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História Amor em Quarentena - Capítulo 4


Escrita por: maviautora

Capítulo 4 - Capítulo 4


Foi quase uma hora até que terminássemos de assinar papéis e resolver as burocracias. Vinte minutos foram apenas tentando convencer o policial de que não era necessário prestar um BO. A médica me receitou algumas coisas para os ferimentos. Achei que ficaria livre de hospital, mas acabei de descobrir que levei pontos enquanto estava desacordada. Tenho que voltar para tirá-los daqui a uma semana.

Já passava das 7h quando recebi a alta "definitiva". Com a minha bolsa no ombro e parecendo uma sobrevivente de guerra, saí pulando toda enfaixada porta à fora.

— Segura em mim, você vai terminar caindo.

— Não.

— Deixa de onda, vai logo. — Ofereceu o braço.

— NÃO. 

— Qual o seu problema? — Perguntou indignado, enquanto caminhava ao meu lado no estacionamento.

— Você é burro ou só se faz? 

Poucos metros depois ele me puxa em direção a um carro, que penso ser dele. Então fala abrindo a porta.

— Entra logo antes que eu tenha que te amarrar pra você não ir a pé.

— Ui, ele vai me amarrar! — Debochei com a voz carregada.

— Palhaça.

No caminho, paramos em uma farmácia. Havia uma fila abarrotada de gente para entrar. Depois de muitos empurrões de aposentadas com máscaras de proteção no queixo, conseguimos comprar curativos e medicamentos.

— Se eu tiver pegado o vírus no meio daquele povo e morrer dentro de quinze dias, juro que volto pra puxar seu pé machucado. — Afirmou ao estacionar dentro do condomínio.

Foi inevitável ser o centro das atenções quando adentramos o saguão de entrada. Todos se voltaram para nós — curiosos — até que o elevador fechasse e saíssemos de vista.

— Otários. — Sussurrou.

Chucky me olhou como se eu fosse um ET assim que eu gargalhei reparando no espelho.

— Por que você não me avisou antes de entrar na farmácia que eu tava parecendo ter sido arrastada por um caminhão na BR?

— Porque você não me avisou que eu tô igual o Chucky depois que pegou fogo dentro da fábrica.

Ao chegarmos no nosso andar, paramos um em frente ao outro — nos encarando sem saber o que dizer. Um silêncio sepulcral se instalou no corredor. A tensão era palpável.

— Obrigada?... Desculpa? — Tentei.

— Achei que você era melhor atriz. — Cruzou os braços, negando com a cabeça.

Ignorando seu comentário, fui até a porta do meu apartamento enquanto buscava as chaves na bolsa.

— Quer isso? — Ele perguntou balançando o chaveiro acima da minha linha de visão.

Quando pulei até onde estava para pegá-las, ele deu a volta em torno de mim e abriu a porta, entrando no meu recinto sagrado sem nem pedir permissão. Respirei fundo para não quebrar os restos do porta-retratos que estavam no chão na cabeça dele. Não lembro de ter dado essa liberdade a ninguém.

Antes mesmo que eu entrasse, ouvi um grito ruidoso vindo de dentro da cozinha.

— SAAAI DEMÔNIO!



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