História Amor, amor, negócios à parte - Capítulo 2

- ALÍCIA PARRILLA ME EXPLIQUE O QUE É ISSO? - digo sem conter qualquer exaltação na voz.

 O susto veio logo após escutar os berros da morena, a seguir vieram os olhos arregalados, a cena presente não condizia com o que passava na cabeça da mais velha.

-Não mãe, não é nada do que você está pensando, a gente estava apenas assistindo um filme e acabamos por dormir – se explicou sem delongas, o medo deu sua voz.

-Ah, então não é o que estou pensando? – falou irônica - Vocês podiam ver um filme na sala, não precisamente no seu quarto, sem contar as horas, você tem noção que horas são!

-Para você estar em casa, acredito que bem tarde – disse sem pensar recebendo um olhar de reprovação da morena à sua frente 

-Desculpa tia, eu já estou indo, está realmente muito tarde – antes de sair o menino olhou ternamente para sua “amiga” em forma de conforto - é o melhor que eu posso fazer agora - sussurra para a menina ao seu lado e se retira imediatamente, não deixando de perceber o olhar matador que recebia de Lana ao passar do seu lado.

-Depois nós vamos conversar Mattew - acompanhou com o olhar até perder o menino de vista e sentou-se ao lado de sua filha na cama – Filha, eu pensei que você confiasse em mim e que se algo do tipo fosse acontecer você me contaria, também pensei que poderia confiar em você – olhou para sua filha com um misto de preocupação e ternura - você é muito nova para essas coisas, se envolver com alguém trás muitos quesitos à tona, você corre risco de sair magoada.

- Eu não vou me magoar – disse como se sua mãe falasse a maior barbaridade possível - pare de achar que todo mundo vai passar pelo que você passou mãe! – o olhar que recebeu de sua mãe, indicava para a mesma não ir por esse caminho - Mat nunca vai ser igual você diz que o meu pai foi, ele é diferente, é carinhoso e atencioso comigo!

-Igual eu digo que seu pai foi? – Lana odiava que sua palavra fosse contestada, ou tomada como inverdade - Você realmente acha que eu teria virado minha vida de cabeça para baixo, que teria recomeçado minha vida, que eu tenha trabalhado tanto, que eu esteja dando o meu máximo esses anos todos, só por invenção de algo que seu pai fez? – olhou incrédula para a menina ao seu lado – acho que você realmente não me conhece.

-Se você tivesse certeza me falaria sobre ele, sobre o que realmente aconteceu entre vocês, ou se ele pelo menos está vivo, pelo menos me contaria o que aconteceu com ele, se ele está bem e não ficaria tão presa aos seus medos a ponto de nem me falar sobre ele! – olhou nos olhos de sua mãe e soltou. Soltou uma bomba e não tinha a mínima noção do estrago que faria.

                                                            -------- Flashback On ----------

-Boa noite amor, consegui sair mais cedo, podemos jantar naquele restaurante que você ama, ou pedir comida e passar o resto do dia na cama, podemos matar a saudade, eu estou morta de saudades de você, você nem tem noção!- dizia animada enquanto chegava a sua casa procurando pelo seu marido, só não contava em ouvir uma conversa despretensiosamente, mal sabia que aquilo faria seu mundo cair...

"-Ok, pode deixar! Encontro-te amanhã às 19hrs... Pode deixar linda, beijos loirinha... Até..."

- Tudo bem querido? - entrou no quarto e o mesmo se assustou jogando o telefone na cama.

-Chegou mais cedo meu amor? – dizia com a cara mais lavada e ia em direção à morena em uma tentativa de lhe selar os lábios.

-Sim, a reunião foi mais rápida do que eu imaginei – Recuo-se atrapalhando sua tentativa de lhe beijar.

- Está tudo bem? – olhou estranhando a forma esquiva de sua esposa.

-Sim, só estou um pouco cansada – sentou- se na cama enquanto desabotoava sua camisa e observou o celular de seu marido ao seu lado.

-Ok então. Irei tomar um banho, o que acha de me acompanhar e relaxar um pouco? – disse maliciosamente enquanto beijava o pescoço da mesma.

-Vai à frente, irei guardar minhas coisas e logo te acompanho - sorriu e quando ele saiu do cômodo a mesma aguardou alguns minutos, escutou o chuveiro sendo ligado e não resistiu em olhar o aparelho.

"Rose: Não se esqueça, estarei no quarto nº 108 te esperando, daquela mesma forma!"

A incredulidade foi inevitável ao olhar a mensagem, como podia amar alguém, se esforçar ao máximo para ser uma esposa presente e maravilhosa, e receber isso em troca? Estava sentindo-se péssima, com uma enorme angústia, era uma decepção imensurável, que ela com certeza não desejaria para ninguém, pois naquele momento teve certeza que seu casamento era fadado ao fracasso.

                                                         ----------- Flashback off ----------

 Olhou com os olhos marejados para sua filha e decidiu que palavras não mediriam sua magoa, nunca pensou em ouvir palavras tão duras de quem tanto jurou e deu amor, resolveu que a melhor solução era descansar, pois esse dia tinha que terminar.

 A única coisa que martelava em sua cabeça era que seria difícil demais aceitar que a sua menina tinha crescido e por mais que eu não quisesse que ela se sofresse como havia sofrido com o seu ex marido, ela tinha que entender que sua filha estava se tornando uma mulher e ela não poderia protegê-la de tudo como queria, teria que a deixar ela ter suas próprias experiências, seu único “conforto” era que Mattew era de longe um garoto ruim, muito pelo ao contrário, ele sempre cuidou de sua filha com atenção e um carinho que em sua cabeça era como de um irmão e talvez seja por isso que não conseguiria ver ele como algo além disso para ela.

                                                                           ...

 Assim que Lana acordou, achou que teria seu dia de paz, mas já havia duas mensagens de Jen em seu celular, era real, ela não teria um dia tranquilo nem tão cedo.

" Jen: já está na hora de acordar, não acha não dona Parrilla?"

"Jen: Será que a Evil Queen me concederia um jantar hoje à noite?"

"Lana: Jennifer, hoje é meu dia de folga vê se não me enche... Algum jantar de negócios?"

Depois de segundos ela me responde

"Jen: Não em pleno domingo, apenas um jantar amigável, faz muito tempo que nós não fazemos isso, aliás, acho que até anos"

"Lana: Não sei... Dou-te a resposta mais tarde"

Será que a Morrison estava flertando comigo? Aquela frase de ontem não passou despercebida, há um tempo venho notando um olhar diferente e um novo tom em suas brincadeiras, mas não consigo imaginar uma maneira fácil de dizer a ela que por mais afinidade que nós temos, isso é apenas trabalho.

   Pov Alícia

Assim que minha mãe saiu do meu quarto, tive certeza que a magoei, foi um impulso altamente mal pensado... Minha mãe por fora é uma mulher tão durona, dona de si, com uma armadura incorrosível, mas por dentro ela é tão sentimental quando o assunto sou eu ou  algo relacionado ao meu pai.

 Eu apenas queria detalhes, ou pelo menos saber da história, ela nunca contou a completamente, para mim, o que eu sei é que ela o expulsou de casa quando eu iria fazer dois anos, o máximo que ela diz é o quanto ele a magoou, o resto meu tio conta, mas ele prefere que minha mãe me explique tudo.

 Logo depois mandei uma mensagem para o Mattew, queria saber ele tinha chegado bem.

 Durante a noite levantei-me para beber água, escutei minha mãe chorando em seu quarto e me senti a pior pessoa do mundo, eu não sei exatamente o que aconteceu entre eles, mas sei que tudo que minha mãe faz é por mim e eu não tinha o direito de ter despejado aquelas palavras sobre ela. Assim que voltei para o quarto me permiti chorar, não por medo do que poderia acontecer e sim por arrependimento, eu nunca deveria ter usado palavras tão pesadas e tocado em um assunto que eu sei o quanto a magoava.

                                                                             ...          

Eram umas 10h00min quando acordei, já desci correndo para o café para conversar com a minha mãe e ela preparava meu café da manhã favorito – não sei se aquilo fazia parte do seu ritual de folga, ou era só para me torturar psicologicamente - porém ela estava em qualquer mundo, menos aqui, mas eu não desistiria, sentei no balcão e tentei puxar assunto...

-Bom dia mãe – disse com o meu tom mais animado

-Bom dia, dormiu bem? - ela continuava distraída, tom de voz distante, estava me respondendo no automático.

-Dormi e você? – ela realmente não estava aqui.

-Se eu falar que dormi bem você vai acreditar ou também vai achar que estou mentindo? – independente de onde ela estava, ela voltou, sua voz presente e autoritária estavam de volta e seu olhar penetrante também.

-Mãe desculpe-me por ontem, eu falei no calor do momento, não queria te deixar magoada, só que a realmente não tinha acontecido nada entre o Matt e eu – suspirei e olhei os seus olhos – eu errei, estava na defensiva e acabei te atacando sem necessidade.

-Eu acredito em você, mas o que você queria que eu pensasse? – ela me olhou e realmente, no lugar dela eu teria pensado a mesma coisa – eu chego em casa vejo vocês dois “Oh que lindinhos! Eles só resolveram assistir filme no quarto dela e resolveram dormir juntinhos, deve estar relembrando a infância”. Eu sou sua mãe, nunca me imaginaria em uma cena dessas, eu simplesmente estava aflita, com medo e surpresa, não fui prepara para isso.

-Tudo bem, eu entendo... Você me desculpa por ter falado aquilo do meu pai? – olhei para ela, estava com medo, eu falei pisando em ovos, não saberia a reação dela, ainda mais pelo o que vinha a seguir.

- Claro que eu te desculpo filha, você é tudo que eu tenho de mais precioso, não aguentaria ficar muito tempo chateada com você – ela deu um sorriso leve, graças a Deus, ela sorriu, mas acho que não era a melhor hora. 

-Mas mãe... Falando no meu pai, eu recebi uma carta dele... – pronto a última bomba foi lançada.

Vejo minha mãe se atrapalhar e se queimar com a panela, eu nunca tinha a visto assim, minha mãe estava igual um fantasma e com um semblante assustado