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História Amor Eterno - Luotto - Família? Jamais


Escrita por: KTEL

Notas do Autor


Mais um capítulo, espero q gostem!

Capítulo 2 - Família? Jamais


Otto fizera questão de preparar com as próprias mãos o primeiro café da manhã que Poliana tomaria após a mudança.

E não demorou muito para que o mesmo ouvisse passos que se encaminharam para a sala de jantar. Então com o maior esforço de reunir toda sua positividade - que, por sinal era inexistente - este abriu um sorriso mesmo que de canto para... Luísa?

- Bom dia... - Falou travado, mas em um milésimo de segundos se recompôs - Bom dia, Luísa!

Luísa revirou os olhos em sinal de irritação. Seu olhar estava pesado, a noite repleta de lágrimas ocasionou um mau-humor terrível pela manhã.

- Pare com isso Otto! - Falou com dureza na voz - Não precisa bancar o bom pai para mim! - Suas palavras são duras, Otto não precisava manter aquela farsa de bom samaritano para ela, já conhecia a tempos e sabia de sua verdadeira natureza.

Otto cruzou os braços, igualmente irritado - Precisa de algo, Luísa?

- Preciso sim! - Falou dura, seu maxilar se contrai a cada palavra - Preciso da guarda de Poliana de volta. - Ela exige, queria sair dali, fugir dele, fazer com que tudo voltasse a ser como era, queria que tudo voltasse ao normal e que na manhã seguinte ela acordasse em seu quarto com os chamados alegres da sobrinha.

- Pois essa é uma das coisas que eu não posso te dar - Otto responde com seriedade.

Luísa, tão irritada quanto antes, falou em um tom de voz tão frio quanto se podia imaginar - Porque você está fazendo isso comigo? Porque tirou Poliana de mim? Já não era o bastante tirar tudo de minha família com uma dívida que você nem se importava? Já não bastava tirar Alice de nós, precisava mesmo tirar Poliana? - Sua voz agora era falha e as lágrimas que surgem em seus olhos revelavam sua dor.

Otto não admitiria, mas se sentiu culpado ao ver aquela cena. Não queria fazer mal a Luísa, nunca quis e o entristecia perceber o quão ruim eram os pensamentos dela sobre ele, mas com a maior firmeza possível, respondeu:

- Em primeiro lugar, eu não estou tirando nada de você, Luísa - Respondeu firme - Apenas estou reivindicando um lugar que já era meu e que me foi tomado. Segundo, você Luísa, me obrigou a cobrar aquela dívida, mesmo que eu não me importasse. E outra, eu nunca tirei Alice de vocês, portanto não fale de algo que não conhece. E Poliana sempre foi minha filha, isso não é algo que se pode mudar. - Encerrou de modo duro.

Luísa olhou no fundo daqueles olhos azuis frios, não havia sentimentos ali. Não havia nada além do egoísmo de um Pendleton. Crueldade e arrogância, era exatamente disso que Otto era formado.

- Porque não ficou com Poliana desde o momento em que ela chegou? - Luísa perguntou com a voz falha, a tristeza e a raiva a domina - Porque me deixou amá-la ? Só para me fazer sofrer mais ? Não bastava o sofrimento que nos proporcionou com seu relacionamento com Alice? Sejamos sinceros Otto, você não se importa com ninguém!

- Meça suas palavras, Luísa! - O tom de voz de Otto perdia toda a calmaria de pouco a pouco. - Eu também não te entendo, não entendo esse apego todo a menina, quando ela chegou a São Paulo você mal olhava para ela, a maltratava e ignorava a existência da garota- Luísa remexeu os lábios para respondê- lo, mas as palavras não saíram, pois, ele continuou- E agora vem me falar que não gosto da minha própria filha? Não me venha com seus sermões hipócritas e antes de criticar a mim, deveria olhar mais para si mesma!

Palavras cruéis e verdadeiras, a irritação e a confusão se misturam entre si. Luísa olha com o ódio mais profundo de seu coração, o sentimento mais intenso que um dia sentiu. Aquele homem egoísta e arrogante estava mais uma vez destruindo sua família.

— Veja bem como fala comigo Otto! Você não tem moral nenhuma para exigir nada de ninguém.- Os olhos de Luísa brilhavam intensamente, um brilho furioso e amedrontador. - Você não sabe pelo que eu passei, não sabe tudo que sofri, mas você não percebe isso não é? Tudo é sempre sobre você, age como se fosse melhor que todo mundo, sempre olhando todos por cima, mas saiba Otto que você não passa de um mesquinho mal-amado que precisa prender as pessoas ao seu lado porque não é capaz de produzir nada de bom desse seu coração de pedra.

As palavras saíram cuspidas garanta afora, aquele ódio todo se manifestando sílaba por sílaba. O sangue em suas veias ferve intensamente pela raiva.

- Me diga então, Luísa - Otto caminha em passos lentos diante dela, seus lábios se comprimem em fervor e seus olhos resplandecem - Entre mim e você, um coração de pedra e um coração de gelo, quem de nós é o pior?

A pergunta fica entre eles, nunca saberiam ao certo o que responder, eram semelhantes afinal.

As sobrancelhas dela se curvam em ódio e surpresa, suas expressões entregam a ele seus sentimentos.

Otto não era do tipo que batia boca com facilidade, constumava fugir de problemas e discussões, mas, às vezes isso era inevitável, ele definitivamente não queria gerar aquele clima tenebroso na casa, ele sinceramente queria se dar bem com ela, mesmo que às vezes seu autocontrole escapasse.

- Me desulpe, Luísa! - Otto logo trata de corrigir sua frase, ele mesmo se supreende, seu lado sentimental havia pronunciado tais palavras - Não queria ter dito isso!

Luísa se afastou com ódio e repulsa de perto dele. As palavras a magoaram.

- Não se aproxime de mim! - Luísa brandou odiosa, dando diversos passos para trás - Apenas saiba... Eu te odeio Otto, e sempre o odiarei! - Falou num sussurro mortal, com tamanho ódio visível nos olhos que amedrontariam até o mais corajoso dos homens, se afastou voltando para o quarto.

Pendleton ficou estático, observando ir. Por algum motivo aquela última frase lhe doeu o peito em um sentimento sufocante. Não sabia o porquê. Mas sabia que doía sentir todo o peso daquele ódio sobre si.

**

Um pouco mais tarde, depois da discussão. Poliana, Ester e Otto tomaram café da manhã em grande silêncio. Nem mesmo Poliana se sentia animada, tão pouco Otto. Já Luísa não saiu do quarto, nem mesmo para o café da manhã.

Não demorou muito para Poliana ser deixada na escola, logo após isso Pendleton voltou para casa ainda pensativo. Talvez sua convivência com Luísa seria dezenas de vezes pior do que o imaginado.

A personalidade dela era forte demais, exorbitante demais. Parecia sempre uma fera diante dele, sempre odiosa e propagando seus discursos de ódio contra ele, era intenso demais aquilo tudo. Ela era intensa  e, era justamente essa intensidade toda que geraria mais e mais conflitos entre eles, Luísa era formada de camadas de orgulho e ira para com ele e aparentemente nenhum dos dois nunca colocaria o orgulho de lado. Mas já estava mais que na hora de Luísa aceitar a realidade, de se render às circunstâncias em que todos foram submetidos, não havia razões para continuarem com aquela rivalidade sendo que toda a verdade já havia sido exposta, pelo menos a verdade necessária.

**

Luísa estava trancada no quarto. Sua mente está sendo ocupada por um turbilhão de pensamentos. Mas todos eles estavam presos em um único lugar.

No maldito Pendleton.

Ainda não acreditava que aquele desprezível ser era mesmo o pai de Poliana. Aquilo estava errado, tudo aquilo estava errado. Um homem como aquele nunca teria gerado uma criança tão doce e gentil como Poliana, só podia ser mentira, ela não tinha absolutamente nada dele, nem na personalidade, nem nos trejeitos físicos, não eram semelhantes em absolutamente nada. Era pura mentira tudo o que ele dizia, não podia ser verdade, não era verdade.

Nem ela, nem Poliana deveriam estar naquela casa.

Era para ela estar planejando o casamento com Marcelo. Deveria nesse momento estar se preocupando com as decorações da festa, o buffet e vestido de noiva. Não de como sobreviver a uma convivência com Otto.

Agora, somente agora ela se recorda.

Marcelo

O que o noivo pensaria ao descobrir que a mulher com quem se casaria, tivesse ido morar na casa de outro homem?

Ou pior, na casa deste homem?

Maldição

Otto não tiraria apenas Poliana. Tiraria também Marcelo. Sabia que o noivo jamais a perdoaria se descobrisse onde ela estava morando. Não que houvesse motivos para desconfianças, os quatro cantos da terra eram testemunha de toda a raiva que ela sentia por Otto, não havia motivo para que houvesse insegurança ou raiva pela parte de Marcelo, mas ela sabia que ele nunca entenderia isso, ele era alienado demais, possessivo demais, e nunca permitiria e nem aceitaria ela estar ali na casa daquele homem, Marcelo sempre teria um motivo para desconfiar.

Então, este era o objetivo de Pendleton? Tirar tudo o que tinha? Desde Poliana até Marcelo? Tudo o que ele queria era arruinar sua vida, deixá-la igual a ele, em ruínas.

- Ah não! Você não irá tirar mais nada de mim Otto! - Luísa falou determinada para si mesma, determinada a resolver toda aquela situação, determinada a pôr um fim naquela história.

Otto já havia ferrado com sua vida o suficiente, ele não teria  controle sobre ela, não mais.

**

Otto revisava os avanços tecnológicos de Ester através do tablet. Talvez tivesse exagerado ao proporcionar tamanha inteligência e tantos talentos para a filha.

Filha

Seu coração acelerou ao pensar naquela palavra.

Sem que percebesse, um sorriso involuntário surgiu em seus lábios. Depois de tanto tempo sozinho, tanto tempo preso na eterna solidão, no escuro de sua mente brilhante. Uma luz finalmente surgiu, um raio de luz e felicidade que agora brilhava intensamente em seu mundo de trevas. Uma esperança, uma salvação.

Finalmente conclui-a a criação de Ester e também finalmente tinha Poliana. A filha que ele tanto desejou após a partida de Alice finalmente estava ao seu lado.

A tanto tempo, havia esperado por aquilo. Mas agora ele finalmente tinha uma família de novo. Tinha Ester, Poliana, e até mesmo...Luísa.

Apesar das confusões, ele tinha uma família.

**

O dia se passou com Luísa presa no quarto, Otto focado no trabalho e Ester havia passado o restante da tarde no jardim.

Um pouco mais tarde. Poliana retornou da escola. Um pouco mais alegre e como sempre um sorriso nos lábios tentando alegrar todos a sua volta.

Sua animação aos poucos começou a contagiar os moradores da Mansão 242. E durante o restante da tarde a mesma conversava e brincava com Ester com euforia e distração.

**

Já ao anoitecer, o jantar foi posto por Sara.

Até mesmo o Android auxiliar caprichara na decoração e nos alimentos da sala de jantar. Pendleton a ordenara para preparar as comidas preferidas de cada um naquela casa de modo a agradar a todos.

Poliana após muita insistência foi capaz de convencer a tia de ir para o jantar, pois a mesma se recusava a dividir o mesmo ar com aquele homem.

E em poucos minutos ali estavam todos. Otto no lugar de patriarca, ao lado direito Ester, ao esquerdo Poliana e em seguida Luísa.

Nenhum deles podia negar o bom cheiro que emanava dos pratos que estavam postos de forma organizada, estava tudo muito bonito e apetitoso.

- Finalmente nosso primeiro jantar em família. - Otto falou com um sorriso de canto com distração, Ester foi a única que retribuiu o sorriso a ele.

- Me desculpe - Luísa fo enterrompe em um tom de quem, na verdade, não se desculpa por nada - Mas nós não somos uma família! - Exclamou irritada, as palavras saíram com notória dosagem de escárnio.

Que hipócrita ele era - Pensa Luísa. Pela manhã ambos se confrontaram a respeito daquilo e agora ele vinha com esse papo de família? Que piada de mau gosto.

Otto tentou manter a calma, mas não foi possível com tamanha infantilidade de Luísa,o stresse o domina e então em um impulso de raiva seu punho se fechou e socou a mesa com violência. Ato involuntário que surpreendeu todas às três na mesa.

Ninguém nunca o vira assim, Luísa havia ultrapassado o limite da paciência que Otto tinha naquele dia, e ele era sempre calmo demais, pleno demais, mas dessa vez sua irritação era muito mais que notória.

- Você é a tia de Poliana, e eu sou o pai dela e Ester é minha afilhada - Falou frio, o canto de seus lábios tremeu por um momento e suas sobrancelhas estavam arqueadas sobre os olhos com fúria - Então sim! Nós somos uma família!

A afirmação gera um silêncio constrangedor, o clima na mesa instantaneamente se tornou tenso. Os dois adultos se olhavam em uma disputa para ver quem pronunciaria as próximas palavras de guerra. Poliana até tentou disfarçar dizendo que a comida estava belíssima e apetitosa. Mas seus esforços não foram o suficiente, pois, em seguida Luísa se levantou da mesa com um semblante mortal olhando Otto de cima como raramente era possível.

- Perdi a fome! - Ela diz, seu olhar duro e cruel fita aqueles olhos claros que também continham uma ira. Em seguida, a mesma partiu novamente para o quarto em passos duros e audíveis sem sequer olhar para trás.

Pendleton se sentiu culpado por agir de forma bruta, eram raros os momentos em que seu controle se esvaia. Mas ele não voltaria atrás numa decisão e não iria atrás da mulher em um pedido de desculpas, de forma alguma se rebaixaria a ela. Luísa já estava se tornando insuportável com tamanha insistência e desconfianças infundadas.

Ela ainda não fora capaz de perceber que ele estava fazendo tudo aquilo para que ambas se sentissem bem em sua casa? Que ele estava dando todo o melhor de si para terem uma boa convivência? Luísa nunca o olharia com outros olhos? Ela não poderia nem ao menos tornar essa convivência suportável? Deixar o orgulho de lado e tentar gerar um clima harmonioso?

E foi com esses pensamentos e um clima terrivelmente desagradável que o primeiro jantar em "família" se passou, cheio de desavenças e desconfianças. A família que nunca existiu estava dividida.

 


Notas Finais


Ps: A Luiza me irrita muito quando bate de frente com o Pendleton 😒

Espero que tenham gostado .

Até o momento é isso aí.

Sayonara ❤


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