha. Me condenei mentalmente e comecei a pedir para Raziel para que o homem não fosse surdo.
- Desculpe, eu não escutei, poderia repetir? – Ele perguntou, de uma forma educada e simpática. Desviei meu olhar para baixo e respirei fundo. Minhas bochechas pareciam que estavam pegando fogo e eu estava soando.
- Eu preciso de um teste de gravidez. – Falei, mas uma vez tentando parecer mais eloquente. Olhei para os dois lados, torcendo para que apenas o homem houvesse me escutado. Me sentia comprando drogas e torcendo para a polícia não aparecer.
- De qual tipo, senhora? – Ele perguntou, sua voz saiu um tanto alta, e se virou para trás para poder pegar o que eu queria. – Nós temos de várias marcas e...
- Por favor apenas me dê um teste, qualquer um. – Eu queria sair correndo dali, curvei os ombros para frente e abaixei minha cabeça. Parecia que eu estava implorando, mas eu realmente estava.
- Ok. – Ele pegou uma caixinha rosa e colocou sobre o balcão. Estava desenhado um teste com dois tracinhos, indicando a gravidez.
Meu corpo estremeceu e não pode deixar de olhar para minha barriga. Eu havia ido ali para não enlouquecer, mas, definitivamente, eu já estava enlouquecendo.
- Senhora? – O homem perguntou, me fazendo levantar a cabeça e olhar para ele. – Está se sentindo bem?
Definitivamente não.
- E.… quanto é? – Mudei de assunto. O homem com certeza deveria me achar uma drogada e poderia estar cogitando a hipótese de chamar a polícia.
- São cinco dólares. – Ele disse e rapidamente, peguei o dinheiro, guardado no bolso da calça, e entreguei a ele que nem se deu trabalho de verificar se a nota era falsa.
Antes que ele pudesse falar alguma coisa, peguei o teste de gravidez e praticamente sai correndo da farmácia em direção a minha casa.
Agora, aqui estou eu, olhando para o maldito teste de gravidez virado para trás e escondendo o maldito resultado, meu coração parecia querer escapar da caixa torácica e minhas mãos estavam tremulas.
Não queria olhar, mas não tinha escolha. Estava com medo, as várias imagens que passavam pela minha mente eram assustadoras.
- Tenha coragem, Clarissa. – Tentei, em uma tentativa falha, me encorajar. – Seja forte.
Virei o teste e olhei para o meu destino. O destino que eu não queria. O destino assustador. Olhei para aqueles dois tracinhos, cor-de-rosa. Eu estava gravida.
- Clary, você está aí? – Ouvi a voz de Jace, vindas da sala.
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