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História Amor à Primeira Vista - Primeiro dia do acampamento


Escrita por: AkiraSugahara

Notas do Autor


OLÁ! Vocês tão acompanhando as olimpíadas? Eu to louca vendo o máximo que eu posso, e morrendo com o vôlei. AMO! Enfim, essa foi uma das razões porque eu demorei para atualizar (junto com falta de criatividade, um outro desafio que coloquei como prioridade e umas coisas da universidade). Mas esse cap ficou bem grandinho pra compensar, o maior da história até agora. Espero que gostem!
Adorei os comentários e já já vou responder.
Essa é a música que aparece no capítulo:
https://open.spotify.com/track/0815caqt2Lytro5EIzMufT?si=bbf99222e6b44fd3
https://www.youtube.com/watch?v=vyzlQT3fee0&ab_channel=LalinhaPalma

Capítulo 12 - Primeiro dia do acampamento


Os dias passaram rápidos e antes mesmo que Shouyou notasse já era a hora de embarcar para o acampamento com os outros times, onde veria os amigos e teria chance de ficar ainda melhor.

Ultimamente, Shouyou estava bastante ocupado. A partida de Akane tinha o inspirado a pensar no seu próximo passo e um plano ambicioso se formou na sua cabeça. Era hora de aprender a ficar mais forte e sentia que o caminho era vôlei de praia. Lá, teria que aprender a ser um jogador completo, pois só tinha ele e um outro jogador para defender a área toda. Tinha falado com Ukai sobre isso e ele prometeu ajudá-lo, mas ambos foram surpreendidos quando uma sugestão dada foi de Hinata ir para o Brasil.

Brasil. Era uma solução tão lógica e tão absurda que Shouyou ficou completamente chocado. É claro que não havia país melhor no mundo para aprender vôlei do que um país tão forte e tradicional quanto o Brasil, sem falar que eles ainda lideravam o rank mundial, e vôlei de praia então… Com certeza aquele era o país certo. Mas era tão distante e tão diferente.

Shouyou guardou para si a ideia por um dia inteiro, tentando colocar seus pensamentos em ordem. Será que era algo que conseguiria fazer? Por fim, suas insiguranças o alcançaram e ele mandou mensagem para Akane, a única pessoa que ele conhecia que estava em outro país. Eles ainda estavam se falando já, mas aquela foi a primeira longa conversa que tiveram depois do término e ela entrou em detalhes sobre como se sentia na Rússia. Parecia um desafio e tanto, mas estava feliz. 

Vendo que era algo possível de ser feito, Shouyou se tranquilizou um pouco e começou a ficar empolgado com a ideia. Conversou com a mãe que não ficou nada contente com o plano, mas o apoiou e foi lentamente sugerindo a Natsu que talvez ele fosse embora depois do próximo ano.

O primeiro a quem ele contou do time foi Tsukishima. Não sabia explicar muito bem porque fora que quando percebeu já estava falando. O loiro achou tudo uma loucura, mas não duvidou que ele faria. Em seguida, ele contou a Kageyama, Yachi e Yamaguchi, que também tiveram reações parecidas. 

Depois disso, Hinata se jogou uma rotina acelerada, querendo melhorar o máximo que pudesse ainda no Japão. Com a sugestão de Akane, passou a frequentar um nutricionista e seguir uma dieta recomendada. Continuou com suas pedaladas diárias e treinos de vôlei. Passou a ver mais jogos teóricos e até a estudar mais para a escola, porque não queria correr o risco de reprovar. E o mais difícil de tudo: começou a ter aulas de português — na maioria dos dias achava que não entendia uma palavra do professor.

— Shouyou, vamos? — sua mãe interrompeu seus pensamentos, surgindo na porta do seu quarto. Ela iria o deixar na escola para que pegasse o ônibus. 

— Claro! — ele respondeu animado, agarrando a bolsa pronta. Era hora de ir para o acampamento.

 xxx

Atsumu jurava que o ônibus estava demorando uma eternidade de próposito só para fazê-lo sofrer. Assim que chegassem ao acampamento, poderia ver Shouyou! E ficar do seu lado por vários dias. Se ao menos ele chegasse logo…

— Pare de fazer essa cara, Atsumu — resmungou Suna, o encarando de onde estava sentado com Osamu. — Já já você irá ver Shouyou.

— Quem disse que é isso? — protestou Atsumu fracamente.

Osamu revirou os olhos, aparentemente ouvindo a conversa deles mesmo como o fone de ouvido que usava. Babaca. 

— Ei, Atsumu — falou Suna, dando um sorriso malicioso e ele sabia que não iria vir coisa boa depois. — Será que o time de Hinata vai gostar de você?

— Claro que vão! — mentiu Atsumu arrogantemente. 

Na verdade, o loiro também estava preocupado com isso. Não era um cara de fazer amizades fáceis, ao contrário de Shouyou, e sabia que tinha provocado bastante Karasuno no jogo. Ele esperava que eles não ligassem mais para isso, porque queria se dar bem com os amigos de Shouyou, pessoas das quais ele já tinha escutado tanto. 

Além disso, agora ele era capitão da Inarizaki e era seu dever como capitão dar um bom exemplo. Precisava pelo menos manter relações civilizadas com os outros times, infelizmente. 

— Bem, qualquer coisa, a gente rouba Hinata para nós — propôs Suna.

Atsumu contemplou a ideia por um segundo. Como seria incrível se Shouyou estudasse com eles, se eles pudessem se ver todos os dias, treinar e saírem juntos…

— Já estamos chegando — interrompeu o treinador. — Se preparem!

xxx

Hinata mal saiu do ônibus e sentiu alguém o envolvendo num abraço rápido. Demorou nem três segundos para que ele reconhecesse Kenma e um sorriso se abriu no seu rosto. Fazia um tempo desde que tinha visto o amigo. 

— Oi, Shouyou — falou quietamente.

— Kenma! — Hinata quase gritou animado. — Você chegou agora também?

— Não, eu estava esperando você chegar — contou. — Já guardei minhas coisas. 

— Ei, Hinata, vem ver logo onde vamos ficar — Yamaguchi interrompeu os dois. — Oi, Kozume.

Kenma o cumprimentou de volta, mas seguiu Shouyou quando ele se aproximou de Ukai, recebendo instruções claras para ele não inventar nada. Depois, eles pegaram todas as suas malas e foram até o quarto/sala que o time de Karasuno iria dividir. 

xxx

Atsumu procurou por Shouyou assim que colocou suas malas no quarto, abandonando seu próprio time (já aguentava eles o suficiente). Por todo lado, o lugar estava repleto de jogadores, cada um sendo identificado pelos seus uniformes, e o loiro não conhecia quase ninguém. Afinal, o que tinha mais próximo de um amigo em um adversário era com Sakusa e ele não estaria lá.

— Por que Shouyou é tão difícil de achar? — reclamou em voz alta, frustado, após passar pelo mesmo lugar duas vezes. Ele sabia que Karasuno já tinha chegado, porque viu o central irritante loiro caminhando falando com alguém. Mas nada de Shouyou. 

Uma garota, provavelmente uma gerente, o olhou curiosa. Ela pareceu se debater sobre algo antes de se aproximar hesitantemente dele. 

— Você está procurando Hinata? — a garota perguntou tão baixo e rápido que ele quase não entendeu, contudo ainda decifrou as palavras. 

— Sim. Eu sou… — parou incerto. — Amigo dele. 

— Miya Atsumu, certo? 

— Sim, como você sabia? — perguntou surpreso.

Certo que ele tinha certa fama, porém não era grande o suficiente para uma pessoa de outro distrito conhecê-lo. E ela com certeza não era gerente de nenhum time do seu distrito.

— Eu te estudei bastante — falou e acrescentou em pânico: — Para o jogo! Suas jogadas, quero dizer. Para o jogo de Karasuno. Sou Yachi, gerente da Karasuno — falou atrapalhada, quase misturando uma palavra com a outra. 

— Que legal! — respondeu Atsumu animado. — Sempre quis que meu time tivesse uma gerente. Ajuda muito, sabe? Facilita as coisas e é outro ponto de vista. Shouyou também sempre diz que você salva muito eles — disse empolgado.

Shouyou tinha falado tanto de Yachi que ele sentia quase como se fosse amigo dela também. E estava sendo sincero. Sempre quis que Inarizaki também tivesse um gerente ou uma gerente, mas ninguém levou a diante a ideia. 

Yachi deu um sorriso, ainda um pouco tensa. 

— Você quer que eu te leve até Hinata? — ofereceu, após alguns segundos de silêncio, recebendo uma concordância instântenea. 

xxx

Kenma conseguiu achar uma sombra de árvore para ele e Shouyou se sentarem, os dois confortáveis mesmo no chão. O ruivo estava adorando passar um tempo com ele que o atualizava sobre o que não tinha contado por mensagem enquanto jogava pelo celular.

— Shouyou!

Os dois se viraram na direção da voz com Shouyou imediatamente se pondo de pé assim que viu sua alma gêmea. Atsumu estava lindo, como sempre. Agora estava com o uniforme escolar, como todos os outros, mas mesmo assim parecia se sobressair. Seu cabelo loiro estava mais impecável que o normal, como se tivesse pintado recentemente.

— Atsumu — falou Shouyou com a voz transbordando felicidade. Ele estava mesmo ali. 

Sem nem pensar, se jogou com tudo nos braços do outro, mais uma vez sentindo-se em casa envolvido no seu corpo. O cheiro dele estava diferente hoje com um perfume forte que Shouyou não reconheceu, mas que era agradável. 

— Finalmente te achei. 

— Desculpa por te fazer procurar. Nem vi meu celular — explicou, um pouco culpado.

Passaram alguns segundos sem dizer nada, só aproveitando a chance de ficarem assim. Shouyou sentiu até mesmo seu cerébro, sempre tão agitado, desacelerar um pouco. Era engraçado como não estava fazendo nada e mesmo assim o momento era perfeito.

— Shouyou — Kenma o chamou, fazendo com que ele se lembrasse subitamente que não estavam a sós, ficando um pouco envergonhado. — Vou indo, tá? Depois a gente se fala. 

— Desculpa, Kenma. Você não quer ficar? Vou te apresentar para Atsumu!

— Oi — falou o outro, tentando sorrir simpático.

— Oi — Kozume respondeu de volta. — Prometi a Lev que ia jogar com ele agora, de qualquer jeito. Eu vejo vocês dois no almoço? — falou olhando para o chão.

— Ok! — respondeu Shouyou, empolgado.

Queria fazer com que Atsumu e Kenma fossem amigos, porque os dois eram pessoas tão importantes para ele, mas sabia que ia ser um processo meio difícil, já que as duas eram tão fechadas. Mas um almoço era um bom começo.

— Eu conheci Yachi — falou Atsumu, depois que o outro levantador foi embora. — Ela me trouxe até aqui. Ela é legal.

Hinata o encarou surpreso. Nunca pensou em uma amizade entre Atsumu e Yachi. Ia ser maravilhoso também se virassem amigos. 

— Você acha que podemos praticar já? — disse Shouyou.

— Que tal já já? — sugeriu Atsumu. — Foi difícil te achar, sabia. Tenho a sensação que ter sua atenção aqui vai ser difícil.

Hinata riu, não concordando. Claro que ele tinha alguns amigos e queria praticar bastante, então sempre estaria ocupado, contudo Atsumu sempre seria sua prioridade. Se ele pedisse, o ruivo provavelmente abandonaria quem fosse para passar um tempo com ele. 

— Tá, então vamos deitar — propôs Shouyou, querendo guardar energia para aproveitar ao máximo quando fossem treinar (tinham o horário até o almoço livre nesse primeiro dia). 

Atsumu não precisou responder, simplesmente se deitou, usando a árvore para evitar o sol. Hinata seguiu seu exemplo, encostando nele com a lateral do seu corpo. Sempre tinha necessidade de ficar o mais próximo que podia do loiro quando o encontrava. Ele ficou na parte do sol, aproveitando que o calor estava relaxante. 

— Você é um sol mesmo — observou Atsumu, o encarando com um olhar estranho. 

— Um sol? — Hinata não entendeu nada. 

— Sim. Seu kanji foi correto. Você brilha feito o sol — falou como se isso explicasse tudo. 

Shouyou o olhou, tentando entender suas palavras, ainda que não tivesse ideia do que ele tivesse falando. Pensou em perguntar, mas foi distraído pela beleza de Atsumu. Era até injusto que alguém fosse tão bonito assim, com o rosto tão perfeito.

Sentiu seu coração disparar e pela primeira vez não conseguiu negar o quanto exatamente sua alma gêmea o atraía. Se pudesse, ele acabaria com a distância entre os dois naquele exato momento, puxando Atsumu para um beijo. Mas ele mal sabia de onde tinha surgido esse impulso ou o que o outro acharia, então forçou uma risada e mudou de assunto. 

xxx

Kenma cumpriu sua promessa e se juntou a Atsumu e Hinata no almoço e, por mais que tentasse evitar, era difícil para o gamer não notar o quão óbvios os dois eram. Estava claro que gostavam um do outro, qualquer um veria isso, menos quem não soubesse que eles eram almas gêmeas. 

Se ele já tinha se sentido uma vela no abraço, depois foi pior ainda. Claro que os dois tentavam o incluir na conversa, especialmente Hinata, mas eles pareciam gravitar na direção um do outro, cheios de piadas internas e frases cortadas. Também era estranho ver o quanto eles mudavam quando juntos. Claro, Kenma não conhecia Atsumu bem o suficiente, porém o que tinha ouvido sobre o outro não batia em nada com a imagem do menino completamente agradável na sua frente. Por sua vez, Hinata parecia focar em cada palavra que ele dizia, sorrindo quase o tempo todo, e não havia um centímetro de distância entre eles na maior parte do tempo, como se doessem que ficassem separados. 

Ainda assim, Kenma aprovou Atsumu. Ele era sincero, o que Kozume apreciava porque ajudava a controlar a sua ansiedade em saber que ele simplesmente falaria se tivesse incomodado com algo. Era muito inteligente também, não só quando se tratava de vôlei. 

O levantador da Nekoma só não tinha certeza se Shouyou já tinha percebido o quão apaixonado estava pelo outro. Ele nunca tinha falado do assunto com ele, nem mesmo tinha falado o que sentia exatamente por Akane antes. 

Mas os pensamentos de Kenma mudaram de rumo bruscamente quando terminaram o descanso pós almoço. Era hora das primeiras partidas do dia e ele planejava vencer cada uma delas para mostrar exatamente quão bom era seu time e o quanto já cresceram. 

xxx

Por mais que Karasuno e Inarizaki desejassem, hoje não teve nenhuma partida treino entre eles. Mas isso não quer dizer que eles não prestaram atenção nos avanços dos outros times, não, já foram observando o que puderam. 

Atsumu ouviu um treinador comentando após os fins das partidas que a melhor do dia tinha sido Karasuno e Nekoma. Por mais que odiasse admitir, tinha que concordar. Era como se realmente fosse uma final de campeonato, com nenhum time parecendo querer ceder nenhum ponto, até os primeiranistas contagiados pela rivalidade dos mais velhos.

Kageyama tinha melhorado bastante nos últimos tempos, quase chegando perto do nível de Atsumu, embora ainda não tivesse lá. Tsukishima também era uma mudança drástica, inclusive podendo fazer um saque flutuante agora. 

Entretanto, a maior parte da atenção de Atsumu estava em Hinata. Embora seu novo saque flutuante fosse a sua arma mais chamativa, seus movimentos estavam muito mais técnicos agora. Até sua precisão para bloquear tinha aumentado. Ele estava se tornando um jogador muito mais completo agora que pode desenvolver mais seu lado defensivo e aperfeiçoar ainda mais o ataque. 

— Ei, Hinata! — a voz de Suna cortou o ginásio. — Quer práticar mais um pouco?

— Claro.

— Eu vou também — anunciou Atsumu, que já estava se preparando para fazer o mesmo convite. 

— Vem também, Kageyama — pediu Hinata, se virando para o seu amigo.

Kageyama seria uma boa adição. Atsumu também queria jogar contra ele e se vingar daquele levantador metido. Além dele, o grupo acabou atraindo a atenção e no fim eles tinham pessoas o suficiente para dois times. Atsumu estreitou os olhos quando um pensamento passou pela sua cabeça.

— Shouyou, você vai ficar no meu time, certo?

— Não, ele vai ficar no meu — falou Kageyama, o encarando feiamente, antes que o ruivo desse uma palavra.

— Não to falando com você.

— Problema seu. Hinata vai ficar no meu time — replicou indiferente. 

— Deixem disso — protestou Hinata. Ele lançou um olhar feio para Atsumu que se encolheu, não acostumado a sentir a sua fúria, e depois para Kageyama. — Hoje, eu vou para o time de Atsumu — disse, fazendo o loiro sorrir metidamente para o outro levantador. — OK, Kags? Ukai quer que a gente aprenda coisas novas e acho que isso vai ser interessante. Amanhã a gente enfrenta Atsumu juntos.

Kageyama pareceu pesar suas palavras, porém assentiu, fazendo com que todos que estavam observando a cena com curiosidade relaxassem. Assim, eles puderam começar a dividir os times mais tranquilamente. De um lado, ficou Atsumu, Hinata, Suna, Yaku, Onaga e Tanaka. No outro, Kageyama, Lev, Osamu, Yamaguchi, Tsukishima e Nishinoya.

Em menos de um set, Atsumu já estava viciado na sensação de jogar com Shouyou. Parecia que quanto mais o desafiava, mandando bolas que não eram fáceis mas eram eficazes, ele o desafiava de volta. Levantar para ele era fácil, quase institivo, como Atsumu sempre suspeitara que seria. Eles tinham uma conexão que aparecia até no jogo, não precisando se comunicar para entender as jogadas e planos um do outro. 

O time de Atsumu estava com a vantagem a maior parte do jogo, ganhando facilmente o primeiro set, apesar dos esforços de Kageyama. Nishinoya e Yaku também pareciam travar uma batalha especial e o nível das defesas era espetacular. Tsukishima era o responsável por liderar os pontos de bloqueio, o que parecia pessoalmente irritar Suna, que estava jogando como oposto. 

O jogo terminou no terceiro set, com uma vitória do time de Hinata, para infelicidade de Kageyama que prometeu se vingar (como, Atsumu não sabia, porque provavelmente não iriam repetir esse time e os dois eram do mesmo colégio). Depois disso, a maioria resolveu sair do ginásio e ir tomar banho, encerrando os treinos do dia. 

Lev e Hinata ficaram fazendo um treinamento, com o primeiro cortando e o segundo recebendo. Kageyama, para a surpresa de Atsumu, se aproximou dele e acabaram discutindo algumas táticas.

xxx

Depois de tomar um bom banho e jantar, Osamu sentia-se pronto para descansar. Tinha gastado todas as suas energias nos treinos do dia, com o treinador deles parecendo especialmente motivado a causar uma boa impressão, e a partida extra não ajudou em nada.

O dia todo, Osamu se sentiu cercado por pessoas cheias de energias. A maioria parecia ser quase tão motivada quanto Atsumu ali e ninguém queria fazer feio. Já ele, gostava de vôlei, contudo, não sentia tudo com essa mesma intensidade que os outros.

Assim, sentindo-se anormal e precisando ficar um pouco só, foi dar uma volta e sentou num banco na área externa do acampamento, aproveitando o primeiro momento de calma no dia inteiro. Uma coisa todos os times dali pareciam ter em comum: a intensidade. 

Sabendo que a música sempre o ajudava a relaxar, Osamu trouxe o violão consigo para o passeio, planejando tocar para si mesmo suas músicas favoritas. Ele não era um prodígio na música como era no esporte, porém, sabia que ainda assim era melhor que a média.

— Ei — a voz arrastada de Suna interrompeu seus pensamentos. — Tudo bem ai?

Seus planos de solidão foram arruinados antes mesmo de começar, então. Mas com ele, Osamu não se importava. 

— Sim — respondeu Osamu. — Só um pouco cansado.

— Sei. As coisas podem ficar bem intensas — concordou. 

A melhor coisa sobre Suna era que ele nunca deixava ninguém impor expectativas sobre ele, sempre fazendo tudo no seu ritmo. Depois de uma vida convivendo com o furação Atsumu e a eterna necessidade de ser sempre melhor em tudo, era legal poder relaxar e simplesmente não ter que fazer nada. E a presença dele sempre o ajudava nisso. 

— Quer cantar um pouco para mim?

— Não, eu não sei cantar.

— Tudo bem. Você toca e eu canto, então.

Osamu nunca tinha ouvido Suna cantar. Mas não podia ser pior que ele. 

— OK. 

— Pode ser You and Me, de Lifehouse?

O gêmeo assentiu, feliz que era uma música que sabia tocar. Odiava ter que ficar olhando a cifra enquanto tocava então fazia o seu melhor para decorar a maior quantidade de música que podia. 

Suna começou a cantar. Sua voz era mediana, mas ainda assim era agradável ouvi-lo cantar. Ele parecia relaxar ainda mais.

— Você lembra dessa música? — ele perguntou.

Osamu balançou a cabeça, franzindo a sombrancelha. Ele gostava dela, mas não conseguia se lembrar de nunca ter ouvido com o outro. O que tinha ela?

— Era pra eu lembrar?

— Você já cantou ela para mim — Suna sorriu levemente. — Foi naquele dia lá em casa, quando meus pais viajaram e a gente resolveu testar uns drinks, lembra?

Osamu fez uma careta. Aquele tinha sido seu primeiro “PT”, não conseguia se lembrar de nada mais depois da primeira hora que eles começaram a beber. Sabia que tinha se divertido muito… até acordar no outro dia passando mal e sem memórias.

— Foi muito ruim — apostou. Sua voz era terrível.

— Você se enrolou todo, não estava nem acertando a letra e acho que esqueceu do violão na metade — riu Suna, um som raro. — Mas aí você me beijou depois.

Osamu se sentiu congelar. Esse tempo todo, ele achava que estava fazendo um bom trabalho em esconder os sentimentos que tinha por Suna, sabendo que o outro nunca o corresponderia, e agora descobria que o outro sempre soube? Quis amaldiçoar seu passado por fazer algo tão idiota.

— Me desculpa, Suna. Eu não sabia — pediu, desesperado. Não tinha porque o outro ainda falava com ele ou porque o estava contando tudo isso agora. Mas tinha que salvar a relação deles.

— Desculpa pelo quê? — perguntou Suna, confuso. — Claro, achei estranho quando você agiu como se nada tivesse acontecido. Mas percebi que você não lembrava.

— Você não está com raiva que eu te beijei? — a ideia parecia absurda para ele.

— Não. Só que você não lembrou — admitiu, brutalmente sincero.

A cabeça de Osamu estava uma bagunça, tentando processar o que o amigo estava dizendo e o que isso significava. Uma pequena esperança surgiu dentro de si, que, talvez, só talvez, Suna tivesse gostado da experiência. Porém isso era impossível.

— Suna… eu não sei se eu estou entendendo tudo errado — sussurrou Osamu.

Como resposta, Suna o encarou diretamente antes de selar os lábios dos dois. Osamu nunca tinha ficado com ninguém (sóbrio), então não era nenhum especialista, mas se surpreendeu ao ver como era bom a sensação de beijar Suna.

— Eu gosto de você, Osamu. 

— Eu também, Suna. 

xxx

Já de madrugada, Atsumu estava tentando dormir, de banho tomado e de pijama. Deitou no seu colchão, mas por todo lado ouvia ruídos de gente se movendo ou roncando — ele ainda ia matar aquele primeiranista infernal. Era irritante. Ele estava acostumado a dormir sem nenhum barulho. 

Por fim, não aguentou mais ficar naquele ambiente desconfortável e se levantou. Se não ia conseguia dormir, que pelo menos fosse produtivo. Não se importava com uma coisa ridícula como a restrição de horas que colocaram para os alunos, os proibindo de treinarem depois das 11 e de circularem depois das 12 (“quero todos quietos, sem problemas” disse Kurosu).

Caminhou pelo quarto escuro, não se preocupando muito se estava batendo em alguém ou não, até sair dele, com um novo plano formado em sua cabeça.

Não foi difícil achar o quarto de Karasuno e sem cerimônia nenhuma abriu a porta, encontrando a luz já apagada também e precisou estreitar os olhos para ver bem. Todos pareciam já estar dormindo tranquilamente, até mesmo Yamaguchi que estava do lado dos barulhos horríveis de Tsukishima, e Atsumu invejou essa capacidade deles. 

Seu alvo estava deitado com o corpo todo apontado para o chão, de olhos bem fechados. Seu cabelo ruivo era um ponto de cor no meio do quarto escuro e criava um belo constraste. O cobertor dele estava cobrindo apenas metade do seu corpo e Atsumu sabia bem que era porque ele se mexia e o derrubava durante a noite. 

Sorrindo com a visão de Shouyou já tão tranquilo, aproximou-se dele. Então, sem o mínimo de piedade, puxou com tudo o cobertor dele antes de o balançar pelo braço, já esperando os grunhidos que recebeu como resposta. Essa não era a primeira vez que o acordava. Por fim, se jogou em cima dele, sabendo que o seu peso era o suficiente para fazê-lo se mover o suficiente para acordar. 

Shouyou abriu os olhos, o encarando totalmente irritado. Atsumu fingiu não ter medo.

— Atsumu — resmungou. 

O loiro conteve um sorriso, soava tão engraçado o seu nome dito assim.

— Vamos jogar? — ofereceu baixinho, seus rostos estavam tão próximos que não tinha necessidade de falar mais alto. 

— Não é hora de dormir?

— Não. 

— Sai pra lá, Atsumu — o ruivo resmungou, fechando os olhos novamente. 

Atsumu mentalmente aplaudiu a coragem de Shouyou de tentar dormir novamente consigo em cima dele, como se fosse ser fácil assim. O loiro começou a se mexer sem ordem nenhuma, levando o corpo do ruivo consigo, até que Shouyou se irritou e tentou pará-lo com sua mão. Ao invés disso, ele só conseguiu puxar a camisa de Atsumu, o trazendo para mais perto.

Tão perto assim, a mente de Atsumu imaginou como seria se eles se aproximassem ainda mais. Será que beijar Shouyou seria tão diferente do resto? Ele podia apostar que sim, porque tudo era especial com ele. Movido pela curiosidade, ele não pensou nas consequências e simplesmente beijou o rosto dele, por pouco resistindo a vontade de juntar os seus lábios com os dele. 

Shouyou ficou vermelho, o encarando de olhos arregalados, agora completamente acordado e tomado pela surpresa. Atsumu gostou da visão e prometeu a si mesmo testar ainda mais o que poderia surpreendê-lo.

— Vamos logo, Shouyou.

Atsumu então se levantou, deixando espaço para Shouyou fazer o mesmo.

— Você é um saco, Atsumu — replicou Shouyou com uma voz suave.

— Eu sei. Agora de pé.

xxx

Shouyou sentia-se confuso. Em segundo estava aproveitando confortavelmente seu sonho, no outro Atsumu estava o acordando, sendo irritante como sempre, e beijando seu rosto. Por que seu coração ainda estava tão acelerado? Nem era um beijo de verdade. Mas ele queria que fosse…

— Vem, estamos quase lá — falou Atsumu, pegando o seu braço.

Certo. Eles iriam treinar agora. Precisava parar de pensar nessas coisas. Isso não o levaria a lugar nenhum.

— São que horas, Tsumu?

Atsumu sorriu com o apelido. Não era comum, mas às vezes Shouyou o chamava assim, principalmente quando estava com sono.

— São duas — informou alegremente.

— Você me acordou de duas da manhã? — perguntou o ruivo, incrédulo, parando de andar.

— Sim, agora vamos logo — disse.

Atsumu voltou até o Hinata estava parado e impacientemente o deu um empurrãozinho para que voltasse a andar. Ele fez uma cara feia, mas foi e em poucos minutos os dois já estavam se alogando no ginásio escuro. Não podiam ligar a luz, porque ninguém podia encontrá-los ali. Mas estava entrando um resquício de luz da área externa pelas janelas o suficiente para que se guiassem.

xxx

Uma hora depois, Shouyou estava completamente acordado. Jogar com Atsumu o tinha deixado alertado. Mesmo de madrugada, ele era exigente. Agora eles estavam treinando cortes e a sensação de ter uma bola levantada por Atsumu era incrível, parecia que era ainda mais perfeitamente calculada do que a de Kageyama. 

Shouyou sabia que eles não deviam estar ali. Ele estava tomando muito cuidado para ter uma rotina equilibrada e definitivamente jogar de madrugada não estava nos planos. Além disso, tinha a proibição de atividades físicas depois das onze horas. 

Mas de alguma forma, era difícil dizer não para Atsumu. Não só porque era maravilhoso ter a oportunidade jogar com um dos melhores levantadores do país. Mas a felicidade dele de estar ali fazia até que sua irritação de ser acordado no meio da noite sumísse.

— Agora cansei — falou Atsumu.

— Eu não acredito que você me acordou só pra isso. 

— Vem, amanhã jogamos mais — disse, se aproximando dele e colocando um braço no seu ombro. 

Shouyou relaxou com o toque, o braço do outro garoto estava gelado e fazia um bom constrate com o calor do seu. Ele se deixou se guiado até o carrinho de bolas para guardar a que tinha usado e foram conversando baixinho. 

Mas quando estavam já no corredor onde ficava o quarto de Inarizaki, onde Shouyou planejava ficar mais um pouco, Atsumu subitamente parou.

— Espera, eu acho que eu ouvi alguma coisa — disse, tenso. — Será que tem alguém aqui? — perguntou em pânico.

— Não podemos ser pegos — Shouyou sussurou nervoso. Sua invasão ao acampamento no ano passado ainda estava bem presente na cabeça de Ukai e Takeda, ele sabia.

— Vamos ter que nos esconder — falou Atsumu, andando mais rápido. — Vem, vamos.

Atsumu colocou a mão na maçaneta da primeira porta que viu, entrando rapidamente lá e sendo seguido por Shouyou. O lugar era uma almoxarifado, cheio de poeira e objetos de limpeza. Mal cabia os dois e o baixinho foi obrigado a encostar seu corpo no do outro.

— Será que… 

Atsumu foi interrompido por Shoyou que se virou em pânico, ficando de frente para ele e colocando uma mão na sua boca, o calando. Ele não colocou muita pressão, mas ainda assim o loiro sentiu-se paralisado. O olhar de Shouyou também parecia implorar para que ele ficasse quieto e então assim o fez.

Os dois permaneceram desse jeito pelo que pareceu uma eternidade, ouvindo distantemente as vozes do que parecia Ukai e Nekomata. 

Novamente, Atsumu sentiu um impulso absurdo de beijar Hinata. Ele parecia tão lindo, todo concentrado em ouvir para ver se os outros foram embora. E se ele tirasse aquele dedo dele e o bejasse? Como será que reagiria? Se fosse qualquer outra pessoa, o loiro seguiria sua vontade e depois lidaria com as consequências, mas aquele era Shouyou. Não podia arriscar que as coisas dessem errado. 

Então, esperou impacientemente até que o outro pareceu se dar conta do seu dedo e se afastou dele o máximo que pode, um pouco corado. Nenhum deles falou nada, o ar estranhamente carregado.

— Bem, acho que eles já foram — disse Shouyou. — Está na hora de irmos dormir.

— Sim — concordou Atsumu imediatamente. Ele não se confiava mais perto da tentação que era Hinata Shouyou. Precisava se afastar e pensar.

Shouyou então abriu a porta, colocando a cabeça de volta e verificando que não havia ninguém no corredor.

— Até mais, Atsumu — disse.

— Até, Shouyou.


Notas Finais


Eu tava ansiosa para escrever essa interação entre Atsumu e Yachi, por alguma razão queria muito ver uma amizade entre os dois. E também Osasuna tocando juntinhos.
Aconteceu bastante coisa, né? Nem era pra ser tão grande o cap, mas foi rolando algumas cenas extras. Não resisti e coloquei alguns clichês, como a cena do almoxarifado.
By the way, a história já está chegando perto do fim.
Me sigam no tt que lá tô surtando pelas olimpíadas e smp lanço uns updates de como tá o cap 😊 me avisem q vieram daqui tb. @msbystan


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