Primárias Democrata:
Katsuki Bakugou vence as prévias democratas na Carolina do Sul, com um total de 32 delegados. Ochako Uraraka obteve 18 e Shouto Todoroki, 4. Os demais candidatos não pontuaram.
Iida caminhava apressadamente pelo corredor do hotel, carregando o jornal quase como se marchasse. Entendia que Uraraka precisava descansar, mas não tinham tempo. Bateu algumas vezes na porta do quarto, sem resposta. Usou a chave que tinha e entrou mesmo assim.
O cabelo da mulher parecia um ninho de pássaro. A boca estava aberta deixando escapar bastante saliva sobre alguns papéis espalhados pela cama. Os saltos estavam jogados de qualquer maneira no chão e a roupa era a mesma utilizada no dia anterior.
O homem apoiou a mão na testa e ajeitou os óculos. Aquela seria uma tarefa complicada. Colocou a mão sobre o ombro da candidata a presidente, sacudindo-a de leve.
- Ochako?
Nenhuma resposta. Tentou ser um pouco mais vigoroso.
- Ochako, acorda.
A cabeça da mulher mexia-se junto com o balbuciar de palavra alguma. Pegou o pequeno copo d'água cheio e derramou parte no rosto dela.
- OCHAKO.
- JÁ ESTÁ NA HORA DA REUNIÃO COM OS EMPRESÁRIOS DE PEQUENO PORTE?
- Você não descansa nunca não? Eu trouxe o jornal e o seu café. Fiz um relatório e uma proposta de estratégia para que consigamos mais delegados até a Super Terça. Organizei suas mensagens e seus emails. Eu passei no comitê e os seus apoiadores estão bem firmes aqui. Acho que teremos bons números. E por isso queria sugerir uma mudança na sua agenda. Vamos a reunião, e por mim viajaríamos ainda hoje para tentar articular em lugares onde o Bakugou tem a maioria. Você está bem?
Uraraka suspirou, tentando ajeitar os cabelos lisos. Os prendeu com um bico de papagaio, para que conseguisse pensar. Pegou o relatório e começou a bebericar o café. Confiava plenamente no trabalho de lida. Fez o comparativo com o mapa no jornal, amargando a derrota do dia anterior. Sentia-se de ressaca, mesmo sem ter bebido.
- Eu só queria um escândalo. Um pequeno. Corrupção não vai acontecer, mas o Bakugou podia pelo menos ter batido em alguém ou sei lá.
- Ou dado um fora em uma senhorinha. Nada que a gente não espere dele.
Os dois riram. Mas sabiam que um mal entendido qualquer poderia inverter o jogo. Uraraka olhou novamente os números.
- A gente está bem ferrado, não está?
- Podemos estar, mas eu prometi para você que colocaria você lá. E eu vou. Ainda temos o segundo lugar. E então, entraremos nos debates. E se alguém aqui está pronto para isso, é você.
Ele beijou o topo da cabeça da política que sorriu. Quando o diretor de campanha falava daquela maneira, ela tinha certeza que não havia errado ao escolhê-lo.
- Você ao menos dormiu, Tenya?
- Pelo visto mais do que você. Vai tomar um banho. Você está um nojo.
Ochako cheirou a própria axila e fez cara feia. Pegou uma muda de roupa na mala e entrou no banheiro. Iida aproveitou para ligar no noticiário da manhã, distraído ainda com o relatório.
"... essa atitude só mostra o cenário que vamos viver caso o pré-candidato se eleja. Isso vai contra os princípios da liberdade de expressão e o que o povo americano acredita. Uma menor de idade? É realmente esse homem que estamos..."
Iida estranhou e decidiu olhar a televisão. Imagens do adversário passavam com a legenda: Pré-candidato Katsuki Bakugou destrói câmera de fotógrafo que alega tê-lo flagrado com menor de idade.
- OCHAKO! PARECE QUE AS NOSSAS PRECES FORAM ATENDIDAS! A Super Terça é nossa!
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- Eu falei para você ir embora de fininho.
Eijiro apontou, andando em círculos na sala do quarto onde Bakugou estava hospedado.
- E eu falei que não queria menores na porra do meu comitê eleitoral. Custou entender?
Bakugou disse, sentado em uma poltrona azul aveludada, com os pés sobre a mesa de centro, sem vontade alguma de tomar o café da manhã.
- Nós não vimos a garota entrar. Olha, Kacchan…
Izuku tentou justificar.
- Eu já falei que odeio quando você usa essa merda desse apelido. Não viram e eu tive que tirar ela da festa que vocês fizeram, e arrumar a porra de um carro para ela ir embora. E ainda teve aquele fotógrafo…
O pré-candidato rebateu, curvando-se para frente.
- A gente sabe como eles são invasivos…
Midoriya tentou intervir, mexendo nos cabelos, incerto da reação de Bakugou.
- Invasivos? Uma porra de uma foto minha colocando uma menor dentro de um carro às 3 da madrugada porque os dois cabeças ocas não foram capazes de verificar quem estava na festinha de vocês!
Katsuki socou a mesa com a lateral da mão, mostrando a impaciência.
- Mas precisava ter quebrado a câmera?
Kirishima tentou.
- Pelo menos as fotos não existem mais. Vocês estão aqui pela porra de um motivo. E para isso, a minha imagem precisa estar incólume. Temos 4 dias. Achem a garota, façam ela falar em rede nacional ou qualquer coisa assim!
O político retornou à posição original.
- Ela é menor, seria irresponsável fazer isso…
Izuku disse baixinho
- Mas nós temos testemunhas. A festa estava cheia, todo mundo viu o que aconteceu....
Kirishima ponderou
Izuku socou a própria mão de leve, em um momento de epifania, como se tivessem chegando à solução.
- Podemos alegar que você estava protegendo ela do fotógrafo. E com os testemunhos… Nós temos as câmeras internas! A única pessoa que te acusou de alguma coisa foi ele.
- E o fotógrafo?
Perguntou o outro chefe de campanha.
- A gente não tentou comprar ele, tentou?
Midoriya questionou.
- Antes tivéssemos e essa merda não fosse parar na tv.
Bakugou disse, puto.
- Nós fomos limpos. Isso vai a nosso favor. Temos apoiadores na televisão. Rodar uma matéria de casos onde a imprensa foi invasiva a ponto de causar acidentes ou problemas pode ajudar. O povo americano ainda preza pela privacidade.
Kirishima disse sorrindo, olhando para Izuku, que pareceu empolgado e respondeu:
- Vamos enviar uma câmera já que você quebrou a dele e entramos com processo por calúnia. E estamos de volta ao jogo!
Os dois chefes de campanha bateram as mãos em um hi-five, orgulhosos de si mesmos.
- Não entendi aonde vocês chegaram, mas quero essa merda toda que vocês criaram resolvida até o almoço. Temos uma eleição para ganhar. E por que diabos tem flores aqui? Sabem que eu ODEIO flores.
Midoriya pegou o vaso como se pedisse desculpas.
- A Ocha… Quero dizer, a candidata Uraraka enviou com um cartão. Seria mal visto rejeitar.
O homem de cabelos verdes entregou o cartão e sumiu com as flores. Bakugou estranhou a atitude, mas o abriu.
"Caro Bakugou,
Eu já havia comprado as flores para parabenizá-lo por sua vitória na Carolina do Sul. Mas entendo que, no momento, o mais propício seria uma coroa de flores, e desejar meus pêsames pela candidatura que você acabou de enterrar. Nos vemos na Super Terça.
Condolências,
Ochako Uraraka"
- AQUELA CARA DE LUAAAAA MALDITAAAAA!
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