É tão difícil entender o coração e a nossa capacidade de amar. Quando pensamos que temos o controle de nossos destinos e sentimentos, algo muda, nos fazendo perceber que esse novo direcionamento será a melhor coisa que acontecerá em nossas vidas. Foi assim com Park Jimin quando se apaixonou pela primeira vez, pensava que seria para sempre, que ao ter seu coração partido nunca seria capaz de recuperá-lo.
Ledo engano, Jeon Jungkook chegou em sua vida como uma tempestade; inesperada, balançando suas estruturas e deixando tudo fora do lugar. Mas nem de longe isso significou algo ruim, e assim como um temporal leva embora tudo que está em seu caminho, o alfa arrastou a dor de seu passado, lavou seu choro e deixou espaço aberto para reconstrução. Em meio a calamidade é meio difícil vislumbrar novas possibilidades, porém instantes de tormentas são necessários para reconhecermos a importância da calmaria. Park não reconheceu como amor no primeiro momento, mas quando decidiu adaptar-se as novas mudanças que surgiram em sua vida, Jungkook inundou seu coração com amor.
O sentimento que nutre por ele é como uma brisa da manhã, o sopro meigo e calmo que provoca sensações de frescor e paz. Com Jeon pôde descobrir que o amor é calmaria, aconchego, perdão e recomeço. O ômega descobriu que o amor tem a cor verde das árvores que via quando abria a janela do seu quarto, e o amarelo dos raios de sol que entrava pelas cortinas. Tinha o cheirinho de café recém passado que vinha da cozinha, tinha o gosto dos lábios de Jungkook, tinha o som da risada do amado e de seus filhos.
Ah seus filhos... o amor que sentia por eles era um sentimento que nem sabia explicar. Jungkook tinha razão quando dizia que as palavras era tão pobres para expressar o que significava ter eles em sua vida. Quando ainda era criança, Jimin sonhava um dia ter seus filhos e sua própria família. No entanto, de todos os lindos cenários que idealizou, nada chegou perto do verdadeiro sentimento, a maravilhosa felicidade que sentiu ao pegar seus bebês nos braços e participar de cada etapa de seu crescimento. As vezes queria que o tempo parasse para aproveitar um pouco mais com seus filhotes no ninho, porém era delicioso acompanhar as primeiras falas, o nascimento dos dentinhos, os primeiros passinhos.
Jungsoo já era um rapazinho muito esperto e independente, já frequentava a escolinha, andava a cavalo e acompanhava o pai no dia à dia na fazenda. Rose tinha onze meses, para alegria de Jimin ainda era muito agarrada a si, ele até se sentia culpado por mima-la tanto, mas estava com saudade de ter um bebê para cuidar. E a garotinha aproveitava de seus privilégios, tinha dias que ninguém conseguia fazê-la dormir em seu próprio quarto, a pequena Jeon Park só se dava por satisfeita quando ficava acomodada entre os dois papais. Como havia acontecido na noite anterior.
— Nain! — Jimin ouviu sua pequena gungunar a palavra em resposta ao seu outro pai.
— Fala papai, Rose. — Jungkook tentou mais uma vez.
— Nain! — A bebê respondeu olhando para ele.
— Anda, minha flor. Diz papai. — O alfa falou frustrado.
— Nain!
—Nain, nain, nain... Como você pôde aprender a falar “não“ invés de “papai“? — Jeon perguntou indignado.
— Ela te chama de “Goo” de vez em quando, já é um avanço. — Jimin sorriu ao ver o bico do marido. — Ela começou me chamando de “Minmin “ e eu nunca fiquei revoltado. Logo ela aprende.
— Mamá... — A garotinha murmurou em seu limitado dialeto o que queria, então se virou para o lado do ômega, capturando seu mamilo.
Já que Jimin estava sem camisa, a filha não encontrou nenhum empecilho para se alimentar. Ao contrário de meses atrás, ela agora só aceitava o peito de seu progenitor e de mais ninguém. Por mais que gostasse da filhota agarrada a si, o ômega enfrentava algumas dificuldades quando saia para trabalhar porque ela não queria pegar a mamadeira. Ela tinha uma rotina, mamava o peito assim que acordava e as 9 tomava a mamadeira, dificilmente aceitava o objeto em outras ocasiões.
O ômega adorava amamentá-la, era o momento de maior cumplicidade e sintonia entre os dois. Geralmente ela gostava de ficar encarando e acariciando seu rosto enquanto se alimentava, Jimin se perdia na beleza daqueles olhinhos graúdos que transmitiam tanto amor e pureza. Ele sorriu e beijou a mãozinha gorducha dela, encantado por sua pequena flor.
— Ela não está mais com febre, mas mesmo assim eu não irei ao hospital hoje. Ela está muito chorosa, só quer o peito e colo. A febre pode voltar a qualquer momento, não tenho coragem de deixar meu pãozinho de côco assim. — O papai justificou sua ausência no trabalho.
Desde de que Rose completou quatro meses, ele voltou a sua rotina no hospital. No princípio levava ela e a deixava na igreja com Iseul, porque ficava mais perto para amamentá-la, depois inseriu a mamadeira e agora a deixava em casa, enquanto cumpria seu horário de meio período no hospital. Ele saia da fazenda às 7 da manhã com Jungsoo, deixava seu filho na escolinha do povoado e seguia para o trabalho, onde cumpria seu horário até às 13:00. Ultimamente ficava até às 15:00 porque treinava uma turma de enfermeiros para o posto de saúde do povoado vizinho. Porém sua filha estava com mais alguns dentinhos nascendo, então era difícil para ele se afastar em um período tão desconfortável.
— Você avisa ao doutor Erik, por favor? — Jimin perguntou ao marido enquanto acariciava os cabelinhos da filha.
— Pode deixar. Cuide bem da nossa florzinha. — Jungkook disse, e beijou a cabecinha de sua bebê, sentindo o cheirinho tão suave que ela exalava.
— Obriga... Aí bebê, não morde o papai! — Jimin repreendeu a criança que sorriu ainda sem desgrudar do peito.
— De novo? — Jeon perguntou segurando o riso. — Não era a primeira vez que acontecia, e ele não resistia a carinha sapeca que sua menina fazia ao ver a reação brava no rosto do pai.
— Sim. Ela está com essa mania agora, parece que faz de propósito só para ver minha reação de susto. Olha como essa molequinha está rindo. — Jimin disse sem estar realmente bravo. Sabia que ela fazia aquilo para chamar sua atenção e também para coçar as gengivas inchadas e doloridas.
— Faça a massagem que eu te falei antes dar o peito pra ela. Lave bem as mãos e envolva o seu dedo em uma gaze com soro fisiológico e passe na gengivinha dela. Vai aliviar um pouco o desconforto. — Jeon uma dica profissional.
— Certo! Farei isso mesmo porque não aguento mais a sua filha me maltratando. — Jimin brincou. Ele viu que ela não estava querendo mais mamar e a tirou do peito. — Sentou na cama, a segurou de pé, apoiada em suas pernas e de frente para ele. — Não é para morder o papai. — O ômega ditou pausadamente, antes de cheirar o pescocinho dela. — Rose gargalhou com o carinho, agarrou os cabelos de seu progenitor e tentou morder sua bochecha, mas apenas conseguindo deixá-lo todo babado. — Eu não tenho o respeito dessa menina, além de morder meu peito, ela quer morder minha cara. — Park murmurava enquanto a bebê gungunava dando mordidinhas em seu rosto. — Ela aprendeu isso com você. — Jimin disse ao marido.
— E quem pode nos culpar se você tem essas bochechas tão mordíveis. — Jungkook se aproximou e abocanhou a face livre do amado, o fazendo rir sob o ataque de seus dois amores.
— Sai! Você nem escovou os dentes. — O ômega tentava afastar o rosto, mas não conseguia se livrar dos selinhos do marido.
— Até parece que você se importa. Ontem mesmo eu acordei com você enfiando a língua na minha boca. — Jungkook disse ao finalizar sua sessão de carinho em seu marido.
— Tenho que aproveitar os dias em que a Rose nos deixa dormir sozinhos. A noite não tinha sido o suficiente, eu queria mais... — Jimin se aproximou e deu um selinho demorado no amado.
— Eu gosto! Eu também estava subindo pelas paredes. — Jungkook deu um beijo no pescoço do ômega e afastou. — Amor, hoje eu vou até o vilarejo de Boseong consultar os moradores de lá. Você sabe que eles são ilhados e dificilmente vem até Haedong buscar atendimento médico. Miro me disse que o pai dele está com uma tosse que já dura algumas semanas, e também tem um ômega lá prestes a dar a luz, vou ver como está a saúde dele.
— Tudo bem, meu lindo. Quando Rose estiver melhor, eu farei uma visita a eles também.
— Certo. Irei depois que o leitãozinho voltar da escola, daí poderemos passar o sábado por lá e voltamos no domingo. Vou aproveitar para pescar na volta, se tudo certo trarei peixe para o jantar. — O alfa disse se levantando da cama.
— Delícia! Bem que eu estava mesmo com vontade de comer um peixinho assado.
— Pois eu vou trazer um bem grandão só para o meu amor. — Jungkook se aproximou do marido e lhe deu um selinho nos lábios e outro na cabeça da filha. Jimin sorriu, e suspirou apaixonado quando Jungkook se afastou para ir até o banheiro se arrumar para sair.
— E você, minha flor. Vai voltar a dormir ou vai levantar com o papai? — Jimin perguntou para sua bebê que lhe deu um sorriso de dois dentinhos.
— Papá.... — Ela gungunou colocando a cabecinha sobre o ombro do ômega.
— Isso, minha pitiquinha. É o papai. — Ele a elogiou contente. Rose os chamava de “papai, mas era só quando queria. Jungkook era apressado demais e queria ouvir sempre.
— Eu ouvi essa traição aí, hein! — Jeon gritou do banheiro, fazendo Jimin gargalhar.
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O dia de Jungkook começava quando o galo cantava às 5 da manhã, era normal para ele levantar antes do sol raiar para cuidar dos afazeres em suas propriedades. Ele tinha trabalhadores que eram pagos para fazer grande parte do serviço, mas fazia questão de ordenhar as vacas, arrumar cercas, debulhar milho para as galinhas, abastecer a água do “chiqueiro”, picar abóbora para os porcos, irrigar a horta com o regador. Tinha outros infinitos trabalhos administrativos, e amava aquela rotina. Sempre era acompanhado por seu fiel escudeiro, Jungsoo.
O menino, apesar de ainda muito novo, fazia questão de levantar no mesmo horário que o pai para ao menos tirar o leite das vacas antes de ir se arrumar para ir a escola. Quando chegava em casa, ele continuava os trabalhos juntos com as outras crianças dos peões. Claro que Jeon o incentivava a brincar e ter uma infância “normal”, mas o menino se divertia ajudando o pai no que podia. Jungkook adorava passar o tempo com seu garoto, transmitindo o que sabia, levando-o para pescar, tomar banho no rio. O laço entre os dois era tudo que gostaria de ter tido na infância com seu próprio progenitor.
— Junggie, o pai já está saindo. Você está pronto? — Jungkook bateu na porta do quarto da criança. Sem resposta, resolveu entrar e verificar. Não encontrou ninguém, mas a cama já estava feita, sinal de que ele havia se levantado.
Quando Jungkook desceu as escadas, pôde sentir o delicioso cheiro de café se espalhando pela casa. As criadas acordavam cedo para passar o café, assim como Iseul que acabava de fazer uma omelete de legumes tofu quando o alfa entrou na cozinha.
— Bom dia a todos. — Cumprimentou seus funcionários como de costume. — Bom dia, mamãe! — Ele se aproximou de Iseul e lhe deu um leve selar no rosto. Em seguida se sentou na mesa.
— Bom dia, querido. Dormiu bem? E a Rosinha? — Iseul serviu uma xícara de café ao filho.
— Eu consegui tirar uns cochilos, a neném estava enjoadinha e chorou bastante a noite. Até nascer todos os dentinhos vai ser assim. Mas hoje amanheceu toda sapeca e sem febre. — Jungkook disse ao tomar seu café. — Cadê o leitãozinho? Eu fui no quarto dele e não estava.
— Veio aqui agorinha, disse que só iria levar o porquinho dele para fazer cocô e já voltava. — A senhora informou.
— Bom dia, minha gente! — Hobeom cumprimentou ao entrar na cozinha. — Jungkook o pessoal quer saber se está tudo certo para o feriado da semana que vem?
— Ah sim. Pode avisar que os criados da casa e das lavouras estão liberados a partir de sexta-feira. Alguns peões que cuidam do gado e da vigilância pediram dispensa para ir visitar suas famílias, os que vão ficar eu darei um extra.
— Bom dia, papai! — Jungsoo entrou no cômodo com o porquinho atrás de si.
— Bom dia! — Jungkook abraçou seu pequeno, lhe deu um beijo na bochecha e o sentou em seu colo.
— Olha, pai. Outro dente vai cair, tá bem molinho. — O menino mostrou o sorriso com falhas, faltando os dois dentes da frente.
— Você está igual a sua irmã, todo banguelinha só com apenas alguns dentinhos na boca. — Jeon beijou a bochecha fofa do primogênito. — Vamos tirar o leite, depois do café o pai ajuda a tirar.
— Está bem. — O menino concordou. E se levantou para ir até o curral.
A ordenha das vacas não demorava muito, Jungkook e o filho tirava apenas alguns baldes para o consumo em casa e para Iseul fazer queijos que ela vendia no povoado para ajudar com as despesas da igreja. Quando a mesa já estava posta, Jimin desceu com a bebê nos braços, acompanhado por Naeun. Jeon estava na sala o esperando para tomarem café da manhã, porém a novidade do dia é que ele estava com Jungsoo deitado no sofá com a cabeça no colo e com a boca aberta.
— Para de rir e abre a boca, leitãozinho. — Jungkook disse ao filho. O menino abria a boca, mas não parava quieto e gargalhava de nervoso toda vez que o pai tocava em seu dentinho mole.
— E se doer? — O menino perguntou sorrindo meio aflito.
— Nós já fizemos isso outras vezes e não doeu. Você não confia no papai? — Jeon o tranquilizou. — Agora abra a boquinha.
— Eu vi esse dentinho dele ontem. Está bem molinho, um puxãozinho e já vai sair. — Jimin entrou na conversa.
— Nain! — Rose encolheu as perninhas quando ele foi colocá-la em uma manta forrada no chão onde estava seus brinquedos, mas ela se recusa a descer do colo do pai.
— Hoje meus braços estão com cola porque você não desgruda, hein minha florzinha. — Ele a enganchou de volta na cintura.
— Bom dia, querido! Vem com vovó, meu amor! — Iseul tentou pegar a bebê, mas ela balançou a cabecinha em negação e a apoiou no peito do papai Jimin.
— Bom dia, minha sogra! Essa neném está manhosa hoje, não quer ir com ninguém. Para eu conseguir tomar banho, tia Naeun teve que ficar na porta do banheiro enquanto eu falava com ela lá de dentro.
— E você teve que tomar um banho de gato porque ela estava quase esperneando no meu colo. Vocês mimam demais essa menina. — Naeun criticou.
— Ela não é enjoadinha assim, só está esses dias por causa do nascimento dos dentes. — Jungkook defendeu a filhota.
— A neném de vovó está dodói? Coitadinha da minha princesa. — Iseul beijou a mão da netinha.
— Au! — Jungsoo exclamou, chamando a atenção de todos.
— Pronto, já tirei. Você gritou de susto porque nem doeu. — Jeon falou enquanto exibia o dentinho do filho nas mãos. — Continua deitado que o pai vai limpar sua boca. — Ele pegou um algodão com soro e pressionou a gengiva do menino. Não havia saído muito sangue, só era para higienizar o local. — Terminei. Agora vamos tomar café ou chegaremos atrasados para a sua aula.
A refeição foi tranquila na medida do possível, Jimin conseguiu comer com Rose sentada em seu colo, mas a menininha era bastante curiosa e levava as mãozinhas em tudo que via pela frente. Jungkook teve que segurá-la para que o marido pudesse se alimentar corretamente, afinal, ela só ficava sem chorar no colo do outro pai. Após terminarem, Jeon arrumou uma muda de roupa para si e outra para filho, pois iriam direto de Haedong até o povoado que ficava do outro lado do rio. Seria uma viagem de seis horas de barco, então precisavam se apressar.
— Dá um beijo no papai, Rose! — Jimin disse a filha quando se despedia do marido na porta de casa. A menininha obedeceu e selou a bochecha de Jungkook que sorriu encantado.
— Tchau, amor do papai. — O alfa pegou a filha no colo e encheu de beijos. Logo após selou ternamente os lábios do amado. — Volto no domingo. — Ele disse antes de subir no coche que o levaria até o povoado.
— Tchau, papai! Cuida bem do pig, ele ficou lá na caminha dele. — Jungsoo saiu apressado em direção o coche.
— Pode voltar aqui e me dar meu beijo. — Jimin o fez regressar. O garotinho obedeceu, voltando para dar um abraço e um beijo em seu pai.
— Tchau, maninha! — Ele beijou a bochecha da irmã, que devolveu o gesto carinhoso. A bebê viu o pai e o irmão se afastarem e ficou mandando beijinhos de longe, derretendo o coração de todos com sua fofura. Quando não estava doente, era uma criança bem amorosa e receptiva, adorava brincar e engatinhar pela casa.
Após o final das aulas de Jungsoo, Jungkook almoçou em seu padrinho e em seguida partiram juntamente com Hobeom e mais alguns peões em direção ao seu destino. Jeon havia crescido pobre, muitas vezes viu pessoas queridas padecerem por não ter o mínimo de assistência médica que poderiam reverter a situação. Essa foi uma das motivações que o fez decidir ser médico, queria ajudar as pessoas carentes.
Se formou com muita dificuldade com ajuda de seu padrinho, então essa era uma forma que tinha encontrado para agradecer o que recebeu quando mais precisou. Sua ajuda não ficou só no atendimento, ele construiu construir um hospital no povoado perto de sua fazenda que era referência na região, como a demanda aumentou vertinosamente e outras comunidades se beneficiavam dos serviços, Jungkook solicitou as lideranças locais para ajudarem a manter a unidade de saúde. Além do doutor Erik Mun, a prefeitura pagava o salário de outro plantonista, enfermeiros e os remédios oferecidos. Ele quase já não atendia mais no hospital, tinha bastante serviço na fazenda que tomavam muito tempo, ficou limitado a socorrer pessoas que tinham dificuldade em se locomoverem até o hospital, como idosos e ribeirinhos.
Jeon havia chegado a comunidade já no final da tarde, fez uma refeição na casa do chefe da vila e começou o atendimento. A infecção por vermes era o problema mais frequente entre os moradores locais, além do tratamento com vermífugos naturais, ensinou medidas higiênicas e preventivas contra parasitas. Jungsoo o ajudou a distribuir kits com sabão, shampoo e uma loção para a higiene bucal. O médico fez o atendimento até tarde da noite, após encerrado os trabalhos do dia, disse para o filho ir tomar banho e colocou seu jantar. Após a refeição, Jeon também tomou um banho e foi dormir na manta forrada no chão onde Jungsoo ressonava tranquilamente. O garotinho estava exausto pela viagem, mas mesmo assim ajudou o pai até a última consulta. Ele também reuniu as crianças da vila e ensinou como deveriam lavar as mãos antes das refeições, após fazerem cocô, assim como tomar banho todos os dias. Jungkook sorriu para sua criança, ele era tão inteligente e esperto. Era seu orgulho. O alfa cobriu mais o menino, beijou seu rostinho e finalmente caiu na inconsciência.
A ida até a pequena vila havia sido muito produtiva, atendeu mais de 20 pessoas. Era mais uma consulta de rotina, a saúde deles não estava tão crítica, pois Jungkook fazia visitas regulares a comunidade e eles haviam mudado muito de seus hábitos de higiene. Quando estava se despedindo para voltar para casa, Jungkook foi surpreendido por alguns pacientes querendo mais uma vez lhe pagarem de alguma forma. Era sempre assim quando fazia as visitas, a população humilde, acabava lhe dando cachos de banana, galinhas e até patos como pagamento.
O médico sempre ficava envergonhado, e recusava os animais com a desculpa de que seria uma viagem longa, mas acabava aceitando as frutas e legumes para não ofendê-los. Após viajarem longas horas rio acima, pararam em local que era propício para pesca. Jungkook adorava a atividade, além de relaxar, se divertia com as reações do filho sempre que pegava um peixinho. Também gargalhava com as histórias absurdas de pescador que Hobeom soltava. Para sua sorte, o rio estava para peixe e eles conseguiram um bom número, serviriam um banquete em casa. Já estava escurecendo quando chegaram em Gimhae, os peões levaram o pescado para serem preparados, Jungkook e Jungsoo foram recebidos por Jimin na entrada.
— Bem vindos de volta! — O ômega abraçou o filho e deu um beijo no amado. — O banho de vocês já está sendo preparado, subam e se limpem porque depois eu quero saber tudo da viagem.
— Pai, cadê o pig? — Jungsoo perguntou sobre seu animalzinho.
— Ele está no chiqueiro. Se enfiou naquele cheio de lama com outros filhotes. — Pig era domesticado, atendia pelo nome, era treinado para sentar, deitar e usar um lugar específico para fazer as suas necessidades. Só que ele adorava brincar, passear e ficar em contato com a natureza e quando Jungsoo não estava em casa, ele geralmente fugia para o chiqueiro e se lameava com os outros porcos. — Eu chamei, mas ele não veio. Eu não vou entrar no chiqueiro para pegá-lo e os criados estão todos trabalhando. — O ômega justificou.
— Eu vou buscar ele. — O menino saiu em direção ao quintal.
— Cuidado! Só chame ele de longe, não quero que você entre chiqueiro, a leitoa grande está lá e acabou de parir. É perigosa e pode avançar.
— Tudo bem, eu vou junto. — Jungkook seguiu atrás do filho junto com Jimin.
Jungsoo chegou no local, chamou seu porquinho que ficou gritando quando o viu. Porém estava preso em um dos cochos e não conseguia sair. O bichinho ficava berrando desesperado querendo alcançar seu dono, mas como era muito pequeno ficava só com a cabecinha para fora e as patinhas arranhado o local para tentar escapar.
— Aish que esse bicho da trabalho, vou ter que entrar. — Jeon tirou os sapatos e dobrou a barra da calça e se aventurou pela lama.
Tinha muitos animais no local, geralmente eles eram mansos, mas as leitoas paridas ficavam um pouco agitadas. O alfa chegou até o cocho e tirou o pequeno porco de sua prisão, o bichinho esperneava e gritava nas mãos de Jungkook, tanto fez que caiu na lama. Quando o moreno foi pegá-lo novamente, ele desviou, fazendo Jeon perder o equilíbrio e cair de cara no chão. Jimin que via tudo de longe não aguentou e desandou a rir, acompanhado por Jungsoo. Os dois riram mais ainda quando o alfa se levantou e dava apenas para ver o branco dos olhos em meio à lama em seu rosto.
— Ah mas esse bicho me paga. Eu vou colocá-lo no forno! — Jungkook disse bravo.
— Não, papai. Ele é bonzinho, só estava assustado. — O menino disse aflito, segurando seu porquinho que veio correndo direto para seus braços.
— Seu pai não vai fazer isso, meu amor. Agora dê um banho nele e depois vá tomar um banho também. — Jimin tranquilizou seu garoto. Jungsoo balançou a cabeça e saiu em direção a bica de água que havia próximo a casa.
— Minha cara está cheia de merda, vou ficar fedendo por dias. — Jeon resmungava, e Jimin tentava segurar o riso ao ver o estado indignado do marido.
— Tire um pouco dessa sujeira na bica, vou buscar sabão se limpar aqui fora e depois tomar um banho reforçado lá dentro. — O ômega anunciou antes de sair.
Jeon foi até o quintal de casa, tirou a camisa e tomou banho embaixo da bica. A água fresca serviu a tirar a lama, Jimin lhe trouxe sabão aromático que ajudaria com o mau odor. Após se dar por satisfeito, o alfa se enxugou com a tolha e subiu para tomar um banho morno na banheira para eliminar de vez o cheiro ruim da lama. A água era relaxante, ele estava quase cochilando quando sentiu dedos suaves fazer uma massagem em seu couro cabeludo. Seu marido ensaboava seus cabelos longos com toda a delicadeza e cuidado, lhe deixando extasiado com o carinho tão agradável.
— Entra aqui! — Jungkook pediu.
— Não. Você está fedendo. — Jimin disse com um sorriso divertido no rosto. Não era verdade, a sujeira e o cheiro ruim havia desaparecido no primeiro banho.
— Oinc oinc! — Jeon imitou o roncado do porco, fazendo seu marido rir. — Anda, vida. Estou com tanta saudade de você. — O alfa pediu manhoso.
Park revirou os olhos, sua menina tinha para onde puxar toda aquela manha. Como ela estava alimentada e com a vó, o loiro iria aproveitar para atender o pedido, também estava sentindo falta após ficarem alguns dias longe. Ele soltou os cabelos de Jungkook e se levantou para ir tirar a roupa, sorriu satisfeito ao ouvir um suspiro de aprovação do marido quando lhe viu nu. Sem pressa, entrou na banheira e se posicionou no colo de Jeon com uma perna de cada lado. Fez uma concha na mão, pegou um pouco de água e levou até os cabelos do alfa para logo em seguida massageá-los suavemente.
Jeon imitou o ato e um ficou limpando o outro enquanto se encaravam apaixonados. O moreno abraçou a cintura do marido e o trouxe para mais perto, Jimin continuou com as carícias nos cabelos do amado, e não parou mesmo quando ele juntou seus lábios. O beijo era calmo, porém intenso, embolavam suas línguas em movimentos já tão conhecidos um pelo outro. Adoravam se beijarem, mesmo que não conseguissem fazer amor com tanta frequência como antes, mas os beijos não podiam faltar. Todos dias, seja antes de irem trabalhar ou quando voltavam para casa no final dia, eles tiravam um tempo a sós para namorarem e se perderem no lábios um do outro.
— Hoje a Rose estava melhor e aceitou ficar com sua mãe, então eu fui treinar com “Chimchim”. Acho que esse ano vou conseguir uma boa posição no festival. — Jimin disse após encerrar o beijo.
— Mas sua posição foi ótima no ano passado. Você não treina a nível profissional e mesmo assim ficou quinto lugar. Eu fiquei todo exibido falando disso no boteco com os peões. — Jungkook sorriu e deu um selinho demorado no marido.
— Obrigado. Eu também me senti orgulhoso com a minha posição, mas depois do período de resguardo eu intensifiquei os treinos e “Chimchim” está mais forte do que nunca. Estou muito confiante em conseguir pelo menos o pódio esse ano. — O ômega disse animado.
Todos os anos ele competia em corridas de cavalos em algumas festividades do povoado. Os mais importantes eram o “Festival do arroz “ e o aniversário do Haedong. “Chimchim” era um puro sangue que Jungkook havia lhe presenteado em um de seus aniversários à cinco anos atrás. O cavalo castanho escuro, juntamente com a égua negra “Fúria da Noite “ de Jeon, eram animais de grande porte e alguns dos mais fortes da fazenda e da região. Porém eram bastante dóceis e nunca tiveram problemas de adestramento ou hostilidade por parte dos animais. Tinha virado um hábito familiar saírem pelos campos galopando livres no lombo dos cavalos, com a supervisão dos pais, Jungsoo montava em seu alazão malhado desde dos cinco anos de idade. E hoje se aventurava com “Gureum“ pelos pastos atrás da manada de gado juntamente com Jungkook e os peões.
— Você vai conseguir, sim. Eu também vou fazer aqueles alfas beijarem o chão. Os últimos anos eu estava fora de forma, mas esse ano eles não perdem por esperar. A “predadora “ que me aguarde. — Jungkook se referia a luta atlética que participava durante o festival.
— Você fala demais nessa alfa. Eu estou achando que é um tipo de paixão platônica, devo me preocupar? — Jimin brincou.
— Mas é claro que não. Enquanto ela ocupa meus pesadelos, você é o príncipe dos meus sonhos. — Jungkook disse próximo à boca do marido que o puxou para um beijo. O ômega movia sua língua sobre a do outro com paixão, muito satisfeito com a resposta. — Você sempre sabe o que dizer, meu “gato guerreiro”. — Jimin disse o apelido de lutador de Jungkook e sorriu. — Amor, semana que vem eu vou estar bem ocupado com os treinamentos no posto de saúde. Sua mãe e minha tia também vão ficar atarefadas com os preparativos das comidas que vão vender na quermesse, então você vai ter que ficar um dia inteiro praticamente sozinho com as crianças. — Park o alertou divertido.
— Pode deixar! Eu comando fazendas, centenas de peões e ainda atendendo em um hospital. Não é possível que eu não consiga dar conta dos meus próprios filhos.
— Eu confio em você. Fighting! — Jimin fez o gesto de incentivo com o braço. — Agora vamos sair dessa água que já está fria e eu estou morrendo de vontade de comer o peixe que você me trouxe. Ele deu um beijo no amado e se levantou.
O jantar estava delicioso. Padre Min os acompanhou na refeição, ele foi até a fazenda combinar com Iseul e Naeun detalhes da programação dos festejos que durariam três dias. Após algumas horas de conversa, eles finalmente definiram as comidas que venderiam na festa para arrecadar fundos para manutenção da igreja e promoção de ações sociais. Depois tudo combinado, Yoongi se despediu, e as senhoras saíram para a cozinha para fazer a lista de compras do que iriam precisar. Jimin e Jungkook subiram para brincar um pouco com os filhos antes de colocá-los na cama.
— Upa, upa! — Jimin brincava com a filha em seu cavalinho de balanço enquanto ela dava gargalhadas fofas. O brinquedo de madeira foi feito por Jungkook, ele a presenteou assim que aprendeu a sentar. A menina amava o objeto, era só soltá-la no chão que ela dava um jeito de engatinhar até seu alazão e tentar subir nele. A bebê gungunava coisas não identificáveis, mas jogava seu corpinho para frente para que seu pai continuasse balançando ela.
— Você ficou bonito, papai! — Jungsoo elogiou o penteado que havia acabado de fazer nos cabelos de Jungkook. Para o moreno, ele escolheu fazer duas chuquinhas uma de cada lado na cabeça, já no penteado de Jimin ele amarrou um pouco das mechas loiras para cima, deixando o resto solto. Para a irmãzinha, ele fez uma coroa de flores rosa para combinar com seu nome. O garotinho amava fazer as atividades da fazenda com seu pai, porém não deixava de ser uma criança e passava algumas horas do dia brincando com os filhos dos peões.
— Fiquei bonito mesmo. Obrigado, leitãozinho. — Jungkook deu um beijo na bochecha do filho.
— Ficou muito fofo! — Jimin elogiou sorrindo apaixonado para o marido.
— Você também ficou lindo com o cabelo assim. Nosso menino é puro talento. — Jeon disse orgulhoso. .
— Papá... — A bebê levantou os bracinhos para Jimin querendo que ele a tirasse do brinquedo. Ele a colocou em pé no chão para que ela experimentasse andar, só que Rose ainda não tinha equilíbrio e acabava caindo.
— Vem aqui, papai! Vem! — Jungkook a chamou para que ela arriscasse dar uns passinhos. A garotinha sorriu e foi cambaleando até ele. Os pais babões bateram palmas pelo sucesso da menina, Rose também começou a bater palminhas sorrindo.
— Agora volte aqui, pitica. — Jimin chamou a bebê para que ela fizesse o caminho inverso, Jungkook a segurou em pé, e logo a soltou para que chegasse ao outro pai. Ela caiu dessa vez, mas o moreno a ajudou e ela conseguiu dar alguns passinhos sozinha.
Ficaram treinando a pequena a andar até que Jungsoo trouxe sua violinha e começou a cantar uma canção infantil. Daí então foi só festa, a menininha se apoiou no papai Jimin e começou a chacoalhar o corpinho em uma espécie de dança. Os papais sempre tiravam algumas horas para brincarem com as crianças antes de irem dormir, a noite terminava com uma história ou uma canção de ninar, carinhos, beijos e afagos. Como acordava cedinho, Jungsoo era o primeiro a cair no sono, já a mocinha da casa tinha dias que dava muito trabalho para dormir e só aquietava quando mamava no peito, e agarrava as mãos de um dos pais. As vezes só quando dormia na cama do casal, mas nessa noite ela tinha conseguido adormecer sem dificuldade, e após deixarem seus filhotes em seus respectivos quartos, Jimin e Jungkook deram o dia por encerrado.
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Jimin se levantou às quatro horas da manhã, o povoado ficava longe e precisava chegar cedo ao local para fazer o dia render. Anos atrás havia concluído sua formação em enfermagem, agora trabalhava meio período no hospital de Gimhae e também ficava a cargo de treinar novos profissionais. O prefeito do povoado vizinho, que ficava à quatro horas distante da fazenda, o chamou para conhecer os últimos detalhes do posto de saúde que seria inaugurado. Park já havia treinado a equipe que prestaria serviço na instalação, só precisava acompanhá-los na prática durante o aquele dia. O ômega foi até o quarto dos filhos para se despedir com um beijo, Jungsoo só levantaria uma hora mais tarde, então se encontrava encolhidinho na coberta. Rose ressonava tranquila em seu berço, chupando o dedo. Ele ficou com o coração apertado por ficar um dia inteiro longe deles, estava saindo de madrugada e só voltaria tarde da noite.
— Tem certeza que vai ficar tudo bem? Sua mãe e minha tia estão ocupadas com a organização da festa. Boa parte dos criados já foram liberados e você vai ficar sozinho o dia todo com eles. — Jimin perguntou preocupado.
— Pode ir tranquilo, meu bem. Eu dou conta do recado, o único problema vai ser eu conseguir ficar tanto tempo longe de você. — Ele abraçou e inspirou seu cheiro.
— E eu preocupado com os pequenos, sendo que meu bebê maior é quem está reclamando. — Jimin sorriu e deu um beijo terno nos lábios do amado. — Eu já vou. Boa sorte! — Ele subiu no coche e então partiu.
Jungkook voltou para o quarto, não iria conseguir dormir então resolveu esperar acordado até dar o horário de ordenhar as vacas. Ele fez sua higiene, a barba e quando o relógio marcou cinco da manhã, saiu para o primeiro afazer do dia.
— Leitãozinho, vamos? — Jeon disse ao bater na porta do quarto do filho.
— Tô pronto, pai. — O menino saiu do cômodo com o porquinho seguindo atrás.
— Bom dia! — Jungkook o cumprimentou com um abraço. Recebendo outro de volta.
Eles desceram, saldaram os criados na cozinha e foram em direção ao curral. Em menos de cinquenta minutos eles já tinham tirado o leite para o consumo e os queijos. O alfa pediu para o filho ir cuidar das outras criações, enquanto iria dar uma olhada na bebê. Ela sempre acordava cedo também, então ele pegou uma mamadeira e um balde de água morna para higienizar a filha. Quando chegou ao quarto, ela já estava de pé no berço, gungunando descabelada.
— Bom dia, minha flor! O que a neném de papai está conversando aí? — Ela soltou um gritinho quando o viu.
Jungkook foi até o banheiro do quarto dela e despejou a água na banheira. Voltou ao cômodo, foi até o armário, pegou tudo o que precisava e deixou na cama que Iseul dormia. Sua mãe geralmente cuidava da menina a noite, trocava fralda quando precisava e levava para Jimin amamentá-la quando ela era menor. Agora as manadas noturnas não eram mais necessárias, ela acordava apenas quando estava incomodada com a fralda suja. A mulher já tinha levantado, na parte da manhã, os pais faziam questão de cuidar da filha então Iseul iria cuidar do café da manhã. Jeon foi até o berço, quando viu o pai próximo a si, Rose levantou as mãozinhas em direção à ele. Jungkook a segurou e encheu sua bochecha gorda de beijinhos.
— Urgh! Está com a fralda cheia, não é porquinha? — Ele abanou a mão próximo ao nariz para expressar o mau cheiro. Ela então cobriu o narizinho com os dedos e fez uma carinha de nojo. — Isso mesmo. Você está fedorentinha, vamos tomar um banho. — Ele a colocou na cama, em cima da toalha que havia preparado, abriu a roupinha e a fralda suja. — Minha filha, até os bezerrinhos que o papai cuida não fazem esse tanto de côco igual a você. — Ele fez uma expressão desgostosa e ela apenas sorriu tampando o nariz. — Ainda bem que você sabe que isso aqui não está agradável. Cadê o narizinho da neném de papai? —Jungkook perguntou e ela apontou o dedinho indicador no nariz. — Muito bem, agora cadê boquinha? — Ele a questionou enquanto passava as dobras limpas da fralda no bumbum da bebê para já tirar boa parte do excesso. Rose indicou corretamente a boca e os outros órgãos que seu pai perguntava. Ela já era bastante esperta e entendia bastante coisa. Depois de limpar seu bumbum com algodão úmido e dobrar a fralda suja, Jeon a enrolou na toalha e ofereceu a mamadeira.
— Nain — A menininha balançou o rosto em negativa.
— Aish! Você mama todo dia esse horário, tome sua mamadeira. — Ele ofereceu novamente e ela negou de novo.
— Mamá. — Ela gungunou.
Jungkook suspirou alto, porque sabia que teria trabalho pela frente. Rose já estava quase desmamando, comia de tudo, porém fazia questão do peito assim que acordava e na hora de ir dormir. Ela mamava antes de Jimin ir para o trabalho, dormia, tomava a mamadeira às 9 da manhã e depois seguia com as refeições normais.
— O papai não está hoje, então vamos tomar a mamadeira, meu bem. — Ele tentou de novo, mas ela rejeitou com as mãos e começou a choramingar. — Certo! — Ele disse frustrado. — Vamos tomar um banho, depois veremos o que vamos fazer. — Ele colocou a mamadeira na cômoda de cabeceira, pegou a filha no colo e a levou até o banheiro.
Geralmente em dias muito frios, ele ou Jimin só trocavam a fralda e lavavam o bumbum dela, optando por um banho a tarde e a noite. Mas quando a temperatura estava amena, o banho morno pela manhã era a melhor opção. E ela adorava, não chorava em nenhum momento e fazia muita bagunça. O alfa conferiu a temperatura da água, e após aprovada, sentou a bebê na banheira, ajeitou o braço esquerdo por baixo das costas dela e começou o processo de limpeza pela cabecinha e o rostinho. Ele cantava musiquinhas infantis para distraí-la e ela correspondia batendo as mãozinhas e os pés na água. O banho da manhã era rápido, após terminar a limpeza, vestiu a bebê rapidamente e desceu. Era quinta-feira, véspera do início dos festejos no povoado, a maioria dos criados foram dispensados para que pudessem viajar.
— Bom dia! — Ele cumprimentou a criada, a mãe e Naeun que andavam de um lado para o outro na cozinha.
— Bom dia, filho. Bom dia, neném de vovó! — Iseul deu um beijo no filho e na neta que sorriu com o carinho.
— Não quis comer. Se eu coloco a madeira perto, ela chora e fica pedindo o peito. — Jungkook se sentou e colocou a filha sentadinha na mesa.
— Me deixe tentar. — Naeun disse antes de pegar o objeto. — Titia, vamos tomar sua mamadeira? — A senhora ofereceu o objeto a criança que o rejeitou novamente. — Olha lá, não seja birrenta, você precisa mamar. — Ela foi mais enfática, porém a garotinha apenas abraçou o pai e escondeu o rosto no pescoço dele. .
— Eu disse que hoje ela está difícil. — Jungkook a abraçou e deu um tapinha nas costas dela.
— O pior é que agora ela não aceita nem uma ama de leite. Tente dar uma papinha para ver se ela se anima. Vou ter que subir para terminar de arrumar os enfeites que levaremos para a igreja. Com licença! Naeun disse antes de se retirar.
— Maninha, eu vou tomar seu mamá! — Jungsoo de repente falou. O garotinho pegou a mamadeira e fingiu levar a boca e tirou. Rose não se importou, pegou o objeto e o levou para a boca do irmão. — Não, maninha. Você tem que beber! — Ele disse sorrindo, mas ela virou o rosto.
— Não tem jeito. Vamos tentar a papinha. — Jungkook ajeitou a bebê no colo, pegou uma maçã no cesto de frutas e começou a descascar. — Aí, mamãe! — O alfa exclamou, quando Iseul lhe deu um tapinha na mão.
— Não use uma faca perto dela. Você sabe muito bem que ela é curiosa e pode querer agarrar da sua mão.
— Está bem, desculpa. Pegue-a enquanto eu corto as frutas. — Ele pegou a bebê e fez menção de entregar a mãe.
— Não, vamos preparar juntos porque eu estou com pressa. Coloque-a no carrinho e me ajude a preparar a papinha dela, eu também irei pré preparar o almoço, depois você só termina. Naeun e eu temos que sair daqui a pouco.
— Certo. Junggie, vá buscar o carrinho da sua irmã, por favor. — Jungkook pediu ao filho que atendeu prontamente. — Brinque com ela enquanto o pai ajuda a vovó com a comida. — Ele colocou a bebê no carrinho em local distante do fogão.
— Sim, papai! — O menino então pegou o porquinho nos braços. — O pig vai te pegar, maninha! Oinc oinc — Ele levava o pequeno animal até a irmã e voltava quando ela tentava agarrá-lo. Rose gargalhava com sua risada fofa de bebê a cada vez que o irmão imitava o roncando do suíno.
Iseul colocou na mesa tudo o que precisava para o almoço e a papinha doce da criança. Disse ao filho para ir cortando a carne e as verduras, enquanto ela preparava os acompanhamentos. Ela era bem rápida e prática, em poucos minutos tinha duas panelas no fogo.
— Jungkook você está cortando essa carne muito grande. Tem que ser pedacinhos menores para cozinhar bem e ela não engasgar. — Iseul o repreendeu.
— Tá, mamãe. Pode deixar que vai dar certo. — Ele respondeu bicudo. Sabia cozinhar bem porque teve que se virar desde muito novo, mas a alimentação da filha exigia um pouco mais de atenção.
— Sei... — Ela disse e o deixou concentrado em sua tarefa. Enquanto isso, terminou de preparar a comida da neta. — Vamos papá, minha princesa? A vovó fez aquela papinha de maçã, ameixa e leite de côco que você adora. — Ela pegou a menina no colo para alimentá-la
— Eu também quero, vó!. — Jungsoo pediu.
— A vovó fez um pouco para você também, olha ali em cima da mesa. — Ela apontou para o recipiente e o menino se sentou para comer. Rose foi apresentada aos alimentos a partir de dos seis meses de idade, em forma de papas e sopinhas. Sua adaptação não foi fácil, ela aceitava a papinha, mas cuspia quase tudo, depois se alimentava fazendo cara feia. Hoje em dia ela gostava de comer frutas amassadas, mas era resistente aos legumes e verduras. — Ela aceitou a papinha de frutas, querido. — Iseul disse animada quando a neta começou a comer sem rejeições. — E está com muita fome, coitadinha.
— Porque é teimosa e não quer a mamadeira. — Jungkook terminou de cortar a carne e fez o preparo no fogo. Depois se aproximou da filha e ela lhe ofereceu a comida em suas mãozinhas lambuzadas. Rose gostava de fazer bagunça, a vó lhe dava colheradas, porém ela fazia questão de pegar tudo dentro do prato e colocar na boca. — Hum que delicia, princesa. — Jeon comeu o alimento que a filha lhe estendeu.
Em meio as brincadeiras com o pai e o irmão, Rose comeu toda a comida oferecida. Naeun desceu chamando Iseul para partirem, a mulher entregou a bebê para Jungkook e se despediu de todos.
— Junggie, você e Hobeom conseguiram terminar todos os afazeres? — Jungkook perguntou enquanto lavava a boca e as mãos da filha em um bacia.
— Sim, papai. Só que ele teve que ir colocar sal no cocho do gado, e eu não consegui pôr água no chiqueiro das porcas paridas sozinho. Então deixei para o senhor, já que os peões não estão.
— Você fez bem, filho. Aquelas porcas não são de confiança, deixa que o pai faz isso. Vamos lá! — Ele pegou a bebê no colo e pediu para que Jungsoo empurrasse o carrinho.
Foram até a área do chiqueiro, e não tiveram que se preocupar com pig tentando fugir já que ele só entrava lá quando o pequeno Jeon não estava em casa. Jungkook passou a manhã tratando dos porcos, limpando o local e reabastecendo com a água e comida. Em certo momento Rose começou a chorar dentro do carrinho, nem as brincadeiras ou colo de Jungsoo a fizeram cessar o choro. Jeon pediu para que o filho fizesse a mamadeira para ela, enquanto ele tomava um rápido banho na bica. O menino deixou o carrinho próximo ao pai e foi atender o pedido, esperto como era, não teve problemas em preparar o leite para a irmã tomar. Jungkook tirou a camisa e as botas para tomar seu banho, ele conseguiu fazer sua menina sorrir com as caretas que dispensava à ela.
— Trouxe o leite e uma toalha para o senhor se enxugar, pai. — O menino disse de volta ao quintal.
— Obrigado, meu leitãozinho. — Jungkook pegou o tecido e secou o corpo e os cabelos.
Depois pegou a bebê e a deitou em seu colo para tomar a mamadeira. Ela aceitou, já que esse era o horário de sua segunda mamada. O alfa entrou em casa com os filhos, colocou a bebê na manta que havia ali para ela brincar, e pediu a Jungsoo que ele olhasse a irmã enquanto subia para trocar de roupa. O menino balançou a cabeça em afirmativa. Rose segurava a mamadeira sozinha, só precisava que alguém a supervisionasse para não ocorrer engasgos. Jeon não demorou no quarto, quando voltou a sala, encontrou Jungsoo segurando as mãos da bebê para cima enquanto ela dava passinhos.
— Vamos para a cozinha, o pai vai arrumar o almoço de vocês. — Jungkook pegou em uma mãozinha da neném e Jungsoo na outra e ela foi andando até o cômodo. O preparo do almoço foi rápido, já que Iseul deixou quase tudo pronto. Hobeom chegou em seguida para acompanhá-los na refeição.
— Papai, eu não quero! — Jungsoo afastou o prato de Japchae intacto.
— Não quer por quê? — Jungkook perguntou ao garoto enquanto alimentava a filha com a papinha de carne amassadinha com vegetais. Ela surpreendentemente aceitou bem, e estava comendo bastante.
— Eu não gosto de macarrão de batata-doce, nem cenoura, cogumelos e pepinos. E nem tem carne aqui. — O menino listou os ingredientes do prato.
— Tem carne no Bibimbap e eu também fiz frango frito. Você não tem o que reclamar. Precisa comer um pouco mais de legumes e verduras.
— Mas eu não gosto. — Jungsoo disse com uma voz chorosa.
— Aish, Leitãozinho! Até você? Já basta a sua irmã virando a cara para a comida, mas ela é um bebê. Você já está bem grandinho para fazer manhas.
— Come, garotinho. Isso aqui tá muito bom. — Hobeom incentivou a criança.
— Mas eu não gosto de batata-doce, vô Beom. — Ele falou com os olhos cheios de água.
— Filho, pelo menos experimenta. — Jungkook disse com calma. — Aliás, eu fiz esse prato porque eu tenho que ficar forte para as provas de luta amanhã no festival. Você não quer ficar grandão igual ao papai? O meu segredo são legumes e vegetais, inclusive a batata-doce. — Jeon tentou convencer o menino.
— Mas você perdeu ano passado, papai... — Jungsoo relembrou.
— Ele te pegou nessa, Jungoo. — Hobeom afirmou sorrindo.
— Não atrapalhe, velho. — Jeon advertiu o amigo que só sorriu de sua expressão bicuda. — Não ganhei porque eu não treinava a bastante tempo, mas esse ano eu me preparei bastante e a batata-doce ajuda muito a ganhar força. Pelo menos coma um pouquinho.
O menino pensou, então começou a comer, ele não terminou o prato e Jungkook não insistiu. Havia vegetais no Bibimpab e ele comeu bastante, não precisava forçá-lo a algo que não queria. Ele parabenizou Jungsoo e o deixou comer mais frango frito.
— Olha o tamanho desse barriguinha, o papai vai morder. — Jungkook disse ao terminar alimentar a filha. Ele deu beijinhos no buchinho estufado dela e ofereceu água. Após cuidar de sua pequena, o alfa a colocou no carrinho e foi finalmente almoçar.
Depois da refeição, Jeon trocou a filha e a levou para dormir na rede que ficava armada na varanda da casa. Ele se deitou com a menina, e começou a balançar enquanto ajudava Jungsoo com a tarefa da escola. Assim que terminou, o menino também ficou com sono e se deitou com o pai e a irmã e acabaram os três dormindo no local.
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Era realmente uma Unidade Básica de Saúde, não tinha muitos leitos, um médico e dois enfermeiros iriam trabalhar no local na maior parte do tempo. Os principais serviços seriam consultas médicas, curativos e medicação básica. Não era muito, mas já era um avanço para uma comunidade no qual o hospital mais próximo ficava a 4 horas de distância. Jimin estava contente com as mudanças nas regiões, felizmente viram os bons resultados do hospital de Haedong e as lideranças resolveram investir na área da saúde. Muitas epidemias e surtos de doenças contagiosas foram contidos graças ao esforço da equipe médica, não só tratando os doentes, mas também orientando a população.
Park estava feliz em fazer parte daquele projeto, ele e o marido participaram das reuniões com os líderes das regiões e apresentaram os resultados positivos da iniciativa. Foi uma batalha longa e cansativa, mas a população e os próprios fazendeiros entraram na luta, já que eles também perderiam se seus peões e criados ficassem doentes e infectassem os outros. Felizmente conseguiram melhorias para o hospital de Haedong e implantação de pequenos postos em povoados menores e distantes. Essa foi apenas uma das lutas em que Jimin se envolveu ao longo dos anos, depois dos postos aprovados, ele se queixou da desigualdade de salários entre as classes.
O ordenado dos enfermeiros ômegas era inferior em 10% ao dos enfermeiros alfas. Ele se revoltou com a questão, promoveu reuniões e debates sobre o tema, porém as lideranças justificaram que os alfas ficavam com o serviço mais pesado como transferir os pacientes nas maçãs, levá-los ao banheiro e etc. Apesar de ir contra, Park não teve muito o que fazer, a maioria concordaram com a diferença de tratamento, mas pelo no hospital de seu marido o salário era igual. Mas ele não iria desistir em lutar pelo o que achava justo, até havia conversado bastante com o perfeito de Jeolla, apesar de não ter resultados, ele foi bem atencioso.
O ômega saiu do povoado às 7 da noite, chegou em casa já bem tarde, estava morrendo de saudade dos filhos e do marido. Tinha se acostumado com aquela rotina e a bagunça que eles faziam e não conseguia ver sua vida sem eles. A casa estava quieta, todo mundo acordava antes do amanhecer e se recolhiam cedo também. Ele foi até seu quarto, quando entrou se derreteu com a visão de seu marido alimentando a filha com a mamadeira e Jungsoo dormindo tranquilamente do outro lado da cama. Sentiu o coração ficar mais quente com tanto amor envolvido, mas também era humano, e não pôde deixar de notar o quanto seu marido ficava extremamente atraente sem camisa, com os cabelos longos e bagunçados, segurando a pequena bebê deles no colo. Ele sentiu o corpo arrepiar mais ainda quando seu moreno sorriu e lhe mandou um beijo silencioso, Rose mamava de olhos fechados, provavelmente não queria acordá-la.
Jimin amava aquele homem com todas as forças, após todos esses anos juntos seus sentimentos por ele só aumentavam. Ele era gentil, nobre, honesto, lindo, bom pai, bom marido e excelente na cama. O ômega sorriu e se aproximou de seus amores, deu um beijo no rostinho do filho e outro na mãozinha da filha. Ele então segurou o rosto do marido e lhe tomou os lábios em um beijo longo, apaixonado e cheio de saudade.
— Como foi o dia por aqui? — Jimin perguntou. Ele sentou na cama e começou a acariciar os cabelos do filho mais velho.
— A neném começou o dia querendo suas tetinhas, e recusou a mamadeira. Mas depois seguiu sua rotina alimentar normalmente. Só agora a noite que ela chorou novamente querendo mamar e chamou por você, porém foi vencida pelo cansaço e aceitou o leite. Junggie é meu companheiro para todas as horas e não dá nenhum trabalho, aliás me ajuda demais. Mamãe e sua tia chegaram já na hora do jantar, mas está tudo pronto para amanhã.
— Eu sabia que você se sairia bem, é um pai maravilhoso. — O ômega sorriu orgulhoso para o marido.
— Foi divertido, mas amo quando você está junto com a gente. E como foi seu dia?
— Tranquilo! O posto de saúde está bem completo e a equipe muito bem treinada. Já começaram a atender hoje mesmo, havia bastante pacientes.
— Eu fico muito satisfeito. — Jeon disse, e tirou a mamadeira da filha que pegou no sono.
— Vou levá-lo para o quarto. — Jimin pegou o filho nos braços e saiu, o porquinho lhe seguiu e foi logo se ajeitar em sua caminha.
O ômega deitou Jungsoo em sua cama, lhe cobriu e encheu a bochecha dele de beijos antes de sair do cômodo.
— Vem minha pitiquinha! — Park pegou Rose no colo e a abraçou, sentindo seu cheirinho gostoso de neném. Deu vários beijinhos nela e a levou para seu berço.
Estava morrendo de saudade de suas crianças e de ter eles juntinho a si. Quando voltou para a sua suíte, Jungkook estava descansando de olhos fechados na cama. Parecia bem cansado, e ainda assim muito atraente. O ômega suspirou e pegou uma roupa para ir tomar banho, o dia havia sido longo, mas só iria conseguir dormir depois de limpo. Não demorou muito tempo no banheiro, a água estava fria e ele estava exausto da viagem. Vestiu uma ceroula, e foi para seu lado da cama, mas não resistiu e acabou subindo em cima do marido, capturando seus lábios em um beijo intenso e cheio de saudade.
— Você se saiu tão bem. E fica muito lindo sendo todo responsável, cuidando das nossas crianças. Merece um prêmio... — Jimin chegou mais perto, resvalando seus lábios de Jungkook.
— Por ser bom pai? Não fiz mais do que minha obrigação, mas eu aceito ser mimado também. — O alfa mordeu o queixo marido e apertou sua bunda.
— Por ser bom pai e por ser muito gostoso...— O ômega sugou e mordiscou os lábios do amado, sentindo ele apertar mais seu traseiro. Logo em seguida Jeon enfiou a mão dentro da calça do marido e começou a massagea-lo em sua entrada.
— Pode ir tirando suas mãos daí! Sábado irei participar da corrida de cavalo, e eu preciso dessa bunda intacta para a competição. — Park sorriu e afastou as mãos de Jungkook do local.
— Então vem domar o seu garanhão do jeito que você gosta. Adoraria ver você cavalgando em mim. — Jeon apertou novamente as nádegas do amado.
— Tentador... — O ômega lambeu o queixo do amado. — Mas eu sei que você não aguentaria ficar só no meu ritmo. Então você vai ficar longe dessa bunda hoje, mas eu ainda vou agradar meu alfa.
Park começou a dar beijos em todo o rosto do marido, desenhou o contorno da boca dele com a ponta da língua, mas sem beijá-lo. Jungkook quis um beijo de verdade, porém o ômega não permitiu e se afastou para dar atenção ao lóbulo da orelha de seu homem. Jeon estava impaciente, levou as mãos até o pênis de Park e começou a estimulá-lo.
— Você disse que era para eu doma-lo. Então eu quero que fique com as mãos em cima da cabeça, segurando a cabeceira da cama. Se você não obedecer, eu paro tudo e vou dormir. — O ômega disse sério.
Nem de longe parecia o mesmo homem tímido e acanhado de anos atrás. Agora era confiante e experiente, sabia do que gostava, como gostava e Jungkook aprovava e usufruía de toda aquela mudança de atitude. A transformação de Jimin veio com o tempo, aprendeu muitas coisas com as criadas que a princípio tinha vergonha de falar esses assuntos com ele, mas depois começaram a dar dicas de como deixar um alfa louco na cama. E havia funcionado, Jeon estranhou no início, mas depois aproveitava casa momento e disse que iria até dar um aumento para as criadas depois que o marido lhe confessou onde tinha aprendido as peripécias. Por falar no alfa, ele amava quando o marido assumia o controle, sendo assim, apenas balançou a cabeça em concordância e fez o que foi pedido por Park.
Jimin voltou a tarefa anterior e mordiscou suavemente o lóbulo da orelha Jeon, sussurrando o quanto ele era gostoso e o quanto gostava de tê-lo bem fundo dentro de si. O ômega lhe tomou os lábios, movendo a língua dentro da boca de forma lenta e sensual, explorando cada centímetro sem restrições. Para tirar completamente a sanidade de Jungkook, Park começou a chupar o músculo e fazer movimentos em círculos, exatamente como fazia com os quadris em cima de seu colo. O alfa apenas segurava a cama com mais força e gemia. Sua vontade era de subir em cima do marido e tomá-lo de uma vez, mas não iria desagradar seu pedido.
— Maldição, amor! Me deixa te tocar, por favor? — Jungkook pediu quando separaram o beijo.
— Não. — Park selou levemente seus lábios e desceu suas carícias para o pescoço do moreno, sugando seu pomo de Adão.
Jimin continuou sua exploração pressionando a língua contra o mamilo eriçado de Jungkook, onde lambeu, mordiscou e chupou até deixá-lo bem vermelho. O loiro ficou muito satisfeito, principalmente quando ouviu o marido praguejando abaixo de si. O ômega já sabia todos os detalhes daquele corpo, porém nunca se cansava de percorrer cada cantinho com as mãos e a língua. Ele lambeu o abdômen definido do marido, dando leves mordidas no local. Se perdeu naquela parte que era exatamente o "caminho da felicidade" até parar de frente para o membro ainda coberto de seu alfa. Jimin se levantou um momento para retirar suas roupas, voltou para a cama e tirou as calças de Jungkook, observando a ereção completamente desperta. Park pediu para que o marido acomodasse a cabeça no travesseiro, queria que ele tivesse a melhor visão quando o chupasse. O ômega se posicionou entre as pernas dele e depositou beijos pela virilha dele, no meio das pernas, tocando muito de leve os seus testículos, sem pressa. Jeon assistia tudo com ansiedade, mordendo lábios cada vez que o amado chegava perigosamente perto de seu pau.
O alfa suspirou pesado quando Jimin começou a masturba-lo, soltou alguns palavrões quando ele começou a chupar seus testículos. Suas pálpebras se fecharam e ele gemeu ainda mais alto quando o marido colocou ambos os testículos dentro da sua boca, chupando devagar com o que só poderia ser chamado de talento. Mesmo após anos, Jimin ainda conseguia surpreender o amado com as táticas durante o sexo.
— Porra, meu anjo. Desse jeito eu não aguento, essa boquinha é minha perdição... — Jungkook dizia ofegante.
Incitado pelas reações positivas do alfa, Jimin subiu a língua até a base do pênis. Ele lambeu suavemente de cima para baixo, umedecendo todo o pau com sua saliva antes de colocá-lo na boca. Park movia sua mão e lábios para cima e para baixo do pênis, seu olhar transbordava luxúria enquanto engolia o membro cada vez mais duro do marido.
— Que delicia, meu bem! Você sabe exatamente o jeito que eu gosto. — Jungkook o elogiava totalmente ofegante. — Me deixa montar em você, eu preciso disso. — Ele choramingava, sem nenhum receio de estar se humilhando.
— Eu já falei que não. — Jimin disse antes de suga-lo mais forte e levá-lo completamente em sua garganta.
— Porra, Jimin! Você me deixa completamente louco. — Ele o elogiou, amando ver todo o seu comprimento entrando e saindo dentro da boca inchada do amado.
Park chupava com vontade, tentando colocar o máximo da extensão grossa na boca, com movimentos de vai e vem cada vez mais rápidos, fazendo o alfa arquear as costas de prazer.
— Por favor, amor. Eu quero você! — Jimin decidiu silencia-lo de um jeito prazeroso e efetivo. Sem nenhum constrangimento posicionou sua bunda sobre o rosto do marido e o alertou:
— Você não pode me tocar. Apenas chupe! — Então sentou, sentindo Jungkook mais do que depressa enfiar a língua em sua entrada, lhe chupando com vontade. Park gemeu alto, rebolando desesperadamente no rosto abaixo de si, deixando-se perder nas sensações de prazer. — Ah meu alfa...— Ele murmurava enquanto se masturbava tentando aliviar um pouco do tesão, porém só conseguia ficar mais excitado. — Me toque com os dedos... — Park deu a permissão com a voz rouca.
Jungkook empurrou um dedo para dentro dele e começou a chupar seu pênis. Ele queria manter o foco, domar Jeon e se resguardar para a competição, porém não conseguia ao sentir todos aqueles estímulos... O loiro mantinha-se rebolando os dígitos do alfa, ao mesmo tempo que tentava chupar o pau do marido. Jimin tentou resistir, mas queria tanto, precisava senti-lo dentro de si. Ele parou seus movimentos e pediu para que o alfa também parrasse. Mudou a posição e se colocou sobre o pau de Jungkook com um perna de cada lado, curvou-se para frente capturando os lábios do amado ao mesmo tempo que o encaixava em seu interior.
— Era isso que você queria? — Park perguntou ao se movimentar lentamente.
Jimin começou a fazer mais rápido, indo para frente e para trás, subindo e descendo, rebolando com destreza e habilidade sobre o parceiro. Jungkook estava louco, ver seu ômega morder os lábios e fechar os olhos enquanto sentava em seu pau era uma visão que não tinha preço.
— Isso! Eu gosto desse jeito. Rebola essa bunda gostosa no teu homem. Faz o que você quiser comigo. — Jungkook o incentivou.
— Assim? — O ômega sentou mais forte.
Park levantava o quadril e descia rebolando, batendo a bunda nos testículos do marido, o enlouquecendo e lhe fazendo praticamente rosnar de prazer. Jungkook não aguentava mais nenhum um tipo de provocação, mas Jimin estava longe de terminar. Ele inverteu a posição, sentou de costas e se encaixou novamente no pênis de Jeon.
A cena era extremamente excitante, o alfa podia ver toda a penetração acontecendo. Ficou hipnotizado como Park rebolava com vontade, de vez em quando ele olhava para atrás, sorria e piscava, deixando Jungkook ainda mais duro. O moreno começou a xingar todos os palavrões que conhecia, mas também se dividia em elogiar o amado, lhe dizendo o quanto ele era perfeito para si.
Jungkook apertou as bandas do traseiro do marido e as abriu para ter uma melhor visão de seu caralho entrando e saindo. Ele iria gozar... Não aguentava mais tanto estímulo, chegou mais perto de seu ápice quando Jimin começou a mexer em seus testículos. O ômega começou a gemer alto quando o marido começou a controlar a penetração.
Jeon fincou os pés na cama e movimentou o quadril mais rápido. Movido pelo desejo, Jungkook os virou na cama, ficou por cima do marido e lhe atacou os lábios em um beijo de língua profundo e molhado enquanto lhe penetrava furiosamente. Park não se importou em ser dominado pelo marido, aliás ele estava adorando o modo selvagem em que ele investia contra si. O moreno segurou os pulsos de Jimin acima da cabeça dele e com a outra agarrou o pênis que expelia pré sêmen.
Jimin murmurava palavras desconexas, não conseguia pensar em nada além do aperto da mão de Jeon em seu pau e as estocadas dele em seu interior. Espasmos de prazer sacudiram o corpo do ômega e ele finalmente liberou todo o seu prazer. Jungkook só esperou que ele recuperasse o fôlego para voltar a estoca-lo. O alfa enterrou seu rosto no pescoço de Jimin, e com mais alguns movimentos rápidos preencheu o interior do amado. Encostaram suas testas suadas, juntando as bocas em um beijo calmo antes de Jungkook desabar cansado sobre a cama, puxando Park para se aconchegar em seu peito.
— Minha bunda está latejando... Já era o pódio na corrida. — Jimin disse sorrindo, totalmente relaxado. Ele não trocaria aqueles momentos com o marido por nada.
— Tudo bem se você não ganhar. Para mim você sempre será o número um em cavalgada. — O alfa disse divertido e Park o acompanhou.
— Vou ter que tomar outro banho, não era para ter gozado dentro de mim. — Park o repreendeu, pois odiava dormir pegajoso.
— Para de ser resmungão, minha vida. — Jungkook o abraçou e começou a dar beijos em seu rosto. — O máximo que pode acontecer é você ter outro filhotinho meu, e eu iria adorar. — Ele deu um beijo terno nos lábios do amado.
— Sem chances! Eu voltei a tomar aquele chá de raízes que eu fazia uso antes de ter a Rose. Pode aquietar seu fogo e cuidar de seus bebês porque a fábrica fechou. — O ômega disse decidido. Adorava os filhos, porém queria aproveitar cada fase deles com calma e se dedicando ao máximo a cada um deles. Dois estava ótimo até a segunda ordem.
— Por enquanto estou satisfeito com os dois, na verdade três contando contigo. Porque você também é meu neném. — Ele se posicionou sobre Jimin e lhe tomou os lábios. O ômega colocou os braços em volta de seu pescoço e devolveu o beijo. As línguas se embolavam preguiçosamente, de modo lento e relaxante. Ficaram namorando na cama, até que decidiram ir tomar banho pois estavam exaustos e o dia seguinte seria longo.
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O povoado de Haedong surgiu em volta de grandes fazendas agrícolas. Inicialmente contava apenas com uma hospedaria para viajantes, um boteco e a capela dedicada ao deus Hwanung para os trabalhadores rurais praticarem sua fé. O povoamento se desenvolveu de forma gradativa, muitas pessoas eram atraídas pela oferta de trabalho nos campos de arroz e em pouco tempo havia pequenos casebres no local.
Os anos passaram, mas o avanço do povoado parecia paralisado no tempo, resultado da administração os antigos “Senhores das terras “ que comandavam tudo com mão de ferro, onde o trabalhador rural eram tratados como servos e recebiam uma quantia muito baixa, suficiente apenas suas necessidades alimentícias.
O povoado era sinônimo de simplicidade, precariedade e pobreza, a população se encontrava satisfeita com a fertilidade da terra e fartura de água, mas que enfrentavam enormes dificuldades, como: condições insalubres de moradia, alta taxa de mortalidade infantil devido as péssimas condições de higiene, ausência de escolas no ambiente rural, a dificuldade de comercializar produtos e a dificuldade para se conseguir auxílio médico.
A necessidade de mão de obra para a manutenção das lavouras fez com alguns fazendeiros resolvessem investir na melhoria das condições de vida dos trabalhadores, eles também achavam que se os trabalhadores recebessem um salário justo, mais pessoas teriam dinheiro para comprar as mercadorias produzidas. Porém enfrentavam resistência de senhores de terra que não tinham uma visão a longo prazo e acreditavam que os camponeses eram facilmente substituídos.
A corrupção da administração local também era um problema, pois além de não olhar muito para as necessidades dos moradores do pequeno povoado, cobravam uma taxa do fazendeiros para promover segurança, mas eram acomunados com os invasores. Em meio às dificuldades e luta dos trabalhadores, o povoado foi se firmando, assim foram surgindo os primeiros estabelecimentos comerciais, boticários, mercados, sede da prefeitura e praças. Mas ainda havia a necessidade de uma atuação política organizada na região, e essa mudança só viria muitos anos depois com a queda do governo de Yang Hyunsuk e a ascensão de Bang Yongguk, no qual o governo era voltado para políticas sociais, especialmente em áreas urbanas de poucos recursos.
Em pouco mais de oito anos de governo, houve grandes avanços nos setores da economia e inclusão social no país. Na região de Haedong, fazendeiros como Jeon Jungkook, Im Donghae, juntamente com a pressão dos camponeses foram responsáveis pelo crescimento econômico e redução da pobreza do lugar.
O vizinho de Jeon inclusive se tornou o prefeito do povoado e possibilitou melhorias na saúde, educação e segurança. Ele também revitalizou as tradições locais que por muito tempo foram reduzidas a celebrações religiosas que incluíam cortejos da igreja ao cemitério onde os fiéis entoavam cantigos em homenagem aos antepassados. Abrir as portas do país para novos mercados permitiu a Coreia, e principalmente Haedong, se beneficiarem dos preços recordes da exportação de seus produtos, especialmente o arroz. E para comemorar a fartura nos campos, Donghae resolveu promover o “Festival do arroz”.
Festejos para celebrar a colheita sempre existiram no povoado, porém em uma escala muito menor, geralmente era realizado no início de maio no final do período da primeira colheita do arroz. Era uma festa para a agradecer a colheita farta e pedir bons frutos para o futuro. O novo “Haedong Rice Festival “ foi todo reformulado, tinha uma duração de três dias e contava com diversas atrações. Abriria oficialmente na manhã de sexta, com a realização de uma missa em Ação de Graças, realizada na capela de Hwanung. Seguindo a programação, à um procissão para visitar os túmulos e tirar ervas daninhas dos parentes falecidos que eram em gratidão ao seus ensinamentos de como lidar com a terra.
A noite são montadas várias barriquinhas de comida, jogos e prendas na praça. Nos dias seguintes tinham competições de luta, corridas de cavalos e gincanas para as crianças. Todos valiam prêmios como sacos de arroz e cestas de legumes. O maior destaque da festa é o bibimbap de uma tonelada, produzido em uma panela de ferro que possui capacidade para até 2,4 mil litros, que serve até 3,5 mil pessoas.
A distribuição gratuita era realizada ao meio dia de domingo, último dia do Festival. O evento se encerra com o grande baile onde moradores dançam coletivamente em conjunto, sob a brilhante lua cheia e agradecem pela colheita bem sucedida. É um período de agradecimentos, algumas pessoas participam das festas, outras preferem viajar para suas cidades natais para passarem um bom tempo junto com suas famílias.
A família Jeon- Park acordou cedo como de costume, Gimhae estava quase vazia, porém os que ficaram estavam animados para o início das celebrações. Todos tomaram banho e se vestiram com a melhor roupa. Iseul foi a primeira a se levantar para preparar todas as refeições com antecedência, Jimin apareceu um tempo depois com a filha empoleirada em sua cintura, e se ofereceu para ajudar, porém sua sogra negou e pediu para que ele colocasse a mesa. Depois de tudo pronto, começaram a chegar alguns amigos mais próximos para participarem da ceia de café da manhã.
A família de Jimin não iria participar, viajaram para Europa em viagem de férias. Em pouco tempo gargalhadas por todo o lado eram ouvidas e todos puderam se deliciar com sopa de bolo de arroz, bolinhos, doces e licor feitos com o grão. As 9 da manhã eles saíram em direção à igreja, Padre Min e outras autoridades religiosas fizeram uma missa para comemorar a safra colhida e agradecer aos ensinamentos deixados pelos antepassados. A tarde, foram até o cemitério local para limparem os túmulos dos membros da família. Iseul perdeu os pais muito jovem e eles foram enterrados ali, Jungkook abraçou a mãe pois ela sempre se emocionava na cerimônia. O clima ficou mais feliz quando foram prestigiar as crianças em suas competições.
— Vai Junggie! Acaba com eles, filho! — Jimin berrava para seu garoto no meio da multidão. O menino, junto com outras crianças com idade entre 7 à 9, foram organizados em uma área plana para competirem em uma corrida na qual os participantes correm pulando dentro de um saco de arroz.
— Jimin, são apenas filhotes não seja tão competitivo. — Jungkook repreendeu o marido enquanto alimentava a filha com uma porção de arroz doce.
— Ele empurrou o meu filho, juiz. Você não viu o número 5 empurrando o 3? O menino foi ao chão. — O ômega gritou com o homem que monitorava a prova, ignorando o comentário do marido.
— Meu senhor, se acalme ou pedirei para se retirar. — O juiz o advertiu.
— Deixa Junggie perder por causa desse ladrão que ele vai ver só... — Park murmurava baixinho.
— Amor, já é o segundo ano que nosso filho participa. Ele é o atual campeão da prova, conhece bem o percurso e tem grandes chances de ganhar novamente. Além disso, ele se levantou rapidamente. — Jeon tentou acalmá-lo.
— Sim. E é justamente por ser o campeão que ele se tornou o alvo daquele moleque. Olha o tamanho daquele cavalão que o derrubou, amor! — O ômega disse indignado. — Vai filhote, você é o melhor! — Continuou a torcer pelo filho. — Não fique aí sentado, venha ajudar na torcida.
— Meu bem, você está gritando por nós dois. — Jungkook disse sorrindo. — Grita para seu maninho, minha flor! — Ele falava com a bebê que batia palminhas e gungunava o nome do irmão.
Depois de muitos tombos e escorregões dos pequenos competidores, o vencedor da prova foi anunciado. Uma pequena alfa de 8 anos deixou todos para trás e ultrapassou a linha de chegada. Jungsoo estava tristinho, mas parabenizou a garotinha que era uma de suas colegas de escola. Após pegar seu prêmio de segundo lugar, ele foi até aonde os pais estavam.
— Eu perdi, papais! — Ele falou cabisbaixo com lágrimas nos olhos.
— Amor, estamos orgulhosos do seu desempenho. Você foi empurrado por aquele brutamontes e mesmo assim chegou ao pódio, foi um belo resultado. — Jimin disse e abraçou seu pequeno, enchendo a bochecha de beijos.
— Seu pai está certo, leitãozinho. Você se saiu muito bem, não são todos que conseguem reerguerem após queda, meu campeão. Papai está muito contente por você. — Jeon se abaixou para dar um beijo em sua bochecha. — Da beijinho no maninho para ele ficar feliz, princesa. — Ele abaixou a menininha, ela selou a face do irmão e sorriu, assim como Jungsoo. — E não fique triste, você mesmo disse que Hanni era muito boa e merecia vencer.
— Sim, ela ganhava tudo nos treinos... O garotinho respondeu.
— Então vamos treinar mais esse ano para que no próximo você possa retomar o seu título, combinado? — Jeon ergueu a mão em punho fechado para o filho dar um toquinho.
— Combinado! — O menininho tocou a mão do pai e sorriu.
— Agora vamos comer porque o seu prêmio foi um vale na barraquinha de Songpyeon. — Jimin disse antes pegar seu menino e o colocar sobre seus ombros.
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As competições do festival eram para todas as idades, desde bebês à idosos. E era exatamente em uma corrida infantil que a família Jeon-Park estava no momento.
— Vem no papai, princesa! — Jungkook chamava Rose enquanto ela não saia da linha de partida. A corrida de bebês era uma competição para pequenos participantes de 7 meses a 1 ano que ainda engatinhavam. — Rose solta isso e vem no papai pelo amor do criador! — O alfa dizia desesperado enquanto sua menina se entretinha com um brinquedo jogado na pista.
— O que você dizia sobre não ser competitivo? — Jimin disse sorrindo pelo desespero do marido.
— Eu não lembro. Não tem como você mostrar a sua tetinha discretamente para ver se ela vem? — O alfa perguntou brincalhão e levou um tapa na cabeça.
— Toma vergonha na cara porque que aqui está cheio de crianças. — Jimin o repreendeu, mas acabou sorrindo com as besteiras do amado. — Pelo menos ela não está abriu o berreiro como os outros bebês. — Park observou alguns pais pegarem suas crianças da mini pista porque eles choravam. — Olha lá! Continua chamando porque que ela começou a se mexer. — O ômega disse ao ver sua bebê vindo na direção deles.
— Vem, meu amor! Vem aqui no papai. — Jeon dizia animado chacoalhando um coelhinho rosa de pano que havia ganhado para ela em uma barraquinha de tiro ao alvo. A garotinha disparou na frente, os papais babões a chamavam eufóricos e ela sorridente veio ao encontro deles. — Isso! Essa é minha garota! — Jungkook disse quando a pegou no colo após ela ultrapassar a linha de chegada.
— Muito bem, coisa linda de papai! — Jimin beijou a bochecha gorda da filha que mostrava seu sorriso fofo.
— Papais, olha o que eu fiz para a maninha. — Jungsoo apareceu de repente acompanhado por Hobeom. Ele havia ficado na aula de artesanato enquanto os pais estavam na competição.
— Ficou muito fofo, leitãozinho! Olha, minha flor! — Jeon mostrou a bonequinha feita de palha de milho para a filha.
— Como meu bebê é talentoso! — Jimin o abraçou por trás e o encheu de beijos. — Só não pode colocar na boca, princesa.
— Ei, pode parar de morder isso porque você não está com fome. — Jungkook afastou o brinquedo da boca dela.
— Mas eu estou. Vamos jantar e depois ir embora que amanhã tenho competição cedo. — O ômega disse para o marido. Jungkook concordou e então saíram em direção a praça. O primeiro dia da festa se encerrou com performances folclóricas de música com instrumentos tradicionais, acrobacias e dança com máscaras.
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Jimin nunca se considerou competitivo, claro que quando se tratava dos filhos e do marido a emoção ficava a flor da pele e ele não conseguia segurar os gritos de incentivo nas arquibancadas para vê-los saírem vitoriosos sobre qualquer competição que participassem. Mas quando se tratava dele próprio, não tinha grandes ambições.
Correr pelos belos campos da fazenda montado em seu cavalo era um passa tempo, uma atividade relaxante que lhe trazia paz e sensação de liberdade. Porém colocar Chimchim para competir com outros puro sangues na pista, ouvir seu nome ser gritado e os aplausos vindos da plateia lhe despertavam sentimentos de competitividade. Sentia a vontade quase instintiva, nem sempre racional, de ganhar do outro oponente, de conquistar a vitória e se sentir o vencedor, o melhor. Mas seu desejo não era apenas vencer o adversário, almejava também ultrapassar e superar os próprios limites já alcançados.
Mostrar que também era forte e que sua classe não o impossibilitava de disputar qualquer categoria. Sim, infelizmente na sociedade os ômegas tinham tratamento desigual diante de alfas. Além de serem tratados como inferiores intelectualmente, não ganharem a mesma remuneração por serviços prestados, ainda tinham que ouvir justificativas absurdas sobre sua condição. No meio esportivo eram barrados em muitas modalidades sob o pretexto de preservar sua saúde reprodutiva. Viviam sob leis retrógradas que acreditavam que alguns esportes não seriam compatíveis com a natureza naturalmente dóceis e frágeis dos ômegas e colocariam em risco sua integridade física: uma forte pancada no baixo ventre poderia torná-los inférteis, comprometendo a maternidade.
Jimin odiava esses tipos de argumentos, ele não era frágil e sensível, queria competir em igualdade de condições, lutar contra os poderosos alfas por uma vitória na mesma categoria. Felizmente na corrida de cavalos do festival, alfas e ômegas disputavam entre si. Era uma motivação a mais para o Park competir.
— Boa sorte, meu bem! — Jungkook selou os lábios de Jimin. O ômega agradeceu e saiu para tomar seu lugar na pista.
Foi dada a largada. Depois que a porteiras se abriram, competidores e cavalos disparam em uma disputa acirrada pelo primeiro lugar. A pista era fechada e tinha o perímetro oval, construída em uma área gramada com o percurso de 1500 metros sem obstáculos. O hipódromo foi construído a pouco mais de 3 anos e fazia parte do entretenimento da cidade, onde muitos apostavam e torciam para seus favoritos.
Jimin não competia na categoria profissional, mas sua dedicação nos treinos era digna de um. O coração do ômega estava acelerado pela adrenalina, ele tinha conseguido uma boa vantagem entre os competidores e podia ver 3 em cada lado. Os cavalos da raça puro-sangue são capazes de correr mais de 60 quilômetros por hora, Chimchim deveria estar nessa velocidade porque Park podia sentir o vento nos cabelos e um frio na barriga ao avistar a linha de chegada a poucos metros. Ele não conseguia ver sua família, mas tinha certeza que que eles vibraram com o seu segundo lugar no pódio.
O ômega abraçou seu cavalo, extremamente satisfeito com o resultado fruto de muito esforço e dedicação diária, ele não tinha ambições por vitórias, mas amava sentir o gosto de uma. Melhor ainda foi aplaudir a ômega vencedora da competição, Ahn Hwasa não era sua amiga, mas era uma lenda conhecida por suas inúmeras conquistas anteriores. Já era tricampeã e para Jimin foi uma honra dividir o pódio com ela. Ele abraçou a mulher e o alfa ganhador do terceiro lugar, um garoto de apenas 18 anos que tinha um futuro brilhante pela frente. Se despediu de todos e foi encontrar seus amores.
— Papai o senhor também ficou em segundo lugar. — Jungsoo disse ao encontrá-lo.
— E estou muito feliz. Você também está? — O ômega o questionou.
— Sim. O senhor foi muito melhor do que ano passado, parabéns! — O garotinho o abraçou e lhe deu um buquê de flores que tinha colhido com Jungkook quando saíram pela manhã. Jeon pediu para Hobeom trazê-lo discretamente.
— Obrigado, meu anjinho. São tão lindas! — Ele beijou sua criança. — Obrigado, meu amor! — O ômega disse a Jungkook, pois sabia que ele também estava por trás do gesto. .
— Eu estou tão orgulhoso de você, vida. Os cachaceiros do boteco que me aguardem porque vou gabar dessa conquista o ano inteiro. — Jungkook disse antes de puxá-lo para si e beijá-lo. Eles se separaram sorrindo quando Rose agarrou seu papai e o encheu de beijos também.
— Que beijinho gostoso minha bonequinha. — Jimin entregou pegou sua bebê no colo e lhe cobriu de beijos, não aguentando a vontade de apertar seu pãozinho de côco nos braços.
— Hobeom, leve Chimchim para o estábulo da igreja. Escove o pêlo dele e lhe dê bastante feno porque ele merece. — Jeon pediu ao amigo.
— Sim, ele foi incrível! — Jimin beijou a fronte do animal antes de Hobeom levá-lo.
— Mamãe e sua tia estão nos esperando na barraquinha delas para almoçarmos. Vamos? — Jungkook convidou.
— Sim, estou faminto. Podemos pagar pela comida com meu prêmio, ganhei 5 sacos de arroz e 2 galinhas. — Park fez a numeração com os dedos, orgulhoso por seus prêmios. Jungkook pegou os dedinhos pequenos do amado e os beijou. Amava aquelas mãozinhas fofas que ele tinha.
— Ela não cobraria da gente, mas essa doação com certeza vai aceitar. As cestas que irão distribuir para a comunidade vai ser abastada.
— Então vamos. — Jimin posicionou a filha na cintura e entrelaçou a mão com a do marido. Jungkook colocou Jungkook nos ombros e foi se encontrar com as outras integrantes da família.
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Ao longo dos anos, Im Donghae se tornou um dos melhores amigos de Jungkook. Ele era aristocrata de berço, mas acreditava que o tratamento justo dado aos trabalhadores poderia beneficiar as duas classes econômicas. Era um homem inteligente, que tinha boas ideias e relações com representantes de diversos setores. Suas fazendas eram bastante prósperas e o relacionamento com seus peões e criados não poderia ser melhor. Sendo assim, ele teve todo o apoio de Jeon quando resolveu concorrer as eleições para o cargo de prefeito do povoado.
E o alfa não poderia estar mais certo, em 7 anos de administração ele promoveu mais melhorias em Haedong do que décadas anteriores. A convivência entre os dois era tranquila e harmoniosa, tinham liberdade para falar sobre tudo, o único assunto sensível era sobre a filha mais velha do prefeito, Yoona. Mais especificamente, seu casamento com Kim Taehyung. Eles quase não tocavam no assunto, por muito tempo Donghae renegou a filha e se recusava a saber notícias dela, porém sua esposa tinha opinião diferente e sempre a visitava na Europa. Até que uns anos atrás convenceu o marido a ir junto e pelo o que Jungkook ficou sabendo, pai, filha e genro fizeram as pazes.
O alfa não tinha ressentimentos, aquela história fazia parte de seu passado e não lhe afetava mais. Pelo menos foi isso que pensou antes de bater os olhos no ex namorado de seu marido vindo em sua direção juntamente com a esposa, a sogra e duas crianças ocidentais.
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