História Amor entre Amigos - Desculpas

                Era sábado de manha e eu acordei com o doutor Eduardo me examinando, ao me ver acordar, ele sorriu e não disse nada, eu também não falo nada e procuro a minha mãe no quarto com os olhos, porém não a vejo, só estávamos eu e ele ali no quarto e isso me deixou aflito. A minha mãe tinha brigado comigo ontem, pois eu não podia ter ido sozinho no banheiro daquele jeito, ela ficou muita preocupada pela minha cara abatida, estando no chão do banheiro, mas eu não queria dizer a ela que o que ela me aconselhou a fazer não tinha dado certo, só tinha feito eu me sentir pior, mas isso eu não queria contar a ela, disse que falei na frente do espelho “as palavras” e que me sentia melhor, como era fácil mentir agora.

                Apesar disso não tinha voltado atrás na minha decisão, eu ainda estava disposto a contar toda a verdade pro Jimin. De repente alguém bate na porta e entra logo em seguida, era o Jimin, fiquei surpreso, pois estava pensando nele, ele se aproxima com aquele seu sorriso lindo, dizendo:

Jimin – Bom dia!

                Ele parecia muito feliz, fiquei intrigado, porque ele estaria aqui tão cedo, mas eu me lembrei que ele havia me dito que sempre vinha todas as manhãs saber noticias. Ele voltou a falar.

Jimin – Como ele está doutor?

                O medico o encarou friamente.

Eduardo – Bem... Ele está muito bem, está se recuperando...

                Ele se volta pra mim e continua.

Eduardo – Jovem Taehyung seus exames indicam uma significativa recuperação, mas você vai ficar mais um dia em observação.

                Fico aliviado e percebo que tinham tirado o soro e os eletrodos de mim.

Eduardo – Seu coração não vai mais precisar ser monitorado e você vai voltar a comer.

Taehyung – Sério?

                Não mostrei nenhuma empolgação, mas minha barriga ronca alto e eles riem.

Eduardo – Vamos ver como seu organismo reage a alimentos sólidos.

Taehyung – Doutor cadê minha mãe?

                Ele ia responder, mas Jimin o interrompe.

Jimin – Ela teve que ir trabalhar e me chamou pra ficar com você hoje, como é sábado não tem aula e eu vou ficar o dia todo com você amigo não é demais!

                Ele estava muito empolgado e ainda sorria, ver aquele sorriso era uma tortura e aquela velha dor apertava o meu coração, eu tive que força um sorriso, era a hora de contar pra ele, eu estava com medo, mas iria falar, o doutor Eduardo sai e nos deixa a sós, ele disse que uma enfermeira traria alguma coisa para eu comer. Enquanto isso nós ficamos conversando, Jimin falava e eu só ouvia, estava nervoso, não sabia como começar, o olhava e admirava sua beleza, tentando tomar coragem; Jimin tinha muito estilo, ele vestia uma calça jeans preta rasgada nos joelhos, uma camisa simples vermelha e um casaco branco, seus cabelos castanhos só realçavam seu rosto alegre e me lembrava da textura que os seus cabelos tinham. Ele falava da galera, da escola e do seu pai que ficou muito preocupado comigo, o meu nervosismo só aumentava e eu já queria gritar, tomo coragem respiro fundo, mas nesse momento o doutor Eduardo volta ao quarto, junto com uma enfermeira que trazia uma bandeja branca, ela puxa um braço compactado da cama, que vira uma mesa improvisada sobre mim, põe a bandeja em cima e descobre, era uma grande tigela de mingau, estava quente, eu podia ver o vapor subindo e o cheiro me embebedava, eu achei estranho, fazia muito tempo que eu não comia mingau, porque não gostava, eu faço um cara de nojo, mas Eduardo me diz que tinha que comer tudo para ficar forte, essas palavras dele soaram intimas de mais pro meu gosto, até o Jimin percebeu o meu incomodo. Eu encaro a tigela ainda com receio, mas estava com fome, o meu estomago gritava por comida, eu pego a colher e começo a comer e percebo que não era tão ruim, muito pelo contrario era muito gostoso, a cada colherada eu sentia um suava sabor em minha boca descer pela minha garganta, que já não doía mais. Eles riam da minha empolgação agora com a papa, mas eu não ligava, só queria comer.

Jimin – Oh! Ele é tão fofo comendo papa.

Eduardo – Um verdadeiro bebê que precisa de muitos cuidados... Pode ficar tranquilo Taehyung nas minhas mãos você vai se recuperar logo, logo.

                Ele aperta o meu ombro forte e fita os meus olhos com aquele olhar misterioso, eu forço um sorriso, estava muito constrangido e o Jimin ria com a situação. Quando eu terminei de comer estava satisfeito, a enfermeira leva a bandeja embora e o doutor faz algumas anotações e logo em seguida sai, só deixando eu e o Jimin ali, que fala:

Jimin – Que gato em?

Taehyung – Quem?

Jimin – Esse seu medico.

                Ele me lançou um sorriso malicioso que me deixou vermelho.

Taehyung – Deixa disso.

Jimin – Ele ta afim de você!

Taehyung – O que? Não!

Jimin – Ah Tae você é muito lento.

Taehyung – Você ta louco, ele é meu medico...

Jimin – E daí?

Taehyung – Ele é um profissional sério! Trabalha com ética...

Jimin – Sei... Quero só ver quando vocês ficarem sozinhos.

                Era do que eu tinha medo, ficar sozinho com o doutor Eduardo, só de pensar na possibilidade me enchia de pavor e isso era estranho, nunca tive esse problema antes, quando eu percebia que alguém estava afim de mim, eu partia logo pro ataque, mas agora parece que algo mudou em mim, eu não queria mais só sexo e tinha esses sentimentos confusos que estavam dentro de mim. Eu percebi que estava perdendo o foco, eu e o Jimin estávamos sozinhos, essa era a oportunidade perfeita para contar, mas eu ainda não sabia como, eu continuo a falar:

Taehyung – Que bom que você está aqui então, pra não me deixar ficar sozinho com ele.

Jimin – Qual é o problema Tae?

Taehyung – É que eu estou sentindo alguma coisa... Dentro de mim, que me dá medo e me enche de insegurança.

Jimin – Ah cara que é isso, você é lindo, mesmo assim todo quebrado.

                Nós rimos.

Taehyung – Você só pode estar brincando, olha pra mim, pareço um boneco de pano todo remendado e cheio de pino dentro de mim.

                Falei cabisbaixo, não era à minha aparência que me referia, mas sim ao meu sentimento por ele, ele sorriu e tocou no meu ombro direito dizendo:

Jimin – Cara fica tranquilo que eu vou comprar pra você uma caixa de cicatricure...

Taehyung – O que? O creme?

                Eu ri, porém ele falava sério.

Jimin – Sim! Quando meu pai foi esfaqueado no trabalho, ficou com cicatrizes horríveis, aí ele comprou o cicatricure, passou e elas sumiram em algumas semanas.

Taehyung – Ta falando sério?

Jimin – Parece que elas nunca existiram.

Taehyung – Ah! Então eu quero, mas rapaz...

Jimin – Eu vou te comprar uma caixa amigo, você merece.

                Quando ele diz isso, eu não contenho as lagrimas e começo a chorar, ele me abraça e digo.

Taehyung – Obrigado Jimin, mas eu não mereço...

Jimin – Oxe porque não?

                Eu o afasto, essa era a hora, eu tinha que falar, respirei fundo e o encarei.

Taehyung – Eu tenho uma coisa séria pra te contar e você não vai gostar...

Jimin – Ai eu já to nervoso, o que é a infecção voltou? Mas o medico disse...

Taehyung – Não! Não é nada disso é sobre o Jungkook.

                Falo firmemente, me ajeitando na cama e enxugando minhas lagrimas, ele ficou sério e revirou os olhos.

Jimin – Lá vem, o que é?

Taehyung – Olha, eu ainda não sei como te contar...

Jimin – Então não conta, o Jungkook não me surpreende mais e não quero saber mais dele.

Taehyung – Ai eu vou falar!

                Gritei.

Jimin – Calma amigo não precisa gritar.

Podia sentir o meu coração no meu peito começar a palpitar e o ar começar a falhar, fechei os olhos, respirei fundo e disse.

Taehyung – Jimin eu menti pra você!

Jimin – O que?

                Ele arregalou os olhos confuso e tremores começam a percorrer o meu corpo, o medo tomava conta e mim, mas eu não podia parar agora.

Taehyung – O Jungkook nunca te traiu, ele te ama, a Susana nunca chupou ele, era tudo mentira, eu já sabia que eles não tinham nada e naquele dia que eu fui na sua casa, eu estava decidido a separar vocês, eu sabia que ele iria pra lá, eu queria que ele nos pegasse juntos na cama, eu quis separar vocês, porque eu te amava, eu queria que vocês terminassem de qualquer jeito... E eu não planejei o acidente.

                Ele ouvia tudo incrédulo com o que eu dizia, mas não liguei e continuei.

Taehyung – Eu fiz tudo isso porque eu te amava, mas agora eu vejo que eu estava errado, que tudo aquilo era egoísmo meu, eu não tinha o direito de estragar a felicidade de vocês dois, vocês são meus amigos e eu estava fora de mim, fazia todas essas coisas horríveis e gostava, sentia prazer em ver vocês brigando.

                Mas uma vez lagrimas desciam pelo meu rosto, molhando minha camisola, ele se levanta da cadeira e dá as costas pra mim, ele devia está com ódio de mim que nem conseguia olhar na minha cara, aquilo me feria muito, eu pensei que me sentiria aliviado contando tudo, mas não, me sentia pior, tremores e mais tremores de aflição e medo percorriam o meu corpo, eu queria parar, mas uma voz dentro de mim clamava para que eu continuasse.

Taehyung – Pode falar eu sou um monstro, mas eu estou arrependido, eu me sinto um lixo agora, não mereço a amizade de vocês, não tenho caráter. Jimin eu sei que o que eu fiz não tem perdão, mas eu quero que saiba, que não haverá um dia na minha vida que eu não vá me arrepender desses atos sujos. Eu só peço que você não me odeie, eu vou entender se você não quiser mais ser meu amigo.

                Eu fecho meus olhos, para poder parar de chorar e esperei ele dizer alguma coisa, mas um silêncio congelante ficou entre nós, eu não queria abrir os olhos, eu não conseguiria encará-lo e se ele tivesse ido embora à dor séria maior, pois ele deve está com nojo de mim. De repente eu sinto tocarem em minha mão, dou um sobre salto assustado e logo abro os olhos, me surpreendendo já que era o Jimin, que tinha voltado a sentar do meu lado, ele segurava minha mão, tinha um sorriso no rosto e me olhava com ternura, fiquei intrigado e ele acabou falando:

Jimin – Taehyung eu não odeio você, confesso que to surpreso, desapontado e triste, eu amo Jungkook e eu não confiei nele, o tratei com aversão e desprezo por causa... Mas cara foi errado o que você fez, mentir assim, mas mesmo assim eu quase te perdi, eu já te disse que a vida é muito curta pra perder tempo brigando com quem amamos. Eu te conheço Tae, eu sei que você nunca faria uma coisa dessas, deve ter sido por causa das drogas no seu organismo, mas mano não importa você é meu amigo e eu te amo.

Taehyung – Jimin...

                Mas uma vez eu não consigo controlar as lagrimas e caio aos prantos, ele me abraça, eu chorava só que agora de felicidade e falo:

Taehyung – Não cara eu não fui seu amigo, eu te manipulei, te seduzi e pra que, pra acabar aqui no hospital todo quebrado, deve ser castigo...

Jimin – Ei!

                Ele me afastou e segurou o meu queixo e levantou o meu rosto continuando.

Jimin – Ei para com isso, não fala besteira Tae, vamos esquecer tudo isso, eu te perdôo cara, sempre a perdão para aqueles que amamos, palavras do Jin.

                Ele ri e eu também sorri ainda chorando.

Taehyung – Cara você não existi...

Jimin – Existo sim irmão, somos amigos e além do mais você não me seduziu naquele dia, eu também queria não vou menti...

Taehyung – O que!

                Franzi a testa surpreso, o meu sorriso tinha mandado toda a minha aflição embora, agora sim eu senti um grande peso sair do meu coração, me sentia feliz, bem comigo mesmo de novo, tinha o perdão do meu amigo e isso era o que importava, nada me afligia mais, era como se a culpa e o remorso nunca tivessem existido.

Jimin – É por isso que eu também me sinto culpado, quando a gente estava lá se “agarrando” eu retribui suas caricias e...

Taehyung – Desculpa...

                Falei voltando a ficar triste.

Jimin – Ai para de pedir desculpas, eu já te perdoei...

                Falou irritado e eu ri com o bico que ele fazia.

Taehyung – Ta vamos esquecer.

Jimin – Amigo tudo já é passado, tudo vai voltar a ser o que era antes.

                Me deu um abraço apertado.

Taehyung – Então... Você e o Jungkook vão voltar?

                Ele desviou o olhar, parecia nervoso.

Jimin – Ah cara eu não sei, a gente brigou feio.

Taehyung – Mas eu já não esclareci tudo?

Jimin – Eu sei Taehyung, mas eu disse coisas horríveis pra ele, não acreditei nele, eu o magoei muito, não sei se nós ainda temos chance...

Taehyung – Descul...

                Ele me repreendeu com o olhar, já ia pedir de novo desculpas, eu ri por dentro e ele falou.

Jimin – Eu acho que ele nunca vai me perdoa...

                Ele falava com lagrimas nós olhos.

Taehyung – Cara o Jungkook te ama e como você falou sempre a perdão pra quem se ama.

                Um sorriso surgiu em seu rosto e ele voltou a me abraçar, porém eu ainda senti suas lagrimas caírem sobre o meu pescoço, mas eu sentia que ele estava bem.

Jimin – Obrigado Taehyung.

Taehyung – Pelo o que?

Jimin – Por ser sincero comigo...

Taehyung – Estava na hora de eu agir como um amigo, agora liga pro Jungkook!

                Ele assentiu com a cabeça, pega o celular e liga, eu achava que ao dizer essas palavras iria me sentir mal, mas isso não aconteceu, muito pelo contrario, me senti bem, estava ajudando meu amigo e era exatamente assim que eu queria me sentir, livre de culpa e de dor, toda aquele perversidade que estava aqui dentro de mim tinha ido embora.

Taehyung – E então?

Jimin – Só chama, acho que ele não quer falar comigo...

Taehyung – Manda uma mensagem.

                Ele digita um breve texto que dizia – “eu preciso falar com você” – enviou, mas ficou inquieto, porque a mensagem não era visualizada.

Jimin – Ah Tae ele deve está me odiando.

Taehyung – Se você quiser pode ir atrás dele, eu vou ficar bem, vocês não podem ficar assim.

Jimin – Não. Eu falei que passaria o dia com você e é o que eu vou fazer, o Jungkook pode esperar.

Ele sorri e aperta minha mão forte, ouvir essas palavras me deixava feliz, eles iam voltar ninguém mais iria atrapalhar o amor deles e um pouco de espera não iria fazer diferença.

Taehyung – Você tem certeza?

Jimin – É claro e além do mais não vou deixar você sozinho com o seu medico taradão.

                Nós caímos na gargalhada. As horas foram passando e ficamos ali conversando, sem ver o tempo passar, era a nossa velha conversa de sempre, alegre e descontraída, realmente tudo tinha passado e eu não podia me sentir melhor tendo o meu melhor amigo de volta, mau podia esperar para me acertar com o Jungkook também e aí sim tudo voltaria ao normal e seriamos a galera de novo.