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História Amor bandido - Capítulo 31


Escrita por: larishim

Capítulo 32 - Capítulo 31


Se havia algo que Marco não compreendia totalmente era a capacidade daquele trio em mudar completamente o foco das coisas. Haviam pego o ônibus para o tal bar e já havia perdido as contas de quantas alfinetadas sobre qualquer assunto eles tinham trocado ou quantas piadas sobre tacos e bolas ouvira naquele meio tempo.

E outro ponto que não entendia era como foi convencido novamente a participar de uma aposta com eles. Claro, o olhar de cachorrinho sem dono e os argumentos manhosos de Ace talvez explicassem muita coisa, mas definitivamente não deveria ter aceitado.

Sabia que não era tão bom assim no jogo, afinal, nunca jogara sinuca na vida e torcia para que ao menos Ace soubesse o que estava fazendo.

Definitivamente não queria perder aquela aposta, não quando envolvia dinheiro, e muito, dado o tanto que o ruivo comia.

Ao entrarem no bar, achou que fosse mais iluminado do que aquilo, mas a luz fraca do ambiente tornava bem difícil enxergar com clareza. A primeira coisa que fizeram após adentrar o recinto foi pegar alguns tacos e se apossar de uma das mesas de sinuca.

— Vamos começar essa brincadeira. — Pontuou Ace em um tom empolgado, girando um dos tacos em sua mão, tentando fazer a madeira passar cuidadosamente entre seus dedos. Contudo, o taco escorregou de suas mãos após uma das pontas bater contra o canto da mesa e o moreno arregalou os olhos quando o objeto caiu em seu pé, o assustando.

— Parabéns, quebra tudo mesmo. Mal chegamos e já vamos ser expulsos. — Provocou Kid em um tom de deboche, pegando seu próprio taco para ajeitar as bolas sobre a mesa.

— Vamos nada. Confia. Hoje eu vim para ganhar. — Afirmou o sardento, pegando o taco do chão e o deixando encostado na mesa. — Vou pegar algo para tomarmos.

E, depois disso, o moreno se afastou do grupo, caminhando em direção ao bar. Marco suspirou baixo, repensando toda sua vida até ali. Agora lhe parecia pouco provável que Ace soubesse o que estava fazendo e ele tampouco sabia.

— Vocês vão precisar de muita sorte 'pra vencer, Marco-ya. — Comentou Law dando um leve tapinha no ombro alheio. — Mas não se preocupe, o Kid também é péssimo em sinuca, então não estamos muito diferentes.

— Agora me sinto muito melhor, obrigado. — Disse o loiro em um leve tom de ironia que arrancou risadas do tatuado.

— Você sabe jogar? — Questionou Law, logo recebendo uma negação como resposta. — Vou te explicar o básico das regras e como usar o taco.

O tatuado lhe entregou um dos tacos e começou a explicar as regras básicas do jogo, dizendo o que deveriam fazer, quais bolas podiam encaçapar e outros pontos que julgava importante para o jogo. O loiro apenas assentia com as informações dadas e tentava absorver a ideia daquele jogo, deveria bater o taco na bola branca para tentar derrubar as demais, parecia algo simples até. As demais regras pareciam complexas para a teoria, mas imaginava que na prática suas dúvidas se esclareceriam.

Algum tempo depois, Ace retornou com alguns copos e uma garrafa de cerveja, deixando em uma mesa comum próxima de onde estavam e entregando um copo cheio para cada. Logo os quatro estavam prontos para iniciar aquela partida.

— Eu começo, vou estourar essa porra. — Afirmou o ruivo girando o taco em suas mãos e deixando a parte mais grossa virada para a esfera branca.

O som alto da bola batendo contra as outras e as espalhando pela área esverdeada deu um leve susto no loiro que não estava esperando que fosse um jogo tão agressivo, ou talvez fosse apenas algo do temperamento do ruivo e de sua determinação em ganhar aquela aposta.

— Porra, não caiu nenhuma? 'Tá me tirando? — Resmungou o ruivo encarando a mesa de sinuca como se a fulminasse.

— Não derrubou, perdeu a vez. Quer ir primeiro, Marco? Olha, tem aquela ali que está pronta para cair, se você bater ali naquela quina, ela vai certinho 'pra caçapa. — Pontuou o moreno apontando com o taco para a bola que se referia, indicando o ângulo que o outro deveria utilizar para acertar.

— Pensei que não soubesse jogar... Você está cheio de dicas para alguém que não sabe. — Comentou o maior, ajeitando o taco e seguindo as orientações do moreno, mirando da melhor forma que podia e dando um toque mais suave na bola.

O loiro acompanhou a esfera girar pela mesa e bater contra a bola esverdeada que estava na ponta, logo a fazendo cair para dentro da caçapa, tal acontecimento gerou uma comemoração do moreno que lhe abraçou pela cintura, — o que a principio foi um pequeno choque para Marco, mas acabou por se acostumar rápido com o contato, — e um resmungo negativo do ruivo, enquanto o tatuado deu um pequeno sorriso debochado para o maior de cabelos espetados.

— Parece que alguém está com sorte de principiante. — Disse Law em um tom tranquilo. — É sua vez de novo, Marco-ya.

— Ficamos com as pares, então. Ali, se você bater naquela azul com um pouco mais de força, vai conseguir deixar na boca. — Sugeriu o sardento se afastando do maior com um enorme sorriso empolgado, mostrando sobre qual estava falando.

— Deve ser... Ou tive um ótimo professor. — Falou o loiro, ajeitando novamente o taco, mirando e seguindo as instruções do menor. Logo a bola branca deslizava pela imensidão esverdeada e atingia a outra, levando-a até próximo da caçapa, mas sem derrubá-la.

— Boa, somos uma ótima dupla. — Reiterou o moreno em um tom animado, sua mão se erguendo levemente para que o maior tocasse com a dele.

O loiro suspirou baixo e tocou sua palma contra a do menor, sentindo-se um pouco mais tranquilo naquela aposta, já que aparentemente o sardento parecia saber do que estava falando. O tatuado logo tomou a frente após encerrar a jogada de Marco, suas orbes douradas atentas a todas as bolas espalhadas pela mesa, pensando na melhor estratégia e ângulo para aquele momento. Com precisão, deitou o taco sobre seus dedos e mirou com cuidado, dando uma batida mais forte, fazendo a bola bater em uma amarelada que ricocheteou na lateral, e caindo na caçapa do meio.

— Toma essa, estamos empatados. Vamos ver até quando a sorte vai estar do lado de vocês. — Anunciou Kid dando uma leve risada convencida. — Sabia que daríamos certo como par... No jogo...

— Essa pausa dramática... Deveria dizer logo de uma vez que quer ser o par do Law na vida também... — Comentou o sardento brincando com o taco em suas mãos, movendo-o de um lado para o outro.

— Como se ele fosse aceitar... — Murmurou o ruivo, acompanhando com o olhar o tatuado fazer mais uma jogada, dessa vez, deixando a bola em uma boa posição para a próxima rodada.

— Você só vai saber se eu vou aceitar ou não se me perguntar, não acha? — Questionou Law após encerrar o seu turno, seu olhar se dirigindo para o ruivo e uma de suas sobrancelhas se erguendo sutilmente junto a pergunta.

— E você aceitaria se eu perguntasse?

— Depende de como você vai me perguntar. Espero que seja um pedido a altura das minhas expectativas, Eustass-ya. Ah e elas estão bem altas, para compensar pelas merdas que você fez.

— Boa sorte, meu amigo. Boto fé em você. — Comentou Ace tomando a frente para fazer sua jogada.

— Você fala como se não estivesse em uma situação parecida... Mas tudo bem... Eu vou pensar em algo e você não vai nem pensar duas vezes para aceitar. Vou provar que eu estou disposto a superar qualquer expectativa pelo seu "sim", Law, pode esperar.

— Estarei esperando, acredito na sua capacidade de me surpreender, Eustass-ya.

— Fofos demais, dou maior apoio 'pro casal. Certo... Qual eu tento? Marco, você decide, essa outra verde ou a roxa?

— A roxa? Ela não parece em um bom ângulo para encaçapar... Tem certeza que consegue?

— Claro que não. Mas números pares me dão sorte.

— Lá vem ele com esse papinho aí... Só precisa de sorte quem não sabe jogar.

— É-é claro que eu sei jogar, só preciso bater no ângulo certo que é bem aqui. — Afirmou o moreno usando a ponta do taco para mostrar sobre o que se referia. — Vou na roxa mesmo? — Ace virou levemente o rosto, apenas para ver a confirmação do loiro. — Vou fazer você engolir essas palavras, Kid.

O moreno se inclinou sobre a mesa, o taco deslizando algumas vezes por suas mãos, mirando no ângulo que imaginava ser o certo. A ponta da madeira bateu na bola branca, na parte de baixo a fazendo pular sobre a mesa, quicando algumas vezes contra a parte lisa, o barulho dos baques ecoando alto no lugar.

— Puff, ridículo. O que você disse mesmo sobre pares te darem sorte? Acho que não ouvi direito com o som da bola batendo na nossa ímpar. — Comentou Kid dando uma risada alta, enquanto pegava a bola atingida erroneamente e a jogou para dentro da caçapa. — Parece que estamos ganhando agora.

Ace bufou baixo e fez um leve biquinho, seus braços se cruzando em frente ao seu peito. O ruivo riu ainda mais debochado, se preparando para começar a sua jogada.

— Quem muito fala, pouco faz. É fácil dizer o que tem que fazer, o seu problema é não saber aplicar na prática, mas não se preocupe, você pode aprender depois de perder 'pra gente.

[...]

Marco se questionava em que momento havia se iludido achando que Ace sabia o que estava fazendo. De longe, o sardento era o pior jogador de sinuca que já havia visto, não que tivesse conhecido muitos, mas mesmo se conhecesse mais jogadores tinha certeza de que o menor ainda teria esse título. Não entendia como o moreno conseguia pensar em estratégias e explicar tudo o que tinha que fazer para no final errar o óbvio. Era totalmente contraditório para si.

A derrota daquela partida havia sido amarga e ainda precisava processar todo o jogo. Mesmo com o menor lhe pedindo inúmeras desculpas por terem perdido, ainda não descia por sua garganta o quanto achou que poderiam vencer visto a desenvoltura do menor em lhe explicar o que tinha que fazer. A cerveja parecia ainda mais amarga em sua boca e já sentia seu bolso doer só de pensar no quanto gastaria naquela maldita aposta.

— Marco, por favor, me desculpa... Eu juro que da próxima a gente ganha, uma melhor de três... — Pediu o menor com um enorme beicinho em seus lábios. — É sério, eu sinto que agora a sorte está a meu favor.

— Ace... Nunca mais vou entrar em apostas com vocês, independente de qualquer argumento que tente usar, então nem gaste seu tempo para me convencer, entendeu? Principalmente se for em algo que você não sabe jogar...

— Se for algo que eu sei, então tudo bem? — Questionou o moreno mordiscando levemente o lábio.

— Não, nunca mais, mesmo que você saiba... E não me olhe assim... — Reclamou o loiro virando o rosto para o lado, evitando encarar o moreno naquele momento.

— Marco... Me desculpa, prometo que não vou te decepcionar na próxima... Por favor, não fica bravo comigo... — Pediu o moreno em um tom levemente choroso.

— Eu não... Estou bravo com você... Só... Por que não me disse que não sabia jogar? Quer dizer... Eu imaginei que não soubesse, mas você deu a entender que sabia o que estava fazendo...

— Porque... Achei que teria ido bem melhor... Mas é um pouco difícil ligar a teoria a prática... Olha, eu... Posso ficar com a sua parte da aposta... Nós perdemos por minha culpa, então... Acho que é algo justo...

O loiro voltou seu olhar para o moreno, o copo de cerveja em suas mãos pairando no ar por alguns segundos, pensando a respeito do que o outro lhe propusera. O vidro levemente gelado do copo tocou em seus lábios e seus dentes bateram suavemente contra o objeto transparente antes de finalmente dar um gole e lhe dar sua resposta.

— Não é nada justo, Ace. Nós somos uma dupla no fim das contas... Não fique tentando tomar todas as responsabilidades para você. Só não faça de novo e nem me envolva em suas apostas.

— Certo, anotado. Nada de apostas e pode repetir a parte sobre sermos uma dupla? Ficou tão bem saindo da sua boca.

Marco balançou suavemente a cabeça para os lados em negação, tentando evitar que o pequeno sorriso que queria se formar em seus lábios o delatasse. Logo voltou a tomar sua cerveja e ignorar aquela pequena vozinha em seu interior que parecia lhe pedir para que a questão de serem uma dupla não fosse aplicada somente ao jogo.



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