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História Amor al revez - Cap 52


Escrita por: MenerusHurt

Capítulo 52 - Cap 52



O movimento na livraria não estava tão grande naquele dia. Betty estava inclusive entediada, debruçada sobre o balcão folheando um dos livros novos que chegaram. Melissa limpava uma das prateleiras tentando ocupar o tempo, e Carlo ouvia uma música sentado atrás do balcão. Normalmente eles conversavam nas horas vagas, mas o tédio estava tão grande que não tinham mais assuntos para aquele dia.

Ca-Mais uma lei aprovada por esse Presidente retardado.(comentou tirando um dos fones de ouvido.) Será que ele não pode afundar ainda mais o Brasil?

B-Não sei se isso é possível. Se afundar mais vamos abraçar o capeta.(falou sem lhe dar muita atenção.)

Ca-Sinceramente, quero ir morar em outro país.

M-Boa sorte.(ela riu. A porta da livraria se abriu e o sino chamou a atenção de todos. Um homem de barba adentrou e Betty ajeitou-se fechando o livro.)

B-Boa tarde. Ela sorriu.

??-Betty?(Demorou um tempo para que ela o reconhecesse, mas ao olhar bem, por trás da barba, ela soube quem era o homem.)

B-Samuel! O que você está fazendo aqui? (Perguntou com certa indelicadeza.)

S-Eu... Não sabia que você trabalhava aqui.

B-Na verdade, eu e Melissa somos donas.

Ca-E eu trabalho aqui.(se levantou.) Posso ajudá-lo?

M-Samuel.(se aproximou.) Quanto tempo.

S-É... (sorriu colocando as mãos no bolso.)

M-Está diferente.

S-Estou deixando a barba crescer.

M-Percebi. Deseja alguma coisa?

S-Eu estava procurando um livro para presente. É o livro novo do... Nicholas Sparks. Acho que é isso.

M-Ah! Chegou ontem para nós.(sorriu.) Vou pegá-lo para você.

S-Obrigado.(ele olhou para Betty e ela colocou uma mexa de cabelo por detrás da orelha, envergonhada.) Você... Está ótima.

B-Obrigada.

S-Está diferente.

B-Engordei um pouco.

S-Não é isso.(Ele riu.) Está... Mais bonita.

B-Bom... Obrigada. E como você está?

S-Bem, muito bem.

B-Que bom..(Ele baixou os olhos para a mão esquerda dela que estava sobre o balcão.)

S-E você continua casada.

B-Sim.(respondeu orgulhosa.) Estou.

S-Isso é bom. Não é sempre que uma união arranjada em pleno século vinte e um dure tanto tempo..

B-Mas a nossa está durando. Doze anos. E irá durar muito mais.

S-Eu não quis ser indelicado. Eu realmente estou feliz por você.

B-Obrigada.

S-E vocês têm filhos?

B-Sim. Temos quatro.

S-Quatro?(a olhou surpreso.) Meu Deus! Você não parece ter quatro filhos.(Ela sorriu sem jeito.) Eu também segui minha vida. Inclusive, esse livro é um presente para a minha noiva.

B-Que ótimo, Samuel.

S-É.(sorriu.) Ela é ótima.

B-Fico feliz por você.

M-Aqui está.(apareceu com o livro.)

S-Obrigado.

B-Quer que eu embrulhe para presente?(perguntou e ele assentiu.)

M-Está trabalhando em que, Samuel? (perguntou enquanto Betty fazia o embrulho.)

S-Eu tenho uma loja de automóveis.

M-A do seu pai?

S-Não. Abri uma minha.

M-Que ótimo!

S-É. E vocês fizeram um ótimo trabalho também.(olhou em volta.) Betty sempre dizia que tinha o sonho de ter uma livraria. Que bom que o realizou.(Betty parou de mexer no embrulho, um pouco desconcertada.)

M-Ah é verdade! Graças ao Armando, sabe?(escorou se ao balcão.) Ele deu a maior força para ela, e quando compramos aqui ele também ofereceu uma parte do dinheiro. Se não fosse por ele, Betty não teria coragem de ter seguido o seu sonho. Não é amiga?

B-É sim.(sorriu e entregou o embrulho para ele.)

S-Obrigado. Quanto é?

B-Sessenta e sete.(Ele tirou a carteira do bolso e lhe entregou o dinheiro.)

S-Não precisa do troco. Fique como uma... Pequena ajuda também.(sorriu.) Foi bom ver vocês.

B-Igualmente.(Samuel se afastou e caminhou em direção à porta, saindo logo depois.)

M-Mas que babaca! "Uma pequena ajuda também". Viu só o que ele fez? Só porque falei que Armando ajudou com o dinheiro.(disse irritada.) E ele precisa saber que tem muita diferença de alguns mil reais para três reais de troco.

B-Deixa pra lá, Mel. Eu não me ofendo mais com as coisas que Samuel faz. Aliás, a única coisa que estou pensando no momento é que estou feliz por ter me livrado disso. Samuel é um cara legal, mas...

M-Mas é um babaca na maior parte do tempo. E sim, você tem que ficar feliz por ter se livrado dele.

Ca-Ele é o seu ex?

B-Sim.

M-Infelizmente.(enfatizou.)

Ca-Eu percebi pela maneira que ele te olhava.

B-Que maneira?(perguntou confusa.)

Ca-Ele não parava de te encarar. E sorria o tempo todo. Homens fazem isso quando estão interessados.

B-O único interesse que Samuel tem que ter por mim é... Na verdade, não é nenhum. Ele não tem que ter interesse em mim.

Ca-Talvez ele ainda não tenha superado o término.

B-Mas já faz mais de doze anos. Que tipo de pessoa não supera isso?

Ca-Talvez ele achava que tinha superado, mas quando te viu, reacendeu a chama.

M-Carlo, você não sabe nada sobre relacionamentos. Por isso troca de namorada toda semana. Por que não para de falar besteiras e vá terminar de limpar as prateleiras lá de trás?(entregou o espanador para ele. Carlo apenas bufou e se afastou das duas.) Esse garoto me tira do sério às vezes.

B-Acha que ele pensaria assim, Mel?

M-Por que está preocupada com isso?

B-Porque agora ele sabe onde eu trabalho. E se ele voltar aqui? E se ele ficar me perseguindo? O Armando vai ter um troço!

M-Calma betty, ele não vai fazer isso. Ele não é louco de fazer isso. Além do mais, se quer evitar uma briga com Armando, conte para ele sobre isso assim que puder. Se ele descobrir por outra pessoa... Sabe que o Carlo não consegue segurar a língua quando ele vem aqui.

B-É, eu sei.

M-Lembra do cliente que te passou o telefone? Armando ficou duas semanas tentando achar o telefone para ligar para o cara e brigar com ele.

B-Ainda bem que eu rasguei a tempo.

M-É melhor que fale sobre o Samuel quando chegar.

B-É. Eu farei isso.(Novamente a porta se abriu, mas dessa vez, era Eduardo.)

M-Amor!(exclamou animada correndo até ele.)

E-Oi!(sorriu abraçando-a.)

M-Que surpresa! E você está... Todo molhado.

E-Está uma tempestade lá fora.(se aproximou do balcão, cumprimentando Betty com um beijo no rosto.) Achei que já estivessem fechando.

M-Não percebi que estava chovendo tanto.( Betty abriu um pouco da cortina que tampava a grande vitrine.)

B-Está mesmo uma tempestade.

M-Por isso não estamos tendo muito cliente hoje...

B-Vamos fechar mais cedo?

M-Acho que seria uma boa.

E-Então... Hoje teremos um jantar especial?(perguntou galanteador.)

M-É claro que sim!

B-Ah vocês dois são tão fofos... Estão me dando cáries.

M-Eu sugiro que você me ajude logo a arrumar as coisas para você fazer o mesmo com o seu marido.

B-Eu adoraria, mas tenho três crianças para cuidar e uma casa para arrumar.(ela riu saindo detrás do balcão.)

....

Assim que chegou em casa, Beatriz ouviu gargalhadas vindas da sala. Ao tirar sua bolsa e colocá-la sobre a mesinha, ela caminhou até o cômodo seguindo as gargalhadas. Assim que parou à porta da sala de televisão, ela viu as crianças aglomeradas no sofá junto com Armando. Eles não tiravam os olhos da TV, e pelo visto o filme era bastante engraçado. Betty sorriu escorando-se ao portal, olhando para aquela cena que sempre alegrava seu coração.

AC-A mamãe chegou!(disse animada, pulando do sofá e correndo até Betty. Dois garotinhos fizeram o mesmo, e abraçaram ela pela cintura animados.)

B-O que estão fazendo?(perguntou cumprimentando cada um.)

Di-Assistindo filme!(Um dos garotos respondeu. Armando virou-se para ela e sorriu.)

A-Por que não mostram a mamãe o que fizeram para ela?(Ele sugeriu.)

AC-Sim! Vamos!(disse animada e saiu da sala, seguida pelos gêmeos. Betty olhou para Armando e ele se levantou, aproximando-se dela.)

B-Oi.(sorriu.)

A-Oi.(a envolveu pela cintura, lhe dando um beijo demorado logo depois.) Como está?

B-Muito bem. E vocês?

A-Também estamos bem. Um pouco cansado depois de trabalhar o dia inteiro e ainda servir de cavalinho para as crianças.(ela riu.)

B-Ainda quer ter mais filhos?

A-Claro que sim. Tenho idade suficiente para agüentar mais duas crianças nas minhas costas.

B-Engraçadinho.(Ela riu.) Sofi ainda não chegou?

A-Não...(O sorriso dele diminuiu.) Ela ia sair com Gael depois das aulas.

B-É mesmo? Eles estão saindo muito, não acha?

A-Eu disse que não era uma boa idéia estudarem na mesma faculdade e fazerem o mesmo curso.

B-E o que tem de mais nisso?

A-Você sabe, Betty...(Ela riu.)

B-Não seja bobo, Armando. Sofia tem idade suficiente e maturidade suficiente para fazer qualquer coisa.

A-Eu sei.

B-Além do mais, deveria estar preocupado com os seus filhos de quatro anos que destruíram o meu jardim hoje de manhã.

A-Eu soube.(sorriu divertido.)

B-Isso não tem graça. Eu já disse que não podem jogar bola perto das roseiras. Já é a segunda vez que destroem ela em menos de um mês.

A-São crianças, amor. Eles precisam se divertir.

B-Não estou proibindo a diversão, estou dizendo que se você... (encostou o dedo no peito dele.) Não colocar limites nos dois, eles vão destruir a casa.(Seu sorriso alargou ainda mais.) E não me olhe assim. A culpa é toda sua que eles te puxaram.

A-Tem razão. Da próxima vez vou escolher melhor os genes que irão passar para eles.(ela balançou a cabeça e o puxou para um beijo.) Senti saudades. (sussurrou.)

B-Eu também.

A-Acha que vamos conseguir a noite livre hoje?

B-Com três crianças na casa? Não tenho certeza disso.

A-Podemos dar um calmante para os gêmeos.

B-Armando!

A-O que foi?

B-Não vou medicar meus filhos!

A-Foi só uma sugestão.(Ele riu.) Estou brincando. Mas podemos fazer algo para entretê-los.(ela ergueu as sobrancelhas.)

B-Cabana?

A-Cabana(Ele sorriu vitorioso e voltou a beijá-la.)

Be-Mamãe, mamãe!(Um dos meninos se aproximou correndo.) Olha o que fizemos para você.

Di-Eu disse que eu ia falar, Bernardo.(O outro se aproximou emburrado.)

Be-Mas eu queria falar.

AC-Parem de brigar.(se juntou à eles, segurando um cartaz dobrado em suas mãos.) Mostrem para ela.(Betty olhou para os três, e assim que abriram o cartaz, se emocionou ao ler "Você é a melhor mãe do mundo! Te amamos!")

Be-Você gostou, mamãe?

B-Eu adorei!(disse emocionada.) Obrigada!(ela se abaixou e os três a envolveram em um abraço.) Mas qual é a ocasião?

A-É para o dia das mães.(sorriu escorando-se à porta.)

B-Mas já? Ainda faltam algumas semanas...

AC-É porque nós preferimos fazer um presente para cada semana, até o dia das mães.

B-Que amor! Eu adorei!

Di-Mamãe, a idéia foi minha!

AC-Não foi não, Diego. Foi de nós três.

Di-Mas eu falei primeiro.

Be-Não, eu falei! (Os três entraram em uma discussão e Armando apenas suspirou, olhando para Betty.)

A-É o seu turno.(sorriu.)

B-Ei! Não briguem!(disse pacientemente.) Eu adorei a idéia, não importa de quem seja. Mas tem um assunto importante... Vocês já tomaram banho?(Os três se calaram.)

Di-Eu já.(sorriu.)

A-Ah já Diego?(cruzou os braços.) E quando foi que você tomou banho?

Di-Hoje de manhã para ir à escola.

B-Eu não acredito. Vocês são iguaizinhos ao pai de vocês.(colocou as mãos à cintura.) Quero os três lá em cima no banho em cinco segundos.

Be-Mas mamãe...(Bernardo suspirou.)

B-Mas nada.(Anna rapidamente se afastou seguindo em direção à escada.) Viram só? Anna é obediente. Estou esperando vocês.

Be-Mas nós não precisamos tomar dois banhos por dia.(disse manhoso.)

B-Se vocês não tomarem banhos todos os dias, vão chegar na escolinha e nenhum amigo vai querer ficar perto de vocês.

Di-Tudo bem. Nós nos fazemos companhia. (sorriu vitorioso. Betty riu.)

B-Um...(Os dois se olharam.) Dois...

Di-Mamãe...

B-Três...(Os gêmeos viraram-se para Armando.)

A-Não olhem para mim. Ela quem manda.(respondeu rapidamente)

B-Quatro... Vão me fazer chegar no cinco?(ela abriu a boca mais uma vez e os dois saíram correndo subindo as escadas. Armando gargalhou e se aproximou dela.)

A-O que acontece quando você chegar no cinco?

B-Não sei. Nunca precisei chegar, por sorte. Mas se continuarem teimosos como o pai, vou ter que pensar em alguma coisa.

A-A culpa não é só minha. Você também é teimosa.

B-Mas eu não desobedecia meus pais.

A-E por que acha que eu desobedecia.

B-Porque isso está estampado na sua cara, Armando Mendoza. E sua mãe também já me disse isso. Aliás... Precisamos conversar sobre essa história de você colar chiclete no cabelo da Camile quando ela tinha dois anos.(Armando riu.) Se seus filhos aprenderem isso...

A-Não vão. A não ser que alguém conte essa história para eles.

B-Já está de bom tamanho as travessuras que eles fazem.

A-Você fica tão linda quando está brava.(a segurou pela cintura, galanteador.)

B-E você fica charmoso quando tenta me tranquilizar. Principalmente com essa cara de sínico.

A-Cara de sínico?(aproximou seu rosto do dela, sorrindo) Não estou fazendo cara de sínico.

B-É natural.(o puxou para beijá-lo. Por um tempo esqueceram-se de que tinham três crianças para cuidar, e o beijo demorou um pouco mais do que deveria. Ao menos até serem interrompidos.)

S-Oi! Ah! Desculpe. Não sabia que estavam em um momento de intimidade.(virou-se de costas.)

A-Ei! Ei! Espere aí.(falou rapidamente e ela virou-se para ele, com a feição tensa.) Aonde é que você estava até essa hora?

S-Eu disse que ia sair com o Gael.

A-Mas isso faz três horas. Já deveria estar em casa há tempos.

S-Pai...

B-Armando.(o olhou) Ela não tem mais quinze anos.

A-Mas ela ainda vive debaixo do mesmo teto que eu.(disse mal humorado)

S-Não acredito que ainda tem ciúmes do Gael.(sorriu divertida.) Pai, já namoramos há tanto tempo.

A-E eu nunca vou me acostumar com isso.

B-Como foi o encontro?(perguntou empolgada.)

S-Foi ótimo.

A-E o que fizeram?(Betty balançou a cabeça negativamente e Sofia riu.)

S-Bom... Nada demais. Ele só... Me pediu em casamento.(Dessa vez betty acompanhou Armando e a olhou perplexa.)

A-Ele... O que?(O rosto dele se avermelhou.)

S-É brincadeira!(Sofia riu e os dois suspiraram aliviados.) Meu Deus! Vocês precisam relaxar um pouco.

B-Não brinque com isso enquanto não tiver certeza de que consegue fazer um transplante de coração no seu pai.(ela riu.)

A-Isso não tem graça.

S-Pai, relaxa.(se aproximou e lhe deu um beijo no rosto.) Você ainda é o meu preferido.

A-Acho bom.

S-Eu vou subir e tomar um banho antes do jantar, tudo bem?

A-Certo.(Sofia se afastou sorridente. Betty olhou para Armando e ele continuava olhando para a escada, suspirando logo depois.)

B-Ela não é um amor?

A-É. É sim.(sorriu.)

B-E logo vai ser médica. Não é motivo suficiente de orgulho?

A-Muito.

B-Então fique feliz por nossos filhos estarem crescendo assim.(tocou carinhosamente no rosto dele.) Damos o nosso melhor.(ele sorriu e lhe deu um rápido beijo.) Não quer ir ver como seus filhos estão no banho? Tenho certeza de que já derrubaram o chuveiro à essa altura.(Ela riu.)

A-Tudo bem.(sorriu.) Mas hoje a noite você não me escapa, Beatriz Mendoza.

B-Acho bom.(sorriu e ele se afastou.)

....

A manhã de sábado estava agradável. A família estava reunida para um churrasco, que havia virado costume. As gargalhadas das crianças, as piadas dos adultos e a música não podiam faltar. Mas diferente das outras vezes, Armando não estava na churrasqueira ou estava junto com os homens falando sobre futebol. Estava escorado ao parapeito da varanda observando tudo ao longe, com um largo sorriso no rosto. As vezes ele se pegava fazendo isso, admirando sua família e tudo o que conquistou. Sua parte preferida era olhar para Betty e as crianças, que sempre estavam esbanjando felicidade.

C-Você parece extremamente sentimental hoje.(parou ao seu lado lhe entregando uma cerveja.)

A-Obrigado.(pegou a lata.)

C-O que tanto pensa quando fica assim com essa cara de bobo?

A-Como minha vida é boa.(sorriu.)

C-É, não é? Às vezes acho que é mais do que você merece.(ele a olhou.) É brincadeira.(Ela riu.) Você sabe que merece.

A-É que as vezes parece que é tão... Surreal. Você se lembra como as pessoas agiam quando eu falava que queria ter filhos e me casar? Ninguém levou fé.

C-É... Confesso que por um tempo eu também não levei.

A-Não culpo ninguém por isso. Minha vida era resumida em festas, carro de luxo e mulheres de todos os tipos. É compreensível que ninguém levasse fé nisso.

C-Mas admiro muito esse seu desejo, e admiro ainda mais você ter conseguido realizar isso.(Os dois ficaram um tempo em silencio olhando para a família reunida ao jardim.) Betty é ótima. Eu não consigo pensar em ninguém mais para ser a mãe dos seus filhos e para te agüentar todos esses anos.

A-Nem eu.(ele riu.)

C-Ela deveria ganhar um prêmio por isso.

A-O prêmio sou eu.

C-Nah... (torceu a boca e ele esbarrou seu ombro no dela.)

A-Não finja que não me atura. Mamãe já disse que você chorou a primeira noite quando fui morar fora.

C-Eu tinha dezesseis anos.

A-Isso não é desculpa.(Ela riu.) E você e Henrique. Como estão?

C-Estamos bem.(olhou para Henrique, que conversava animadamente com Eduardo.) Estamos pensando em marcar o noivado.

A-Mas já?

C-Esperar mais para que? (o olhou.) E não quero ouvir sermão de alguém que se casou obrigado.

A-Tudo bem. Vou me calar.(ela sorriu.) Ele é o meu parceiro. Confio nele.

C-Que bom, porque você e Betty serão os padrinhos.

A-Eu me sentiria ofendido se não fosse.(ela riu e o abraçou.)

C-Você é um bobão.(ele sorriu e retribuiu o abraço.) Agora... Vai voltar para a festa ou vai ficar aí com essa cara de bocó?

A-Vamos...(Os dois caminharam juntos em direção ao movimento, abraçados. Assim que se aproximaram, Camile se separou do abraço e se aproximou de Henrique, recebendo um beijo carinhoso. Armando fez o mesmo com Betty, mas não se afastou após o beijo. Continuou abraçado à ela, com a cabeça encostada no ombro dela.)

B-Amor, o que foi?(riu enquanto retribuía o abraço.)

A-Eu te amo.

B-Eu também te amo.(ele ergueu a cabeça para olhá-la.)

A-Não quero que se esqueça disso.

B-Não vou me esquecer.(sorriu tocando em seu rosto carinhosamente.) Está sentimental hoje?

A-Acho que estou naqueles dias.

B-Droga. Justo hoje que planejei uma noite especial para nós dois?

A-Já passou.(ela riu.)

B-Bobo.

A-Eu te amo, Betty.

B-Você já disse isso, amor. E eu também te amo.

A-É que não quero parar de dizer nunca. Ele a olhou com ternura.(ela sorriu e se preparou para beijá-lo, mas Anna os interrompeu.)

AC-Mamãe! Bernardo e Diego estragaram o seu jardim de novo!

B-Meu Deus...(levou a mão à testa.) Esses garotos vão me enlouquecer.

A-Não fique nervosa hoje, amor. Amanhã eu te ajudo a arrumar isso.

AC-Mas dessa vez eles estão comendo as folhas!

B-O QUE? (a olhou abismada.) Ai meu Deus!(Imediatamente ela correu em direção ao canteiro, e todos a olharam curiosos. Armando e Anna a seguiram e quando ela se aproximou dos gêmeos, logo viu que eles estavam com algumas folhas nas mãos.) Mas o que é que vocês estão fazendo?(perguntou eufórica abaixando-se na frente deles.) Tirem isso da boca, agora!

Be-Mas mamãe...

B-Não. Nada de "mas"!(Bernardo cuspiu a folha que estava em sua boca, mas Diego já havia engolido a sua.) E se isso for venenoso?(perguntou apreensiva, olhando para os dois.) Armando!(Assim que se aproximou, ele se abaixou ao lado dela.)

A-Deixa o papai ver o que é isso.(esticou sua mão, e os dois colocaram as folhas nas mãos dele. Armando as examinou e logo depois as cheirou.) Não, não são venenosas.

B-Tem certeza?(Armando olhou para ela, sem precisar responder.) Vocês vão me deixar louca.(respirou aliviada.)

Di-Be-Desculpe, mamãe.(Os dois disseram em uníssono. Betty recuperou seus batimentos por um tempo, e logo depois puxou os dois para um abraço.)

B-Não assustem a mamãe assim.(Os dois retribuíram o abraço em silencio.)

Di-Podemos continuar brincando?(ela soltou o abraço e não soube o que dizer. Não podia proibir as crianças de brincarem, mas também não sentia-se segura de deixá-los sozinhos. Os gêmeos pareciam ter herdado todo o espírito de aventura da família, e ela sempre estava arrancando os cabelos de preocupação com eles.)

A-Querem saber? Tive uma idéia. Vamos brincar de uma coisa que eu sei que vocês gostam.(se levantou.)

Be-Di-O que?(Perguntaram animados.)

A-De... Pique pega.(sorriu.)

AC-Está comigo, papai!(disse animada.)

A-Então só nos resta... Correr!(ele pegou os gêmeos no colo e saiu correndo, no mesmo instante Anna correu atrás dos três, gargalhando. Betty sorriu olhando para os quatro se divertindo e voltou para perto da família, aliviada pelo susto ter passado.)

J-Está tudo bem?

B-Sim. Só... Fico preocupada com os gêmeos. Se parecem demais com o Armando.

Mg-Ah não, querida.(ela riu.) Armando era muito pior.

B-Ótimo. Então tem como piorar ainda mais.

J-Vocês dão conta.(ela riu.) Vocês são ótimos pais.

B-Obrigada, mamãe. Mas ainda assim eu fico louca com essas crianças.

Mg-Mas não é gratificante ver isso todos os dias?(perguntou e as três olharam para Armando rolando na grama com as crianças.)

B-Sim.(sorriu.) Muito.

O clima estava ótimo, e todos estavam se divertindo. Mas uma nuvem negra pairou sobre o jardim quando Sofia e Gael passaram pelo portão, e Sofia estava praticamente soltando fumaça pelo nariz.

G-Meu amor, fique calma!(tentava acompanhá-la, mas ela caminhava como um touro.)

S-Calma o caramba!(gritou, chamando a atenção de todos, inclusive das crianças.)

G-Não foi nada, sério!

S-Foi muito, isso sim! E eu deveria ter...(Antes que ela terminasse a frase, ela percebeu que todos olhavam para os dois.)

B-O que houve?(perguntou aproximando-se dos dois.)

G-Sofia está furiosa.

B-Isso eu percebi. Mas por quê?(Sofia respirou fundo algumas vezes, tentando se acalmar.)

A-O que aconteceu?(também se aproximou. Gael olhou para Sofia, mas pelo visto ela ainda não estava calma o suficiente para falar.)

G-Ela se irritou porque estávamos em uma reunião com os antigos colegas do ensino médio, e um dos caras se recusou a apertar minha mão.(Armando e Betty a olharam.) Eu disse que não me importo com isso, mas...

S-Deveria se importar!(disse irritada.) Foi horrível! Foi ridículo! Ele é um idiota, e eu deveria tê-lo mandado para a...

A-Epa!(a interrompeu.) E o que foi que vocês disseram para ele?

GhEu não. Ela disse.(a olhou)

B-O que você disse, filha?(a olhou.)

S-Eu disse que ele era um imbecil, e que não deveria ter esse preconceito com Gael, porque ele não é nenhum tipo de aberração.

G-Não foi só isso que ela disse...(prendeu o riso.) A frase pareceu bem curta sem os palavrões.

A-Palavrões?(franziu o cenho.) Você não é disso.

S-Mas eu fiquei irritada, pai! Ele foi um idiota!

A-E o que mais aconteceu?

S-Eu beijei o Gael na frente dele.

G-E ele ficou com uma cara muito engraçada.(ele riu.)

B-Então você deu uma boa lição nele. Por que está tão irritada?

G-Isso que eu disse.

S-Porque eu ainda não consigo entender como as pessoas ainda tem esse tipo de preconceito! É ridículo!

B-Meu amor... Infelizmente é o que vocês dois irão enfrentar.(disse pacientemente.) Você faz bem em defendê-lo, mas se irritar com isso não vai levar a nada.

G-Obrigado, Betty. É isso que sempre digo à ela.(falou segurando a mão de Sofia.) Não precisa se irritar com isso porque estou acostumado.

S-Mas eu não.(o olhou.) E se outra pessoa tratá-lo assim, eu vou...

A-Vai responder com calma, e com paciência. Você não vai conseguir tirar o preconceito de alguém se irritando assim.(Sofia bufou cruzando os braços.)

B-Quer saber? Vamos deixar vocês dois conversarem a sós. Quando você se acalmar, voltem para cá. O almoço já foi servido.(sorriu.)

G-Obrigado.(Betty segurou a mão de Armando e os dois se afastaram, voltando para perto dos outros que estavam curiosos para saber o que aconteceu. Sofia caminhou até a varanda e Gael a seguiu em silencio, esperando que ela se acalmasse para conseguir conversar.)

G-Está mais calma?(perguntou olhando-a.)

S-Um pouco.

G-Sofi, você já deveria estar acostumada com isso....

S-Não me acostumo, Gael. E sabe o que eu acho? Que essas campanhas não são suficientes. Pessoas como aquele idiota tem em todo o lugar.

G-Exatamente. Já pensou se nos preocupássemos com essas pessoas em todos os lugares? Não conseguiríamos nos divertir.(Ela ficou em silencio.) Olha... Para dizer a verdade, a única pessoa que precisa estar ao meu lado é você, e você já faz isso. O resto não me importa. Podem recusar a apertar minha mão, podem recusar me abraçar. Eu realmente não ligo. Se eu tenho você, nada mais me importa.(Sofia sorriu e ele segurou sua mão.) Fica tranqüila, ta bom?

S-Vou tentar.

G-Além do mais... Você precisa estar acostumada, porque quando nos casarmos vai ser ainda pior.

S-Nos casarmos?

G-É claro.

S-Não está pensando nisso rápido demais?(Ela riu.)

G-É claro que vamos nos formar primeiro, mas eu já penso no nosso futuro. Você não?

S-Sim.(apertou a mão dele carinhosamente.) Claro que penso.

G-Você ainda tem receio de alguma coisa?

S-Você faz o tratamento, nós nos cuidamos, fazemos acompanhamentos e fazemos todos os exames de rotina. Não tenho receio nenhum.(sorriu.)

G-Que bom.(se aproximou.) E não quero que fique irritada com essas coisas, ok?

S-Tudo bem. Eu vou tentar.(ele sorriu e se preparou para beijá-la.) Posso pedir uma coisa?

G-Claro.

S-Pode não falar sobre esse assunto de casamento com o meu pai hoje? Não quero que ele aproveite a churrasqueira para jogá-lo lá dentro.(Ele riu.)

G-Combinado.

S-Obrigada.(riu e enfim Gael a beijou.)

...

A noite chegou e junto com ela o cansaço de um dia inteiro de diversão com a família. Depois que colocaram as crianças para dormir, Armando e Betty foram para o quarto e caíram exaustos na cama. Ficaram um tempo deitados um ao lado do outro, até Betty virar-se para ele.

B-Eu juro que planejei uma noite para nós dois, mas eu estou exausta.

A-Que bom, porque eu também estou.(sorriu) Teremos mais tempo para isso. Além do mais, precisamos de muita energia.

B-E como.(Ela riu.)

A-Mas é ótimo, não é? Quando a família vem para cá.

B-Sim! Muito!

A-Gosto de ver como nossos pais estão felizes e se dando tão bem.

B-Eu também. Gosto principalmente de ver como minha mãe puxa tanto o seu saco.

A-É claro que tem que puxar meu saco. Sou o melhor genro que ela tem.

B-E o único.

A-Fiz de propósito para saber o que você ia falar.(sorriu.)

B-Não me provoque assim, Armando. Sabe que eu não resisto. E se eu gastar um pouco mais de energia hoje, posso não acordar amanhã.

A-Você precisa parar com essas brincadeiras sem graça.(disse sério e Betty gargalhou, abraçando-o.) Sabe que eu não gosto.

B-É que eu adoro quando você fica emburrado.

A-Não estou emburrado.

B-Está sim. Mas saiba que quando você faz isso eu...

A-Shh.(sentou-se à cama.)

B-O que foi?

A-Está ouvindo isso?(ela se calou e prestou atenção, tentando entender sobre o que ele estava falando. Mas logo ela ouviu algumas gargalhadas ao longe, e logo soube de onde vinham.)

B-Ah, não acredito...(voltou a se deitar.) Eu pensei que eles estivessem dormindo.

A-Pelo visto não se cansaram como a gente.

B-Eu não tenho mais forças para brincar hoje, Armando.

A-E nem eu. Meus joelhos estão doendo de ficar rolando na grama com eles.

B-Tudo bem. Então para ser justo, vamos os dois.

A-Ok.(Os dois se levantaram e seguiram, quase arrastados, até o quarto dos gêmeos. Anna abriu a porta do seu quarto e os olhou sonolenta, esfregando os olhos.)

AC-Que barulho é esse? Não consigo dormir.(Betty fez sinal de silencio para ela e devagar empurrou a porta do quarto. Para sua surpresa, os gêmeos haviam montado uma barraca improvisada no quarto, usando um lençol e duas cadeiras. Com as lanternas acesas e as luzes do quarto apagadas, os dois gargalhavam dentro da "barraca", e mal notaram que Betty estava olhando para os dois.)

S-O que houve?(saiu do quarto. Só então os gêmeos perceberam que todos os olhavam da porta, mas não se acanharam. Continuaram gargalhando.)

B-Não acredito.(cruzou os braços rindo.) Vocês não vão dormir não?

Be-Depois, mamãe.

Di-Vem pra cá, mamãe!(Betty olhou para Armando, que balançou a cabeça afirmando. Os dois adentraram o quarto e abaixaram-se para conseguir entrar na barraca improvisada dos gêmeos. Logo Anna e Sofia também estavam lá dentro, e para a surpresa de todos, coube a família inteira debaixo da barraca. Betty e Armando deitaram-se um ao lado do outro, e todos encaravam o teto enquanto os gêmeos brincavam com as lanternas.)

AC-Coube direitinho!(disse animada.)

S-É. Isso se a mamãe e o papai não resolverem encomendar outro irmão para nós.(brincou e Armando e Betty prenderam o riso.)

AC-Ah, podemos? Eu adoraria ter uma irmã mais nova.

B-Ai meu Deus... (sussurrou e Armando riu.)

A-Pensaremos no caso, filha.(respondeu, levando um tapa discreto de betty)

S-Eu acho que já estamos de bom tamanho. Quatro é um numero muito bom.

B-Tem razão, Sofi. Quatro é um ótimo numero. E comigo e o papai, somos seis. É melhor ainda.

Be-Eu não queria ter outro gêmeo.

Di-E nem eu.

A-Que bom.(comentou e todos riram. Ficaram um tempo em silencio, apenas observando as luzes das lanternas refletindo o teto do lençol. Armando entrelaçou sua mão à de Betty e virou seu rosto para olhá-la. Lety fez o mesmo, e quando seus olhares se cruzaram, ela sussurrou "eu te amo". Enquanto as crianças começavam uma nova discussão, Armando beijou carinhosamente a mão de Betty, fazendo-a entender que ele estava dizendo o mesmo com aquele gesto.)

AC-Sabe o que eu queria fazer? Ir para a praia.

S-É uma boa idéia.

Di-Be-Eu também quero!(Os gêmeos disseram juntos.)

S-Mãe? Pai?

A-Praia em família. É... Seria ótimo. (continuou olhando para Betty.) O que acha?

B-Acho que seria maravilhoso.(sorriu enquanto o olhava.)

AC-Di-Be-Eba! (Anna e os gêmeos comemoraram.)

Enquanto a conversa se estendeu, Armando e Beatriz continuaram a se olhar, sem precisar dizer um ao outro o quanto se amavam e o quanto tinham orgulho da família que formaram. Já diziam isso todos os dias quando acordavam pela manhã e sorriam ao ver a família reunida à mesa. Um casamento que começou errado, mas que se tornou uma perfeita união, da melhor maneira possível. E os dois sempre carregavam a certeza de que sempre estariam dispostos a dizer "sim" um para o outro. Todos os dias. Para sempre.

Fim♥️🥰



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