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História Amor em Florença - Quando vivemos o luto


Escrita por: fanficsOQana

Notas do Autor


Ei anjos meus,
O capítulo anterior foi de cortar o coração, né? Sinto dizer que esse aqui, como vocês já devem imaginar ainda traz tristeza consigo pelo luto do Benjamin e todos os sentimentos que incluem essa perda que sim, doeu em mim. Mas, a diferença é que mesmo com a dor, coisas boas podem acontecer e será o reinício dessa vida pros nossos florencianos, afinal eles merecem todo amor do mundo. ♥️✨
Confesso que não foi um capítulo fácil de escrever, chorei em muitas partes porque a dor deles é a minha, mas eu também sorri quando eles sorriram e espero que se sintam da mesma forma.

Quero dedicar esse capítulo à Mary, que faz aniversário na quarta-feira. Te darei parabéns lá, mas fica aqui seu presentinho, amiga! Amo você! ♥️

É isso então, boa leitura! E desculpa qualquer erro.

Capítulo 18 - Quando vivemos o luto


Fanfic / Fanfiction Amor em Florença - Quando vivemos o luto

Robin fechou os olhos e a abraçou ainda mais. Abraçou-a querendo que de alguma forma, mesmo que para ele também doesse a perda do filho, conseguisse arrancar a dor dela. 

– Ei, isso não foi culpa sua, amor. Não foi. - Ambos os olhos fecharam, derramando mais lágrimas. 

Mills se agarrou na blusa do loiro, com ainda mais força e deixou o pranto sair. O músico ainda chorava também.

Nenhum dos dois sabia dizer quanto tempo se passou até que as lágrimas cessassem naquele sábado de manhã, mas quando aconteceu os castanhos avermelhados procuraram os azuis, no mesmo estado, enquanto um se perdia na dor do outro. 

– Regina, a culpa não foi sua, por favor, só me prometa que não se culpará. - Segurando o rosto feminino com as duas mãos, o loiro falava. Mills fechou os olhos, prendendo-os como se aquilo ajudasse a diminuir tudo que carregava no peito e, finalmente, anuiu. 

– Não vai. - Pediu baixo, com os lábios trêmulos, para que ele ficasse com ela.

– Eu não vou. - Garantiu, tocando-a na bochecha.

Em silêncio, Locksley puxou uma poltrona e vendo Mills ajeitar-se de lado, com uma cara de dor, preocupou-se.

– Dói? - Ele não sabia como falar aquilo de alguma outra forma. - Eu.. quer dizer, está com dor? - Se embaralhou nas palavras. 

– A médica disse que eu sentiria. - Disse apenas. - Mas, aqui dói mais. - Colocou a mão no coração e as lágrimas voltaram. 

Robin segurou as mãos dela com as suas e beijou-as, deixando sua cabeça ali, sentindo o rosto também se molhar novamente. Não seria fácil para nenhum dos dois parar de se entregar às lágrimas. Ambos sabiam que não. 



Eles se olhavam em silêncio, tentando se comunicar apenas daquele jeito. Robin, mesmo tremendo um pouco, fazia carinho com uma das mãos no rosto de sua noiva, enquanto a outra seguia agarrada a mão dela. Regina estava encolhida, com o olhar, mesmo que grudado ao dele, distante. O líquido salubre havia cessado sua saída, mas os rastros e as marcas dele ainda estavam em ambos os rostos, como que para lembrá-los de que voltaria a qualquer momento. 

Algumas horas haviam se passado. O coração do casal doía tanto, que nenhuma explicação era suficiente para eles. Durante aquele tempo, várias sessões de choro tomaram ambos, mas Mills não soltara uma palavra e o músico permaneceu da mesma forma. Ambos, ali, um para o outro, mas tentando ainda discernir o que acontecia por dentro.


Um toque na porta e a entrada da médica que atendera a mulher, juntamente com a médica de Regina, doutora Alicia, tirou o casal do transe e ajeitaram as posturas da melhor forma. 

– Oi Regina. - Alicia ficou do lado oposto ao de Robin e segurou a mão da paciente. - Sinto muito pelo que aconteceu. - Deu um sorriso fraco e Mills anuiu. - Sinto muito por tudo que vinha acontecendo com você nessas últimas semanas, vi o relatório médico. Com vocês, na verdade. - A médica olhou para Robin, que anuiu em agradecimento. 

- Regina, Robin, sou a doutora Addison. Atendi você mais cedo. – Voltou o olhar para Regina, que anuiu. – Sinto muito pelo acontecido também. A equipe toda sente. 

- Obrigada. – Mills sussurrou, com os olhos cheios de lágrimas. 

- Sabemos que é inevitável a dor, mas, infelizmente, temos que tratar dos protocolos médicos e repassá-los a vocês. – O casal trocou um olhar. 

- Tudo bem. – O homem se aproximou mais da noiva, deixando um carinho em sua mão fria. 

- Bom.. – A doutora Alicia começou a falar. – O bebê de vocês veio a óbito por consequência de um estresse pós-traumático. – A mulher falava com calma e a arquiteta já liberava algumas lágrimas. – Esse tipo de morte, do Benjamin, foi classificada como um óbito fetal intermediário, o que o diferencia do procedimento se tivesse sido um aborto. 

- Como.. como assim? – Os lábios trêmulos de Regina deixaram a pergunta sair. 

- Quando um feto morre dentro da barriga da mãe com menos de 20 semanas e por uma causa aleatória, aconteceu um aborto. – O casal anuiu. – No seu caso, Regina, seu bebê teve uma causa de morte, por isso o óbito fetal, e como já estava com 21 semanas e 27 centímetros, o chamado intermediário é apenas a classificação interna que damos. Com isso, seu bebê foi retirado por uma indução de parto e foi feita uma curetagem, que a doutora já te explicou. – A morena anuiu. – Ainda hoje será emitida uma declaração de óbito pela doutora Addison e vocês podem ficar responsáveis pelo sepultamento do Benjamin. – Ambos franziram os cenhos.

- Isso quer dizer.. nós.. é.. isso quer dizer que temos acesso a ele? – Locksley perguntou, alternando o olhar entre as médicas e a noiva. 

- Sim. – Disse apenas. – Bom, a duas outras alternativas se vocês não prosseguirem com o próprio sepultamento, são, deixar o sepultamento por conta do hospital ou doarem o bebê para a universidade vinculada ao hospital para estudos em fetos. Em ambos os casos, vocês não poderão saber a procedência depois que assinarem os papéis de autorização, para não haver qualquer vínculo depois disso. 

- Precisamos decidir isso agora? – O músico perguntou.

- Quero ver meu filho. – Regina cortou a resposta da médica antes mesmo dela vir. 

- Meu amor.. – Robin tocou o rosto dela. – Tem certeza? – Por mais que o loiro também quisesse aquilo, diversos receios rondavam sua cabeça. 

- Sim. – Disse com a voz embargada. – Preciso, Rob. Por favor. – As lágrimas recomeçaram. 

- Tudo bem meu amor, acalme-se. – Locksley sentiu as próprias lágrimas se acumularem nos olhos. 

- Alguns exames, de procedimentos médicos e burocráticos estão sendo feitos, mas assim que possível peço para uma enfermeira os buscar e levá-los até o setor. – O homem anuiu pelos dois para a médica, já que Mills tinha sua cabeça afundada no pescoço do noivo, enquanto ainda chorava, mas tentava se controlar. 

- Podemos decidir isso em quanto tempo? – O músico repetiu a pergunta.

- Infelizmente temos apenas 24 horas para isso, então até que Regina tenha alta. 

- Está bem. – A mão tocava os fios negros. 

- Voltamos mais tarde para fazer alguns exames nela. – Addison disse ao loiro, que concordou. 


Depois que as médicas saíram, uma enfermeira entrou para trocar o soro, mas logo saiu e a morena olhou para o homem.

- Você não quer vê-lo? – Perguntou com receio. 

- Claro que sim, meu amor. Eu só não quero que isso aumente sua dor. A nossa. Mas, se esse é seu desejo, faremos isso juntos, pelo nosso eterno menino, por você, por mim. – A mulher anuiu, abraçando-o apertado. 


Mais algumas horas se passaram. Robin havia ligado para Zelena e contou o ocorrido, pedindo que ela avisasse ao seu pai e também a mãe de Regina e que também pegasse alguns documentos e levasse na manhã seguinte para ele, antes da morena ter alta, além de roupa para os dois. 

Já era de tarde quando a doutora Addison retornou para fazer um exame em Regina e logo liberou-os para ir com a enfermeira ao setor de natimortos do hospital. Chegando ao andar, a mulher encaminhou-os a um pequeno tipo de incubadora, indicando o bebê que era deles. 

- Vou deixá-los à vontade, volto em alguns minutos. – A profissional disse, puxando um banquinho para Robin, já que Mills estava em uma cadeira de rodas, e depois pegando a criança, que ainda, por conta dos exames feitos, se encontrava aquecida e entregou-a nos braços de Regina. 

As lágrimas já saiam sem nenhuma timidez pelos olhos castanhos, os embaçando rapidamente. Robin estava do mesmo jeito e se aproximou, tocando o pé do pequeno serzinho. O casal trocou um olhar e voltaram a se concentrar no bebê sem vida. 

- Meu pequeno anjo.. – A arquiteta começou, com a voz trêmula. – Ah, meu bebê. – As lágrimas aumentaram e Robin tocou os fios negros, beijando o rosto dela e em seguida a mãozinha de Benjamin. 

- Obrigado por nos abençoar e nos fazer mais felizes, mesmo em tão pouco tempo, meu menino. – Regina engoliu em seco, ouvindo o noivo dizer aquelas palavras. 

Por segundos a fio eles apenas admiraram o bebê que nunca estaria os chamando de papais ou correndo e bagunçando a casa toda. Observavam, mesmo tão pequenino, como o narizinho e a boca seriam completamente de Regina, mas os fios de cabelo completamente de Robin. 

Regina beijou o filho, em seguida Robin fez o mesmo, mantendo sua cabeça encostada na dela, enquanto ambos choravam pela perda que os assolava completamente. 

- Será que ele teria seus olhos? – Depois de algum tempo, a pergunta da mulher cortou o ar e se afastaram apenas o suficiente para se olharem. 

- Eu não sei. – A voz embargada do loiro soou. 

- Eu acho que ele seria ainda mais lindo se sim. – Uma tentativa de sorriso tomou conta do rosto dela.

- Então vamos imaginar que sim. – Locksley prendeu os lábios um no outro, voltando a olhar para o filho. 

- Eu espero que você esteja sorrindo no céu pra gente, Ben. – Mais uma vez a morena traçou o rostinho minúsculo, ouvindo em seguida um som baixinho sair da boca de Robin. 

- Beyond the door, There's peace, I'm sure, And I know there'll be no more, Tears in Heaven. – O acordes da melodia Tears in Heaven, de Eric Clapton, começaram a soar baixinho pela voz doce, embora embargada, do músico e aquilo fez com que Mills chorasse ainda mais. O casal trocou um olhar e começaram o refrão juntos. 

- Would you know my name, If I saw you in Heaven?, Would you be the same, If I saw you in Heaven?, I must be Strong, And carry on, 'Cause I know I don't belong, Here in Heaven. – A música fora terminada com dificuldade, mas aquelas letras sempre seriam deles e de Benjamin, representariam o amor e a saudade que sempre sentiriam do pequeno ser de luz que os agraciou por alguns meses com sua vida e que certamente sempre estaria em seus corações. 

Regina suspirou, seguida de Robin e o loiro beijou-a na testa. 

- Nós vamos ficar bem, por ele. – Locksley prometeu, mesmo que aquilo fosse a coisa mais difícil de se falar no momento. Mills anuiu. 

- Nós te amamos, pequeno anjo. Nós te amamos muito. – Regina beijou demoradamente a pequena bochecha e Robin imitou-a depois. 

- A vovó Ingrid e o vovô Henry vão estar com você a todo momento. – O loiro disse e fez com que mais uma onda de emoção tomasse conta da morena. 

- Ai Rob. – O peito dela doeu, enquanto fechava os olhos. 

- Temos que confiar a eles para cuidar do nosso menino agora. – Anuiu, concordando com o noivo e se concentrou em respirar pela boca para não perder o ar, já que as narinas estavam tampadas por conta do choro. 

Mais alguns minutos, permaneceram no local, apenas olhando o bebê, até que a enfermeira voltou, avisando-os que a criança teria que voltar para a incubadora até que decidissem o destino que tomariam. O casal se despediu do filho pelo que poderia ser a última vez, se decidissem pelas alternativas em que não seguiriam com o sepultamento feito por eles e voltaram para o quarto. 


Um enorme e incômodo silêncio reinou durante as duas horas seguintes. Robin não soltara a mão da mulher por nenhum segundo nesses infindos 120 minutos. Ambos juntos, mas completamente em outro mundo e pensando sobre a mesma coisa: o que fariam sobre Benjamin. 

- Rob.. – Com um sussurro, ela chamou-o, obtendo rapidamente sua atenção. 

- Oi amor. – Tocou o rosto pálido. 

- O que acha que fazemos com relação ao que a médica disse? – O homem suspirou profundamente, percebendo que ela também pensava sobre aquilo. 

- Eu, sinceramente, não sei. – Bufou, cansado demais e já com os olhos marejados. – Não acho que devamos deixar o sepultamento por conta do hospital. – Excluiu uma das três alternativas, vendo-a anuir.

- Também não, nosso Ben não merece ser mais um número nos registros de óbito. – O loiro anuiu, beijando-a na mão. 

- O que você acha? – Devolveu-a a pergunta. 

- Estava pensando... – Locksley viu exatamente quando os castanhos marejaram e esperou que ela continuasse, apenas limpando o canto do olho dela, quando uma lágrima solitária se soltou. – Um sepultamento vai doer ainda mais em nós dois. – Respirou fundo antes de continuar. – Se doarmos para estudo, nosso Ben pode ajudar em coisas maiores, pode, mesmo que a gente nunca saiba disso, ajudar outros bebês de forma indireta, pode ser vida mesmo após a morte. – O líquido salubre tinha retornado de verdade naquele momento. 

- Você tem razão. – O loiro observou-a. – Ele vai continuar fazendo o bem que foi destinado a fazer. – Mills concordou com a cabeça e o casal se abraçou. – Faremos isso então. – Suspirou, concretizando o assunto, ainda abraçado a ela e tocando as costas da mulher. 

- Faremos. – Regina mordeu o lábio inferior. 

Não era uma decisão fácil. Na verdade, nenhuma das três opções que tinham, seria. Mas, dentre todas, aquela, pelo menos, tornaria o bebê deles apto a ajudar o próximo, a talvez, quem sabe, servir como descoberta da cura de alguma doença, ou ser apenas um bebê que ajudaria na ciência e na propagação desta. Fato é que, para o casal, Benjamin Mills Locksley, como viria escrito na certidão de óbito, continuaria a fazer o bem, de uma forma diferente ao que imaginaram, mas continuaria. 



A noite não fora fácil para nenhum dos dois. Ambos não conseguiram comer, não conseguiram dormir e muito menos pensar em qualquer outra coisa que não fosse a perda de Ben. Robin pedia aos céus que aquilo tudo passasse logo, mesmo sabendo que não era assim que funcionava.

Quando, enfim, a manhã de domingo despontou no horizonte, Locksley percebeu que a noiva tinha cochilado um pouco, agradecendo mentalmente por aquilo. 

Mais tarde, naquela manhã, quando as médicas retornaram para avaliar a morena e saberem sobre o que decidiriam, o casal falou sobre doarem Benjamin para estudo e os papéis foram assinados por ambos. As indicações de remédio para dor e também para dormir, o repouso necessário à mulher e o acompanhamento psicológico intenso por pelo menos dois meses, isto, para ambos, foram dados por Alicia. 

Zelena fora os buscar, levando tudo que o primo pediu. A ruiva ficaria com o casal naquele dia até, pelo menos, a hora que Cora e Rose chegassem ao apartamento dos dois. Ditas algumas palavras de consolo e carinho e abraços direcionados a eles, os três seguiram para casa. 

Mills não falava mais que o suficiente e Robin não exigiria que ela falasse mesmo, por mais que aquilo estivesse doendo ainda mais seu peito, ele apenas a acolhia em seus braços, no banco de trás do carro, para mostrá-la que estava sempre ali, mesmo que ambos ficassem horas e horas em silêncio. Não demorou para que chegassem ao apartamento. A ruiva avisou que os deixaria à vontade e que caso precisassem, era só chamá-la, vendo Robin anuir pelos dois e logo o casal seguir para o quarto.  

- Rob.. estou cansada. – O homem sabia que não era cansaço físico, mas mental, que acabava ainda mais com qualquer pessoa. 

- Eu sei que sim, meu amor. – Sentou-se com ela na beirada da cama, tocando os braços delicados com carinho. – Quer tomar um banho? – A morena negou. 

- Quero dormir, me faz dormir, amor, me faz dormir, por favor. – Pediu com a voz embargada e as lágrimas já presentes. 

- Shi.. – Acolheu-a em seu abraço. – Vou fazer. – Robin limpou o rosto dela como pôde e ajudou-a com o sapato, se deitando rapidamente em frente a ela, assim que fechou as cortinas e deu-a o remédio receitado pela médica.

Passando a mão sobre o rosto dela, a fim de fazê-la fechar os olhos, o que a ajudaria a dormir mais rápido, o loiro começou a cantar baixinho My Girl, de The Temptations, deixando um carinho por todo o braço, ombro, pescoço, rosto e cabelo da mulher que amava. 

Demorou bastante para que Regina pegasse no sono, mas quando aconteceu, ela se entregou completamente ao mais profundo e o coração de Robin se acalmou um pouco, não deixando de doer por ver a expressão de tristeza estampada na face feminina. 

Alguns minutos depois, Locksley se levantou da cama e puxou a porta, deixando-a semiaberta. Dirigiu-se, então, à sala e sentou-se no sofá. Logo Zelena estava sentada ao lado do primo. 

- Ele se foi, Zel. – As lágrimas saíram fortes, como se esperassem apenas aquele momento para se mostrarem. – Meu menino, ele.. morreu. – Engasgou ao falar e a ruiva abraçou o primo, sentindo-o agarrar-se as suas costas, enquanto ela deixava um carinho na dele. 

- Chora, primo. Deixa esse sentimento sair. – Disse baixinho, sentindo a blusa molhar pelo choro do loiro. 

- Eu.. eu não pude fazer nada.. eu tinha que ter salvado Regina daquele monstro, eu tinha, Zel... eu tinha que ter salvado meu filho. – Disse quando se desvencilharam. 

- Rob, não.. não é assim. – A mulher tomou as duas mãos dele com as suas. – Você não sabia onde ela estava, não tinha como fazer algo. Se alguém tem culpa, a culpa é dele. - Se referiu a Daniel. - Você mesmo disse que não podia fazer nada, e sei que se pudesse, você faria, mas, infelizmente, tem coisas que não estão ao nosso alcance. – Locksley a observava. Ela tinha razão, mas não deixava de doer. 

Com ambas as mãos no rosto e os cotovelos nos joelhos, o homem voltou a chorar, a fim de descarregar tudo que estava sentindo e tudo que conseguiu abafar um pouco para dar todo apoio à Regina. Ele sabia que as mães sempre sentiam muito mais e por mais forte que sua noiva fosse, ele tinha medo de que aquilo a desestruturasse de uma maneira irreversível. 

A ruiva ficou ao lado do homem durante uma hora enquanto ele chorava e quando mais calmo, ofereceu-o um copo de água com açúcar e sugeriu que ele tomasse um banho demorado, enquanto ela vigiava Regina e preparava um almoço leve. O loiro aceitou a sugestão e seguiu para o banheiro social, permanecendo debaixo da ducha fria por minutos incontáveis, esperando que a água, de alguma forma, lavasse as piores sensações que aquele momento trazia. 



Ao voltar ao quarto, por volta de 2 da tarde, depois que almoçou um pouco, Robin percebeu que Regina estava acordada e aproximou-se dela, sentando-se na cama. Ao passar a mão no rosto da mulher, sentiu-a molhada, deixando claro que ela estava chorando. 

- Não conseguiu dormir mais? – Perguntou baixo, aproximando seu rosto do dela para beijá-la na testa.

- Não.. – Levou a mão a do loiro e tocou-a. – E você? 

- Não consegui dormir. – Disse apenas e os dois ficaram em silêncio. – Ei, que tal um banho agora? – Mills tombou a cabeça, sem força para nada. – Eu te dou. – Disse e ela anuiu. 

Robin pegou-a no colo assim que a banheira estava cheia, colocando-a com cuidado nesta quando chegaram ao banheiro da suíte. O olhar da morena ainda estava distante e ela mal interagia com Robin, apenas quando era perguntada. Fazendo um som de música com a boca, o loiro banhou-a por longos minutos. Regina pediu para que ficasse ali mais um pouco assim que ele disse que tinha acabado e o homem permaneceu ao lado dela até que ela pedisse para sair, sendo levada no colo até a cama novamente. O loiro secou os fios logo depois que ajudou-a com a roupa. 

- Pronto. – Tocou o rosto dela, sentindo sua mão ser beijada em forma de agradecimento. – Você precisar comer. – Disse por fim, depois que guardou o secador e colocou a toalha no banheiro, vendo-a negar assim que voltou. – Regina... – Chamou, obtendo o olhar marejado dela. – Você precisa se alimentar, – Tentou novamente e as lágrimas começaram a sair e mesmo que ele tentasse limpá-las, era difícil controlar. - Meu amor, olha pra mim. – Mills o fez, levantando a cabeça e o rosto fora pego por ambas as mãos do noivo. – Você tem que se alimentar. – Pediu com calma. 

- Não. – Soltou baixo e Robin respirou fundo. – Pra que eu vou me alimentar se eu não tenho mais ninguém aqui que dependa de mim para isso? – Explodiu. – Eu estou vazia. Não tem um bebê aqui, eu não tenho que comer. Não tenho. – Gritou, entre o choro. Brava com ela mesma, brava com a situação. – Eu não tenho. - Disse outra vez, baixo. 

O coração de Locksley se cortou. Queria arrancar aquela dor dela, mas não sabia o que fazer, então apenas deixou que suas lágrimas também saíssem. 

- Me desculpa. – Regina pediu quando notou que ele também chorava. – Me desculpa, me desculpa. – O choro da mulher veio mais forte e Robin a abraçou. 

- Ei, não precisa pedir, está tudo bem. – Falou a voz embargada, sentindo que ela segurava forte em sua blusa. 

- Não queria gritar com você. – A voz saíra em um sussurro e Robin beijou-a na têmpora. 

- Eu sei que não, meu amor. Eu sei. – Certificou-a. – Mas, você tem que tentar comer, nem que seja um pouco, por favor. – Pediu novamente e com certa dificuldade, ela anuiu. 

Robin pediu que Zelena ficasse algum tempo com Regina enquanto ela comia. Não estava tão bem depois que a ouvira dizer que se sentia vazia e mais uma vez a culpa fez morada em seu coração. 

O momento não durou muito, já que a campainha tocou e o loiro fora atender. Era a sogra e Rose, que abraçaram o homem demoradamente, o consolando. Quando enfim se separaram, o loiro disse que Zelena estava com Regina enquanto ela almoçava e os três seguiram até o quarto. 

Assim que a ruiva viu quem era, levantou-se para dar espaço a Cora, que apressou-se até a filha. Regina não esperou um segundo até estar com o corpo completamente colado ao da mãe e um choro doloroso fora solto pela morena, agora consolada pela mais velha, que tentava acalmá-la com as mãos em suas costas e com palavras sussurradas, enquanto a ouvia sussurrar várias vezes que tinha perdido o filho.

Retirando-se por um momento para dar privacidade a mãe e filha, Robin, Zelena e Rose voltaram para a sala de estar, ficando em silêncio por longos minutos. 


Naquele final de tarde e noite, Cora e Rose permaneceram com a filha e a amiga, respectivamente, enquanto Robin também procurou seu colo paterno para ajudá-lo com sua sabedoria de vida. Por volta de 8 da noite o homem já estava em casa novamente e deitou-se com Regina. Mais uma vez ela o pediu desculpa e os lábios se tocaram castamente. Robin reafirmou que não precisava do pedido e deixou um carinho nos fios negros. Fora, novamente difícil para o casal aquela noite, mas agora com os corpos juntos, um dando calor ao outro, mesmo que por dentro estivesse tudo desorganizado demais, foram embalados pelo cansaço e finalmente se entregaram ao sono. 





Dois meses haviam se passado desde a morte de Benjamin. Rose havia ido embora uma semana após chegar a Florença por conta da filha e da empresa, mas Cora permanecia com o casal, os ajudando naquela fase difícil. Regina quase não falava e quase não comia e por mais que Robin insistisse, ela quase chegava a desmaiar para então ser obrigada pela mãe e pelo noivo a comer. Mesmo sem dizer, aquilo acabava com Robin dia após dia, ele não conseguia ver melhora na mulher que amava, mesmo com as sessões de terapia que ela estava fazendo. Não que ele estivesse muito melhor que ela, mas ao menos se forçava a comer todas as refeições. Locksley queria fazer mais por ela e se pudesse, realmente faria, mas tudo que tentava colocar em sua cabeça era que tinha que viver um dia após o outro. O loiro alternava os dias em que ia na Instituição, mas ficava pouco tempo por lá, além disso, dia sim, dia não, aproveitava para ir até o orfanato a fim de deixar um beijo em Sofia, que sempre perguntava por Regina. Claro que o músico não falara sobre o que tinha de fato acontecido, apenas dizia que a mulher não estava muito bem, mas que quando estivesse, levaria a pequena órfã para vê-la. 

Era sábado de tarde e Cora tentava a todo custo fazer com que Regina ao menos descanse um pouco. A noite anterior não tinha sido fácil. Mills acordou com uma forte crise de choro e assim permaneceu, nos braços do loiro, até a metade da manhã. 

- Dormiu. – A senhora o tirou do devaneio, percebendo as lágrimas dando brilho aos azuis, quando sentou-se ao lado dele. – Você também deveria tentar dormir um pouco. – Sugeriu, tocando a mão de Robin, vendo-o negar e voltar seu olhar para baixo, deixando que as lágrimas tomassem conta do rosto e já começassem a molhar o tapete. – Oh meu filho. – Cora puxou-o para um abraço, que fora aceito de bom grado, ouvindo o choro dele sair alto. – Calma. – Pediu, deixando um carinho nas costas do genro.  

- Eu não posso perder a Regina pra dor, eu não posso, Cora. – Entre lágrimas e com a voz entrecortada, o loiro falou assim que se desvencilharam. 

- Ei, você não vai. Nós não vamos. Ela vai melhorar, mas você também precisa, Robin. Estou vendo você cuidar de Regina quase 24 horas por dia. Eu sei que você é forte, mas também precisa colocar essa dor pra fora, por mais que meu coração de mãe fique completamente grato por você amá-la tanto. E eu sei que quanto melhor você estiver, ela também tem a chance de ficar. – O músico analisou a fala da sogra, limpando as lágrimas. – Você também perdeu seu filho, Robin. Precisa viver essa dor e não deixá-la de lado para fazer de tudo para que Regina esteja bem. Mesmo sem falar, ela também sente a sua dor e se culpa por também ter te feito sofrer com a perda do Benjamin. Aproveite que eu estou por aqui e tente cuidar mais de você também. Não estou te pedindo para não cuidar dela, porque vocês precisam muito um do outro, mas a dor dela não anula a sua e nem a sua, a dela. Apenas pense nisso, está bem? – O homem anuiu, abraçando a senhora novamente e permanecendo ali, como se sentisse sua mãe o abraçar quando algo difícil acontecia. 

- Obrigado. – Disse por fim e Cora deu-o um sorriso sem mostrar os dentes. – Obrigado mesmo. Regina é forte, nós vamos conseguir. – Tentou-se manter otimista e a mulher concordou, segurando na mão dele, para passá-lo toda força que podia. 




Um mês depois daquele da conversa de Robin e Cora, Regina acordou de madrugada e seguiu até o quarto que continha apenas uma cômoda branca, que seria de Benjamin. Os lábios grossos tremeram quando ela abriu a primeira gaveta e viu os bodys que tinha pintado junto com Robin, um dia antes de seu bebê morrer. Olhando as pinturas, seu coração doeu. Benjamin nunca poderia usar aquelas roupinhas feitas especialmente para ele. Pegou a roupa que Robin havia pintado e que originou todo aquele momento bom que viveram naquela sexta feira. Mills fechou os olhos. Robin. Ela não estava sendo a mulher que ele precisava naquele momento, mas como podia se não sabia nem quem era ela naquele momento? As lágrimas tomaram conta de seu rosto e o coração não doía pelo filho, mas por pensar que não estava sendo o refúgio de Robin como ele sempre fora o dela. Seguiu com a roupinha agarrada ao seu corpo até a porta do quarto do casal e observou-o dormir, sereno pelo efeito do remédio, o mesmo que ela também estava tomando. 

Regina seguiu até a sala, com o body da criança na mão e fora até a cozinha beber água, voltando com o copo na mão e sentando-se no sofá. O cenho feminino franziu ao ver alguns papéis na mesinha de centro, parecendo estar escondidas embaixo de algumas revistas que ficavam ali. A arquiteta se moveu para pegar os papéis, deixando a roupinha e o copo de água em cima da mesa e reparou os desenhos que ela conhecia bem de quem era. 

Havia cerca de 10 desenhos, todos endereçados com o nome de Regina. Corações, “eu te amo” escritos, Sofia beijando a bochecha de Regina. Robin, Regina e Sofia passeando. Sofia com um cachorrinho e Robin e Regina abraçados. E por fim, uma com uma mensagem escrita de forma fofa e com alguns erros, que a tornaram ainda mais especial. 

Titia, o tio Robin me disse que vosse não boa. Não sei o que é, mais vai passar. Eu te amu com meu coração todinho e quero te abrassar. A vovó sempre disse pra mim que abrassar cura onde dói. Um beiju, sua Soso.”

O choro, seu maior companheiro nesses quase três meses, se fez presente novamente, mas por incrível que pareça, aquelas lágrimas não fizeram seu coração doer como das outras vezes, seu coração parecia precisar daquelas palavras da menina. Não que os esforços de Robin e de sua mãe não tivessem surtindo efeito, ela só sentiu algo estranhamente diferente ao ler aquilo. Algo como uma cura. Não saberia explicar. 

Passos foram ouvidos e logo o olhar dela encontrou com o de Robin, agora aliviado por vê-la ali. 

- Graças a Deus. – Mills não entendera a expressão do loiro. – Levei um susto quando não te vi na cama. – A morena bateu no sofá ao lado dela, chamando-a para sentar e então o loiro viu as cartinhas de Sofia na mão dela e o body de Benjamin na mesa. – Está.. tudo bem? – Perguntou receoso e viu-a anuir. 

- Vi as cartinhas da Sofia. – Disse por fim. 

- Desculpa não te entregá-las antes, eu não sabia como reagiria. 

- Tá tudo bem, amor. – Mills deixou as cartinhas em cima da roupa de Ben e virou-se para ele. – Ler agora foi como deveria ser. – Levou sua mão ao rosto dele. – Me desculpa Rob. – Pediu, vendo-o negar. – Você faz de tudo por mim e não retribuo nem metade. – Uma lágrima solitária desceu pelo rosto delicado. – Eu só.. eu não.. – Se perdeu nas palavras. 

- Tá tudo bem, meu amor. – Cortou-a. 

- Eu queria te ajudar com sua dor também, mas não conseguia sair da minha. Me desculpa. – Pediu novamente. 

- Você me ajuda se estiver melhorando. – O loiro disse, tocando a bochecha dela. 

- Eu estou. – Confirmou. – Ainda vai doer muito, eu sei, mas estou melhorando. 

- Ouvir isso é como se eu tivesse ganhado o melhor presente do mundo. – As lágrimas deixaram os olhos azuis e Mills as limpou. 

- Eu te amo. – Disse, com os olhos concentrados nos dele. 

- Eu também te amo, muito. – Respondeu. 

Os lábios se tocaram em um contato lento, como há muito não faziam, aproveitando-se daquele pequeno momento de paz, em que apenas estavam focando um no outro, até se afastarem deixando as testas juntas. 

- Quero ver Sofia. – Disse após algum tempo. 

- Aposto que ela vai ficar muito feliz. – Locksley soltou, recebendo o olhar dela. 

- Podemos ficar aqui um pouquinho? – Pediu e o homem anuiu, abraçando-a pelo ombro, para então se encostarem no sofá. 



No dia seguinte, quando Cora acordou, pôde ouvir algumas vozes vindas da cozinha e passando pelo quarto do casal, vendo-o aberto e sem ninguém, seguiu até o local. 

Robin preparava o café enquanto Regina, sentada na bancada da mesa em silêncio, ouvia a televisão do local. O coração da senhora agitou-se no peito. Há tempos sua menina não ia até a cozinha para fazer aquela refeição. 

- Oi mamãe. – Falou baixinho, quando a viu seguindo até a filha e deu-a um abraço. 

- Oi meu amor. – Beijou-a na bochecha. – Que bom te ver por aqui. 

- Hoje consegui trazê-la. – Robin olhou a sogra enquanto passava o café. – Bom dia. 

- Bom rapaz. – Piscou para o genro. – Bom dia. – Respondeu-o. 

- Ele me prometeu um café delicioso. – Sussurrou e a mais velha sorriu. Era tão bom ver a filha melhor e conversando normalmente. 

- Estou com medo de ser reprovado. – O loiro brincou, fazendo com que o clima do ambiente ficasse completamente bom. 

- Bobo. – Uma nova tentativa de sorriso apareceu no rosto da morena e Robin e Cora trocaram um olhar, felizes com a presença da arquiteta ali. – Mamãe, pode fazer aquele fettuccine hoje? Sofia vem aqui.

- Ah, que bom que ela vem. – A mais velha soltou, ainda mais feliz porque sabia que a menina faria bem a filha. – Claro que posso. 

- Robin vai buscá-la para tomar café com a gente. – Completou. – Obrigada mamãe. – Agradeceu enquanto deixava um beijo na bochecha da mais velha e logo recebeu sua xícara de café. 

- Vou lá antes que Sofia já tenha tomado café. – Robin disse antes de deixar um beijo nos lábios da noiva e outro na testa da sogra, saindo em seguida. 

- Ah minha filha.. – Quando estavam sozinhas, Cora soltou, tocando o rosto da filha. – É tão bom te ver melhor. 

- Quando eu paro para pensar muito, dói, mas estou tentando. – Tombou a cabeça e sentiu os olhos marejarem. 

- Infelizmente vai doer muito ainda. – Cora deu-a um sorriso sem mostrar os dentes. – Mas, só a tentativa já é muito válida. – Regina anuiu. – Além disso, com o tempo a dor vai se transformando em outras coisas, digamos, menos dolorosas. – A filha concordou novamente. 

- Obrigada por estar aqui, mamãe. – As duas se abraçaram e permaneceram no contato por um longo tempo. 




Sofia estava agitada porque finalmente iria ver Regina depois de tanto tempo. Por mais que Robin a explicasse que a mulher não estava bem, a cabecinha da criança não parava de pensar que tinha feito alguma coisa com a tia. 

Ao adentrarem o apartamento, Sofia perguntou a Robin onde estava a mulher e se poderia ir até ela. O loiro indicou a cozinha e apenas viu a menina correr, sem responder a outra pergunta que fizera. 

- Titia. – Soltou quando viu Mills ainda de costas, fazendo-a se virar e logo a menina estava grudada no corpo adulto. – Ai titia, quanta saudade. – A voz se embargou. 

- Ah, meu amor, que saudade de você. – Pegou a menina no colo e colocou-a sentada na bancada, recebendo outro abraço. 

- Pensei que não gostasse mais de mim. – Os olhinhos castanhos se encheram de água. 

- Ei.. Claro que não, Soso, eu nunca vou deixar de gostar de você. A titia só não estava muito bem. – Fez uma careta. 

- É, o titio falou. – O loiro chegou à cozinha e beijou a testa de Regina, tocou na bochecha de Sofia e fora ajudar Cora com os pães. – Ah, sua mamãe. – Olhou para a senhora, que fora até ela e trocaram beijos no rosto. – Você melhorou? 

- A titia vai melhorar mais, mas seu abraço pode ajudar, não é? 

- Você leu minha cartinha. – Ficou feliz ao ver Regina associar àquilo a carta. 

- Com certeza. – Piscou para a criança, que logo a abraçou e as duas permaneceram no contato por um longo tempo. 


Após o café da manhã entre conversas com a menina, Regina se pegou sorrindo, mesmo que não tão abertamente, algumas vezes, e aquilo não passara despercebido pelo loiro, que sentiu seu coração se aquecer. 

Robin teve que ir até a Instituição e prometeu que voltaria antes do almoço para passar a tarde com elas. Enquanto Cora preparava o almoço, Mills e a menina se deitaram no sofá da sala e colocaram um filme infantil para rodar. 

- Titia.. – Chamou no meio do curta e a morena se focou nela. – Eu vou cuidar de você. – Mills beijou-a na testa, grata. – Eu prometi à ele. – A mulher franziu o cenho. 

- Ele quem, Soso? Tio Robin? – Perguntou, vendo-a negar. 

- Não, ao Benjamin. – Mills tentou falar algumas vezes mas não conseguia, em choque. Demorou até as palavras saírem da forma embaralhado da boca dela. 

- Co.. mas.. Soso, o tio Robin te falou alguma coisa? – Como eles não haviam contado nada para a criança, nem sobre a adoção, nem sobre o bebê, a única possibilidade teria sido Robin contar, mas ele não faria isso sem perguntá-la, ainda mais depois de o perderem. 

- Não titia, ele me contou. – A mulher ficou ainda mais confusa. 

- Como assim?

- Ele veio falar comigo no meu sonho. Ele é um bebê de asas, sabia? Um bebê bem fofinho assim, desse tamanhozinhi – A menina sorriu, mostrando o tamanho com mão. - E os olhinhos dele são como o do tio Robin. - Mills tampou a boca, enquanto começava a derramar as lágrimas. – Ele me pediu para cuidar de você e do tio Robin pra ele. 

- Ah, Soso.. – A arquiteta tentava a todo custo limpar as lágrimas que saiam, com a ajuda da criança, quase sem fala para aquilo. 

- Ele disse que não quer ver você chorando, mesmo que seu coração esteja dodói. – Quanto mais a menina fala, mais Regina chorava. 

- Que dia você sonhou isso, Sofia?

- Foi essa a noite, titia. – Mills lembrou-se que passou algum tempo da madrugada com a roupinha de Benjamin e depois com as cartas da criança. – Não chora titia, o Ben não quer e nem eu. – As pequenas mãozinhas tentaram limpar as lágrimas, mas Regina a abraçou, sendo logo retribuída pela criança. – Ele também disse que é só ver a água pra vocês sentirem que ele tá aqui. – Regina se afastou e olhou-a. – É só isso que ele disse. 

Regina sorriu. 

Depois de três longos meses na pior das escuridões ela sorriu de verdade. 

Antes daquelas palavras da pequena, não sabia se estava certa sobre ter um céu, sobre seu bebê estar bem, sobre acreditar que a esperança viria de alguma forma, mas aquilo mudara completamente naquele momento e o coração da mulher se enchera de paz. Era o que precisava, e tinha certeza que era o que Robin também precisava. O contaria depois sobre aquilo, ou melhor, pediria para que a criança contasse. 

- Soso.. – Chamou, limpando as próprias lágrimas e a criança a olhou. – Não é o abraço que cura onde dói. – Disse e a criança fez uma careta, não entendendo. 

- Não, titia? 

- Não, é você que cura onde dói. – Um sorrisinho fofo saiu dos lábios da órfã. 

- Eu? – Os olhinhos marejaram. 

- Sim, você. – Mills tocou no nariz pequeno. 

- Soso cura onde dói? – Fez a pergunta se incluindo. 

- Isso. Soso cura onde dói. – Mills repetiu, sentindo um alívio quando fechou os olhos ao abraçá-la novamente.  


Regina tinha consciência de que ainda haveriam dias ruins, mas estava pronta para enfrentá-los e iria, tendo a certeza de que o amor curaria mesmo onde doía. Dividiria aquilo com Robin, a fim de fazê-lo sentir o mesmo que ela naquele momento e eles seguiriam juntos, como sempre.


Notas Finais


Me deixem saber o que acharam? 🥺🤏🏻
E vamos de: Soso cura onde dói 💖

Até a próxima segunda!


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