História Amor al revez - Cap 16

Já havia alguns minutos que Betty encarava a caixinha com as alianças em cima de sua cômoda. Armando não dormiu em casa naquela noite, mas pelo menos dessa vez ela sabia onde ele estava, depois de receber uma ligação de Camile dizendo que ele estava na casa de seus pais. Apesar de aliviada por ter recebido notícias, ela sentia-se sozinha. Já estava acostumada a dormir na companhia dele, e aquela cama era grande demais para ela dormir sozinha, e ainda por cima, chorando.

Abraçada ao travesseiro, ela chorava enquanto olhava para as alianças, e pensava no quanto Armando havia se esforçado naquelas últimas semanas para que a relação dos dois desse certo, e a culpa de ter destruído tudo isso a perturbava mais do que qualquer coisa.

...

✨Betty

"Maldita hora que tive a idéia de correr atrás da anulação do casamento. Maldita hora que eu quis resolver tudo movida pela raiva, sem antes conhecer a pessoa maravilhosa que Armando é. Maldita hora que pensei que jamais teria qualquer tipo de sentimento por ele, quando na verdade, eu tenho a certeza absoluta de que o amo. Sim, o amo. O que me dói é saber que eu o magoei, e que joguei fora tudo o que tivemos de mais bonito nesses últimos dias".✨

Abraçada ao travesseiro molhado pelas lágrimas, Betty adormeceu.

....

A única coisa que conseguia acalmar Armando naquela situação era pilotar sua moto. Enquanto isso, ele tinha tempo para colocar as idéias no lugar, e principalmente para tentar entender Beatriz, por mais difícil que parecesse. Logo cedo, antes mesmo antes de seus pais e Camile acordarem, ele saiu para se encontrar com Eduardo a fim de desabafar o que o incomodava. Em sua cabeça, Betty jamais se apaixonou ou se apaixonaria por ele, e por isso ele se sentia um idiota. Quando chegou ao local marcado com Edu, ele desceu de sua moto e procurou um bom lugar para sentar-se, na esperança de que o som do mar o acalmasse e tirasse toda aquela dor em seu peito.

G-O Senhor deseja alguma coisa?(A garçonete se aproximou quando ele sentou-se em uma mesa na orla.)

A-Uma água de coco, por favor.

G-Certo. Trago em um minuto.

A-Obrigado.

✨ Armando

"Parecia planejado. Alguém não queria me ver feliz. Quando enfim eu estava me sentindo bem, com uma felicidade inexplicável, tudo isso desmoronou em tão pouco tempo. Eu cheguei a pensar que poderia ser feliz ao lado de Betty, do contrário não teria comprado as alianças. Mas, eu estava errado. Talvez um casamento que começou tão mal jamais conseguisse se tornar um bom relacionamento. Nós nos odiávamos, e aprendemos a conviver um com o outro. Eu só não esperava que essa convivência se transformasse em algo mais forte que chegava a me sufocar".✨

E-Ei! Desculpe a demora!(sentou-se à mesa dele.)

A-Tudo bem.

E-Como você está? Não entendi muito bem o que me falou ao telefone.(Armando o encarou magoado e deu um longo suspiro.)

A-Eu assinei os papéis da anulação.

E-O que? Por quê?(perguntou perplexo.) Mas eu pensei que...

A-Betty nunca vai deixar de se sentir presa naquela casa. Foi o melhor a se fazer.

E-Melhor para quem?

A-Melhor para ela! Se ela não está feliz, não posso obrigá-la a ficar.

E-Mas, eu não entendo...(disse confuso.) Eu pensei que estavam bem. Vocês pareciam bem. Você até comprou as alianças!

A-Eu também pensei que estávamos bem, Eduardo! Até encontrar os malditos papéis da anulação em cima da mesa.(suspirou.) Ela sempre vai sentir-se presa, Eduardo. E eu fui um burro por pensar que ela estava...(Sua frase morreu, mas Edu o entendeu muito bem.) Há duas semanas atrás eu disse que a amava.

E-Você disse?(o olhou ainda mais perplexo.)

A-Sim! Eu... Eu disse.(o olhou.) E você como meu melhor amigo sabe que eu nunca disse isso à nenhuma mulher nesse mundo!

E-Eu sei! Sei muito bem! Por isso meu espanto... Quero dizer, eu sei que você gosta muito dela, mas não sabia que era tanto.

A-Mas é, Eduardo. E eu não me arrependi nem um minuto por ter dito isso.

E-E ela? O que ela disse?(Armando o olhou ainda mais magoado.)

A-Nada.

E-Ela não disse nada?(Ele negou com a cabeça.) Mas... É impossível!

A-Sinceramente, eu não achei que importasse tanto que ela dissesse. Eu disse porque estava me sentindo bem para isso. Eu não queria forçá-la a nada, e apenas o fato de estarmos indo bem me deixava feliz. Mas, agora eu sei porque ela não conseguiu dizer.(Houve alguns segundos de silencio.)

E-Eu fico triste por você, irmão.(bateu em seu ombro.) Mas vou estar do seu lado.

A-Obrigado, amigo.(sorriu triste.)

E-Quer sair para extravasar hoje? Beber umas... Ouvir Bruno e Marrone e dormir na praça?(Armando riu.)

A-Não, eu não tenho mais pique pra esse tipo de coisa. Além do mais, daqui a duas semanas começam minhas aulas. E eu realmente quero me formar logo para realizar o meu sonho, sabe?(Eduardo sorriu.)

E-Eu te admiro e te invejo. O seu sonho é muito bonito, e você esta mesmo correndo atrás dele.(Armando sorriu agradecido.)

A-Quer saber? Esse momento está muito gay.(ele riu.)

E-Sai pra lá!(tirou sua mão do ombro dele.) Você ainda está casado!(Os dois riram, e Armando sentiu-se um pouco mais leve depois do desabafo. Mas, o momento foi interrompido por seu celular tocando. Ao olhar o numero na tela, rapidamente ele o reconheceu como sendo de sua casa.)

A-Acho que é ela...

E-Oras, então atenda.

A-Não sei se quero atender.

E-Ela só deve querer saber se você está bem, como ontem. Coitada, Armando! Não precisa fazer isso com ela também.(Ele suspirou e deslizou o dedo pela tela do celular.)

📞A-Alô! (Disse sem ânimo.)

📞V-ARMANDO! GRAÇAS A DEUS!

📞A-Vanda? O que foi?(Perguntou preocupado. Ela falou tão rápido e estava tão nervosa que Armando não conseguiu ouvir absolutamente nada. Já preocupado com a situação, ele se levantou.) Vanda... Vanda!(aumentou a voz.) Eu não estou entendendo absolutamente nada. Fale com calma, por favor.

📞V-É a Betty!(O coração dele disparou.)

📞A-O que tem ela?

📞V-Ela desmaiou! Eu não sei o que aconteceu. Só ouvi um barulho e ela estava caída no chão. Ela está muito mal, eu não sei o que fazer!

📞A-Eu estou indo para casa! Chego em dez minutos.(Sem esperar uma resposta ele desligou o celular, com as mãos trêmulas por conta do nervosismo.)

A-A Betty não está se sentindo bem. Preciso ir.

E-Claro!(também se levantou.) Me dê notícias.

A-Certo. Até logo.(Armando não se despediu direito do amigo, apenas correu até sua moto, e em poucos segundos deu partida.)

...

V-Ele já está vindo.(disse se aproximando de Betty.) O que você está sentindo ainda, Betty?

B-Náusea, tonteira e uma dor fraca aqui.(apontou para sua barriga.) Não precisava ter ligado para ele, Vanda.

V-É claro que precisava! Ele tem que estar aqui ao seu lado! E você precisa ir ao médico.

B-Não é nada de mais. Logo vai passar.

V-Você não é medica para saber disso, menina. De qualquer maneira, ele já deve estar chegando.(No mesmo instante, as duas ouviram o barulho do portão. Vanda olhou pela janela da sala e viu Armando chegando. Mal desligou sua moto e desceu às pressas, correndo em direção à casa.) Graças a Deus!

A-VANDA!(gritou assim que entrou em casa.)

V-ESTAMOS NA SALA!(também gritou, e logo ele apareceu. Assim que olhou para Betty, ele não pensou duas vezes e se aproximou, abaixando-se ao lado dela.)

A-O que foi que aconteceu?(Perguntou com a respiração ofegante.)

V-Ela não está nada bem. Quando ela acordou eu consegui ajudá-la a vir para o sofá, mas ela não teria forças para ir para o quarto. Ela não está nada bem. Olha como está pálida!

A-O que você está sentindo?

B-Fraqueza. Náusea....

V-E dor!(disse rapidamente.) Ela acabou de se queixar de dor.

B-Não está tão forte assim.(Respondeu fraca, quase sem conseguir abrir os olhos.)

A-Já liguei para camile. Ela vai nos dar uma carona até o hospital.

B-Não precisava disso.

A-Não seja teimosa. Você comeu alguma coisa?

B-Não. Só... Vomitei desde quando acordei.(Armando e Vanda se olharam.)

V-Eu vou buscar um copo de água.(disse, saindo da sala e deixando os dois a sós.)

B-Eu não queria que ela te ligasse.

A-É claro que ela tem que me ligar. Eu sou o responsável por você agora.(Ela sorriu fraca.)

B-Você... Pode fazer um favor para mim?

A-Qual?(Ela tentou se levantar, mas ainda estava muito fraca para isso.)

B-Pegue aqueles papéis ali.(apontou para a mesinha de centro.)

A-Esses?(apontou para alguns papéis e ela balançou a cabeça afirmando.) O que é isso?(Mas, não precisou que ela respondesse. Ao pegar os papéis, ele logo percebeu do que se tratava.) Para que você quer isso?(perguntou com certa frieza.)

B-Quero que você rasgue.

A-O que?(Perguntou abismado.) Rasgar?

B-Sim!

A-Não, eu não vou fazer isso!

B-Eu não vou assiná-los de qualquer maneira.

A-Beatriz...

B-Por favor, Armando. Se você não rasgá-los, eu vou fazer isso.(ele olhou para os papéis, e logo depois olhou para ela.)

A-Tem certeza disso?

B-Mais certeza do que qualquer outra coisa.(ele sorriu e respirou fundo, rasgando os papéis logo depois.)