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História Amor imenso-Hinny - Quinze


Escrita por: LiviaWsleyy

Capítulo 15 - Quinze


Fui direto para o quarto naquela noite e não saí de lá porque não confiava em mim mesma tendo Harry por perto. Ele havia falado sério? Talvez fosse brincadeira. Ou a proposta era um grande plano para se vingar de mim por tê-lo magoado há dez anos: me atrair com seu magnetismo sexual e depois me dizer que era brincadeira.

Virando de um lado para outro na cama, considerei os prós e os contras e cheguei a uma conclusão: transar com Harry seria incrível, mas o único resultado possível era sofrimento para mim. E também estragaria nossa segunda chance de amizade, que ainda era muito recente e incerta.

Ao mesmo tempo, eu estava completamente excitada, com a calcinha molhada só pelo jeito como ele havia falado comigo. Pensar em estar com ele me deixava maluca.

Em algum momento no meio da noite, devo ter adormecido enquanto pensava nisso. Quando acordei na manhã seguinte, eram onze horas. Eu não dormia até essa hora fazia anos!

O sol brilhava através das cortinas brancas e finas da janela do meu quarto. Eu havia sonhado com a conversa com Harry?Notei que Bea não estava no berço.

Desci correndo e encontrei Harry sentado na sala de estar. 

— Cadê a Bea? 

— Bem aqui. Olha só. — Bea se arrastava lentamente na direção dele e do brinquedinho de pelúcia com que Harry a atraía. Era uma lagarta colorida que fazia barulho. — Vem aqui, Abelhão — ele a chamava.

Eu adorava o apelido que ele tinha dado a ela.

Bea se aproximava lentamente; essa era sua tentativa de mobilidade mais impressionante até agora.

— Ela está se aproximando de você! 

— Eu sei. Passamos a manhã toda treinando. 

— De onde veio esse brinquedo? 

— Eu comprei para ela outro dia na loja do centro.

 — E entrou no quarto hoje de manhã e a tirou do berço?

 — Não. Ela saiu de lá sozinha, Ginny. — Harry riu. — É claro que sim. Fui ver se estava tudo bem, porque você nunca dormiu até tão tarde. Queria ter certeza de que não estava desmaiada depois de ter passado a noite toda pensando em mim.

 — Não exatamente, embora eu tenha pensado.

 — Enfim... ela estava sentada no berço, olhando para mim,quietinha enquanto você roncava. Eu a trouxe para baixo para você continuar dormindo. Tinha uma mamadeira na geladeira. Acabamos com ela. — Harry olhou para Bea. — Agora ela é minha companheira de café da manhã. 

— Obrigada. 

— Não foi nada.

Nós nos encaramos, e senti que eu precisava quebrar o gelo

 — Harry, sobre ontem à noite...

Ele se levantou do sofá. 

— Não se preocupa com isso. Foi sem noção. Fiquei com ciúme, perdi a cabeça.

Fiquei surpresa com a repentina mudança de tom.

 — Sério? 

— Sim. Estava pensando com a cabeça errada. 

— Tudo bem... fico feliz por estarmos de acordo.

 — Bom, preciso trabalhar. — Harry pegou Bea do chão e a levantou sobre sua cabeça por um instante. — Vejo você mais tarde, Abelhão.

Depois disso, ele foi para o quarto e não saiu mais de lá durante o resto da tarde.

Mais confusa que nunca, limpei a casa e lavei a roupa da Bea.

Era início de setembro e começava a fazer frio na ilha. Algumas semanas atrás, eu havia notificado oficialmente a escola em Providence de que não voltaria para trabalhar neste ano. Foi uma decisão difícil, mas era melhor para minha filha.Minhas economias nos manteriam por um ano. Em um ano, eu reavaliaria a situação e voltaria a lecionar ou procuraria um emprego que me permitisse trabalhar em casa.

Quando ouvi as batidas na porta, deixei a vassoura em um canto.

Abri a porta, e meu coração parou de bater por um segundo quando vi uma Morena de pernas longas e cabelo cacheado. 

— Romilda! Meu Deus, que surpresa! 

— Sim, surpresa! — Ela me abraçou. — Caramba, você está ótima, Amélia. Emagreceu? As pessoas não engordam depois de ter filho? 

— Acho que tenho sorte. Minha filha não me deixou comer nem dormir nos primeiros meses. — Tentando disfarçar o desconforto, perguntei: — Harry sabe que você viria? 

— Não. Nem imagina. Ele está lá em cima? Vi o carro dele lá fora.

 — Sim, está trabalhando no escritório.

Ela viu Bea brincando com os móbiles na cadeirinha. 

— Ela é muito bonita. Parece com você. Posso pegá-la no colo?

— É claro.

Um desconforto me invadiu quando vi Romilda se abaixar para olhar minha filha.

O que ela está fazendo aqui?

Harry a convidou?

Era essa a razão para sua súbita mudança de tom?

Fui bombardeada por um ciúme insano.

Romilda pegou Bea no colo. 

— Ela tem um cheiro muito bom. O que é isso? 

— É o sabão especial que uso nas roupas dela. Próprio para bebês.

— Talvez eu deva te dar algumas das minhas roupas para lavar. Que cheiro bom, tão fresco e limpo!

Eu não estava a fim de papo-furado. 

— O que veio fazer aqui, Romilda?

Sentada no sofá com Bea no colo, ela foi direta: 

— Fiz bobagem 

 — Como assim? 

— Estraguei tudo com Harry. No último ano, eu me dediquei completamente ao trabalho e não dei nenhuma atenção a ele. Achei que nossa relação estava segura. Ele falou alguma coisa sobre o motivo do rompimento?

 — Só que terminou o namoro no começo do verão, quando foi a Nova York. Harry não deu detalhes.

 — Foi um mal-entendido.

 — Como assim?

 — Ele chegou de surpresa em casa e me encontrou jantando com Noah Nivens, meu colega de elenco. Harry tirou conclusões precipitadas. Não estava acontecendo nada. Era só um jantar de negócios. As coisas já não estavam boas entre mim e Harry antes disso, mas eu nunca o trairia.

 — Então, você veio...

 — Buscar meu homem de volta. Sim. Eu nem lutei por ele.Não pedi para voltar. Fiquei tão chocada com o jeito como tudo terminou que nunca parei para pensar no que era responsabilidade minha. Basicamente, a culpa foi minha. E eu ainda o amo muito.

Não.

Não.

Não.

Essa ameaça inesperada e iminente punha meus sentimentos à prova. Fiquei apavorada com a ideia de perdê-lo, com medo de Harry voltar com ela para Nova York. Meu corpo ficou tenso, entrou em estado de alerta como se estivesse se preparando para a guerra, para uma batalha que estava destinado a perder.

— Uau. Não sei o que dizer. Eu...

A voz profunda de Harry me assustou. 

— Romilda. O que faz aqui?

Ela se levantou com Bea no colo. 

— Oi.

Harry olhou para mim por um instante, depois para ela outra vez. 

— Há quanto tempo está aqui? — perguntou ele. 

— Alguns minutos. Vim até aqui porque a gente precisa conversar. Podemos sair? Que tal uma caminhada na praia?

Senti o peito pesado e percebi que estava suando de nervoso.

Harry olhou para mim de novo antes de responder:

 — Vou pegar minha jaqueta.

Quando eles saíram, o medo que eu havia contido se libertou com o ar que soprei dos pulmões, só para começar a crescer de novo dentro de mim.

Olhei para Bea e falei como se ela fosse capaz de entender: 

— Não quero que ele vá embora.

Ela fez barulhinhos de bebê enquanto batia com a mão nos brinquedos presos a sua cadeirinha. 

— Tenho medo de ficar com ele e tenho medo de ficar sem ele.

Ela fez bolhas de saliva e babou. 

— Você gosta muito dele, não é? 

— Ba... Ba...

Meu coração disparou.

 — Eu sei. Eu também.


•••

Harry estava fora havia quase seis horas. Eu tinha certeza de que ele não ia voltar.

Quando ouvi a chave na fechadura por volta das dez e meia da noite, endireitei as costas no sofá e tentei adotar uma atitude casual para não dar a impressão de que esperava ansiosa pela sua volta.

Harry esfregou os olhos e jogou a jaqueta sobre uma cadeira. Em seguida, foi à cozinha pegar um drinque antes de voltar e sentar-se ao meu lado.

Engoli em seco com medo de perguntar:

 — Cadê a Romilda?

Harry bebeu um gole de cerveja e olhou para a garrafa, que girava distraído entre as mãos. 

— Está voltando para Nova York. Eu a deixei na estação de trem

 — Pensei que não fosse voltar para casa hoje.

Ele ficou em silêncio por um momento e olhou nos meus olhos.

 — Não aconteceu nada, Ginny. 

— Você não me deve explicações.

Seu tom de voz subiu. 

— Não devo? Está querendo se enganar?

 — Como assim? 

— Acha que não consigo ler suas reações? Vi sua cara quando ela estava aqui. Você estava com medo. Por que não admite? Por que não reconhece que tem tanto medo quanto eu de tudo isso que está acontecendo entre nós?

Não sei.

Não respondi, e Harry continuou: 

— Fomos andar na praia... conversar. Depois eu a levei de carro até a estação de trem.

 — Demorou para voltar. Pensei...

 — Que tínhamos ido transar em algum lugar? Não. Fiquei sozinho dirigindo por aí, pensando. 

— Ah. E o que você e Romilda decidiram? 

— Ela acha que terminei o namoro porque a encontrei jantando com outro cara, mas não é verdade. Fui para Nova York decidido a terminar tudo; já havia tomado essa decisão antes de vê-la com ele. 

— Falou isso para ela?

— Não consegui ser completamente franco sobre tudo.

 — Por que não? 

— Porque teria de contar para ela coisas que não admiti nem para você... e não queria magoá-la ainda mais. 

— Coisas como... 

— Lembra o que eu falei sobre traição?

 — Que se sentisse vontade de trair alguém seria melhor terminar o relacionamento com essa pessoa? 

— Isso. Bom, eu pensei em trair Romilda... com você... muitas vezes no último verão. Imaginei que enxergaria você de outro jeito depois da maternidade, que me sentiria menos atraído, mas não foi o que aconteceu. Pelo contrário. Nunca te achei tão sexy. E, mesmo que não acontecesse nada entre nós, minha atração por você era um sinal de que algo não estava bem entre mim e Romilda. Não se cobiça outra pessoa quando o relacionamento é saudável. É uma indicação de que falta alguma coisa, mesmo que você não saiba exatamente o que é. E  se o desfecho já está decidido em sua cabeça, não tem motivo para adiar a decisão. 

— Romilda está bem? 

— Não muito.

Saber que ela estava sofrendo me incomodava. Eu me sentia mal por ela e continuava confusa em relação às coisas entre mim e Harry.

 — O que fazemos agora? — perguntei. 

— Já falei o que quero fazer. 

— Mas hoje de manhã você disse que havia chegado à conclusão de que não era uma boa ideia, que não queria mais isso.

— Eu não disse isso. O que eu falei foi que o jeito como apresentei a proposta foi sem noção. Fui exageradamente agressivo porque me senti ameaçado, agi como um homem das cavernas. Nunca falei explicitamente que não queria isso. Nem você. 

— Eu expliquei minhas ressalvas...

— E eu entendi. Ficou claro por que você tem medo de manter um relacionamento sexual comigo. Meu lado racional acha que você está certa, mas o lado impulsivo não dá a mínima e só pensa em levantar você sobre a minha cara e fazer você gozar enquanto monta na minha boca. 

Aquelas palavras me acertaram bem no meio das pernas. Ele continuou:

 — O fato de ter se contorcido no sofá só prova que você também tem um lado impulsivo. Talvez nossos desejos tenham que se encontrar em algum momento. — Ele se inclinou para mim e sorriu. — Mas não hoje. Apesar de estar ameaçando encontrar um pinto amigo, você ainda não está pronta para isso. Seria como passar do A ao Z pulando todas as letras do alfabeto.

 — Não devia passar tanto tempo com a Bea assistindo a Vila Sésamo. 

— Merda. Pode ser. De qualquer maneira, você agora está no A. Meu pau está no Z. E isso não encaixa. Essa foi uma das coisas em que pensei enquanto dirigia hoje à noite. Apesar daquela conversa sobre sexo casual, você ainda não está nesse estágio — Ele se levantou. — Já volto.

Quando retornou, ele segurava algo atrás das costas. 

— O que fazíamos quando éramos mais novos e estávamos de mau humor ou não tínhamos nada para fazer? 

— Assistíamos a O grande Lebowski.

Ele mostrou o DVD.

 — Na mosca

— Não acredito que ainda tem isso.

 — Sempre à mão.

 — Vou fazer pipoca — avisei, correndo à cozinha, aliviada por sentir que a tensão havia diminuído. Ele estava certo. Eu não me sentia preparada. Não queria perdê-lo, mas, por mais que o desejasse, não estava pronta para um relacionamento sexual, nem com ele nem com ninguém.

Ficamos sentados num silêncio agradável assistindo àquele filme antigo que, pensando bem, devia ser impróprio para dois adolescentes de treze anos. Mas nenhum de nós tinha pais que monitorassem nossas atividades. A cena de abertura em que o personagem principal tem a cabeça empurrada dentro de um vaso sanitário trazia muitas lembranças. Antigamente pensávamos que aquilo era o máximo.

Na metade do filme, Harry deitou e apoiou a cabeça no meu colo. Sem pensar, afaguei seus cabelos sedosos. Ele deixou escapar um suspiro de prazer e continuou assistindo ao filme, enquanto eu brincava com seu cabelo.

Em dado momento, ele se virou para mim e, instintivamente tirei a mão de sua cabeça, lembrando como ele havia se esquivado no último verão. 

— Por que parou? Desta vez não vou falar para você parar, Ginny. Por favor, continua. É muito bom.

Continuei com o cafuné por mais meia hora.

Não estava mais prestando atenção ao filme quando perguntei'

 — O que mais pensou enquanto dirigia hoje à noite?

 — Que ainda amo suas covinhas. — Ele olhou para mim. — E nem precisei pensar nisso, eu sempre soube.



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