___Autora___
Havia começado a chover, fazia muito frio, mas isso não era pretexto que fizesse S/n voltar para casa. Ela estava determinada, parecia pronta para enfrentar seu maior inimigo.
Fazia alguns minutos que S/n havia chegado ao seu destino, mas ficou escondida na floresta, apenas prestando atenção no movimento da casa e procurando pela coragem que havia desaparecido no seu corpo. Depois de um tempo tentando convencer a si mesma que aquele era o momento certo, ela respirou e andou rumo à casa de Doyun.
Os dois guardas da frente rapidamente ficaram de guarda, apontando várias armas para S/n e os três ficaram se entroalhando até que alguém fizesse algo.
— Quem é você? — Um dos guardas pergunta ainda apontando uma arma em direção à S/n.
— Eu vi falar com o Senhor de vocês. Apenas falem que eu estou aqui, porque ele já sabe quem eu sou. — S/n cuspiu cada palavra, estava enojada e podia matar aqueles guardas se demorassem a fazer o que pediu.
— Pode deixar ela entrar. — Eles ouviram uma voz de dentro da casa, na qual fez S/n estremecer, mas não de medo e sim de raiva.
Os guardas abriram o grande portão de entrada e S/n entrou, dando logo de cara com Doyun. Ele estava sentado no sofá, estava bebendo algo que S/n deduziu ter álcool por conta do cheiro, e sorria cínico.
— Olha só quem apareceu. Como vai querida? — Doyun colocou o copo na mesinha de centro e andou até S/n. Ela, por sua vez, não se moveu desde que entrou, parecia que podia explodir a cabeça dele a qualquer momento, o que não veria a hora de fazer isso, mas antes queria acertar umas contas.
— Não me chame de querida, seu imbecil! — S/n segurou o pulso de Doyun com força quando ele iria tocar o rosto dela. — Onde estão as crianças?
— Aqueles trastes? Eu vou mostrar onde estão suas crianças e vou deixar você levá-los, mas tem uma condição. — S/n bufou e o empurrou para longe dela. — Eu posso sentir sua vontade de lutar e maior ainda sua vontade de me matar, e vou deixar você fazer isso.
— E quais suas condições? — S/n sentia que aquilo não era o problema e sim para o que estava por vir.
— Se você desistir no meio da luta, você vai morar comigo pelo o resto da vida. Mas se você vencer, bom, você vai ter tudo o quiser. — Doyun sorriu cínico mais uma vez.
— Eu aceito!
Doyun fez um sinal para que S/n o acompanhasse e assim ela fez. Eles passaram por vários outros cômodos, desceram uma escada e chegaram num local onde parecia mais com uma prisão. Doyun fez um gesto para quatro guardas que estavam ali e ambos saíram de suas visões por um tempo mas logo depois voltaram com as crianças e foi doloroso para S/n vê-los daqueles jeitos, com carinhas de choro, com manchas no pulso onde haviam cordas amarradas e olhos roxos.
— Omma... — Kwan começou a falar, mas Doyun bateu algo na parede, na qual assustou as crianças e fez com que ambos ficassem calados.
— É o seguinte, eu quero deixar algumas regras claras: Ninguém, ninguém mesmo pode ajudar você, e quando digo ninguém estou me referindo a seus amiguinhos.
— Não se preocupe com isso, eles não vão nos atrapalhar. — S/n disse com firmeza e Doyun sorriu satisfeito, começando a guiá-la para um outro lugar mais aberto, onde cada guarda ficou com uma criança no seu alcance.
S/n deduziu naquele momento que se ela der um passo infalso, um das crianças irão lidar com o prejuízo. Ela estava meio distraída quando sentiu uma dor na sua perna. Doyun havia tacado algo nela.
— Você não me disse que era para começar. — Disse S/n, sua raiva havia aparecido novamente.
— Preste mais atenção na próxima.
S/n ia dar um soco em Doyun, mas ele virou o jogo e quem tomou dano foi ela.
— Sabe querida, você sempre foi uma criancinha medrosa, mas me surpreende que dessa vez você nasceu corajosa. — Disse Doyun sarcástico.
— Do que você está falando? — S/n perguntou entre dentes e conseguiu acertar Doyun com um murro em seu estômago. Eles estavam usando apenas o lado físico para lutar, mas ela sentia que isso não tava nem começando.
— Você não sabe? Pensei que seus amiguinhos fossem mais inteligentes do que aparentam ser.
— Não fala deles assim, seu idiota! — S/n conseguiu derrubar Doyun no chão e se pôs em cima dele, transferindo vários socos no rosto.
— Mas não é verdade? Ou você está apenas se fingindo de sonsa? Não sabe que você teve outras vidas como minha filha? Eu dei minha vida por você, e é isso que eu recebo em troca? — Doyun conseguiu escapar de mais socos da S/n.
— Isso é mentira! Eu nunca fui sua filha. Eu tive pais, na qual você matou. Foi você que destruiu a minha vida. — S/n recebeu um murro forte na barriga e caiu de joelhos no chão, tossindo muito.
— Eu os matei porque eles me deviam algo, na verdade alguém. Eles estavam passando por necessidades e olha só quem eles foram procurar por ajudar... eu! — Doyun deu uma volta lentamente ao redor da S/n. Ela sentia dor naquele momento e não conseguia processar a dor e a verdade no mesmo tempo. — Eles entraram sua vida para mim, mas acabaram descumprindo.
— Então por que você pediu para o Jin me matar? Por que me usou para matar meus amigos? — S/n gritou, tentou ficar de pé, mas força ela não tinha mais.
— Eu iria trazer você de volta a vida, nem que seja em outro corpo, você iria ficar comigo. Mas aquele idiota não fez seu trabalho. E então, naquele dia em que vocês brigaram eu te usei para matar seus amigos, porque eles são as pedras no meu sapato. Se não fosse por eles, você já estaria comigo há muito tempo.
S/n tossiu mais uma vez e tirou forças de onde não tinha para ficar de pé.
— E por que você continua me machucando? Era isso que você fazia comigo nas minhas vidas passadas? Me maltravava?
— Eu estou apenas tentando seguir com o trato. Se você me bater, eu bato de volta. Mas para sua informação, você era tratada como uma princesinha. Se não fosse por aquela cachorra e aquele bastardo, você nunca teria morrido. Aquela tal de Kang Chin foi quem tirou você de mim. — Doyun dizia cada palavra duramente, mas parecia que iria perder o foco a cada instante. Falar daquilo era a única coisa que o machucava de verdade.
— Não foi culpa minha! — Kwan gritou e o guarda que segurava ele tampou a boca dele com as mãos. S/n entendeu que aquilo não foi Kwan que falou, e sim, Kang Chin.
— Não vai falar pra ela o que você fez naquela época Doyun? Não vai contar o verdadeiro motivo de Kang Chin ter matado sua filha? — Uma outra voz preencheu aquele espaço e S/n se vira para olhar quem era.
Siara estava lá, parecia mais poderosa como nunca foi. Mas o que surpreendeu ainda mais a S/n foi ver todos os seus amigos com ela.
S/n ficou feliz por ter visto todos ali, ela sabia que eles fariam tudo por ela. Mas ela não queria que eles estivessem ali, pelo o grande fato de ter feito uma proposta com Doyun. Se eles mexessem uma mão para ajudar S/n, todos vão estar mortos. Isso era o que S/n tinha na cabeça.
— Olha só, mais platéia! — Doyun sorriu sarcástico e com um gesto que fez, seus guardas apontaram armas para as cabeças das crianças.
— Appa! — Beomgyu gritou.
— Você vai se arrepender, seu... — Taehyung tinha os punhos cerrados e deu apenas um passo à frente antes que S/n tivesse o interrompido.
— Não façam nada, por favor! Eu quero resolver isso sozinha. — S/n foi até Doyun e se ajoelhou na frente dele. — Solte as crianças, deixe meus amigos em paz e em troca eu vivo com você.
— S/n, não! — Jin gritou e isso fez com que S/n se sentisse mal por não fazer nada além de entregar a própria vida.
— Você vai contar pra ela a verdadeira história de como sua filha morreu, ou vai preferir que eu, Kwan e Chin conte? — Siara se pronunciou de novo e todos puderam ver que Doyun não havia gostado disso, pois ele havia pegado um tipo de adaga e segurou a S/n, apontando o objeto no pescoço dela.
— Você quer contar ou vai ficar caladinha? — Doyun perguntou e isso fez com que Siara ficasse calada. — Isso mesmo, muito bem. Soltem as crianças, mas se alguém der um passo falso é bom darem tchau para sua amiguinha aqui. — Os guardas soltaram as crianças e elas correram para seus pais. Os pais de Haeun não estavam ali, mas a pequena foi acolhida por Lêh que tentava acalmá-la.
— Você deu a vida dela para que vivesse! — Chin gritou e isso assustou a todos pois foi inesperado. — Você tinha que ter morrido no lugar da sua filha, mas você preferiu sacrificar a vida dela que era apenas uma criança. Você sempre foi, e ainda é o monstro da história.
— Chin, não! — Bia gritou e tentou segurar Chin, mas ela se soltou e deu alguns passos à frente. — Chin, por favor, volte! — Bia tentou mais uma vez, mas parecia que Chin estava em outra realidade.
— Você matou sua própria filha.
— CHIN, NÃO! — Yoongi correu até a filha, mas o tempo que levou pra chegar até ela, deu tempo de Doyun chegar primeiro e o pior já havia acontecido. — SEU DESGRAÇADO. — Yoongi correu até Doyun, mas foi impedindo por algo sobrenatural.
O tempo havia ficado quente, as coisas em volta estavam derretendo aos poucos, parecia que eles estavam no próprio inferno. Mas era apenas alguém, S/n.
Ela estava flutuando, suas veias estavam pretas que davam para enxergar de longe e suas presas estavam afiadas. Os olhos estavam totalmente vermelhos e bastou ela olhar fixamente para um dos guardas que a cabeça dele explodiu.
— Você vai pagar caro por isso, Doyun! — A voz de S/n não só assustou a seus amigos como também assustou Doyun. Ela estava maléfica. — Muito caro! — S/n sorriu cínica e voltou para o chão novamente. — Do mesmo jeito que você usou essa adaga em Chin... — A adaga que antes Doyun havia cravado no peito de Chin, agora estava flutuando na frente dele, bem perto do pescoço. S/n estava forte naquele momento, e quando viu Doyun tremer parecia que havia a deixado um pouco mais satisfeita. — Vai ser usada em você. — Com o poder da mente, ela conseguiu cravar a adaga no peito de Doyun.
Doyun gritou e manchou suas mãos de sangue quando tocou o próprio peito. Ele estava sofrendo com as consequências, e S/n iria fazer ele sofrer ainda mais até que morresse. Ela sabia que podia simplesmente matar Doyun como fez com um dos guardas, mas ela queria vê-lo sangrar e gritar.
— P-Por favor... N-não faça isso! — Doyun pediu com dificuldade e a risada de S/n foi escutada naquele lugar.
— E por que eu não faria? Você, por acaso deu tempo a Chin? Você deixou que ela também pedisse alguma coisa? — S/n olhou sarcástica para Doyun e mais um sorriso cínico apareceu no seu rosto. — Como dizem por aí: O mundo dá voltas. Se um tempo atrás foi o papai que matou a filhinha, hoje vai ser ao contrário... — S/n agarrou o pescoço de Doyun e o levantou. Ele estava ficando vermelho, sem fôlego, tentava se soltar mas não tinha mais forças. — A filhinha vai matar o papai. — Foi preciso apenas de um aperto no pescoço de Doyun para que a cabeça dele saísse do corpo.
Aquilo era horrível de olhar, mas S/n não se importava naquele momento. Ela conseguiu o que queria, conseguiu acabar com Doyun, a guerra havia acabado mesmo que uma criança havia morrido no lugar dela.
Foi preciso de alguns segundos para os outros guardas correrem de medo para fora ali. S/n voltou ao normal e correu até a Chin, onde a mãe dela segurava o corpo dela e implorava para que ela voltasse.
— Isso não tem graça, Chin! Por favor, volte para mim. Não me assuste assim! — Bia pediu em prantos e S/n a abraçou, começando a chorar também.
— Me desculpe! — S/n sussurrou no ouvido da amiga. — Foi tudo culpa minha, me desculpe! — Elas se abraçaram e todos os outros também as abraçaram em volta, fazendo uma grande roda.
Eles ficaram ali, aliviados por toda aquela guerra ter acabado, porém tristes por terem perdido alguém tão importante e especial como Chin. Mas um tempo depois, eles aceitaram que Chin deu a sua vida para salvar a de outra pessoa, e tinham certeza que ela estava feliz, seja lá onde ela estivesse.
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