POV REGINA
- Como assim você contou pra Ruby, Zelena? Esbravejei ao telefone.
- Eu não contei nada. Ela já sabia, Regina.
- Mas agora ela tem conhecimento de que você, também, sabe dessa gravidez.
- Sinceramente, eu acho que sua preocupação deveria ser outra. Ruby está uma fera com você por não ter contado à Emma e, principalmente, porque ela e Swan brigaram.
- Brigaram?
- É isso aí. Nem estão se falando direito. Regina, isso está indo longe demais. Você precisa dar um basta nisso.
- Eu tenho medo, Zelena. Deixei o choro falar mais alto do que a aflição.
- Irmã, Swan não vai deixar nada te acontecer.
- Emma não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo e Ashley já deu provas suficientes de que não fica intimidada facilmente. Ela me sequestrou no estacionamento de um supermercado cheio de clientes.
- Eu sei que tudo isso está contribuindo para o seu desespero, mas precisa ver que está colocando sua amada cara a cara com o inimigo.
- E acha que minha cabeça está como? Tenho vivido dias terríveis. Preocupada com a Emma, tentando reunir provas contra Killian e, pra piorar, esse enjoo horroroso que não passa nem por um minuto. Zelena riu.
- Coisas da gravidez. Deveria saber disso, doutora Mills. Sorri fraco.
- No passo de detesto esse mal estar, sei que ele é a causa do meu maior motivo de vida.
- Ah, e outra coisa, nossa mãe está esbravejando aos quatro ventos porque você não diz a ela o seu paradeiro.
- Dona Cora é minha menor preocupação nesse momento.
- Por acaso ela te disse que ligou para Swan?
- Não disse nada. E nem a Emma comentou isso.
- Deve ser porque nossa mãe não foi nada gentil.
- Como assim? O que ela disse?
- Você já deve imaginar o conteúdo da conversa. Sabe que nossa mãe não aprova o relacionamento de vocês e, segundo ela, tem suas razões. Bufei.
- Mamãe é louca se acha que eu desistiria de Emma só porque ela não pode me dar um filho.
- Poderia, você quer dizer.
- Essa criança é um presente, Zelena, e, se ela não existisse, Emma ainda continuaria sendo a mulher da minha vida.
- Regina, o conselho de medicina recolheu todos os documentos médicos na tarde de ontem.
- Eu já sabia. Meu advogado estará junto durante a análise.
- E faz alguma ideia do que pode sair disso?
- O que Killian escreveu e assinou no prontuário vai prevalecer. O paciente morreu por complicações pós-operatórias.
- Então a denúncia perde razões circunstanciais?
- A família pediu a exumação do corpo.
- Puta que pariu. E isso pode ser feito?
- Com dinheiro suficiente, pode-se fazer qualquer coisa.
- Pelo menos assim vamos saber se o desgraçado do Jones diz a verdade.
- Nós já sabemos a verdade, Zelena.
- Regina, você não matou aquele homem. E a verdade vai vir de um jeito ou de outro. Ouvi batidas na porta. - Tenho uma reunião agora. A gente fala depois. Já estávamos entrando na terceira semana em que fui obrigada a sumir do mapa. Infelizmente as coisas não ficaram melhores. As últimas evidências que surgiram só comprovaram a minha falha na cirurgia e agora essa história de exumação poderia ser o meu fim. Contudo, o que mais perturbava minha mente era todo o sofrimento que minha Emma estava passando sozinha. Por dias refleti se aquele caminho era o mais seguro, mas, na altura do campeonato, a vontade de estar com ela estava superando qualquer senso de justiça que habitasse em mim.
- Oi, meu amor, como você está? Perguntei assim que ela atendeu o telefone.
- Exausta, Regina. Não tenho mais de onde tirar forças. Por favor, amor, me diga onde você está. Eu largo tudo aqui pra ir até você. Não estou aguentando mais.
- Emma, amor, não podemos desistir agora. As coisas estão se desenrolando por aqui.
- Regina, eu sei o quanto é importante você provar sua inocência, mas olha o preço que estamos pagando. Me desculpa se estou sendo egoísta, mas será que vale o todo nosso esforço?
- Emma, você não pode desistir agora.
- Então me dê um motivo para continuar lutando porque desse jeito está muito difícil. A dor no meu peito começou a ficar maior do que o enjoo.
- Amor… Pus a mão na boca tentando conter a vontade de vomitar.
- Eu sinto muito, Regina. Me diz onde você está. Podemos sumir do mapa juntas e ninguém vai nos localizar.
- Emma, eu tenho que desligar. Falei rápido demais.
- Quê? Por que? Que barulho foi esse?
- A gente se fala depois. Joguei o telefone de lado e corri para o banheiro.
- Regina, você está bem? Fiona chegou esbaforida. - Toma aqui. Me entregou uma toalha. - Tem certeza de que não quer tomar algum remédio?
- Tenho sim, Fiona. E não vou aceitar porque não fará efeito mesmo. Voltei para o quarto e peguei o telefone. - Droga. Isso tinha que acontecer logo no meio da ligação. Que desculpa eu darei agora?
- Talvez seria melhor se dissesse a verdade.
- Ainda não me sinto segura pra isso. Esse bebê vai mudar a vida de Emma pra sempre assim como já mudou a minha.
- Só penso que, quanto mais você espera, pior vai ser quando ela descobrir sozinha.
- Não tem como ela descobrir sozinha.
- Se você diz. Estarei no meu quarto se precisar de qualquer coisa.
- Obrigada. Peguei o telefone e resolvi ligar de volta, mas, desta vez, Emma não atendeu. Estranhei de início, mas achei melhor deixar assim por enquanto. Na manhã seguinte Fiona me acompanhou numa consulta médica.
- Eu vou pedir uns exames de sangue atuais para acompanharmos seu estado de saúde e uma ultrassonografia nova para o próximo mês. Já tem algum exame anterior? Perguntou o médico.
- Não senhor. Todos os que fiz ficaram em Roma. Respondi.
- Mas deveria estar com eles, mocinha. Pelo que vejo aqui, a senhorita deve estar entrando na décima segunda de gestação. Disse enquanto corria com o cabeçote do aparelho sobre meu abdômen.
- Quê? Não. Isso não é possível. Eu fiz os exames de confirmação há poucas semanas.
- Senhorita Mills, algumas mulheres só descobrirem que estão grávidas bem depois. Isso é muito comum.
- Mas eu não sentia nada de diferente. Até minha menstruação estava normal.
- E estava fazendo uso de anticoncepcional ou preservativo?
- Não tínhamos necessidade. Falei.
- Bem, isso explica muita coisa. O próximo exame de ultrassom vai nos dar uma data aproximada da concepção. Providencie o quanto antes. O homem de meia idade me entregou as solicitações no papel. - Se possível, traga o pai da criança na próxima consulta. A participação dos dois é fundamental. Além disso, ele também terá que passar por exames médicos para avaliar possíveis incompatibilidade genética.
- Isso não será possível, doutor.
- Ora, mas por quê? Problemas entre vocês?
- Na verdade, é um pouco mais complexo. Esse bebê tem duas mães. O homem franziu o cenho. - Ela é intersexual. Sua expressão mudou e ele pareceu entender. - A outra questão é que ela não sabe dessa gravidez.
- Posso saber o motivo disso?
- Na verdade, ela não faz ideia de que isso está acontecendo. Até onde se sabe, Emma é estéril.
- Pelos meus cabelos brancos!!! Disse de um jeito divertido. - Como essa juventude é complicada. Retirou os óculos para limpar os olhos. - Regina, já passou da hora de contar para essa moça o milagre que está crescendo dentro de você. Por acaso há alguma rejeição que você está me escondendo?
- Não. De jeito nenhum. Ela vai levar um baita susto quando souber.
- Então sugiro que conte o quanto antes. Está negando uma informação muito importante.
- Estou fazendo isso para o bem e a segurança dela. Existe algo grande e perigoso contra nós.
- E o que pode ser maior do que a alegria de saber que um pedaço de você cresce dentro de alguém que se ama?
- Eu não sei…
- Então, ouça meu conselho e reflita melhor. Você está decidindo tudo sozinha e excluindo alguém importante. Talvez isso possa se voltar contra você.
- Obrigada pela conversa, doutor. Assim que estiver tudo pronto, eu volto. Nos despedimos e seguimos para a cidade comprar alguns mantimentos.
- Acho que ele tem razão. Saber dessa criança vai dar um novo gás pra Emma lutar contra esse povo, Regina.
- Pode ser, mas também vai ser o estopim para outra avalanche de problemas.
- É o preço que terão que pagar, mas, pelo menos, estarão juntas.
- Eu vou repensar. Agora vamos comer, estou tonta de fome.
- Isso é novidade. Alguém está te deixando sem enjoos desta vez?
- Não fala muito alto se não ele acorda.
- Ele? Minha amiga cruzou os braços na frente do peito. - Intuição materna?
- Eu sei lá. Por hora eu só quero uma tigela cheia de batatas fritas com bastante cheddar. Fiona sorriu. - Nossa, isso está divino. Falei com a atendente depois que ela nos serviu.
- Eu nunca vi ninguém comer isso com tanta vontade. Aqui está seu milkshake. Disse a jovem.
- Ela está grávida. Tomara que não vomite tudo no carro depois. Abriu sua bolsa. - Acho que isso paga tudo.
- Não. Pode parar. Eu pago. Você praticamente não mexeu na comida. É injusta pagar por tudo.
- Entenda como realizar um desejo de grávida. Já terminou?
- Sim, só vou lavar as mãos e já volto. No caminho senti o celular vibrar. Na tela uma mensagem de Emma. Oi meu amor, você está bem? Queria muito te ver, mas acho que está ocupada. Te amo. - Será que aconteceu alguma coisa? Falei comigo mesma.
- O que foi? Que cara é essa? Fiona perguntou enquanto entramos no carro.
- Emma me mandou uma mensagem. Entreguei o aparelho e ela leu.
- Tá. E o que tem demais nisso? Ela só queria falar com você.
- Emma sabe que só nos falamos à noite.
- Mas está entardecendo, talvez a saudade bateu mais cedo. Qual é Regina?!?! Está ficando paranoica já. Voltamos pra casa e no meio do caminho o pior aconteceu. - Vai, corre. Fiona abriu a porta a tempo de não me deixar sujar o chão. - Eu sabia que comer daquele jeito iria te fazer mal. Entrei no banheiro e vomitei quase as minhas entranhas. As lembranças da bomba calórica que ingeri antes serviam de estímulo para vomitar ainda mais. Quando minhas forças se esvaíram por completo, sentei no assento e respirei umas duas mil vezes antes de levantar e tomar um banho. Ao abri a porta notei um silêncio incomum.
- Fiona!!! Chamei, mas sem resposta. Fui até a cozinha e nada. - Fiona, está aí em cima?
- Estou na sala, Regina. Caminhei ainda cambaleando e a encontrei escorada na parede com os olhos arregalados.
- Promete que nunca mais vai me deixar comer daquele jeito. Não posso dar vazão a essa coisa de desejo. O olhar da minha amiga parecia assustado. - O que foi? Olhei na direção para onde ela olhava e, de repente, tudo ficou lento demais.
- Oi, Regina.
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