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História Amor em Quarentena - Capítulo 6


Escrita por: maviautora

Capítulo 6 - Capítulo 6


Retirando o fato de que meu joelho já estava podre por me sustentar enquanto eu pulava de um lado para outro, o dia seguiu tranquilo. Não larguei o celular nem por um minuto sequer. Eu estava obcecada por pesquisar mais sobre o Auxílio Emergencial — acabei de fazer 18 anos, não sei se pelas datas vão considerar que eu era uma autônoma desde os 17. 

Independentemente da idade, o boleto sempre chega.

Felizmente, Chucky não veio mais me encher o saco. Acho que já foi o suficiente fingir boa vontade e me esculachar por coisas que não me dizem respeito. Posso até aturar as putarias, mas não sou obrigada a aguentar seus desaforos. 

Só vim cair na real do quanto estava machucada quando tomei banho: era um “ai” atrás do outro. Lembrei de quando era pequena e minha mãe enlouquecia com os arranhões que eu ganhava brincando. Era tão bom sentir que meu choro havia convencido ela de não usar merthiolate em mim… aquela porra ardia sim!

Não vou negar que é frustrante ter ninguém comigo em casa depois de um dia tenso como esse. A paz que tenho não se paga, mas talvez uma palavra amiga e uma notícia boa fizessem a diferença.

Mas não posso esquecer porque larguei aquela casa. Queria paz. Nada de sermões e cobranças. Não ser controlada. Não ser atrapalhada. Silêncio. O fato de não ser julgada sobre tudo o tempo todo me faz sentir livre. Viva. 

Isso compensa a solidão.

***

Já era perto das 22h quando abri a porta para Luís sair e usar a caixa de areia. Meu celular tocou.

— Mãe? Ah... tô bem sim. Não se preocupa que eu ganhei dinheiro suficiente pra me manter aqui, tá?... Fica tranquila, eu não vou voltar pra casa agora... Mãe, eu já disse que posso me virar... eu não vou entregar esse apartamento! Por favor, eu sei que a senhora só quer o meu bem, mas eu não preciso de ajuda sobre isso... Ok. Te amo. Amanhã a gente se fala direito, tenho que fechar a porta e colocar Luís pra dentro, já tá tarde. Beijo. Te amo.

O bipe de “chamada encerrada” me fez entrar em transe enquanto eu lavava os legumes. Tanto que não percebi quando uma silhueta entrou sorrateiramente pela porta. Só acordei ao ouvir um barulho estridente, quando derrubou algo no chão. 

Se eu não estivesse apoiada no balcão da cozinha, tenho certeza que teria desequilibrado de susto. O sentimento piorou depois que vi de quem se tratava.

Era só o que me faltava.

— Que merda você tá fazendo aqui? Eu já falei que não quero mais você dentro da minha casa!

— Sua boca não tá falando o que o seu olhar me diz.

— Lucas, eu já falei que não quero mais nada com você. Faz o favor de cair na real! — Disparei. — Aliás, como diabos você entrou aqui?!

— Lembrei que você deixa a porta aberta pro nosso filho sair nesse horário.

— Nosso filho um caralho, ele é meu gato!

— E você minha namorada.

Passando a mão pelos cabelos, xinguei estressada.

— Para de insistir e vê se entende que acabou! Tu mesmo sempre fez questão de esfregar na minha cara que eu sou a emocionada da história, então para de fantasiar e vai pra tua casa. Por favor. — Pedi, apontando para a porta. Ainda testando minha paciência, o infeliz deitou no meu sofá. — TIRA O SAPATO PODRE DE CIMA DO SOFÁ QUE EU LAVEI A CAPA ONTEM!

Como se não me ouvisse, ele esfregou propositalmente a sola do tênis na capa antes de levantar e vir em minha direção. Parou bem à minha frente, colocando meu cabelo atrás da orelha e acariciando meu rosto enquanto falava.

— Você acha que é fácil esquecer o que a gente viveu? Eu passei seis meses da minha vida ao seu lado. Encontrei um apartamento bom e barato pra você não ficar longe de mim. Até arranjei um gato pra você não se sentir só.

— Arranjou nada, eu que trouxe ele da rua! Mas isso não interessa agora…

— NÃO IMPORTA! — Começou a se alterar. — EU AGUENTEI SUAS CRISES DE ANSIEDADE E TODAS AS SUAS DESCULPAS PRA SE LIVRAR DE MIM. EU TE EMPRESTEI DINHEIRO PRA TRABALHAR. FUI EU QUEM CONSEGUIU CLIENTES PRA QUE O NEGÓCIO FUNCIONASSE E VOCÊ NÃO VOLTASSE PRA CASA DOS SEUS PAIS! É assim que você me retribui? Me bloqueando em tudo que é canto? Dando um fora e passando dois meses sem falar comigo? VOCÊ ME DEVE!

— EU NÃO TENHO QUE TE DAR SATISFAÇÃO DE NADA! Paguei CENTAVO POR CENTAVO COM JUROS o que você me emprestou. Tava tão cega que até comecei a te dar porcentagem de tudo que vendia, achando que tinha alguma dívida contigo. Você me ajudou sim, e muito, E EU TE AGRADEÇO. Nesse semestre passado te agradeci TODO SANTO DIA. E não me venha falar da ansiedade, tu sempre soube que eu tinha e eu nunca descontei em você. Inclusive, se não se lembra, quando as crises atacavam, A SUA ÚNICA PREOCUPAÇÃO ERA COM A PORCENTAGEM QUE VOCÊ DEIXAVA DE GANHAR A CADA DIA QUE EU FICAVA EM CASA SEM TRABALHAR. Você me traiu e me humilhou na frente de todo mundo. Eu te perdoei. Por tudo. MAS VÊ SE ENTENDE QUE EU NÃO TE QUERO MAIS! —  Respirei fundo, me sentindo tonta. — Não quero mais falar sobre isso. Por favor, sai da minha casa.

— Não é tão simples assim Ana, EU TE AMO!

— Não importa. Já tá tudo acertado. E eu não vou pedir de novo. Vai sair daqui agora ou prefere que eu chame a polícia?

— Você não vai se livrar de mim assim tão fácil. — Afirmou, me agarrando e prensando meu corpo contra o balcão.

Beijou-me à força, ignorando completamente meus pedidos para que parasse. Seus beijos desciam pelo meu pescoço enquanto eu me debatia para sair de seu aperto. Seu toque me deixava enojada.

— Vai dizer que não sente nada, hein? — Falou ofegante em meu ouvido.

— ME SOLTA INFELIZ! VOCÊ TÁ DOENTE, SÓ PODE!

Ele conseguiu me imobilizar pelos pulsos com uma mão.

— Eu já cansei de suas palhaçadas. Sempre me dizendo que ainda é cedo ou tá cansada demais pra passar a noite comigo. Você não tem nenhuma rola dentro da calcinha pra ficar se escondendo de mim desse jeito!

Em um único puxão ele conseguiu rasgar minha camisola. Não foi tão difícil, já estava velha e desgastada.

— É hoje que tu me paga por cada fora que me deu. — Com a respiração acelerada, ele desabotoava a calça e abria o cinto freneticamente.

— ME SOLTA! — Gritei, dando uma joelhada em seu saco.

Foi inevitável arfar quando os pontos da coxa se abriram. Usei a perna errada. Apesar de me livrar de seu aperto, a dor impediu que eu andasse. Minha tentativa de fuga foi por água abaixo. 

— Agora você vai ver, infeliz! — Sussurrou com os dentes semicerrados, apertando o meu pescoço com uma mão.

À medida que eu ia desfalecendo sem ar, suas unhas marcavam a minha pele. Antes que eu apagasse, ele foi puxado bruscamente para trás. Um estrondo se ouviu quando foi derrubado no chão e imobilizado.

— Você ouviu ela. Vai embora! AGORA!

— Então foi por isso que você me deixou? Um bombadinho de merda?

— Por favor, Lucas!

Não me dando ouvidos, Lucas conseguiu desvencilhar-se e virou, dando um soco no queixo do meu ajudante.

— VEM BABACA! SE TU FOI HOMEM PRA FICAR COM ELA TAMBÉM É HOMEM PRA SE PEGAR COMIGO!

Imediatamente começaram a brigar. Não demorou muito para que Lucas voltasse ao chão. Sangue escorria pelo seu nariz.

— VAI EMBORA AGORA, LUCAS! — Gritei, segurando a porta aberta para que saísse.

— Você ouviu ela ou prefere que eu te tire na base do tapa?



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