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História Amor E Outras Drogas - Day 6 Part II - Confissões Na Madrugada


Escrita por: Haroldinha

Notas do Autor


Aeee o capítulo completo.
Espero que gostem, perdoem os erros e boa leitura!

Capítulo 10 - Day 6 Part II - Confissões Na Madrugada


Fanfic / Fanfiction Amor E Outras Drogas - Day 6 Part II - Confissões Na Madrugada

Jackelinne Becker P.O.V

 

- Jay? 

- Sim?

- Acho que eu pesquei um tubarão.

Tive que dar risada, olhando para a cara engraçada que Louis fazia.

Sim, estávamos eu e ele, pescando. Não enguias, mas apenas pescando, ou brincando de pescar.

A questão relevante era que, eu briguei com Daniel e saí a toa. No meio da minha raivosa caminhada pelo navio, meu pé prendeu em algo e eu caí. No caso, a "coisa" era a perna do Louis, aí eu gritei com ele também, mas no final das contas acabei me juntando a ele para reclamar da vida. O bom era que o canto do navio em que estávamos sentados (no chão) era tão escondido e não habitado, que ninguém tinha nos encontrado. Deu até para ver o dia virando noite dali, e teria sido agradável se eu não estivesse tão furiosa, por culpa do Daniel. Aquela bicha fresca só sabe infernizar a minha vida.

- Oh, um tubarão? - Comprimi os lábios na tentativa de não rir mais e encarei Louis, que fazia uma força danada ao puxar a vara de pesca.

- É - Ele disse, apenas.

- Por que acha que é um tubarão?

- Porque eu tento puxar, mas a linha não volta. Deve ser um tubarão muito forte.

Certo, Louis tinha problemas mentais. Primeiro foram as enguias elétricas, e agora um tubarão.

Girei a manivela da minha vara, trazendo de volta a linha de nylon e deixei a vara de lado. Querendo ou não, o suposto tubarão se tornara mais importante.

- É mais fácil o anzol ter prendido no casco do navio do que você ter pescado um tubarão - Debochei, e ele me olhou tediosamente. - Okay, vamos puxar esse tubarão.

Deslizei para perto dele e segurei a vara mais a frente de onde ele segurava, e depois de contar até três, puxamos aquela coisa com toda a força que dava.

- Sua força se compara a força de um filhote de porquinho da índia, Tomlinson - Grunhi. Provavelmente minhas bochechas estavam vermelhas devido a força.

- Dá pra calar a boca e puxar o meu tubarão? - Louis retrucou, áspero como sempre.

Pus um pouco mais de força, e a linha nem se movia, mas também não havia nada que estivesse lutando contra nossa tentativa de puxar. Quer dizer, se fosse um tubarão, ele estaria nos puxando para o mar, certo?

E de repente, nós dois voamos para trás como se um vendaval estivesse nos varrendo. Meus olhos se fecharam instintivamente, e quando os abri, esperando por algo ruim, vi apenas que eu e Louis continuavámos segurando a vara de pesca, mas... A linha tinha arrebentado.

Eu e ele nos encaramos por uns cinco segundos depois do susto, e o riso foi inevitável.

- Lá se foi meu tubarão - Ele disse, deixando de lado o resto da vara de pescar.

Louis era um imbecil. Porém, um imbecil tão bem humorado que era só eu olhar para ele que a vontade de rir se tornava maior do que qualquer coisa em mim. Desta vez ri tanto lembrando das enguias, do tubarão, que ele me encarou sério, provavelmente reforçando seu pensamento sobre me achar louca.

- Ta rindo do que? - Perguntou da forma mais mau humorada possível, e por um momento não o reconheci. Quer dizer, ele sempre era o mais ácido possível, mas eu esquecia disso quando o mesmo me fazia rir. 

- Não é nada - Eu disse, fazendo um gesto sem importância com a mão. - Ou melhor, eu me sinto na obrigação de te dizer que - Fiz uma pausa - o navio tem tantos metros de altura que eu duvido que nós estivéssemos realmente pescando, mesmo estando no primeiro andar. Quer dizer, olha o tamanho das linhas de nylon. Elas não alcançam o mar lá em baixo, então, você não pescou um tubarão. Mas eu realmente sinto muito.

A última frase foi carregada de sarcásmo, e jurei ter visto um sorrisinho querer se formar nos lábios dele, mas Louis preferiu bancar o durão e balançou a cabeça negativamente, antes de levantar.

Eu o segui com os olhos, e segundos depois, um pouco contrariado, ele me ajudou a levantar e devolver as varas de pesca para o lugar certo. Só para constar, não tínhamos permissão para pegá-las, mas digamos que foi apenas um empréstimo. Ninguém notaria que uma das linhas estava arrebentada. Caso acontecesse de alguém descobrir que uma das varas foi vandalizada, eu poderia colocar a culpa no tubarão.

Para tudo há uma solução...

- Na minha próxima biografia, vou fazer questão de citar que quase pesquei um tubarão - Disse Louis, bem baixinho.

- Seria interessante, porém, uma mentira - Sussurrei de volta.

O fato de estarmos sussurrando era porque, muito estranhamente, os corredores do navio estavam pouco iluminados, apenas as luminárias das paredes estavam acesas, e elas não eram lá muito potentes. Tudo estava silencioso, silencioso demais, e isso me fez pensar nas horas; quanto tempo nós ficamos "pescando"? Eu tinha notado que não era mais dia, obviamente, por que vi a noite chegar, mas... Eu não tinha noção de horário. E aparentemente éramos os únicos seres vivos acordados, pelo menos naquele andar.

Percebi que tinha diminuído a velocidade dos passos, e Louis também. Aí, franzi a testa e fui virando o rosto vagarosamente para o lado. Louis me olhava com o semblante bastante confuso.

- Ta pensando o mesmo que eu? - Nós falamos em uníssono, sussurrando ainda mais cautelosamente.

Rapidamente, consegui acertar um tapa na cabeça do Louis.

- Outch! Por que me bateu? - Ele protestou, mas digamos que eu não levo a sério quando protestos são sussurrados.

- Por que nós falamos ao mesmo tempo e eu acabei de roubar a sua sorte - Me gabei, imediatamente me achando uma ridícula. Na verdade, odeio ser supersticiosa...

Louis arqueou uma sobrancelha.

- Então eu também bato.

Aí eu acabei levando um tapa também.

- Eu bati primeiro, a sorte continua sendo minha. Há! - Debochei, mas minha pose de patricinha-convencida só fez Louis rir de mim.

- Isso foi muito idiota - Ele disse conclusivamente.

- É, eu sei. Não me orgulho disso.

Enquanto ele ria mais uma vez, eu me senti sim uma verdadeira idiota, sabe-se lá o porquê. Revirei os olhos, e pus as mãos nos bolsos trazeiros do short que eu vestia e chutei o ar. Uma das coisas que eu sentia falta era andar pela rua e chutar as pedras; meus tênis todos têm o bico em um estado deplorável pelo simples fato de eu ter essa mania de sair chutando tudo o que vejo pelo chão. Claro que se há um tijolo no chão eu não chuto, mas enfim...

Nós havíamos caminhado durante dois corredores seguidos em silêncio, e não hove nenhum sinal de que havia mais alguém por ali. Ao chegarmos na escada de acesso ao andar de cima, eu estava ainda mais desconfiada, então perguntei.

- Você, por acaso, também acha que somos os únicos acordados?

Louis coçou a nuca.

- É o que parece... - Deu de ombros. - Eu vou subir pra checar.

Então ele pôs o pé no primeiro degrau, mas ao contrário do que pensei, Louis deu uma olhadinha sorrateira para trás, para mim, antes de realmente começar a subir pelos degraus. Temendo ter interpretado mal o jesto feito, eu o segui, afinal, tinha entendido como se fosse um convite para acompanhá-lo. E se não fosse o caso, eu poderia dizer que estava subindo para pegar o elevador, que não estava naquele andar. Seria uma desculpa sem fundamento, mas não pensei muito nissso.

Depois de um esforcinho chegamos no andar de cima, e ele estava igualmente vazio como o anteior. Indo pela lateral no navio, logo adentramos no deck da piscina. Não havia nada além de tudo em seu devido lugar, o que significava que era mesmo muito tarde. A limpesa do navio era feita depois que todos fossem dormir, porque não faria sentido haver faxineiras limpando enquanto tivesse gente zanzando por todo lugar.

- É, somos os únicos por aqui.

Bem observado, Tomlinson - Pensei em ironizar, mas fiquei calada por um tempinho.

- Dormir é pros fracos - Eu disse, mas ele não me olhou e continuou a caminhar.

Em poucos passos Louis abria uma portinha e entrou em um dos barzinhos, ficando exatamente onde o barman se posiciona. Enquanto chegava mais perto, vi Louis colocar um boné com um logotipo de alguma marca de bebida e fez uma pose, apoiando o cotovelo na bancada.

- Isso é tão ridículo, não é mesmo? - Ele perguntou, franzindo o nariz. - Esses barmans, só sabem se exibir jogando garrafas pra cima e se acham os caras.

Ele falava de um modo crítico, que não me agradou. Apoiei o cotovelo na bancada e olhei cética para ele, que agora fingia mascar um chiclete.

- Pra ser barman e fazer malabarismo com garrafas e copos exige muita habilidade, do mesmo jeito que você precisa de habilidade pra cantar. Não é quase a mesma coisa?

Não que tenha sido minha intenção, mas Louis ficou sério depois do que falei, e quase imediatamente retirou o boné. O vi sair pelo mesmo lugar que entrou, e não demorou para eu ouvir sua voz bem atrás de mim. De qualquer forma, não me movi.

- Por que sempre faz questão de fazer eu parecer um imbecil?

Ri pelo nariz.

- Por que você é, talvez... - Dei de ombros. - Ta, não foi isso que eu quis dizer. Só achei errado você julgar um barman, porque não é como se você fosse melhor que ele só porque seu status é mais elevado do que o dele.

Então ele suspirou completamente desgostoso e me lançou um olhar tedioso.

- Eu estava brincando, ta legal? - Louis tinha as sobrancelhas arqueadas, mas suas feições pareciam tão cansadas... Por um momento não quis ter nem aberto a boca, não se fosse para deixá-lo daquele jeito. - Você que não sabe distinguir quando alguém ta fazendo uma piada.

- É claro que sei - Me defendi. - É que... Minha percepção de humor é mais voltada pro sarcasmo, e às vezes sai pela culatra, sacou?

Ele deu de ombros e virou as costas.

Eu suspirei.

Louis tinha um sério problema temperamental. Na verdade, algo me dizia que ele era uma pessoa intensa demais. Sabe como é... Pessoas intensas são complicadas, porque sentem as coisas com maior intensidade; o bom humor é intenso, a alegria é intensa, mas a tristeza pode ser maior ainda e o stress também.

Ao meu ver, Louis estava estressado, e isso o fazia mudar repentinamente de humor. Em um momento estava bem, e no outro não.

Agora, ele queria era estar longe de mim, pois tinha ido sentar em uma cadeira perto da piscina. Eu não queria ser chata (você é naturalmente chata, Jackelinne), muito menos inconveniente, mas mesmo assim fui até ele e sentei ao seu lado. A cara do infeliz não era das melhores.

- Você é estressado demais - Eu falei, mirando os olhos para frente.

Pela visão periférica, vi que ele me encarou, e logo voltou a olhar na mesma direção de antes.

- Eu não sou estressado - Ele disse, a voz saiu firme. - Só estou estressado. É diferente.

- Realmente... - Concluí, dando de ombros e inclinei o corpo para frente, de modo que ficasse bem perto da piscina. - Você precisa esfriar a cabeça.

Ouvi algo parecido com uma risada seca e sarcástica, então Louis disse:

- E o que você sugere que eu faça?

As palavras dele nadavam em um mar de sarcásmo, e como sarcásmo é algo normal para mim, eu nem dei importãncia. Quando olhei por cima de meu ombro, vi que ele também me olhava, mas com um olhar desafiadoramente irônico. Dei um sorrisinho fraco e o chamei com o dedo indicador, de uma forma bem sexy, só que não era minha real intenção. Digo, parecer provocativa. Isso se é que eu tenho uma lado provocativo...

Ele, aparentando muita desconfiança, ficou sério enquanto desencostava do asento da cadeira e inclinava-se para frente. Pedi que chegasse mais perto, e assim ele fez, sem abandonar o ar de desconfiança.

Ao invés de falar alguma coisa, eu o empurrei na direção da piscina.

Louis gritou de surpresa, mas logo o grito foi interrompido por um splash, que no caso foi quando ele finalmente chegou na água. O impacto do corpo dele com a água não foi muito forte, mas fez gotas voarem para os lados e algumas me atingiram em cheio, molhando boa parte dos meus cabelos.

Quando Louis emergiu, eu já imaginava o que viria a seguir. Apoiei o cotovelo no joelho e dei um sorrisinho.

- E aí, funcionou? - Perguntei esperançosa, quase explodindo em risos.

Os olhos semicerrados dele me miraram por uns segundos, então ele balançou os cabelos, como um cachorro depois que toma banho. Não que eu esteja comparando ele com um cachorro, até porque cachorros não ficam sexy quando fazem isso, o que não foi o caso de Louis. Os cabelos ainda pingavam, ficaram bagunçados... Hum, sexy...

- Eu devia ter imaginado - Ele disse, balançando a cabeça negativamente, a voz ecoando no meio da água. - Qual é o seu problema?

Dei de ombros.

- Só estou fazendo jus a loucura que você sempre atribui a mim.

Ele me encarou com mais má vontade.

- Você é muito retardada - Louis disse, para logo em seguida dar um riso contido.

Ah, ele riu. Sinal de que tinha sim funcionado.

Deixei a cadeira de praia de lado e tirei os chinelos que usava. Logo eu estava sentada na borda da piscina, com apenas os pés imersos na água, que estava muito gelada mesmo. Justamente por esse motivo, eu supus, que Louis tinha uma leve tremura pelo corpo, e depois de um tempo ele veio até a borda da piscina e apoiou os antebraços ali, bem ao meu lado. 

- Sabe o que foi bem estranho? - A primeira coisa que Louis disse foi isso, o que me fez ficar com cara de interrogação.

- Nem imagino...

Então ele me olhou com as sobrancelhas arqueadas.

- Eu te chamei de Jay.

Ele falava como se fosse um crime me chamar daquela forma.

- É - Eu disse, apenas por dizer. - Hum, é o meu apelido. Eu te falei isso antes de você inventar a história do tubarão.

- Eu sei - Continuou com as sobrancelhas arqueadas, mas não me olhava. - Foi estranho.

- Chamar as pessoas pelo apelido não é necessáriamente estranho, quer dizer...

- Não, você não entende - Fui interrompida. - Jay é o apelido da minha mãe. É estranho chamar outra pessoa da mesma forma que chamo ela de vez em quando.

- Você na verdade quis dizer que me chamar assim é estranho - Dei ênfase, mas preferi deixar subentendido meu tom de ofensa.

- Tipo isso - Deu de ombros.

- Certo - Eu suspirei. - Têm gente que me chama de Jack. Ou Linne. Minha amiga me chama de Ruiva Do Capeta.

- Hum, o último se encaixa melhor.

Dei risada junto com ele e olhei-o de soslaio.

- Não perde a oportunidade de queimar o meu filme.

- Jamais.

Sendo assim, com um belo impulso, Louis saiu da água e sentou um pouco distante de mim, ficando também com apenas os pés na água e mexía-os de um lado para o outro. O som suave da água era agradável, mas mais agradável ainda era o reflexo da piscina no teto, que emitia um tipo de luz natural ao nosso redor.

De qualquer forma, o silêncio não me agradava.

- Então - Falei, começando a puxar um assunto. - Algum motivo relevante pra essa sua bipolaridade? Um pouco me chama de psicopata, outro pouco pesca tubarões comigo...

Deixei a frase no ar, até porque, era um questionamento que eu adoraria que fosse respondido, mas que não precisava necessariamente ser respondido. Ele não precisava falar nada se não quisesse, tanto que o que disse foi:

- Motivos relevantes? Sim. Que você precise saber? Não.

- Oh! - Pus a mão na barriga, dramaticamente. - Essa doeu lá no meu pâncreas.

Balançando a cabeça, Louis riu.

- É pessoal demais? - Questinei novamente.

- Sim e não. Quer dizer, ah... Eu não sei - Massageous as têmporas e suspirou. - Tá, acho que você deve saber - Enfim ele me olhou, bem sério. - Eu não sou assim. Não sou assim com ninguém. Meu temperamento muda exclusivamente com você, e eu também não entendo muito bem isso.

- Oh! - Eu repeti, só que desta vez a surpresa foi maior do que o sarcásmo. - Nossa, que legal saber disso. Então eu causo mau humor nas pessoas? Parabéns, Jackelinne.

- A culpa não é sua. Mesmo - Louis riu sem humor, e continuou com a expressão séria. Para mim era mais normal vê-lo em seu estado de extrema revolta, ou quando sorria. Seriedade não combinava nem um pouco com ele, e isso não era difícil de notar. Dava para perceber que o próprio Louis não gostava do seu lado mau humorado. - Toda vez que eu te vejo, lembro de que na primeira manhã do cruzeiro, eu tevi na minha cama. E depois descobri que você tinha só dezesseis anos. E eu tenho quase vinte e dois. Deu pra entender?

Tive vontade de repetir o "Oh!" mais uma vez, mas pensei bem e abaixei a cabeça.  Meu silêncio não significava que eu me sentia como ele, muito menos que não me importava com aquele fato. Só que também me parecia injusto Louis se sentir daquela forma por algo que não apenas ele fez. Quer dizer, eu fui para a cama dele porque quis. Ou melhor, porque minha insanidade bêbada quis.

- Eu não ligo nem um pouco pra isso, só pra constar - Falei na defensiva.

- Mas eu ligo - Louis disse. - Naquele dia eu era um quase-bêbado com dor de cotovelo. Aí aconteceu o que aconteceu. O que é o suficiente pra eu me sentir culpado.

Ignorando quase tudo o que ele disse, praticamente escutei apenas o "dor de cotovelo". Significava que, provavelmente, ele estava no cruzeiro pelo mesmo motivo que eu: Um relacionamento que terminou de uma forma nada boa. Juntando o útil ao agradável, decidi falar.

- Eu também estava bêbada e com dor de cotovelo. Você sabe, eu te contei  sobre o que o meu ex namorado fez comigo - Eu disse, tentando não soar muito desesperada, sabe. - Olha, vamos esclarecer uma coisa, que vai parecer meio escrota, mas deve funcionar: Você me usou por uma noite, e eu também te usei por uma noite. Estamos quites. Fim da história e da sua culpa.

Notei que meu falatório não surtiu efeito quando Louis me encarou sem expressão.

- Tanto faz.

A resposta não me agradou, mas por ora foi o suficiente.

- Ta, agora conta aí a sua história fracassada de relacionamento que te fez ficar com dor de cotovelo.

Mais uma vez, ele não precisava falar se não quisesse, mas imaginei que por ter contado sobre como se sentia em relação àquela bendita primeira noite do cruzeiro, não haveria mais limites nos assuntos tratados. Além do mais, eu contara a ele minha trágica história com Jason-ex-namorado-cujo-eu-quebrei-o-nariz, então ele também deveria me contar a história dele.

E assim fez.

- Eu tinha uma namorada. Eleanor - Disse ele, a princípio meio desconfortável. - Estávamos juntos há um bom tempo, e ela me acompanhava nas viajens, sempre. Só que o negócio foi caindo na rotina, sabe? Aí um dia eu e ela conversamos sobre isso e... Acabou. Mas, não era o que eu queria. Quando eu disse a ela sobre como nosso relacionamento era mais do mesmo, eu esperava que ela discordasse, que sugerisse uma solução, mas ela concordou, e mesmo eu estando contrariado, nós decidimos dar um tempo.

Minha vida amorosa se resumia em um único relacionamento sério que durou seis meses, então, o que eu poderia dizer a ele? Definitivamente, eu não era boa com conselhos ou palavras confortantes.

- Dá pra ver que você ainda gosta dela - E foi isso que saiu da minha boca.

Esperei que ele concordasse com um sorriso esperançoso no rosto, mas ao contrário, Louis me encarou com uma expressão vaga, porém, juro que nunca vi tanta firmesa nos olhos de alguém como vi nos olhos dele enquanto me encarava. Não foi aquela coisa de filmes de quando a pessoa meio que lê os pensamentos da outra pelo olhar. Na verdade, eu nem imaginava o que ele poderia estar pensando justamente pelo fato de estar me encarando tão fixamente.

Quando me dei conta de que ele não pretendia parar de me olhar, dei um jeito de desviar os olhos para baixo. Será que meu rosto estava sujo ou eu estava como uma espinha na ponta do nariz e ele procurando um jeito de me contar? Raramente acontecia, mas no momento eu fiquei com muita vergonha. 

Enquanto eu camuflava o rosto por entre meus cabelos - àquela altura meu rosto devia estar da mesma cor dos cabelos, então seria fácil -, ouvi-o pigarrear, e como eu estava olhando para a água, vi quando os pés dele chegaram mais perto dos meus, o que significava que ele havia chegado mais perto.

Não demorou muito para meu sinal de alerta mandar a vergonha embora no mesmo instante em que senti algo molhado me segurar abaixo dos ombros, e me vi obrigada a erguer a cabeça e encará-lo.

Vai ser lindo assim lá no quinto dos infernos, seu desgraçado!

- Sua vez de esfriar a cabeça - Louis disse enigmático.

Demorou uns dois segundos para eu entender. Engoli em seco.

- Não - Dei uma risada seca. - Não, Louis. A água ta gelada. Você... Pode parar, ta bom!

- É, você me fez ver pessoalmente o quão gelada a água esta.

- Parou com a palhaçada, agora! - Exigi. Ele apenas riu de mim.

- Você tem duas opções. Ou pula aí dentro por vontade própria ou eu vou ter que te dar um empurrãozinho básico.

Soltei uma risada de escárnio.

- Eu sou a garota má, esqueceu? Não faço o que querem, só o que eu quero. Nesse caso, eu não quero pular na piscina.

- Tsc tsc. Vamos lá, Jay. Garotas más têm seus momentos de trégua.

Ele não se deu conta de que me chamou de Jay.

- Por que meu momento de trégua tem que ser agora?

- Porque eu estou pedindo muito gentilmente - Dito isso, ele me deu o maior susto ao fazer de conta de que iria me empurrar. - E além do mais, alguém pode me pegar molhando o deck quando eu for pro quarto. Acha mesmo que eu vou levar a culpa sozinho? Se eu for pego, você vai junto, ruivinha.

- Ta de brincadeira comigo - Sussurrei para mim mesma.

Não era como se eu tivesse opção. Se tentasse fugir, ele me jogaria na piscina, tendo como vantagem a força natural do sexo masculino; se me recusasse a pular, ele me empurraria assim mesmo.

Então eu rastejei minha bunda relutantemente pelo piso, e aos poucos meu corpo foi virando uma pedra de gelo a medida que era rodeado pela água. Cheguei a soltar um gemido sofrido.

- Porra de água gelada do caralho! - Praguejei, e a gazela Tomlinson se matou de rir. - Eu te odeio, Louis.

- Agradeço pela sua recíproca - Deu uma risadinha.

Revirei os olhos, e depois disso ele retornou para dentro da piscina e deixou o corpo boiar na água. Demorou um pouco, mas depois de um tempo a baixa temperatura deixou de ser um problema, e eu relaxei até o momento de meus dedos começarem a ficar enrugados. Era hora de sair dali. Mergulhei e nadei vagarosamente até a borda. Ao emergir, meus cabelos grudaram em meu rosto, uns fios entraram em minha boca e até que desse um jeito de me desvencilhiar dos fios com cuidado para que não ficassem emaranhados, Louis também aparentava querer sair da água.

Ele parecia bem menos preocupado e menos paranoico.

- Eu gosto de ficar sozinha. Relacionamentos são uma fria e as pessoas acabam se machucando. Quem precisa disso? Somos jovens, a gente tem que se divertir enquanto pode e deixar as coisas sérias pra depois.

Louis deu um sorrisinho de canto.

- 500 Dias Com Ela?

- É - Sorri também. - Um dos poucos filmes que já vi diversas vezes e continuo gostando.

Pronto para ipulsionar-se para cima, Louis parou no meio do ato e enrugou a testa. Logo olhou para mim.

- Ouviu isso? - Perguntou, dando uma olhada por cima da borda da piscina.

- O que?

- Tem alguém vindo - Arregalou os olhos, e quando tentei olhar na mesma direção, ele me fez voltar para baixo e pôs o dedo indicador em frente aos lábios, pedindo por silêncio.

Eu obedeci, claro. Pouco tempo se passou, aí pude ouvir um barulho estranho, como se de fato alguém estivesse perto. O barulho se assemelhava a quando eu andava com preguiça e arrastava os pés no chão. Logo um ponto redondo de luz apareceu no meio da piscina. Era pequeno, o que me fez imaginar que deviam estar apontando uma lanterna para a água. Eu e Louis ficamos expremidos o máximo possível contra a parede da piscina e só fomos sair quando os passos arrastados se distanciaram.

Ao longe um homem rechonchudo caminhava preguiçosamente, apontando a lanterna para todos os lados, e ele devia estar meio sonolento mesmo, porque meu chinelo havia ficado em frente a cadeira de praia e ele não viu. Panaca.

- Um vigia noturno - Louis observou já fora da água e me ajudava a sair.

- Um vigia noturno muito burro por sinal.

Ele entendeu quando mostrei os chinelos.

De fato, deixamos um belo rastro de água pelo caminho que percorremos até acharmos o elevador. Apesar das grades daquele cubículo que subia fazerem barulho, era melhor do que subir as escadas com as roupas molhadas.

- Eu não sei - Louis disse repentinamente.

- Não sabe o que?

- Não sei se... - Fez uma pausa. - Não tenho certeza se ainda gosto dela. Digo, da minha ex namorada.

- Sente falta dela?

- Também não sei.

- Aí fica difícil, né colega? - Pus as mãos na cintura. Ele riu fracamente.

Minhas roupas pingavam bastante, pesavam no corpo e a cada andar que era ultrapassado um tufão de ar frio entrava pelas grades. Incomodada com as roupas grudadas em meu corpo, puxei metade da blusa para cima e no final das contas tirei-a por completo e a torci, tirando o excesso de água e molhando o chão do elevador, obviamente.

O problema foi que, bem, Louis ficou em tanto silêncio que nem me dei conta de que ele estava ali. Ou seja, eu tinha tirado a blusa na frente dele. A parte não tão ruim era que eu estava de biquini por baixo, mas de qualquer forma, não deixou de ser contrangedor. Eu estava com vergonha pela segunda vez na madrugada.

- Que foi? - Perguntei, tapando o busto com a blusa. - Nunca viu uma garota de biquini enxugando a blusa? Eu heim... - Fiz uma careta.

- Se eu tirasse a camisa você teria feito a mesma cara que eu - Ele disse na defensiva, provavelmente por saber que estava fazendo uma cara de bobão olhando para mim. Não que eu estivesse me orgulhando disso, até porque, minha vergonha era maior no momento.

- A roupa é sua, faz o que quiser com ela - Dei de ombros.

E não é que ele fez?

Só consegui pensar: Ai. Meu. Deus.

Tive vontade de bater a cabeça na parede até sofrer um traumatismo craniano, mas digamos que o físico daquele cara era tão perfeitamente admirável, que minha ideia de bater a cabeça na parede ficou para segundo plano. Senhor, abençoados sejam os corpos tatuados, principalmente os masculinos.

Um container não seria o bastante para recolher a minha baba.

Louis também enxugou a blusa, torcendo-a e molhando ainda mais o chão. Depois bagunçou os cabelos. MALDITO SEJA!

Só parei de olhar para aquela perdição de homem gostoso do caralho quando meu corpo se foi para trás. Aí todo mundo imagina que Louis me empurrou e nós começamos a nos agarrar ali mesmo. Uhul, sexo no elevador!

Isso nem nos meus sonhos mais eróticos.

Sim, eu colidi com a parede, mas foi porque o elevador parou repentinamente com um tranco. Eu e ele nos encaramos, isso antes das grades se abrirem. Foi preocupante, porque estávamos no antepenúltimo andar, e minha parada era no penúltimo andar.

Uma mulher de meia idade nos encarava quando as grades se abriram completamente.

Ela olhou para mim; eu estava sem blusa, e ao meu lado, para onde ela olhou em seguida, estava Louis, também sem camisa.

- Mas o que... - Ela apontou para nós. - Não deviam estar acordados à essa hora.

- É que nós, bem...

- Por que estão seminus dentro do elevador? - Ela deu um passo para trás, levando consigo o carrinho de faxina que segurava em frente ao corpo. - Oh, meu Deus, você são dois pervertidos! - Pôs a mão na boca, apavorada, e tanto eu quanto Louis arregalamos os olhos. De mim podia dizer que estava em pânico. - O comandante precisa saber disso!

Eu e Louis nos encaramos, mais arregalados do que nunca.

- Ei, calma aí - Disse Louis, dando um passo à frente.

- Não se aproxime de mim, seu maníaco!

- O que? Não, espera!

A mulher caminhou para trás e em um piscar de olhos ela corria pelo corredor.

Ela ia até o comandante dizer que dois pervertidos estavam fazendo coisas pervertidas dentro do elevador.

- Estamos ferrados - Falei, já saindo do elevador. Ainda podia ver a mulher correr pelo corredor e pretendia segui-la.

Louis veio atrás de mim, tão atônico quanto eu.

Chamávamos pela mulher, que devia ser uma faxineira, mas a cada chamado ela corria mais rápido, conduzindo o carrinho. Quando ela fez uma curva, aumentei a velocidade, quase alcançando-a.

No final das contas, eu a alcancei. Só que não foi por mérito da minha excelente forma física adequada para exercícios físicos incluindo a corrida. Não. Na realidade, aconteceu uma coisa bizarra.

Eu vi, mas preferia não ter visto, quando a mulher bateu a cabeça em um letreiro que indicava várias direções, como os que ficam nas esquinas das ruas com os respectivos nomes das ruas e suas direções. É, ela era alta o bastante para isso. Digo, para sua cabeça poder bater na placa. Imaginei o tamanho do apavoramento dela para correr se olhar para onde ia.

Ao chegar parto dela, vi o carrinho também caído, e a mulher parecia não estar consciente. Louis parou ao meu lado e puxou ar aos pulmões.

- O que aconteceu com ela? - Ele perguntou.

- Eu não sei - Falei incerta. - Quer dizer, ela... Ela... Ajuda ela, Louis!

Ele fez uma careta, chegou a se abaixar um pouco mas não teve coragem de tocá-la. Então diante da inutilidade dele, espichei o pé até o corpo da mulher.

- Você vai cutucar com o pé? Sua nojenta!

Não dei ouvidos a ele e cutuquei o corpo estirado no chão com o dedão. Não houve movimentos. Aí afastei o cabelo dela que caía sobre o rosto e fechei os olhos com força depois de ver um enorme galo na testa da mulher.

- Louis.

- Sim?

- Acho que nós matamos ela.

 


Notas Finais


Entãao?
gENTE, nesses últimos dias choveu favoritos em amor e outras drogas. Chegamos aos +200 favoritos o/ Que os leitores novos sejam muito bem vindos e espero que estejam gostando da fanfic.
O concurso de fanfics que AEOD esta concorrendo ainda ta com a votação aberta. Se mais alguém quiser votar, o link ta aqui: http://socialspirit.com.br/leleumalik54/jornal/1519417/concurso-de-fanfics-one-direction
Obrigada por quem já votou :)
Enfim, me digam o que acharam do capítulo. Essa confusão de Jackelinne Feat. Louis continua.
Volto assim que der!
xx


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