– Quem é essa? – Camila deitou-se ao lado da delegada
– Lívia Garcia – continuou passando as fotos – foi registrada hoje como desaparecida
– Ela tem as mesmas características de Fernanda
– Que tem as mesmas características suas – a olhou
– Sim – retribuiu ao olhar de Lauren – mas o que isso tem a ver?
– Eu segui ele até uma casa – fechou seu notebook e ficou de frente para a médica – ele saiu dela e me atirou, mas deixou-a aberta, então eu entrei.
– E?
– E eu achei um mural cheio de fotos nossa; indo trabalhar, comendo e essas coisas normais do dia-a-dia.
– Meu Deus, esse cara é louco? Desde quando ele segue a gente? – se levantou irritada
– Desde o colégio, pelo jeito – deu de ombros
– O que mais tinha no mural? – cruzou os braços e voltou a olhar a delegada
– Fotos de duas meninas ligadas à foto de Fernanda, e uma delas é a Lívia – apontou para seu notebook fechado
– E a outra?
– Não tinha nomes – se deitou e suspirou, colocando suas mãos em seu rosto – vou para o banho
Se levantou, deixando Camila em pé pensando em como aquilo tudo a incomodava. Foi até o notebook e começou a ver fotos da menina, foi olhar suas postagens e viu o estilo musical da mesma, era muito semelhança com sua pessoa. Parou para pensar que aquilo tudo, certamente, não era coincidência. O homem a observava há anos e só agora que reencontrou-se com Lauren resolveu atacar.
– No que está pensando? – a delegada sai do banheiro com uma toalha secando seus cabelos
– Ele me quer – Camila não desviou o olhar de um ponto fixo
– É – suspirou – o santuário me fez perceber isso
– Que santuário? – franziu o cenho
– Que vi na casa dele – deu de ombros indo pentear seus cabelos
Camila foi para o banho e Lauren pegou o endereço em cima de sua cama, guardando-o em sua jaqueta, colocando seu celular para despertar bem cedo, pois decidiu que iria lá para ver o que aquele homem queria que ela visse. Ligo para sua amiga Julia e pediu para que a mesma ficasse com Camila quando saísse pela manhã, depois de muitas perguntas sobre o porquê da delegada ter sumido, o porquê de estar com Camila e várias outras, aceitou fazer o favor para Lauren. Desligou o celular, colocou seu pijama e arrumou sua cama para ela e a médica dormirem. A médica saiu do banheiro já encontrando Lauren dormindo, sorriu ao ver que a posição da delegada indicava que a mesma estava esperando-a, mas o sono falou mais alto. Colocou uma blusa e calcinha, se deitando ao lado de Lauren, apagou a luz e se agarrou ao braço da delegada, logo caindo no sono também. Quando deu 5:00 começou a tocar uma música baixa, que Lauren logo deu um jeito de para-la antes que acordasse a médica. Quando pensou em se levantar para se arrumar e ir ao endereço deixado, sentiu que Camila estava abraçada em seu braço direito e sorriu, tirando-o bem devagar. A médica se mexeu um pouco e logo abraçou o travesseiro, voltando a ficar serena. Lauren colocou uma calça jeans, camisa lisa branca e sua jaqueta que continha o endereço. Colocou seu all star preto, sua arma e distintivo na cintura e soltou seu cabelo. Seu celular começou vibrar anunciando uma ligação, viu o nome de sua amiga na tela e foi olhar a gravação da câmera de fora e viu a ruiva ali parada.
– Oi – abriu para a amiga, que mostrou o dedo do meio para ela – uou, o que foi?
– São cinco horas e eu to de pé – entrou na casa agarrada com seu cobertor
– O sofá é todo seu – riu apontando para a sala
– Por quê? Não posso dormir no seu quarto com a princesinha? – arqueou a sobrancelha, Lauren a fuzilou com os olhos, fazendo-a rir – sofá, entendido.
– Quando ela acordar, me liga – a ruiva assentiu – obrigada mais uma vez.
A delegada se despediu e foi indo até seu carro. Colocou o endereço no GPS e foi seguindo as coordenadas novamente. Depois de um tempo em uma estrada, a voz no GPS pediu para que virasse em uma estrada de terra cercada de grama alta. Lauren parou no começou da estrada e olhou que ia dar longe, respirou fundo e seguiu em frente. Alguns minutos depois seu GPS simplesmente desligou e não quis pegar mais, mesmo assim seguiu em frente pois já estava ali mesmo. Viu um papel colado em uma das árvores e parou para ver o que estava escrito.
“Que bom que já chegou até aqui, corajosa você. Agora vire a primeira direita.”
Guardou-o junto com o endereço e seguiu o que lhe mandara. Na estrada que seguiu após virar, a grama foi ficando mais calma, dando para ver se houvesse alguma pessoa por ali. Parou o carro ao perceber algo estranho ao longe de seu lado esquerdo. Desceu e foi andando meio ao mato, sentindo um cheiro e sensação horrível. Enquanto se aproximava conseguiu ver melhor o que era. Um corpo nu espetado em uma cabeça de veado empalhada, já havia alguns pássaros em volta. Lauren se aproximou com a mão no nariz, não dava para reconhecer quem era, mas já temia em saber. Viu que seu celular não tinha área no local e voltou até seu carro para usar o rádio policial que tinha nele.
– Delegada Jauregui, câmbio – aguardou a resposta de alguma viatura, suspirou pela demora
– Na escuta, câmbio
– Preciso que localizem meu veículo e venham onde estou, câmbio
– Certo, apenas a viatura? Câmbio
– O que for necessário para a situação, câmbio
– E qual é a situação? Veículo localizado, câmbio – Lauren olho para direção do corpo
– Adolescente morta, câmbio desligo.
Lauren abriu seu porta-malas e pegou seus objetos de trabalho, voltando para onde estava o corpo da menina. A olhou, reparando como sua pele já estava de coloração diferente, seus cabelos exaltaram o preto, sua boca entreaberta e seus olhos fechados em expressão tranquila a fez pensar se sofreu nas mãos do homem antes de morrer. Tirou fotos do corpo da menina de perto e logo ouviu a viatura chegar com ambulância e a perícia, e também o carro de seu chefe. Os policiais se aproximaram, Lauren se afastou e tirou uma foto de longe do corpo.
– Há quanto tempo está aqui? – seu chefe se aproximou de terno e gravata no meio do mato
– Ela – apontou para a menina – ou eu?
– Você – suspirou se aproximando da menina, Lauren seguiu-o
– Uma hora, talvez alguns minutos a mais – deu de ombros
– Talvez? – a olhou – achei que não gostasse de meio termos – a delegada colocou suas mãos no bolso de sua calça, estava estranhando a atitude de seu chefe – e o que estava fazendo aqui?
– Ele me atraiu para cá de novo, assim como Fernanda
– Fernanda está viva! – gritou
– Também notei essa diferença – o senhor olhou-a, pensativo
– Vai para casa, apareça no meu escritório 10:00 em ponto – foi para perto de onde estava o corpo, deixando-a sem entender
Lauren entrou no carro e saiu acelerada, brava com a situação, principalmente pelo fato de que o homem a levou ali apenas para ver a menina morta. Seria aquilo uma ameaça ou aviso? Seu celular começa a tocar com o nome de Julia na tela, suspira e atende colocando-o no viva voz.
– Fala
– Onde caralhos você está, Lauren? – reconheceu a voz brava da médica
– Indo para casa
– Aconteceu alguma coisa? – reparou que a delegada estava com o tom de voz um tanto irritado
– Chego em cinco minutos.
Chegou em sua casa e entrou estressada, foi beber um copo d’água e acabou por jogá-lo na parede da cozinha. Camila e Julia desceram e a olharam. Seu telefone começou a tocar, sem dizer nenhuma palavra para as meninas, ela o atendeu.
– Alô?
– É o David – Lauren fez um som nasal para o mesmo continuar – então, você me ligou ontem perguntando sobre desaparecimento e eu te disse sobre a Lívia Garcia, lembra?
– Lívia Garcia, sei, continua – Camila se aproximou querendo saber sobre a menina
– Encontram-na morta essa manhã
– Eu sei – suspirou e olhou para Camila – eu a encontrei morta!
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