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História Among the Shadows - Capítulo 35 - O sangue que corre nas veias


Escrita por: IzaaBlack

Notas do Autor


Hey pessoal
Como vocês estão? Olha tenho que dizer, eu gostei de escrever esse capitulo, uma vez que ele está me atormentando desde que comecei essa fic. Eu simplesmente sabia que teria que escreve-lo, e não via a hora de chegar aqui.
Isso de lado, também venho informar que Among the Shadows está proxima do fim. Mais ou menos três ou dois caps e acabou. Não estou sabendo lidar, mas estou meio orgulhosa.
Espero que vocês se pronunciem nesse capitulo, contem o que acharam e tudo mais, porque isso seria muito importante para mim.
Obrigada por tudo, boa leitura e até o próximo.

Capítulo 35 - Capítulo 35 - O sangue que corre nas veias


Fanfic / Fanfiction Among the Shadows - Capítulo 35 - O sangue que corre nas veias

POV Allyra

-Acorde, Red Sugar você precisa ir para a escola- diz meu pai, tirando meu cabelo do caminho e rindo para mim

(...)

-Acorde, querida, papai está em casa- ouço-o me chamar e acordo sorrindo.

(...)

-Acorde Lyra – ouço meu pai chamar e abro os olhos para encontra-lo encostado no portal rindo -Sua mãe está nos esperando para irmos para a praia.

(...)

-Acorde, querida, o avião está pousando- chama me cutucando

(...)

-Acorde, Red Sugar- ouço meu pai me chamando baixinho, seguido de uma pancadinha na porta. –Já são dez da manhã.

-Só mais cinco minutos, pai- peço girando na cama e escondendo o rosto no travesseiro. Tudo parece tão malditamente confortável quando se tem que acordar.

-Nem cinco nem dois minutos, Allyra- diz e eu suspiro resignada, me sentando na cama e encarando a parede branca a minha frente, sem reação. Sua voz continua além da porta- Eu sei que está cansada com o treinamento e tudo, mas tem que sair desse quarto. Hoje é o dia dela, meu bem.

Respiro fundo, puxando o ar com força e tentando ignorar a dor ao meu redor. Quando as pessoas se vão alguns dias passam a ser doloridos, incluindo o aniversario de verdade e o fucking aniversario de morte. Que nome ridículo.  Ignoro a dor e obrigo a mim mesma  a levantar na cama.

(...)

-Acorde Allyra- ouço a voz dele distante, preocupada, e abro os olhos para encontrar o caos que o fim do mundo se tornou.

(...)

-Acorde, Allyra- ouço-o me chamando calmamente e pisco contra a luz do sol que entra pela janela do carro, olhando ao redor e entendendo que estamos parados em frente a uma fabrica abandonada. Os carros dos outros caras estão parados em fila atrás de nós

(...)

-Acorde, Allyra- grita contra a porta, batendo os punhos e me fazendo levantar xingando e abrir a porta com raiva, para encontra-lo com o taco apoiado no ombro e os olhos injetados de raiva.

(...)

- Abra os malditos olhos e entenda o que mundo é meu agora, Allyra- grita contra o meu rosto, cheio de raiva e fora de si. Trinco os dentes, dividida entre a raiva, a magoa e o medo.

(...)

-Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito?- grita avançando contra mim e eu o paro erguendo a mão e pressionando contra seu peito- Eu sou o dono dessa porra e você também me deve obediência.

Ele empurra minha mão com um safanão  e segura meu queixo com força, fixando os olhos negros nos meus.

-Você é Negan, Allyra. Mais que todos os outros.- diz e solta uma gargalhada- Então me obedeça quando eu falar com você. Se eu mandar pular da ponte você pula.

Um empurrão e eu saio da sala batendo a porta.

(...)

-Allyra- ele grita pelo corredor, a voz escorrendo veneno, ódio, e todas as coisas que não faziam dele o meu pai . Viro-me para encontrar Negan parado em frente a porta, sem camisa e com um olhar psicótico. – Limpe Lucille para mim, ela ficou suja depois da ultima comunidade. Devolva-a para mim depois, mas me de um tempo, tenho algumas esposas para foder. Com sorte nasce um irmãozinho para você de uma delas.

Sinto como se eu fosse vomitar.

(...)

-Acorde, Allyra, eu nunca dei a mínima para Suzie. Ela morta é melhor que viva. Se John morrer também não vai me fazer falta. A única pessoa que talvez faça diferença viva ou morta é você, e ainda assim é bom que não me decepcione mais do que já está fazendo, garotinha.

(...)

-Acorde, Allyra-ouço a voz de Negan ao lado de minha bochecha e abro os olhos em um rompante, assustada ao  ver que dessa vez não são lembranças misturadas que vem me atormentar em minha inconsciência.  Como confirmação água gelada é despejada em minha cabeça e eu ergo a cabeça bruscamente, respirando com dificuldade e olhos arregalados. A primeira coisa que foco é ele, que sorri diabólico – Eu já estava ficando sem paciência.

Arquejo, tentando entender o que diabos está acontecendo, e aos poucos tomo consciência de que estou amarrada a uma cadeira de madeira, no centro de uma sala qualquer do santuário, com água escorrendo por meus cabelos e pescoço. Olho ao redor e vejo pelo menos cinco salvadores encostados nas paredes, além de Eugene e Spencer. Ódio corre em minhas veias ao olhar para os dois, e as lembranças de toda a merda que aconteceu me acertarem bruscamente. Spencer tem um sorriso cretino no rosto que eu adoraria arrancar.

-Como o combinado, Allyra está entregue  e inteira- diz se movendo para ficar ao lado de Negan, que gira o taco e apoia no ombro, como costuma fazer- Vai cumprir sua parte do acordo?

Negan continua com os olhos fixos em mim por mais um momento inteiro. Ergue uma das mãos e passa o polegar por minha bochecha, o que me faz sentir ânsias de vomito, sorri diabólico para mim, aquele sorriso assassino que conheço bem, e então se afasta, endireitando o corpo e se virando para Spencer.

-Andei pensando sobre o que você me pediu- diz soltando o taco numa mesa ao nosso lado e se voltando para Spencer- A liderança do que sobrar de Alexandria...Garantir a morte de Rick... Tudo isso ficou muito claro para mim. Entendi bem o seu tipo.

Spencer sorri como se estivesse ganhando o mundo, e eu só consigo sentir mais nojo ainda dele. O maldito nos traiu para conseguir ser líder no lugar de Rick. O cara é um bosta completo. Ele me olha de esguelha, com um sorriso vencedor, e então volta atenção ao Negan.

-E?- pergunta despreocupado. Negan dá de ombros e se aproxima mais. E eu entendo.

-Você não tem estomago para isso- diz Negan calmamente e então o barulho de uma lamina adentrando a carne preenche o local, e logo Spencer está sufocando no próprio sangue- O que?  Não estou te entendendo. – Negan é cínico e então cai na gargalhada.

 De onde estou posso ver tudo de camarote, a faca entrando fundo na altura do estomago de Spencer, Negan sorrindo com toda a situação, se deliciando, o olhar chocado no rosto do filho de Deanna enquanto começa a engasgar com o próprio sangue e a diversão de Negan ao dar um passo para trás e puxar a faca, fazendo assim  com que as tripas de Spencer e até mesmo seu estômago ou algo parecido com isso caiam no chão.

-Não é que no final das contas ele tinha estômago sim?- diz rindo e observando a cena que acabou de fazer. Meu estômago se embrulha e tudo o que posso fazer é assistir ,horrorizada, meio que em choque.

Ele ergue o olhar para Eugene, que se encolhe próximo a parede, claramente desestabilizado com tudo.

- Tenho outros planos para você , então eu só tenho uma pergunta a fazer.- diz e o outro acena avidamente.

-Respondo o que o senhor quiser saber- diz submisso e o sorriso do psicopata que já chamei de pai aumenta.

-Quem é você?- pergunta e Eugene ergue a cabeça, em uma tentativa patética de se mostrar forte.

-Eu sou Negan- diz e todos na sala acenam.

-Ótimo, pode se retirar da sala- diz e um dos capangas ao redor o leva para fora.

A atenção de Negan volta a mim, e ele puxa o taco, apoiando-o novamente no ombro enquanto volta para perto de onde estou amarrada. Gira a faca entre os dedos e a abaixa, limpando o sangue de Spencer em minha calça, fazendo meu estômago se revirar mais e minha expressão endurecer.

-Gostou do show?- pergunta guardando a faca no coldre e  puxando meus cabelos  para que eu o encare. Trinco os dentes para segurar xingamentos – Eu sei o quanto você gosta que eu mate pessoas, querida, então deixei para fazer isso com você acordada.

Limito-me a olha-lo com raiva. Ele para de puxar os meus cabelos, e dá uma analisada em mim, olhando de cima a baixo, então fica sério.  A próxima coisa de que me dou conta é o soco que me atinge diretamente no maxilar, fazendo minha cabeça ir para trás e eu arquejar surpresa. Pontos de dor erradiam por toda a minha bochecha.

-Isso foi por ter fugido de mim, sua criança mal criada- diz com a voz raivosa, e depois me dá um tapa poderoso do outro lado do rosto- Isso é por ter explodido um dos meus carros. – outro tapa, do outro lado- Isso é por ter ficado do lado do inimigo- Um soco de frente, que faz minha cabeça ir para trás e eu enxergar pontos pretos diante da dor brusca da pancada – E isso é pelos tantos problemas que vem me causando, Allyra.

Sinto meu lábio partir, assim como um corte no meu supercilio  e a cabeça meio zonza. Não é como se eu tivesse como me defender, de qualquer forma, então simplesmente  cuspo sangue no chão, ergo a cabeça  assim que me recupero da pancada e o olho cheia de raiva.

-Você achou que eu deixaria por isso mesmo, querida?- pergunta se inclinando e se aproximando de mim novamente- Você vai pagar por tudo e vai aprender a não desrespeitar seu pai. Vou educar você novamente e quando eu acabar você vai ser a melhor Negan que esse apocalipse já viu.

Solto uma risada sem humor, inclinando a cabeça para trás e depois balançando-a em negação.

-Você pode ir para o inferno, Negan- digo e minha voz sai arranhada e seca- Você pode até tentar, mas não vai me quebrar.

Ele ri.

-Quebrar? Allyra querida, eu não preciso te quebrar.- diz voltando a acariciar meu rosto. Assim tão perto o cheiro familiar de couro e de pai me atinge, mas ignoro a sensação, porque não é esse homem que está aqui – Já está no seu sangue, de qualquer forma.

Aperto os lábios, tentando manter a calma. Se eu deixar que ele me atinja, a situação vai sair mais do controle do que o esperado. Sempre soube que teria que lidar com Negan, então não posso ficar surpresa por isso ou algo assim. Eu só preciso de uma  chance. Uma.

Ouço um grunhido vindo do chão e sei que é Spencer. Ou o que costumava ser Spencer, pelo menos. Negan se afasta de mim e ri.

-Bem na hora- murmura dando um passo para o lado e assistindo o cadáver patético começar a rastejar, farejando a carne fresca mais próxima.

O walker gira lentamente no chão e começa a rastejar em minha direção, cada vez mais próximo de minha perna. Tento me mover para chuta-lo, mas descubro que uma corda mantem meus membros inferiores parados também. Também noto que minha faca continua ali, mas não serve para nada agora.

 Meu coração começa a saltar, assustado com a possibilidade da mordida ser um tipo doente de castigo para Negan, mas mantenho minha expressão em branco. Mesmo que eu leve essa maldita mordida vou garantir que Negan queime no fogo do inferno,  nem que eu mesma tenha que atear fogo.

Consigo sentir o calor da boca dele por minha calça jeans e preciso usar toda a minha força de vontade para não ceder ao impulso de fechar os olhos. Segundos antes da mandíbula se fechar ao redor de meu  tornozelo o taco desce com tudo contra o crânio da coisa.  De novo e de novo e de novo, fazendo sangue espirrar para cima e massa cefálica se esparramar pelo chão, pingando em minha bota.

Um giro brusco do taco e eu desvio a cabeça para trás por puro reflexo, o cheiro pungente de sangue me atingindo em cheio conforme ele encosta essa coisa nojenta em minha bochecha.

-Eu precisava extravasar minha raiva- diz girando o taco, fazendo o arame arranhar de leve minha bochecha- Como não posso acabar com minha filha, tinha que fazer com alguém.

-Você é nojento- digo ignorando o taco e o encarando diretamente nos olhos. Ele dá de ombros, e faz um sinal para um tenente, que segue até onde estou e começa a soltar as cordas.

Permaneço cuidadosamente quieta, analisando as armas de todos ao meu redor. Assim que a ultima amarra sai de meu pulso, um puxão brusco em meu cabelo me faz levantar xingando e encontrar os olhos do cara que um dia chamei de pai.

-Temos um recado para dar, querida- diz e enrola mais a mão em meus cabelos. Seguro o impulso de socar a cara dele, sabendo que não é a hora. Ainda não, pelo menos.

Então ele começa a andar, me arrastando pelos cabelos, fazendo-me  andar meio inclinada logo atrás dele para evitar ficar careca. Meu instinto pede um giro e um soco, fazendo-o tirar as mãos de mim, mas seguro esse impulso.

Viramos um corredor e estamos no palanque do pátio principal, com todos os trabalhadores lá embaixo, com expressões assustadas e nervosas. Negan ri e me puxa para mais perto.

-Eu disse a vocês que Allyra voltaria para nós- diz calmo e algumas pessoas se encolhem. – Ela está aqui agora. Conosco.  Agora vamos vencer, e não vão ter a mínima chance contra nós.

Simon grita um viva ridículo lá de baixo e eu só quero soca-lo diretamente no nariz. Logo depois começa mais um discurso de ordem mundial que todos estão exaustos de ouvir.  Negan ordena que Eugene resolva o problema dos  walkers, e realmente acho que  o covarde poderia faze-lo, mas ele não tem tempo. Sei que os meus vão agir logo.

Encontro Mira na multidão, uma mulher inteligente que foi namorada de Suzie, e ela me encara firmemente, passando segurança, e dizendo sem som que estão todos cientes da guerra.  Faço um movimento mínimo com a cabeça, tomando cuidado para não puxar mais ainda meus cabelos.

-Mas vamos ao que importa- diz e me gira para ficar de frente para ele – Eu disse a vocês que ninguém me trai, e não estava mentindo.- seus olhos estão nas pessoas atrás de mim, em uma pose de ódio e poder. Então ele gira novamente e me joga para baixo, pressionando meu rosto no corrimão com força- Nem minha filha pode tentar uma gracinha dessas.

O gelado do corrimão pressiona minha bochecha e sinto sua presença atrás de mim como uma muralha.

-Não é, querida?- diz contra meu ouvido- Diga a eles. Diga a eles que não se trai Negan.

-Vá se foder- resmungo e ele me puxa de volta, e me soca novamente.

-Você não aprende mesmo, garota- diz e eu me limito a cuspir o sangue  no chão novamente. –Allyra ira ser castigada e repensar seus atos, mas a única razão de não ser uma pena de morte é que ela tem meu sangue- ele se levanta, parando em frente  de todos com os braços abertos e rindo – E ninguém mais aqui tem esse privilégio.

Então dá as costas e volta até onde estou, me puxando pelos cabelos novamente e arrastando para longe. Sigo-o com passos rápidos para evitar que meu couro cabeludo sofra e sorrio entre dentes ao ver que três capangas e um tenente vem conosco.  Passo os olhos por todos eles, decorando cada arma. Chegamos ao seu escritório e a porta é fechada com um baque.

Negan solta meus cabelos e segue em frente fazendo sinal para que eu o siga, todo dono do mundo, crente de que ninguém no vá ser capaz de desobedece-lo, mas eu não faço.  Sua fraqueza sempre foi a confiança e no momento ele está extremamente confiante.  É o que preciso.

O tenente atrás de mim se move para me empurrar e essa é a chance que eu precisava, então giro rapidamente puxando sua arma do coldre ao mesmo tempo que lhe dou uma cabeçada. Ele cambaleia e eu coloco o cano da arma em seu queixo, puxando o gatilho em seguida e girando para usar seu corpo como escudo para os outros capangas. Eles não tem tempo de processar o que está acontecendo antes que eu mire em suas cabeças.

São tiros certeiros, cada um atrás do outro, e eu nem sequer me paro para  pensar enquanto aperto o gatilho. A próxima coisa que tenho noção é de que há quatro corpos no chão  e aponto a arma engatilhada para Negan, que por sua vez apenas me encara diretamente, parecendo um pouco surpreso, mas nada mais que isso.

O clima parece pesar toneladas, mas eu me obrigo a olha-lo nos olhos.

- Você não vai fazer isso, Red Sugar- diz convicto e eu arqueio a sobrancelha – Conheço você como ninguém  mais, e você nunca tremeu a mão do tiro, mas agora está.  Você não quer fazer isso amorzinho.

-Não querer e não fazer são coisas diferentes, Negan – digo com sinceridade, tentando  fazer minha mão parar de tremer.

-Pai- ele corrige e sorri cafajeste- Não Negan, pai.

-Você deixou de ser meu pai a um tempo, Negan- respondo sentindo um furacão de sentimentos girar dentro de mim.

Raiva, mágoa, dor, medo.  Não há sequer um traço de meu pai no homem que se mantem parado a minha frente, com sorriso diabólico em seu rosto.

-Não se pode negar o sangue que corre em suas veias, filha- diz e eu solto uma risada sem humor.

-Eu não nego- digo séria – Nunca negaria o sangue de minha mãe, que lutou até o maldito ultimo suspiro contra uma doença implacável.   O seu eu talvez pudesse negar, mas não covarde ao ponto de negar as merdas ao meu redor.

-Eu sou o lado ruim para você, querida? – ele ri- Sua mal agradecida do caralho.  Eu mantive você viva nessa merda e construí um império que poderia comandar se não fosse tão burra e tão metida a boazinha.

Dou uma respiração profunda e ergo a postura, mirando sua cabeça. Tudo o que preciso é puxar o gatilho, e então toda essa merda está acabada. Um tiro certeiro em sua cabeça e os salvadores não tem mais um líder para seguir e se tornam nada mais nada menos que baratas tontas e idiotas. Um tiro e o mostro morre. O problema é que com ele meu pai vai junto.

-Vê  o que digo? Você sabe que não pode. –diz caminhando em minha direção- Sabe que não pode me matar.

Obrigo meu dedo a firmar no gatilho e estou para puxa-lo quando um baque e uma explosão abalam o prédio. O segundo de distração dá a ele uma chance, que exatamente como eu, ele usa muito bem, se jogando em cima de mim, erguendo a arma para o teto.

Giramos pela sala e a arma voa para longe.  Ele puxa a própria, mas eu giro em chute alto lançando a arma longe. Corro em sua direção e soco-o diretamente no rosto, uma, duas, três vezes. A raiva de tudo o que aconteceu desde que despertei me atingindo e me fazendo soca-lo com ódio.

Ele gira e tenta me imobilizar, mas eu o chuto no estômago e me arrasto em direção a arma mais próxima. Ouço o som dele puxando a faca do coldre e giro chutando sua mão, o que faz com que a faca voe longe.  Voltamos a girar pela sala, entre socos e chutes.

Uma cadeira quebrada,  e então estamos separados,  analisando um ao outro, esperando pelo próximo movimento, girando pela sala. Tiros começam a ecoar pelo Santuário, claramente próximos. Eu sorrio satisfeita, alcançando a arma no chão.

-Está ouvindo?- pergunto divertida, apontando a arma para ele.- É o som do seu maldito Santuário caindo.

Ele sorri cínico.

-O lugar sim, eu não- diz  se aproximando, mãos erguidas em rendição– Deixe me ir, Ally. Sou seu pai, deixe-me ir. Nunca mais vai me ver, nunca mais vou te incomodar. Vou é a minha garotinha, deixe-me ir e eu sei que você vai ficar feliz. Estou orgulhoso de você.

Minhas mãos voltam a tremer e eu xingo mentalmente. Manipulação. Ele está me manipulando. Tiro a arma de seu alcance no ultimo segundo e giramos novamente. A arma voa de minha mão e eu xingo, socando-o de novo.  Então ele gira quebrando um porta retrato em minha cara. O impacto me faz cair, e um grito me escapa pelo susto. Maldito.

A porta do fundo bate, mostrando eu ele está fugindo. Levanto  xingando sem parar, puxo o pequeno caco que entrou na minha bochecha e abro a porta com força, correndo atrás dele. Se o desgraçado acha que pode fugir está fodidamente enganado.

Viro no corredor rapidamente, chutando a ultima porta, que dá para a saída do fundos e acabo no meio dos muitos walkers que eu mesma prendi nessa maldita parte. Xingo alto e puxo a faca que ficou escondida em minha bota por todo esse tempo, assumindo uma postura  de defesa. Acerto o que está mais próximo e avanço em direção a cerca. Mais alguns ficam ao meu redor, e eu tenho que me contorcer e acerta-los diretamente na têmpora, cuidando para que a faca não se prenda. Sinto falta da lança.

Encontro Negan já praticamente na maldita cerca, então me abaixo  e corro. É basicamente como aqueles jogadores de futebol americano, estou com a cabeça meio inclinada e corro empurrando walkers para os lados. Um deles acaba ficando com um pedaço de minha jaqueta nas unhas e sinto o braço arder, mas não paro para ver se fui realmente arranhada.

 Negan passa por baixo da cerca, um espaço que tenho certeza de que é  coisa sua, e eu derrapo por baixo logo depois. Jogo-me nas pernas dele, derrubando-o. Ergo o braço parando o taco ridículo que eu nem vi que ele tinha recuperado e rolamos no chão. Meu outro braço da jaqueta já era também, ficando grudada naqueles arames do diabo.

Ele me empurra para longe e volta a se erguer para correr, mas lhe dou uma rasteira. Assim que está no chão novamente me jogo em cima dele e trabalho para imobiliza-lo. Enfio a faca em seu ombro, fazendo-o grunhir de dor.

-Vamos lá, Allyra- diz fixando os olhos negros nos meus- Me deixe ir.

-Não- rosno e ele para de se mover, bruscamente.

- Você tem os olhos tão parecidos com os dela- murmura e eu arquejo. Golpe baixo, penso enquanto puxo a faca e coloco contra o seu pescoço.

-Acabou, Negan- digo séria, pressionando a lâmina com mais força.

Ele me olha com desdém e eu puxo  forças de dentro do meu ser. Esse homem não é o meu pai, não me ama e não merece misericórdia. Se ele sobreviver vai voltar e fazer o inferno de minha vida e daqueles que amo, sem distinção, em um jogo eterno de poder, ódio e manipulação. Força psicológica e todos os tipos de tortura.

Não é o meu pai. Repito isso para mim mesma e respiro fundo.  Então faço a única escolha que vai manter não só a mim, mas aos meus vivos.

Desço a faca e começo a enfiar no rumo de seu coração. Não sei o porquê, mas sinto que deve ser em seu coração, aquele que deixou de existir tempos atrás. Ele me encara o tempo todo e puxa o ar quando a lamina começa a entrar, e ergue uma mão até a minha me retardando apesar de não estar realmente reagindo, e então arregala os olhos. Não processo o que acontece a seguir, apenas que sua mão se firma contra a minha na faca e ele gira o corpo com força, e então eu estou contra o chão e ele me segura pelos ombros, gritando em seguida.

Meu coração falha uma batida ao ver um walker se erguer atrás dele, a boca cheia de sangue – oh céus, sangue dele- e ameaçar abaixar novamente. Os olhos de Negan ameaçam revirar, um pouco de sangue escorrendo por sua camiseta, pouco em consideração a força que empenhei contra seu peito. Ele ergue o taco, que eu nem o vi recuperar e brande contra a cabeça do walker em um ultimo movimento, caindo deitado no chão em seguida.

Fico ali, arquejante e atordoada com tudo o que acontece ao meu redor, enquanto o vejo arfar ao meu lado.  Sento-me lentamente, olhando ao redor e encontrando diversos walkers contra  a cerca, mas de resto a área parece limpa. Ele respira pesado, e há sangue no chão. A mordida foi funda, violenta. O buraco da faca no ombro sangra,  e há um pouco de sangue no peito. De qualquer forma ele já estava fraco.

-Negan...?- pergunto me virando para ele, que sorri de lado, dor  preenchendo seus olhos. Com a perda de sangue está pálido e duvido que tenha força para qualquer outra coisa além de manter os olhos abertos.

-Ninguém além de mim pode machucar a minha garotinha- diz e eu franzo a testa, dividida entre a dor e o atordoamento, e uma pitada de raiva. Ele ri engasgado- Nem mesmo eu deveria, no fim das contas.

Ignoro toda a bagunça dentro de mim e sigo até ele em um movimento rápido. Ele se limita a me olhar, entre perdido e desesperado, variando entre Negan  e meu pai.

-Acho que você tem  uma promessa a cumprir, Red Sugar- diz engasgado e olha para o taco ao seu lado- Você nunca deixou de cumprir nenhuma.  – Você já o fez, de qualquer maneira

Ele tosse sangue e os olhos reviraram.  Fecho os dedos em volta do taco que ele meio que oferece e olho- o nos olhos.

-Tem...- ele para de falar, parecendo ser forças- que... você.

Tem que ser eu, me dou conta. Não exatamente mata-lo, já que de certa forma já o fiz, ele não se recuperaria da faca no peito nunca. Mas faze-lo antes que se torne um walker. Se comecei devo terminar. Ele sabe, eu sei. Lagrimas embaçam minha visão e avalanches de memorias me cercam, variando entre o Negan e o pai e meu coração dói sem parar. Não  vejo e não ouço mais nada. Aperto os lábios e me inclino pegando a faca de novo.

Pressiono-a contra sua têmpora e ele sorri, de olhos fechados.

-Adeus, pai- digo entre um soluço que eu nem sabia que estava segurando e enfio a faca com força, ouvindo o som dela entrando fundo, até o cérebro.  O corpo amolece embaixo de mim.

E eu me deixo cair em cima dele, chorando como um bebê, sentindo um aperto tão forte em meu peito que não sei nem se posso respirar. Tiros ecoam, mas não me ergo.

-Allyra- ouço alguém gritar. Daryl. Eu reconheceria sua voz até no inferno, e acho que estou lá.

Ergo a cabeça de maneira fraca e o vejo atirar em walkers que eu não vi se aproximarem, e então empurra a cerca, passando pelo buraco e correndo até mim. Rick e John  estão atrás dele.

-Allyra- ele derrapa e se ajoelha ao meu lado, olhando de mim para Negan- Allyra meu amor, você está machucada?

Olho para ele profundamente, me sentindo vazia. Então olho para mim  mesma, encontrando uma bagunça de sangue...Meu e de outros. Olho para ele novamente, seus olhos azuis transbordando preocupação. Penso sobre tudo e olho para o braço que o walker arranhou. Na verdade não arranhou, apenas passou perto, mas não sinto alivio. Não sinto nada. Aceno que estou bem e me forço a levantar, trazendo o taco comigo.

Todos ficam parados, tensos, ao notar. A última equipe de salvadores aparece com armas, mas param ao notar o corpo de Negan no chão e o taco em minha mão. Ninguém se move, e sinto todos os olhares em mim. A porta principal se abre, e não preciso olhar para saber que são dos nossos.

Pego o taco com as duas mãos, olhando com atenção para essa coisa desprezível e cheia de sangue e restos.

-Você nunca foi Lucille- sussurro baixo e então  dou impulso, quebrando o taco contra minha perna, pouco acima do joelho. A sensação  de finalização me atinge, mesmo em meio a todo o vazio e torpor. – Acabou- digo soltando os pedaços e olhando vagamente para todos. Para ninguém.

Acabou. Estou vazia, perdida, com dor – física, mental e qualquer uma outra que exista- e quebrada . Mas acabou



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