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História Amor marginal - Last christmas


Escrita por: 0Pantsu0

Notas do Autor


tres caps na sequencia (se vc estiver lendo isso no dia em que postei). com esse fico igual em termos de atualizaçoes com o que postei no watt nos ultimos dias.

Capítulo 3 - Last christmas


 

xxx

 

“Então você é a Catra!” Eu recebi um generoso aperto de mão de Bow. “É um prazer te conhecer.”

 

“Glimmer. Baixista da She-Ra, mas acho que já deve saber disso.” Eu recebi um olhar nem tão amigável da baixinha.

 

“Mermista, à sua disposição.”

 

Foi mais ou menos assim que se seguiu a apresentação dos amigos e companheiros de banda de Adora. Eles realmente pareciam um pessoal de outro mundo, até estranho entre eles, pois afinal, eu tinha na minha frente Bow, com suas roupas extravagantes e coloridas, e Glimmer, no seu monotom roxo. E Mermista que parecia querer estar em qualquer lugar, menos ali. Mas pelas fotos que vi da banda, esse era o sentimento padrão dela.

 

Eu busquei fingir interesse. "Vi que vocês ganharam três Music Awards no mês passado."

 

"Nada mal pra uma banda que até dois anos atrás tava tocando em barzinhos da esquina." Bow disse, meio sem jeito. O rapaz ainda não devia saber lidar com a fama. Ele era o baterista também, ajudava.

 

"E a Adora querendo mudar a apresentação de última hora… ela quase enlouquece a gente naquele dia."

 

"Era por uma causa nobre! Esses velhos desgraçados que mandam nessas premiações não aceitaram o álbum da Yuri só porque ela era tailandesa. Sendo que ela vive nessa merda de país faz vinte anos!" Adora carregava uma cara indignada.

 

"Você querer improvisar uma música que a única letra era Vá se foder M.A não me parece o melhor protesto. Você quer ser cancelada?" Mermista mexia em seus cabelos, falando com uma voz monótona e entediada.

 

"Vamos Catra, você que é a moça das leis aqui. Eles não podem fazer isso." Ela puxou a conversa para mim.

 

"Isso tá na mesma categoria que você barrar alguém em um local porque a pessoa não tem dinheiro pro ingresso." O silêncio e os rostos que materializaram desaprovação eram um indício que eu não tinha dito a coisa certa. Que ótima primeira impressão. "Eu não concordo com isso, mas nesse caso, é o que um advogado desses velhos iriam dizer." Tratei logo de me retratar.

 

Os rostos não melhoraram muito. Era melhor eu ter ficado quieta.

 

"É por isso que temos advogadas como você para nos defender." Adora tentou me ajudar. "Eu vi que o pessoal da sua firma que trabalhou pra conseguir fazer com que os trans possam ter o nome social nas universidades?"

 

"É… eu não tava tão envolvida nesse caso, mas… sim." Isso quer dizer que Adora procurou saber sobre a LQNH?

 

Tentei manter minha boca fechada, mas apesar da horrorosa primeira impressão, a banda continuava a perguntar o que eu fazia, com quem eu me relacionava, que contatos eu tinha… Eram pessoas amigáveis, amigáveis até demais pro meu gosto, mas que com certeza seriam agradáveis de se ter ao lado. Eu nem percebi quando Adora deixou o grupo. Nem quando os próprios membros do grupo deixaram o grupo.

 

“Ah, então aí está você. Porque demorou tanto?” Eu pude ouvir a voz de Adora aumentar aos poucos, conforme ela retornava ao grupo.

 

“Voos. Atrasaram em uma hora por causa de uma tempestade. Perdão.”

 

“Anda, eu quero que conheça alguém.” Ela tomou sua mão. “Catra, eu quero que você conheça Madeline… minha namorada.”

 

Eu já sabia quem era Madeline Bellamy. Não era difícil, quando ela era a modelo mais seguida do Instagram, quando estava presente em todos os desfiles de moda importantes e claro, quando ela era namorada de uma das vocalistas mais famosas do mundo. Apesar disso, me impressionou sua altura, assim como seus cabelos. Bellamy era conhecida por mudá-los a todo instante, e dessa vez, eles estavam na altura do rosto, meio ondulados e descoloridos, apenas algumas pontas tinham um tom de verde. Olhando para o estado dela, que acabara de chegar também de um voo, com seu batom bem aplicado, seu vestido branco nem um pouco amassado, e sua maquiagem perfeita, e o meu estado, que chegou há algumas horas atrás, com olheiras, usando o mesmo blazer e calça social, nós tínhamos uma clara diferença entre uma modelo e uma mera plebeia.

 

“Madeline Bellamy.”

 

“Catra Cartagena.”

 

“Ah, tal qual a cidade na Colômbia? Eu e Adora a visitamos ano passado.”

 

“Não, tal qual a cidade na Espanha.” Silêncio. Tem como eu não soar rude para esse pessoal? “Meu pai é espanhol. Minha mãe é colombiana. Meu pai que escolheu, mas ele não sabia que existia uma cidade na Colômbia com o mesmo nome. Foi uma boa coincidência, no final das contas.”

 

Adora tinha uma olhar que eu não entendia, ela parecia estar me pedindo desculpas, mas eu não sei pelo quê. Madeline continuou a conversar comigo.  “E de onde você conhece a Adora?”

 

“Nos conhecemos desde que tínhamos seis anos. Nós éramos melhores amigas.” Adora respondeu, seu braço se entrelaçando com o da modelo. Elas duas faziam realmente um casal clichê. A rockstar e a modelo. Porque eu não estou surpresa?

 

Éramos?” Pontuou a modelo. “Eu perdi alguma coisa?” Ela disse, olhando para nós duas.

 

“Bom, a gente se afastou faz uns cinco anos, que foi quando a Adora saiu da faculdade." Não era mentira, afinal. Se Bellamy me perguntou aquilo, era porque Adora não lhe contou sobre tudo. Na verdade, pelo que parece, Adora não lhe contou sobre nada.

 

Madeline não tirava os olhos de mim, como se eu fosse uma criminosa, a qualquer momento planejando uma fuga. Ela me vou dos pés a cabeça, com seus olhos fundos. Parecia querer encontrar nas minhas roupas, no meu corpo, em uma parte de mim, alguma informação. Devo dizer que esse pessoal que é modelo é meio assustador, pois foram treinados para fazerem caras e bocas.

 

"Eu tava pensando agora…" Não deve vir coisa boa por aí. "Que tal um jantar? Eu, você, Adora. Eu não sei se vocês já tiveram algo do tipo, mas seria ótimo. Você não acha?" Bellamy dirigiu a pergunta para Adora.

 

A loira me olhou, como um aviso. "Ia ser ótimo. Que dia você acha melhor?" Ela perguntou para Madeline. "Acho que umas nove deve estar bom pra você, não é Catra?"

 

Espera aí. Essas duas estavam decidindo sobre jantares com minha presença e sem nem ao menos perguntarem se eu estava disposta a ir. Essa loira desgraçada estava se aproveitando da ocasião.

 

"Amanhã não, eu queria descansar. Terça é o dia que minha equipe vai montar o estúdio, lembra? Quarta é um bom dia pra você, Catra?"

 

Não, nenhum dia é bom pra mim, nem nenhum outro dia. Eu não quero nem um pouco saber o que minha ex namorada - que caso ela tenha esquecido, terminamos em péssimos termos - e sua atual - que é apenas uma modelo dessas revistas que vemos em salões de beleza - discutirem, falarem e esfregarem o que fizeram ou vão fazer, sobre a barganha de um prato de um restaurante cinco estrelas. Me livra disso, alguém.

 

Eu estava pensando em qualquer saída pela direita quando eu sinto meu celular vibrar no bolso do blazer. Era Hordak. "Um segundo." Me afastei das duas.

 

"Hordak, você tem qualquer coisa pra eu fazer na quarta a noite, por favor? E nos outros dias também? Uma viagem, uma papelada pra entregar, uma faxina no escritório…"

 

"Boa noite pra você também, Catra. Que tal uma conversa com Double Trouble? Ele acabou de me ligar informando que estava disponível para conversar com a gente justamente a partir de quarta. Seu contato com esse Flemming realmente rendeu.”

 

E tem pessoas que odeiam seu trabalho. O trabalho nunca me deixou na mão quando eu precisava dele. “Pode marcar fora do horário. Oito da noite. Não, nove. Não, marca às sete, artista adora se atrasar.”

 

“Você tá bem motivada para fazer algo na noite de quarta, de uma hora pra outra. Não que eu esteja reclamando, mas aconteceu alguma coisa?”

 

“Qualquer um ficaria motivado se estivesse se livrando de uma enrascada. Quarta às sete.” Desliguei com um sorriso no rosto para dar a notícia. Essa conversa significava trabalho a mais por uma semana, talvez o suficiente para fazer elas esquecerem dessa ideia. Tentei fingir algum tipo de tristeza, mas era difícil. “Então, meu chefe acabou de me ligar. Vou ter que fazer hora extra por lá essa semana. E na próxima também. A gente tá com um caso grande nas mãos.”

 

“Que conveniente.” Eu pude ouvir Madeline resmungar baixinho, não baixo o suficiente para ser um murmúrio, mas nem alto para ser um comentário. Se Adora percebeu, ela tratou de fingir que não escutou. “Bem, eu acho que a gente vai ter mais chances de se falar até o dia do casamento.”

 

“Sim. a Spinderella já marcou a prova do vestido e quer que a gente vá. Você também, Catra.” A loira disse. Espera, o que ela quis dizer com você também, Catra?

 

A modelo puxou Adora, a agarrando pela cintura e lhe dando um beijo. O que ela queria dizer com aquilo, eu não sabia. Se bem que esse povo famoso gosta de se exibir e exibir o que tem. "Amor, o papo tá bom, mas esse vôo acabou comigo. Onde estão as futuras esposas? Você nem me apresentou. Podemos ir falar com elas e ir pra casa?"

 

As pessoas perguntam em que momento eu passei a ser essa pessoa workaholic. Mas ninguém se pergunta em que momento a Adora passou a ser pessoa tão blasé? Quer dizer, ninguém vê que a dinâmica dessas duas é extremamente…. cringe?

Adora lhe deu um beijo e se despediu, indo atrás de Spinderella e Netossa e me deixando a sós com Madeline. Aí vamos nós.

 

“Não é estranho ela não falar quase nada de você pra mim ou pra banda sendo que vocês se conhecem há 20 anos?” Ela disse, fixando bem o olhar para mim, eu podia sentir um sarcasmo escorrendo por aquelas palavras.

 

“Não é mesmo?” Eu retribui o mesmo sarcasmo, intencional ou não, a ela. “Que estranho ela não te falar disso já que vocês são namoradas.”

 

Ela continuou me fitando, como se buscasse tirar alguma coisa a mais de mim sem usar nenhuma palavra, até Adora chamar seu nome, ao lado de Netossa e Spinderella. Ela sorriu para mim, antes de atender sua namorada. “Você é uma pessoa interessante, Catra. Espero continuar essa conversa em outro momento.”

 

Quem essa doida pensa que é?

____________________________

As coisas estavam indo bem na terça feira. Spinderella pediu para que eu fosse junto com ela para experimentar seu vestido. Eu tinha conseguido um intervalo de três horas do meu trabalho para essa empreitada. Scorpia também estava presente. Adora estava presente. Até Madeline esteve com a gente por um tempo, antes de sair para checar a situação do estúdio que as duas iriam montar tanto para a banda tanto para os trabalhos de modelo dela, durante esse tempo de férias. Eu não sou a melhor avaliadora de moda, longe disso, mas o pequeno estúdio onde se encontrava loja de vestidos de noivas tinha ar condicionado e cadeiras confortáveis o que foi um chamariz para meu sono. Eu só acordei quando a moça que nos atendia falava os preços das peças. Qualquer vestido tinha no mínimo quatro dígitos. Porque vestidos de noiva são caríssimos? Porque qualquer coisa relacionada a casamento o preço ao dobra de valor?

Sim, as coisas com Adora estavam correndo bem, já que não trocamos uma palavra durante todo aquele tempo. Mal olhamos uma para outra. Ela estava entretida com Madeline, falando em murmúrios, enquanto a modelo estava entre nós, e depois, realmente focada nas um milhão de variações do mesmo vestido branco. Scorpia parecia deslocada, tal como eu, mas ao menos demonstrava interesse. E não estava a quedas de sono.

As coisas estavam correndo bem até eu perguntar se eu poderia ter um copo de água. Eu tinha que tomar qualquer coisa com cafeína urgentemente, o que dada as condições, era o Torsilax que tinha no bolso. A moça que nos atendia me levou até o fundo da loja, numa pequena copa. Não percebi quando Adora veio atrás de mim.

 

“Me desculpa pela Madeline na festa. Nem de longe é uma boa ideia ter um jantar com sua atual e sua ex presente, nem pra mim nem pra você. É que-”

 

“É que ela não sabe que já fui sua namorada, certo?” Cortei sua fala. “Ela mal sabia que eu era sua melhor amiga.

 

Adora ficou muda e me viu tomar o comprimido. “É complicado. Eu... nós somos…” Ela respirou fundo. “Desculpa. Você é mais do que uma ex pra mim, tá ok?. Eu tenho mais momentos, bons momentos, com você, do que só o de uma simples ex.”

 

“Sim, eu fui a garota que você abandonou pra tentar sorte com a She-Ra. E a garota por quem você chorava no chão da cozinha depois de brigarmos. Realmente…. tivemos excelentes momentos."

 

“Eu não te abandonei!” Ela aumentou o tom de voz e percebeu onde ela estava. “Olha… não. Eu não vou discutir isso com você agora. Eu… eu tenho outra coisa pra falar com você.”

 

As coisas estavam correndo bem, ou parcialmente bem, até Adora dizer o que ela realmente queria ao me perseguir até aqui. Não, não era remoer coisas do passado ou diretamente me convencer que entre nós ainda tinha espaço para alguma amizade. Nunca que a Adora iria bater de frente comigo. Nunca. Tinha medo, de mim, do que eu poderia dizer, de que facilmente eu poderia quebrar os cacos de vidros juntados com cola que era nosso relacionamento, e pior, de como eu queria tanto quebrá-los. Eu também teria medo, as brigas que tivemos não eram para amadores.

Ela queria que eu fosse para um jantar, junto com ela e seus dois companheiros de banda, Timmer e Low, se não me engano, por que os dois estavam as vias de um namoro e ela queria ajudá-los. Basicamente, um double date. A audácia.

 

“E sua namorada não pode fazer isso por você?”

 

“Meus amigos conhecem Madeline. Eles não conhecem você. Eles querem te conhecer também.”

 

Eu tomei o bendito comprimido antes de voltar a conversa. “Encontro duplo? Que idades eles têm pra fazerem isso? Que idade vocês têm para isso? 16?”

 

“Catra, por favor…”

 

“Não, por favor, não. Eu não sei se você entendeu o que a gente conversou naquele banheiro, mas deixa eu mastigar pra você então. Eu não te aceitei de volta, eu não quero ser sua amiga, sua conhecida, sua colega… Eu estou te tolerando. Por causa do casamento delas.” Eu apontei para a porta aberta, onde Spinderella conversava algo com a dona da loja. “O que significa que fora do contexto desse casamento, eu não quero nada com você.”

 

Eu pensei que ela iria começar a chorar de novo. “Eu fico pensando se todas nossas conversas antes eram assim.” Foi o que Adora disse, com cabeça baixa.

 

“Sempre foram assim. A gente era apenas conivente com isso. Você consegue ver agora porque nós não funcionamos ou você ainda tá cega?”

 

Eu conseguia ver sua frustração. “Porque você não nos dar mais uma chance? É tão difícil assim pra você?”

 

“Eu te dei várias chances no passado, e você cuspiu em todas elas.”

 

“Você não me deu nenhuma chance, Catra! No passado você era uma desgraçada egocêntrica!” Os olhares dos demais presentes tornaram para nossa discussão. Eu não me importava, sinceramente e isso não pareceu intimidar nenhuma de nós duas.

 

“E você uma filha da puta possessiva.” Respondi. Adora tinha um jeito de me deixar estressada e nervosa e de uma maneira, não é como se explodisse de uma vez só. Era aos poucos, como se todos os passos de uma explosão estivessem em câmera lenta.

 

"Esse é a única coisa que você sabe fazer? Afastar todo mundo do seu lado? Destruir qualquer relação que você tenha?"

 

Essa garota não estava falando sério. Ela esqueceu de tudo que aconteceu com a gente? Eu não tinha vontade nem de levantar minha voz. “Engraçado você falar de afastar e destruir. Não fui eu que preferiu tocar na porra de uma barzinho de esquina do que passar o aniversário da sua namorada e melhor amiga." Aquilo não foi o suficiente. "Não fui eu que trai a namorada com a porra de uma fotógrafa”

 

Talvez eu merecesse o tapa que ela deu na minha cara. Se todas atenções já estavam na gente, depois desse tapa, eu pude ouvir passos se aproximando. “Eu já te pedi mil desculpas pelo aniversário. Essa é a mil e uma. Mas eu nunca te trai. Você sabe disso. Todos sabem. Você é só uma paranóica do caralho.”

 

Scorpia se aproximou de Adora, enquanto Spinderella pegou no meu braço, me levando para fora do estúdio. “E você realmente acredita que entre a gente alguma coisa vai mudar?” Eu disse, ainda não contente com ter levado apenas um tapa.

 

“Não, não quando você projeta nas pessoas o que você acha que elas são. Então não tem como mudar!” Ótimo, eu fiz ela chorar de novo.

 

Spinderella me levou para fora da loja, enquanto Scorpia tentava amparar Adora. O que me mais me assustava em toda essa situação era eu não sentir nada. O choro, a briga. Eu já estava tão cansada e acostumada com tudo isso, que nada me admirava.

 

“Você podia ter apenas dito não pro convite? Melhor, qual a dificuldade em dizer sim? Vai perder um braço se você for gentil com as pessoas?!”

 

“Iria fazer alguma diferença?”

 

“E você acha que ser uma passivo-agressiva é a melhor opção? Você olha pra gente e nos trata como se fôssemos algum desses engravatados do seu trabalho!” Aquela era uma das poucas vezes que vi Spinderella com raiva. Ela respirou fundo algumas vezes, antes de voltar a palavra a mim. “Eu tinha dado esse ideia para Adora na festa no domingo quando ela falou sobre a banda, mas tudo é tão difícil com você…"

 

"Você sabe que eu e a Adora não terminamos de um jeito bom. Era previsível que isso ia acontecer…”

 

“Sim, era realmente previsível você ser uma babaca. O que quer que tenha acontecido entre vocês duas não te dá permissão para ser hostil com ela. Você está a machucando apenas por que você quer. Mas você não tá apenas machucando ela, está me machucando, machucando a Scorpia. Todo mundo aqui."

 

"Me desculpe. Eu vou tentar me redimir disso."

 

Spinderella me olhou compadecida. "Tudo na sua vida é se redimir, Catra. Tudo. Vai chegar um dia em que você não vai ter chance de se redimir. Você não consegue ter tempo para seus amigos, sua vida amorosa, sua saúde, nada. Depois eu compenso, é isso que você pensa. A única que você se importa é com seu trabalho."

 

"E o que mais eu posso ter? Esse trabalho é a única coisa que faço que eu não consigo decepcionar ninguém."

 

"Você pode me ter. Ter a Netossa, a Scorpia, a Adora. Os companheiros de banda dela. Eu diria que até pessoas do seu próprio trabalho. Tanta gente. Sabe, a Netossa fala uma coisa sobre você que me dói concordar. Quando a gente estica a mão pra você nesse fundo do poço que você está, você quer nos puxar pra baixo no lugar de subir."

 

Havia alguma coisa naquilo que Spinderella falou que me deixava mal. Eu não sei se era por ser ela falando isso, ou porque eu já sabia disso. Notei que ela ainda estava com vestido tomara que caia que experimentava, antes da confusão. “Me desculpe. Você não merecia isso no dia da prova do seu vestido.”

 

“Eu não quero que você pense em mim, eu quero que você pense na Adora. Você acha que ela merecia isso? Catra, quando conversa com ela, você nem chega a falar o nome dela.”

 

Nesse momento, meu celular vibrou. Hordak. Eu fiquei olhando para a tela por alguns segundos. “Eu preciso atender.” Spinderella não falou nada, apenas abaixou a cabeça e tornou a entrar no estúdio, fechando a porta. Era sinal de que eu não era mais bem vinda ali. Finalmente atendi.

 

“Espero não ter atrapalhado. Mas Double Trouble confirmou para amanhã às sete.” Eu não sabia o que dizer para Hordak. “Algum problema, Catra?” Perguntou preocupado.

 

Eu não podia me afetar por isso, não podia estragar a única coisa que fazia bem feita. “Não, nada, eu já tô voltando. Foi mais rápido do que pensei. Me esperem para a reunião das quatro.”

____________________________

A conversa com Double Trouble acabou não sendo produtiva, já que metade do tempo ele estava reclamando da viagem e como estava cansado e na outra metade fofocando. Ah, claro, ele tirou um tempo perguntando quem eu era, quem Hordak era, o que significava cada letra da nossa firma, LQNH. Quando finalmente nos aproximávamos dele relatar o que acontecia em um dos cultos do senador Prime, ele mesmo decidiu dar a reunião por encerrada porque tinha que conhecer as baladas da cidade. Duas horas jogadas no lixo.

 

“Duas horas jogadas no lixo” Repeti o que pensei, enquanto tomava os papéis da mesa, que tinha mais bobagens ditas por Double Trouble do que informações relevantes,  e estava pronta para virar a chave e ligar para um contato.

 

“Artista. Não esperava diferente. Teremos melhor sorte na próxima.” Hordak completou, sentando-se com uma expressão fatigada na sua pomposa cadeira de chefe. Ele viu minha atenção ao celular. “Catra, olhe para mim.” Ele tinha um tom sereno, mas intimidador. Olhei. “Vá descansar. Eu admiro seu entusiasmo, mas precisamos de você nos seus 100%. Alguma coisa aconteceu, eu sinto isso, e você não quer me dizer, tudo bem, coisas de sua vida pessoal. Tome o dia de amanhã de folga. Volte na sexta para conversarmos com ele de novo. Ele marcou no mesmo horário.”

 

“E a questão do Anchor Times? Eles estão investigando o Prime também, eu tenho contato com-”

 

“Alguém vai resolver isso, mas não vai ser você.”

 

Olhei surpresa para ele. “Mas-”

 

“Nada de mas. Você sabe que é mal vista naquele jornal desde a sua confusão com o editor chefe. E eu preciso de você aqui e você bem. Entendeu? Vamos mandar o Ethan, o garoto deve saber desenrolar isso. Ele desenrolou um hotel sem lençóis de seda pra você não foi? E uma passagem de volta em plena Comic Sans, algo assim.” Concordei com a cabeça. “Vá pra casa, ou então vá no Ginza. Isso, vá no Ginza, eu sei que você adora a comida de lá. Você tá pálida Catra, parece que vai desmaiar a qualquer instante. Você tem que comer, sabe, comida, não aquelas porcarias enlatadas ou que você coloca no microondas.”

 

Voltei puta para o carro. Descansar não ia me levar a nada, só ia me fazer perder o ritmo. E se eu perdesse o ritmo, já era. Eu iria ligar para o contato amanhã, Hordak gostando ou não. Mas talvez a sugestão dele do Ginza fosse uma boa ideia. Aquele jantar, por pior que tenha sido, me fez recordar o quão boa era comida de lá, assim como o ambiente. Uma experiência ruim não iria estragar os ótimos momentos que estive lá. Não pensei duas vezes e logo eu estava no restaurante, numa mesa e pedindo um Casillero.

Decidi perder um tempo traçando uma lista de possíveis nomes ligados ao senador Prime, que Flemming havia me passado, buscando otimizar quais seriam os melhores contatos e que teríamos mais facilidade de extrair informações. Mais do que de um artista. Alguns não tinha nada além de um nome e de um endereço, outros eram bem complicados, por estarem mais nos holofotes. O garçom voltou a mesa, esperando algum pedido, que eu respondi novamente com um à matriciana.

Eu devia estar na segunda dose de vinho e terminando de rascunhar um email para um dos contatos dados de Flemming quando o garçom retornou. Não devia ter dado cinco minutos, o que estranhei, apesar de conhecer a rapidez do atendimento.

 

“Acho que temos uma concorrente para ver quem chega mais cedo.” Aquela voz definitivamente não era do garçom.

 

Era Timmer e Low, ou melhor, Glimmer e Bow, a tal duplinha que estava em vias de namoro. Mas o que raios eles estavam fazendo aqui, e o que raios eles queriam dizer com aquilo, eu não sabia. E eles ainda sentaram na mesa, totalmente confortáveis.

 

“Onde está a Adora? Banheiro? Ou vocês marcaram de se encontrar apenas aqui?” O rapaz fez um gesto com a mão pedindo ao garçom ir até a mesa. “Mais duas taças e uma soda.” Glimmer o olhou, rindo. “Eu vou dirigir e eu sou responsável, ok?” Bow retrucou.

 

“Pior rockstar que eu já vi. Um rockstar responsável é tipo o quê… um agiota honesto?”

 

Eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo ali. Nada. Veio o garçom, se foi o garçom e nada. Meu cérebro raciocinou que isso tinha alguma relação com o encontro duplo que Adora tinha falado, essas peças eu juntei. O que ele não raciocinou foram  os dois na minha mesa, falando como se fôssemos íntimos. Aquilo era um mal entendido.

 

"Então, eu acho que a Adora deve tá chegando logo…" Glimmer puxou conversa comigo.

 

"Oi?" Foi a minha resposta eloquente.

 

Nenhum dos dois fez questão de notar minha surpresa e minha cara de desentendida. O que poderia fazer? Expulsar eles da mesa? Sair dali o mais rápido possível? Inventar uma desculpa?

 

"Olha, é ela ali." Glimmer acenou para a porta e a atenção de todos voltaram-se para lá. "Porque ela trouxe a Madeline?"

 

Minha visão estava em perfeito estado. Eu não precisava de óculos ou tinha algum histórico de doenças na família. Apesar disso, eu não queria acreditar no que eu estava vendo.

Adora e Madeline se aproximavam da mesa, e a primeira parecia tão surpresa quanto eu.

E lá vamos nós.


Notas Finais


e lá vamos nós.

cap mais cedo do que eu imaginava. pudera. essa semana vai ser complicada então cap novo talvez só quinta ou sexta. hmm.

a musica do titulo é last christmas na versao do the xx.

curta. comente. subscreva.

~spacibo


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