Todas as pessoas tem um passado. Aqueles que julgam os outros por causa de suas experiências anteriores definitivamente não estão prontas para assumir um relacionamento sério. Viver a dois é um aprendizado constante, pois são pessoas que vêm de mundos diferentes, com suas bagagens emocionais, suas respectivas tradições e costumes familiares. Para se ter um relacionamento saudável é preciso conciliar as diferenças e aceitar o passado de cada um.
Jeon Jungkook quase perdeu o marido que tanto ama por não ter maturidade suficiente para lidar com o passado de Jimin. Apenas quando deixou para trás os sentimentos de incerteza, insegurança e compreendeu que o importante é o que a pessoa sente no presente, ele pôde construir um casamento sólido e estável. O relacionamento e a família que estabeleceu ao lado de Jimin é tudo o que Jungkook sempre quis e tudo que nunca soube que precisava. E o alfa estava imensamente feliz com sua união pacífica, segura e tranquila. A maturidade, cumplicidade, confiança mútua que desenvolveram ao longo desses anos foram suficiente para ele não se deixar abalar pela presença de Kim Taehyung ali na sua frente.
— Boa tarde! Olha só quem chegou de surpresa para a festa. — Hyolym disse ao marido ao se aproximar. O prefeito estava sentado em uma mesa na praça de alimentação, acompanhado por Jungkook e Jimin estava. O ômega arregalou os olhos em surpresa, porém não disse nada.
— Por todos os santos porque não me avisaram que viriam? — Donghae se levantou para abraçar a filha e os netos.
— Queríamos fazer uma surpresa. — Yoona disse animada.
— E acho que conseguimos... — Taehyung falou pela primeira vez. — Boa tarde! Jimin, Jungkook... — Ele fez uma reverência educadamente.
— Boa tarde! — O casal falou em uníssono.
— Yoona que bom te ver. Você está tão bonita e saudável. — Jimin se levantou e foi abraçar a mulher. — Fico feliz em ver você também, Taehyung! — Ele apertou a mão de seu ex namorado.
O ômega não esperava encontrá-lo ali, sabia algumas informações do paradeiro dele porque a primeira dama sempre lhe trazia notícias da filha, mas realmente sentia-se muito feliz por ver com seus próprios olhos que ele estava bem. Não teve frio na barriga, não teve sorriso derretendo, não teve olhos brilhando, mas teve uma sincera satisfação em vê-lo. Ele merecia muito tudo de bom que havia acontecido em sua vida.
— Obrigada, senhor Jimin. Vejo que continua bonito e teve outro bebê... — Ela disse ao olhar para a criança nos braços de Jungkook.
— Sim, o nome dela é Rose. É a mais nova alegria da casa. — Disse orgulhoso.
— Como ela lindinha. E seu garotinho também está muito fofo. — Yoona disse sorridente, encantada pelos pequenos.
— São belas crianças, Jimin.... e Jungkook — Taehyung acrescentou. Ele estava sereno, sorridente.
— Eu também tenho dois, esse é Vicent — Yoona apresentou o menino tímido que estava agarrado em sua cintura. E aquela é a Margot. — Ela apontou para a garotinha nos braços do marido.
— Os filhos de vocês também são lindos. Essa coloração de cabelo é divina. — Jimin elogiou o tom ruivo das madeixas das crianças Kim. — Oi bebês! — Ele acenou para os pequenos.
— Eles falam nosso idioma? — Jungkook se pronunciou pela primeira vez.
— Eles entendem mais o francês, mas já conseguem conversar em coreano também. — Kim explicou calmamente. Não era uma surpresa encontrá-los ali, sabia que existia a possibilidade então não tinha porque ficarem tensos. Sentia um carinho muito grande por Jimin, esperava que sua presença não fosse o incômodo durante a festa.
— Por falar nisso, deem um abraço no vovô. — Donghae disse em coreano aos netos que foram abraçá-lo no mesmo momento. — Queiram se sentar e se servirem, o almoço está uma delícia. — O prefeito convidou.
Os visitantes se acomodaram na mesa, engataram uma conversa sobre o clima na Europa, as novidades na indústria, pecuária e agricultura. Eles mostraram alguns produtos que produziram em sua fazenda de lavanda e que trouxeram para serem sorteados na festa e Jimin ficou encantando com o cheiro delicioso que exalavam.
— São produtos de ótima qualidade e usamos em casa, mas não sabíamos que eram vocês que produziam. Hyolyn nos disse que vocês tinham uma fazenda de lavanda, mas nunca imaginei que consumíamos especificamente os seus. Hoseok nos trás muitos lotes toda vez que vai a Europa, mas compra em uma loja de Paris. — Jimin desandou a falar.
— Sim, felizmente temos muita demanda e vendemos para diversas cidades do país. — Taehyung informou orgulhoso.
— Realmente são bons. Eu espirro bastante quando sinto alguns cheiros, mas seus produtos são muito suaves e eu realmente gosto de usá-los em casa. — Jungkook elogiou sorrindo.
Jeon realmente não estava incomodado com a presença de Kim. Apesar da surpresa inicial ao vê-lo, tudo já havia sido esclarecido anos atrás. Tinha plena convicção dos sentimentos de Jimin por si. Seu marido provava todos os dias o quanto lhe amava, não só com palavras, mas também com gestos, olhares e sorrisos.
— Obrigado! — Taehyung sorriu de volta. — Deixamos alguns produtos na casa da minha sogra, posso mandar para vocês, se quiserem.
O Kim ofereceu educadamente. Ele estava um pouco surpreso com receptividade de Jeon, claro que já não tinha motivos para tensão entre os dois, mas alfas eram muito orgulhosos e não era qualquer um que iria tratá-lo com simpatia após quase se enfrentarem em duelo, mesmo após muitos anos.
— Eu agradeço, se não for incomodo. — Jeon disse cordialmente.
— Neném fofa... — Margot disse num carregado sotaque francês, apontando para a caçulinha Jeon Park que estava lambuzada com comida no colo do pai.
— Sim, filha. Ela é muito fofa! — Taehyung a abraçou.
— Ela chora se estranhos a pegarem? — Yoona perguntou.
— Depende do humor dela. Esses dias ela estava meio manhosa por causa do nascimento dos dentes, mas geralmente é bem brincalhona com todos. — Jimin explicou. — Quer segurá-la?
— Eu já ia pedir. — A mulher disse sorrindo. Jungkook limpou a boquinha e as mãos da filha com uma fralda e entregou para Yoona. A bebê a olhou por um momento e se virou em direção ao pai.
— Papá! — Ela chamou Jungkook levantando a mãozinha.
— Agora você me chama de papai, né? — O alfa sorriu. Margot se aproximou, mostrou sua boneca para Rose e a garotinha se distraiu.
— Junggie, leve Vincent até a bancas de jogos ou a barraca de comida. Ele deve estar entediado aqui. — Jungkook deu algumas moedas para o filho ir brincar.
— Sim, papai. Vamos Vincent! Aquelas latas são difíceis de derrubar, mas a gente consegue. — O garotinho pegou na mão do outro.
— Posso ir? — Vincent perguntou olhando para os pais.
— Pode. E tente ganhar alguma coisa bonita para sua irmã. — Taehyung também ofereceu alguns trocados ao seu garoto.
— Sim papai! — Os dois saíram animados de mãos dadas.
— A cidade está muito diferente, meu sogro. O senhor fez um ótimo trabalho aqui. — Taehyung elogiou enquanto comia o kimbap que a Hyolym havia lhe trazido.
— Não foi fácil, mas com a vitória do presidente e o apoio dos amigos fazendeiros nós conseguimos desenvolver a região.
— Eles são os maiores interessados, Haedong se tornou um dos maiores polos agropecuários do país. Muitos estrangeiros vêm até aqui para fazer negócio e ter uma cidade preparada para recebê-los era essencial. — Jeon entrou no assunto.
— Eu concordo. Provence se tornou uma região turística não só pelos campos de lavanda, mas também pelas cidades desenvolvidas, as feiras de produtos locais e festivais da colheita. O senhor está no caminho certo, sogro. — Kim o elogiou.
Eles continuaram em uma conversa agradável sobre as fazendas, administração pública e projetos futuros. Jimin e Yoona falavam sobre arte, música e os filhos. Ele contou sobre a competição que acabara participar e todos elogiaram sua conquista.
— Ainda terá competições hoje? — Yoona perguntou de repente. Ela parou para sorrir com as gargalhadas de Rose e Margot, as duas já pareciam melhores amigas. A bebê até deu vários beijinhos na bochecha da outra garotinha.
— Sim. Depois do almoço começam as competições de Ssireum, e eu vou participar. Ano passado fiquei em segundo lugar. — Jungkook disse orgulhoso de sua posição. Não era um resultado ruim, mas gostaria de ultrapassar seus limites e vencer.
— Eu quero ver, essas lutas são sempre emocionantes. Quando eu era menor, papai me levava para assistir. Por que você não participa, amor? — Yoona perguntou ao marido.
— Eu? — Taehyung perguntou confuso.
— Sim, meu bem. Você me disse que praticava no quartel, acho que seria divertido você relembrar os velhos tempos. — Ela incentivou animada.
— Bom, além de fazer parte do treinamento, por incrível que pareça era um modo de relaxar. Mas faz tempo que não pratico, provavelmente eu levaria uma surra. — Taehyung respondeu sorrindo.
— Deixa de ser mole, “fazendeiro das flores”. Vai ser divertido, prometo pegar leve se você for lutar comigo. — Jungkook provocou.
— Eu era um dos melhores no quartel. Estou fora de forma, mas ainda posso muito bem te derrotar e não irei pegar leve. — Kim aceitou o desafio. O clima era de rivalidade, mas não tinha nenhum ressentimento por trás. Era apenas dois alfas competitivos querendo medir forças.
— Desafio aceito. Termine de comer porque você ainda precisa fazer sua inscrição, as lutas começam as 14:00 horas. — Jeon o apressou.
— Esse torneio acaba de ficar mais divertido. — Donghae disse animado. Vou até aumentar minhas apostas. — O prefeito comentou entusiasmado.
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Ssireum era tão antigo quanto a própria sociedade coreana. Nas aldeias primitivas, os alfas precisavam se proteger contra tribos hostis e bestas selvagens e usavam essa técnica não só para ficarem mais fortes, mas para derrubarem o oponente. Mais tarde, o estilo de luta se tornou uma competição popular e faz parte das comemorações de importantes festivais pelo país.
O torneio tem duas partes: as preliminares e as lutas decisivas. Nas preliminares, todos os competidores são divididos em vários grupos, geralmente 8. Estes grupos lutam em mini-torneios com um tempo limite de um minuto para cada luta (lutas que demoram mais de um minuto são decididos pelos juízes). Os 8 vencedores, um de cada grupo, se movem para o torneio real. Os participantes lutam em pares; a ordem das lutas é decidida com cada participante pegando um número aleatório em uma caixa. Ex: número 1 vs 2 e número 3 vs 4... Como geralmente se têm 8 participantes, o torneio tem três níveis: as quartas de final (4 lutas), a semifinal (2 lutas), e a luta final. As partidas são conduzidas dentro de um anel circular, medindo aproximadamente 7 metros de diâmetro localizado no centro do ginásio. Dois competidores iniciam a luta ajoelhados no chão de terra batida em uma posição de agarrar (baro japki); cada um segura a satba (cinto) do oponente na cintura com a mão direita e na coxa com a mão esquerda. Os lutadores então se levantam, trancados nessa posição até o árbitro dar o sinal para começar. Uma vez iniciada a competição, os lutadores têm três minutos para marcar uma queda.
O primeiro a causar a queda do outro é declarado vencedor e a partida termina. A partir das quartas de finais os tempos de cada luta são 3 minutos, se uma queda não for pontuada durante esse período, serão realizados 3 tempos extras. Se ainda assim não houver um vencedor, o lutador mais leve recebe a vitória por ter aguentado mais tempo, mesmo com a “desvantagem “ corporal. Existem quatro juízes, um árbitro chefe e três sub árbitros.
O prefeito Im Donghae amava uma competição e apostas. Um de seus maiores investimentos na cidade foi a construção de um hipódromo para corridas de cavalo e um ginásio para lutas. O projeto havia sido um sucesso e não só os moradores do povoado se beneficiavam com as competições, mas habitantes dos vilarejos vizinhos se deslocavam nos fins de semana ou a cada 15 dias para assistir as disputas. Certamente as que faziam mais sucesso eram competições entre os alfas, era como se eles evocassem espíritos de guerreiros ancestrais.
Jungkook se sentia assim quando entrava no ringue, como um guerreiro. Ele sempre foi muito competitivo e não gostava de perder. É claro que ele sabia que nem sempre era possível vencer, e sabia o valor das derrotas. Elas serviam para refletir, fazer uma autoanálise sobre o seu desempenho e evoluir. Um exemplo era quando perdia um paciente em sua profissão de médico, era doloroso e frustrante. Mas ele tirava como uma lição para estudar mais e adquirir conhecimento para evitar erros. Quando quase perdeu Jimin por sua impulsividade e ignorância, aprendeu o gesto do perdão, a ser paciente e confiar no marido. E quando perdeu pelo segundo ano consecutivo para a alfa Song “Predadora” Gayeon, aprendeu que a tática de luta dela era dar uma rasteira na perna esquerda do oponente, agarrar sua coxa direita para tentar desestabiliza-lo e arremessa-lo pelo ombro.
— No que está pensando? — Jimin perguntou marido enquanto fazia uma massagem em seus ombros. Estavam na sala de espera, em poucos minutos os lutadores iriam entrar. A organização geralmente deixava o conjugue, pai, amigo ficarem algum tempo ali antes do início das lutas. O local era bem grande, haviam bancos e cadeiras no local para os “atletas” se concentrarem, porém a maioria deles estavam fazendo alongamento e aquecimento. Taehyung estava do outro lado da sala acompanhado por um técnico que o prefeito arrumou de última hora para lhe passar algumas técnicas.
— Em como eu não quero perder novamente para a “Predadora”. Eu realmente quero reverter o resultado da luta anterior. As duas últimas, no caso. — Jungkook disse fechando os olhos por causa das mãozinhas relaxantes de Jimin em seus músculos.
— Sério? Reconheço que ela é durona mesmo, mas eu sei o quanto você treinou. E mesmo cansado do trabalho, de brincar com as crianças, você treinava pelo menos uma hora por dia. Eu confio em você!
— Obrigado, anjo. Eu já estou pensando na luta final com a “Predadora”, mas ainda tem muitos lutadores pela frente.
— Inclusive o Tae... Fiquei surpreso em vê-lo e muito mais por você convidá-lo para participar. — Disse Jimin. Sabia que Jeon já tinha superado a história de seu romance com Kim, mas queria saber a motivação para o convite. Jungkook colocou as mãos para trás e puxou o marido para sentar em seu colo.
— Meu foco está no momento presente, em superar meus objetivos. Em nenhum momento eu pensei em convidá-lo por causa do nosso passado. Ele parece forte e seria bom ter mais oponentes desafiadores na competição. Eu sei que você me ama, não tenho que preencher meu coração com outro sentimento além do amor que eu sinto por você. — Ele disse olhando apaixonadamente para seu ômega.
— Ainda bem que você sabe, meu lindo. — Jimin se derreteu pelo marido.
— Eu sei, mas eu não gostei de ouvir você chamando ele por apelido. Você nem me chama assim. — O alfa disse sem estar realmente chateado.
— É porque eu prefiro te chamar de “Amor, meu bem, meu lindo... ”. — Park se aproximou da orelha do amado e disse baixinho —... “meu alfa”... E eu sempre te chamo de “Jungkookie” quando você vai fundo dentro de mim. — Ele puxou a cartilagem da orelha do marido que apertou sua coxa. Poderiam estar sendo ousados, mas estavam em um canto mais afastados alguns armários de madeira lhes escondiam. Além disso, os competidores estavam concentrados demais para olharem para eles.
— Não me provoca... porque eu preciso estar focado nos oponentes e não em você gemendo meu nome. — O alfa disse próximo a orelha do marido.
— Então foque na luta e no quanto eu vou te dar um prêmio especial se for ganhar. — Jimin provocou rente os lábios do amado.
— É? E se eu perder? — Ele perguntou sorrindo.
— Vou te dar um prêmio de consolação. — O ômega lhe deu um beijo intenso.
— Eu vou cobrar. — Jungkook disse ao se separarem.
— E vou ter maior prazer em te pagar. Boa sorte, campeão. — Jimin deu um selinho rápido no marido e se levantou para sair da sala. Jungkook deu um tapinha na bunda dele que o fez sorrir antes de virar o corredor. O alfa respirou fundo e começou a fazer uma série de alongamentos antes de entrar na arena.
Quando ele deixou a sala de espera pôde ver a plateia em polvorosa, todos ansiando pelos combates. O ginásio era coberto e possuía arquibancada com capacidade para até 2 mil pessoas, ainda possuía mezanino destinados à administração fazendeiros e outras pessoas importantes. No momento em que o juiz autorizou o início das partidas, houve uma comoção com gritos em expectativa. E todas foram atendidas, as preliminares haviam sido rápidas, mas muito emocionante.
Um a um os competidores foram eliminados e a plateia vibrava a cada oponente derrubado. Haviam muitos alfas fortes, Jungkook teve algum trabalho porém conseguiu chegar as semifinais. Ele sorriu ao perceber a ironia do destino já que seu próximo desafio seria com Kim Taehyung. Sim, o ex tenente estava visivelmente cansado, mas tinha conseguido vencer com honras todos os seus desafios. Ele havia mandado para casa nada mais, nada menos do que Ho Hyunju também conhecida como a “Quebradora de ossos”.
No ssireum, tapas, socos, pontapés, apertar o pescoço e cobrir os olhos do oponente são estritamente proibidos. Em vez disso, os praticantes devem derrubar o outro competidor usando técnicas como agarrar, dar rasteiras e arremessa-los no chão. Hyunju era uma gigante nas lutas e costumava lançar os adversários no chão de modo que dava para ouvir seus ossos estralando. Porém ela já não era uma preocupação para Jeon, que agora estava focado em derrubar o Kim.
O dia já estava se aproximando do fim quando Jungkook e Taehyung se posicionaram no centro do círculo. Os dois estavam descalços, o tronco exposto, vestidos em uma calça de algodão com um cinto de satba amarrado na coxa. Seus corpos brilhavam de suor, a respiração ainda ofegante pelo esforço anterior. Porém nos olhos de cada um era possível notar entusiasmo e motivação. Eles fizeram uma reverência e sorriram em deboche pela situação inusitada.
— Acho que finalmente você terá seu duelo, Jeon. — Taehyung comentou divertido.
— E vou vencer... — Jungkook sorriu, sem se deixar influenciar pela provocação.
Os dois se ajoelharam na areia e seguraram o cinto que estava preso na coxa e cintura um do outro. A luta definitivamente começou quando Jungkook e Taehyung ficaram em pé simultaneamente agarrados ao cinto do adversário. Os dois eram grandes e fortes, a todo momento tentavam desequilibrar o oponente para arremessa-lo ao chão.
— Para um “fazendeiro de flores” eu estou me saindo muito bem, não é? — Taehyung provocou enquanto tentava tirar a perna de Jungkook do chão.
— Aqui a gente chama isso de “sorte de azarão”. Mas ela vai acabar agora.
Jungkook segurou mais forte na parte de cima do cinto e o empurrou pela arena, seria mais fácil desestabiliza-lo se estivesse em movimento. Mas por mais que ele se esforçasse, Taehyung parecia prever seu ataque e se firmava no lugar, impedindo qualquer tentativa de tirá-lo do chão. O primeiro tempo acabou, logo veio o segundo e os dois resistiam bem. Agora iriam para o terceiro, ambos estavam banhados de suor, ofegantes e cansados, mas ainda muito motivados a vencerem. Jungkook se surpreendeu porque além de Taehyung não ter se preparado para competição, ele ainda tinha a deficiência na perna que em nada atrapalhava seu ótimo desempenho.
— Eu realmente te subestimei, Kim. Achei que seria mais rápido. — Jungkook disse enquanto tomava um pouco de água.
— Posso fazer isso o dia todo. — Taehyung desafiou confiante. Ele estava muito cansado, fazia tempo que não participava de lutas e apesar de ter aguentado bem até o momento, os sinais de exaustão eram evidentes. Mas se recusava a perder a pose diante de Jungkook.
— Não vai precisar. Vou terminar com isso agora. — Jeon disse antes recomeçarem o desafio.
A cada minuto que se passava o público ficava mais ansioso e admirado pela resistência dos dois alfas. Na arquibancada Jimin gritava e torcia pelo marido, mas estava tenso pelo final da luta. Jungkook realmente queria muito o título e havia treinado bastante, ficaria muito chateado se perdesse. E se a derrota fosse para Taehyung, com certeza, ficaria ainda pior. Eles já tinham se resolvido, mas perder para um antigo desafeto iria ferir seu orgulho de alfa. Jungsoo também estava na arquibancada, o garotinho encontrava-se quase sem voz de tanto gritar pelo pai. Vincent era outro animado, o pequeno estava tão empolgado com o bom desempenho de Taehyung que as vezes misturava francês com coreano em suas palavras de apoio. Yoona sorria entusiasmada, confiante na vitória de seu marido. Rose e Margot haviam ficado na casa de padre Min com uma criada, eram muito pequenas para estarem em lugar tão barulhento.
Os minutos que se seguiram foram decisivos, os dois se empurravam como touros em uma briga. Um tentava encaixar a perna no outro para dar uma rasteira e desequilibra-lo, porém conseguiam se esquivar. Até que Jungkook colocou uma das pernas por debaixo das de Taehyung, o suspendeu pelo cinto e girou o corpo dele com tudo, derrubando seu oponente e decretando o fim da luta. A arquibancada foi ao delírio, Jimin gritava junto ao filho que vibrava assistindo a vitória do pai. Jungkook era muito querido entre as pessoas, então foi ovacionado pelo público que gritava seu nome. Cansado, ele caiu ao lado de Kim na areia enquanto tentava normalizar a respiração.
— Meus sinceros parabéns, Kim. Você foi um oponente de respeito. Mas um “fazendeiro de flores” não teria chance, somos acostumados a derrubar touro no braço por aqui. — Jungkook se vangloriou. Não estava diminuindo o trabalho de Taehyung, era apenas uma provocação divertida.
— Foi divertido! Pelo menos eu continuou cheiroso, não posso dizer o mesmo de você. Aliás, eu suspeito que você só conseguiu me derrubar por causa disso. — Taehyung respondeu sorrindo e Jungkook o acompanhou. O ex tenente estava feliz por seu resultado surpreendente. Ele entrou na competição sem nenhum preparo e mesmo assim conseguiu ficar entre os quatro melhores, era algo para comemorar.
Jungkook se pôs de pé e deu a mão para ajudar Kim a se levantar. Os dois fizeram uma reverência e saíram do ringue. Kim foi para a sala de espera limpar o corpo sujo de suor e terra. Jeon pegou uma toalha e ficou por ali mesmo, pois a próxima luta era entre a “Predadora” e o “Minotauro”. Eles dois, juntamente com Jungkook que era chamado de “Gato guerreiro” e a alfa “Quebradora de ossos” formavam o quarteto que sempre dividiam o pódio. Só precisou de dois tempos para Gayeon mostrar sua força. Minotauro era bom, mas foi trucidado quando a alfa utilizou sua técnica infalível. Ela deu uma rasteira na perna esquerda do oponente, que se desequilibrou dando chance para a mulher agarrar sua coxa, suspende-lo e arremessa-lo por cima de seu ombro.
A final seria entre a atual bi campeã do torneio e o vice campeão dos anos anteriores. Eram dois velhos conhecidos e uma sabia a tática do outro, mas mesmo assim era uma luta sempre surpreendente. Jeon ouviu os gritos de Jimin e Jungsoo na plateia e sorriu para seus amores, o apoio deles lhe davam força para superar seus limites. Queria vencer por si mesmo, porém desejava se mostrar um alfa fisicamente forte para o marido e principalmente para seu filho. O menino lhe admirava, mas queria ganhar para que seu garotinho saísse se exibindo por ser filho do alfa mais forte da região. Essa foi uma das motivações que o fizeram subir naquele ringue. Fez uma reverência para sua respeitável adversária e se posicionou de joelhos na areia. Eles então se levantaram segurando no cinto um do outro e ela começou atacando furiosamente, o empurrando pelo círculo tentando derrubá-lo a qualquer custo. Ela era grande e forte, deveria pesar mais de 90kg, mas Jeon não se deixou intimidar e conseguiu desviar de todos os ataques.
Os primeiros 3 minutos acabaram, Gayeon estava em vantagem, ela atacava mais e só precisava do encaixe perfeito de pernas para desestabilizar Jeon e derrubá-lo. Quando o segundo tempo começou, Jungkook respirou fundo, se concentrou e tentou igualar o combate. Ele iniciou uma sequência de ataques e conseguiu pelo menos chegar perto das pernas dela para tentar uma rasteira. A lua já brilhava no céu, ascenderam tochas para iluminar o ginásio, o que deixava o clima realmente semelhante as antigas lutas tribais.
Os oponentes estavam exaustos, prontos para finalizarem aquele combate difícil. Gayeon era esperta e estrategista, sabia que Jeon estava inteirado em seu estilo de luta. Então ela resolveu mudar, em vez de tentar desestabiliza-lo dando uma rasteira em sua perna esquerda pelo lado de dentro. Ela atacou a perna de direita pelo lado de fora de seu corpo para tentar derrubá-lo de costas. Só que Jeon foi mais rápido, literalmente se desviou da passada de perna, suspendeu a alfa pelo cinto, projetou seu peso para frente e a derrubou de costas chão, finalmente vencendo a luta e o torneio.
Jimin gritou da arquibancada pegou Jungsoo no colo e o abraçou. Estava eufórico pelo desempenho do marido, por tanto esforço ter sido recompensado. Jungkook saiu de cima da “Predadora” a ajudou a se levantar e fez uma reverência em respeito à grande competidora que ela era. A mulher sorriu e retribuiu o gesto, disse que esperava uma revanche no ano seguinte e Jungkook confirmou animado.
O juiz se posicionou entre os dois, segurou o braço de cada um e elevou apenas o de Jeon para o alto confirmando o vencedor do confronto. O prêmio seria um touro e 10 sacos de arroz e um cinturão grande feito de coro. Jungkook iria sortear o animal e os grãos entre seus peões. Aliás, os funcionários da fazenda que não viajaram, compareceram em peso no ginásio para torcer para seu patrão. Jungkook avistou Jimin do lado do Ringue com Jungsoo no colo, e foi até a família.
— Parabéns, meu amor! Você conseguiu, estou tão orgulhoso. — Jimin o abraçou sem se importar com o estado deplorável do marido. Ele estava banhado de suor e terra.
— Obrigado, meu anjo. — Jeon o beijou, o que aumentou os gritos da plateia. Jungsoo cobriu os olhinhos com vergonha da demonstração pública de afeto entre os pais.
— Por que meu leitãozinho está escondendo a carinha? Olha o que o pai ganhou para você.
Jeon entregou o cinturão para o menino que ficou encantado com a peça. O alfa suspendeu a criança nos ombros e o garotinho mostrou o prêmio para toda a plateia que gritava animada.
O segundo dia de festival tinha terminado da melhor maneira. Jungkook e Jimin se encontraram com o prefeito, Taehyung e Yoona na saída do Ginásio. Eles iriam passar na praça para jantar antes de irem para casa. Jungsoo pediu para ir junto com os Kim, já que os pais ainda iriam até a casa de padre Min para Jungkook tomar banho e buscar Rose e Margot. Eles concordaram e o grupo seguiu em direção às barraquinhas de comida e o casal até a igreja.
— Se eu fosse você não me abraçava desse jeito. Estou todo suado e realmente preciso de um banho. — Jungkook disse ao marido que não desgrudava de seu corpo.
— E eu ainda lamberia você todinho, meu campeão. — O ômega disse próximo ao ouvido do amado. Jimin não teve muito para reagir, foi prensado na parede de uma casa com o marido afoito atacando seus lábios. Os dois entregues às sensações de adrenalina que ainda percorriam seus corpos após a competição intensa. — Humm, amor. Você é tão forte, mas eu aposto que consigo te derrubar. — Park disse enquanto seu marido beijava seu pescoço.
— O quê? — Jeon perguntou confuso, porém divertido. Pelo sorriso ladino de Jimin sabia que ele estava aprontando.
— Me ataque! O ômega se colocou em posição de luta.
— Precisa de um cinto para segurar o oponente e derrubá-lo no chão. — Jungkook explicou as regras ainda com o sorriso no rosto.
— Podemos improvisar segurando no cós da calça. Agora me ataque! — Park disse novamente. Jungkook se aproximou e posicionou suas mãos no cós da calça e nas coxas do marido. Jimin por sua vez, desviou sua mão e apertou o membro de Jeon que gemeu com o toque.
— Eu tenho certeza que isso é ilegal. — O alfa disse meio gemendo, meio sorrindo. Ele sabia que Jimin iria aprontar, mas não esperava algo tão ousado no meio da rua. Estavam no beco escuro entre duas casas, mas ainda assim era um lugar público. — Se você estivesse no ringue seria punido.
— E você vai fazer o quê? Me punir? — O ômega prensou o marido na parede e lambeu seu queixo.
— Jimin... — Jungkook só podia sorrir e agradecer pela desinibição que o marido adquiriu através dos anos. Adorava vê-lo tão confiante.
— Hum — Park murmurou antes de juntar os lábios com o de Jungkook em um beijo intenso. Jimin não se importava com todo aquele suor, inclusive o cheiro que seu alfa exalava despertava sua libido. Jeon também estava excitado, a adrenalina da luta combinada com as provocações de seu marido tinham lhe acendido o corpo. Trocou as posições, encostou o ômega na parede e o alçou em seu colo.
— Você quer que eu te repreenda, não é? — Park fez um sinal de afirmativo com a cabeça ao ouvir a pergunta do marido.
O alfa deu um tapa forte na bunda farta do amado antes de aperta-la com força. Ele continuou estapeando a região, motivado pelos gemidos de Jimin. As marcas de suas digitais iriam ficar por um tempo, mas nenhum dois se importava. Aliás, era o ômega quem pedia para o marido lhe dar tapas durante o sexo. Jeon o beijou novamente, enfiava a língua na boca do marido, movendo-a em círculos de forma afoita. Ele chupava o músculo com vontade, tirando o fôlego de ambos. Park respondia com a mesma paixão, apertando os quadris de Jungkook entre suas pernas, puxando os cabelos longos com uma mão enquanto alisava os músculos do braço do amado com a outra. Os dois estavam desesperados, as vezes ficavam algumas semanas sem transar por causa da rotina corrida, porém quando se beijavam com intensidade todo o tesão reprimido vinha com força total. O alfa parou o beijo, desceu Jimin do seu colo e o virou contra a parede.
— Jungkookie... — Park gemeu o nome do marido quando sentiu a ereção dele encostar em sua bunda. Ele ficou ainda mais arrepiado quando Jeon puxou seus cabelos para trás com uma mão e levou a outra até seus mamilos eriçados, apertando os biquinhos.
— Caladinho! Só vai gemer meu nome dessa forma manhosa quando eu estiver metendo forte dentro de você. — O alfa mordiscou levemente a orelha do amado. — Como não temos muito tempo, não iremos nem tirar nossas roupas... — Jungkook dizia seus planos enquanto arrastava sua língua pelo pescoço de Jimin, e simulava estocadas fortes contra seu traseiro. —... Nós vamos para aquele celeiro atrás da igreja...vou te colocar de quatro e te foder como um animal no cio para você aprender a não provocar seu alfa. — Ele continuava dizendo seus planos e Park gemia em aprovação.
Com o tempo e a intimidade eles já não tinham nenhuma inibição em falar tudo que pensavam e gostariam que acontecesse no relacionamento sexual entre os dois. O ômega havia deixado claro que gostava de quando o marido agia mais bruto consigo, quando ele lhe dizia palavras vulgares, então sentiu o membro pulsar com toda aquela atitude. Se sentia abençoado por ter um marido tão a frente de seu tempo, infelizmente não eram todos os ômegas que tinham a liberdade de falar, agir, questionar seus alfas e o Park fazia tudo aquilo e muito mais. Ele queria passar horas rolando no meio do feno agarrado à Jungkook colocando em prática algumas posições que havia aprendido em conversas particulares com os amigos, mas ainda tinham compromissos. Uma rapidinha bem dada também era gostosa e muito satisfatória.
— Se essa for minha punição, vou te provocar sempre. — Jimin empinou mais a bunda, esfregando no membro coberto do outro que apertou mais seu cabelo e seu mamilo.
— Você que pediu...— Jeon alçou o marido nos ombros e o levou em direção ao celeiro da paróquia. Lá teriam a privacidade necessária para se amarem de forma selvagem como os corpos pediam.
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Jimin e Jungkook chegaram na praça de alimentação 1 hora depois, os dois de banho tomado e com as meninas no colo. Depois da aventura no celeiro, o casal só recuperaram a respiração e foram até a casa de padre Min para tomar banho e trocarem de roupa. Os dois tinha seu próprio guarda-roupas por lá porque havia algumas ocasiões que precisavam ficar de plantão no hospital e sempre passavam no padrinho de Jeon para se limparem e descansar um pouco. O prefeito Im estava contente, disse que havia ganhado um bom dinheiro dos amigos fazendeiros ao apostar em Jungkook. Os outros estavam confiantes na vitória da “Predadora “, mas Donghae sabia o quanto o amigo estava motivado e preparado para vencer.
O alfa agradeceu e também o elogiou pela qualidade da festa que naquele estava muito melhor do que os anos anteriores. O jantar foi tranquilo, Taehyung e Jungkook começaram um assunto sobre os melhores momentos dos combates, falaram sobre técnicas e os erros dos adversários. Quem os via de fora, poderiam jurar que eram melhores amigos. Jimin ficou comovido ao vê-los se dando tão bem, tinha muito apreço por Taehyung e Yoona, eram pessoas que valiam a pena ter uma boa relação de amizade e ver que Jungkook respeitava isso lhe deixava contente. Todos os dias o festejos se encerravam com apresentações de artistas regionais, mas tanto o casal Kim-Im, quanto os Jeon-Park preferiam irem para suas respectivas casas. As crianças estavam com sono e eles também estavam cansados, após terminarem uma sobremesa se despediram e foram embora.
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No último dia da festa da colheita a casa dos Jeon-Park amanheceu mais silenciosa do que o normal. Eram seis da manhã e Jungkook ainda não havia se levantado, seus músculos e articulações estavam doloridos por causa das atividades do dia anterior, sendo assim não conseguia levantar da cama. Ele podia sentir beijos molhados em sua nuca e uma mãozinha pequena lhe fazendo uma massagem nos ombros. Querendo mais contato, se ajeitou de bruços na cama e não precisou falar nada, já que Jimin sabia muito bem o que ele precisava.
O ômega se levantou por um instante, quando voltou, sentou em nas costas doloridas do marido. Ele pegou um óleo corporal de lavanda, esfregou nas mãos primeiro e depois espalhou pelos ombros de Jungkook, fazendo movimentos deslizantes em forma de “V” na região lombar sentido ao pescoço. Jeon faltava gemer, totalmente relaxado com o cuidado que recebia sempre depois de um dia de treino ou do trabalho.
— Faz mais um pouco de pressão na minha lombar, amor. Hoje até a minha bunda está doendo...— O alfa falou choramingando.
— Imagine a minha... — Jimin disse sorrindo, sendo acompanhado pelo marido.
— Não ouvi reclamando ou me pedindo para parar ontem a noite, inclusive me pedia mais. — Jeon arfou mais alto quando Jimin, com a ponta dos seus polegares, começou a fazer círculos na região dolorida das costas.
— Eu nem conseguia falar nada, da minha boca só saiam gemidos. Você sabe que não é uma reclamação, eu adorei tudo. — O ômega abaixou e deu beijo na nuca do amado. — Você acha que tem condições de ir ao festival hoje? Eu posso levar o Junggie para brincar um pouco e voltaremos cedo.
— Essa dorzinha não vai me derrubar, principalmente depois dessa massagem com suas mãozinhas mágicas. Quando você terminar estarei novo em folha. — Jeon garantiu. O alfa estava quase cochilando quando viu a porta sendo aberta pelo filho mais velho. Ele trazia a irmã nos braços que sorriu ao ver os pais.
— Bom dia, papais! A vó Iseul limpou a maninha, mas ela não quis a mamadeira. Então ela pediu para trazer a neném para mamar. — Jungsoo colocou a bebê na cama.
— Bom dia, meus anjinhos lindos! — Jimin saiu de cima do marido e foi dar um beijo em cada um dos filhos. Pegou Rose no colo e a posicionou em seu peito para alimentá-la. A bebê faminta abocanhou o mamilo como se não tivesse mamado na noite anterior. — Devagar sua esfomeada, você já está cheia de dentinhos e não queremos causar acidentes. — A neném olhou para ele e colocou a mãozinha no lábio do pai que deu vários beijinhos.
— Você está com dor, papai? Não foi no meu quarto pra gente ir tirar leite das vacas. — Jungsoo questionou Jungkook.
— Desculpa, leitãozinho. O pai amanheceu meio travado e perdeu a hora.
— Tem problema não. Eu acordei e fui sozinho até o curral, o vô Hobeom já estava lá e me ajudou. A “estrelinha” estava brava hoje, deu um coice no balde e derrubou o leite tudo. — O menininho começou a contar sobre o seu dia. Ele também disse que a avó tinha dado banho na neném e saiu logo depois com a tia Naeum. Elas precisavam ir até a prefeitura para começar os preparativos da caldeirada de bibimpap que seria servida no almoço para toda a comunidade.
— Então vamos nos levantar porque as 9 horas tem apresentação de dança . — Jimin os lembrou.
— Posso levar o pig? O Vincent quer conhecer ele. — O menino perguntou em expectativa.
— Vai ter muita gente lá, sem falar dos fogos de artifícios... ele pode se assustar. — Jungkook o alertou.
— Ele vai ficar perto de mim. Deixem, papais. — O garotinho insistiu com a vozinha mansa.
— Por mim, tudo bem. — Jimin foi o primeiro a se pronunciar.
— Certo. Mas tome cuidado para ele não se perder.
— Sim, papai. Vou arrumar umas frutas para ele não sentir fome. — Jungsoo desceu da cama e saiu do quarto.
— E você, minha flor? Vem dar um cheiro no papai pra sarar o dodói. — Jungkook chamou a neném assim que ela terminou de se alimentar.
— Dodói? — Ela repetiu.
— Sim. Dá beijinho! — A garotinha foi até o pai e encheu a bochecha dele de beijos. Jeon abraçou sua bebê e começou a cheirar o pescocinho dela. — Que neném cheirosa, papai. — Ela sorria com as fungadinhas no pescoço.
— Parem de bagunça e vamos nos arrumar. — Jimin pediu, mas logo se juntou a festa.
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O último dia do festival era mais tranquilo, havia muitas performances artísticas de música, dança e grupos de teatros. Uma última missa era celebrada onde camponeses, peões e criados, mesmo tendo uma vida muito desgastante e humilde, agradeciam por todas as dádivas concebidas com a colheita. Ao meio dia era servido o almoço no ginásio de esportes, onde todos poderiam desfrutar de um delicioso bibimbap feito na panela gigante encomendada pelo prefeito.
A produção da iguaria começava 6 horas antes e movimentava uma montanha de alimentos, voluntários e dinheiro, mas todos saiam satisfeitos. Após o almoço, muitos voltavam para suas casas, outros descansavam embaixo das árvores da praça e tinham aqueles que se divertiam nas bancas de jogos. A família Jeon-Park encontrou os Kim-Im no ginásio após a refeição, Jungsoo mostrou seu porquinho para Vincent e Margot que se encantaram pelo pequeno animal. O garotinho Kim implorou para que os pais lhe descem um igual de presente, Taehyung garantiu que iria pensar quando voltassem para a França. Yoona e Jimin disseram que iriam levar os filhos para brincarem um pouco e saíram, restando apenas Jungkook e Taehyung.
— Eu vou até a barraca de vinho de arroz. — Jungkook disse, já começando a andar em direção ao local. Taehyung não tinha muito o que fazer, então resolveu segui-lo. Os dois sentaram nos bancos de madeira que haviam ali e pediram algumas garrafas. — É muito bom ver a Yoona tão cheia de vida... — Jungkook disse olhando para a mulher do outro lado da praça.
— Sim. Foi uma luta difícil, quase impossível de vencer, mas felizmente conseguimos.
— Isso é bom. — Jungkook disse simplesmente.
No dia anterior eles tiveram muito assunto, mas agora estando só os dois ali, parece que as palavras haviam sumido. Eles até se esforçaram um pouco para interagir, Jeon pediu um jogo de damas ao dono da barraca e começaram uma partida. Enquanto jogavam, finalmente engataram um assunto sobre a atual política do país e a administração local. Jungkook o informou que os assaltos de gado diminuiriam depois que Donghae investiu na vigilância da região. Falaram um pouco mais sobre os negócios, Jeon perguntou o ex tenente sobre as fazendas dele e quis saber um pouco mais sobre a produção de lavanda.
— Você não pensa em expandir seus negócios para outras regiões? Digo isso porque Seokjin e Hoseok trabalha com importações e acredito que vocês lucrariam bastante se firmassem uma parceria para revenderem seus produtos por aqui. Os aristocratas fazem questão de esbanjar seus acessórios importados da Europa. — Jungkook perguntou de repente.
— É uma ideia muito boa, mas estou feliz com o que eu ganho. Eu nunca tive ambições por acumular riquezas e ostentar luxos, sempre quis ter uma família, filhos e ter meios de sustentá-los. Hoje eu desfruto de tudo isso, não quero ter que me preocupar se vou conseguir fechar os pedidos de todos os clientes, mercado internacional e afins. Estou muito bem assim.
— Eu te entendo. Esse era exatamente o meu maior desejo. Eu sou rico por causa do velho Jeon e desde então eu tento administrar o que ele tinha, meus negócios são muito prósperos, mas não penso em expandir mais do que já tenho. Preciso ter tempo para me dedicar ao meu marido, meus filhos, amigos e não poderei fazer isso se ficar arranjando mais trabalho.
— É assim que eu penso. — Taehyung concordou. Ele estava feliz por estar tendo uma conversa agradável, nunca havia imaginado que um dia poderiam estar assim algum dia. — Talvez eu sinta falta de um pouco de ação, no exército sempre estávamos patrulhando perímetros, procurando malfeitores e guardando cidades por causa dos conflitos. Atualmente o único problema que tenho que enfrentar é um exército de abelhas pousando nos meus campos. — Kim deu um gole em sua bebida e sorriu. — Depois desse festival eu acho que irei procurar competidores de ssireum na França. É um bom jeito de conseguir alguma ação real.
— Sim. Frequente também uns botecos, todo dia tem alguns idiotas quebrando a cara de outros. Eu como médico tenho ação sempre que vou. Só não volte muito muito tarde ou chegue bêbado senão tua mulher pode te dar um sermão. Um dia eu fiquei um tempo a mais para comemorar uma aposta que tinha ganho nas corridas de cavalo, quando cheguei em casa tive que ouvir Jimin falando disso o resto da madrugada. Ele ainda virou a cara para mim por uns dois dias, então não abuse. — Jungkook contou o fato e Taehyung sorriu.
— Fico feliz em ver que vocês estão bem. Jimin merece toda a felicidade e amor do mundo, parece que você entendeu isso e proporciona à ele. Você também tem seu valor e merece tudo o que tem. — O ex tenente falou sinceramente o que havia em seu coração.
— Estou quase começando a simpatizar com você, Kim. — Jeon disse com diversão moldando seu rosto.
— Quando eu te conheci pensei que você era como a maioria dos ricos, esnobe, déspota e mesquinho. Mas os meses em que passei ao seu lado na fazenda mudaram meu modo de pensar e acredito que se tivéssemos nos conhecido de outra maneira, poderíamos ser grandes amigos. — Taehyung disse com sinceridade.
— Reconheço que você também não é ruim, fico contente que podemos resolver nossas diferenças. — Jeon estendeu sua garrafa e brindou com Kim. — Agora deixe de sentimentalismo e faça sua jogada.
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O último dia do festival se encerrava com o “baile da colheita “ cujo o principal foco não era a técnica empregada na dança e sim o sentimento de união de grupo, o espírito comunitário que se instala a partir do momento em que todos, de mãos dadas, apoiam e auxiliam os companheiros. A dança é simples, começa com uma roda pequena que vai aumentando, a medida que as pessoas chegam para dançar. Tanto na hora de entrar como na hora de sair, a pessoa pode fazê-lo sem o menor problema e quando a roda atinge um tamanho que dificulta a movimentação, forma-se outra menor no interior da roda maior. Crianças, idosos, camponeses e fazendeiros todos participavam da celebração em gratidão pela fartura nos campos.
O baile se iniciou com o discurso do prefeito que ressaltou que Festival era a grande oportunidade de relembrar tradições valiosas do passado, fazer memórias divertidas e se conectar com os habitantes locais. Ele agradeceu a participação de todos os moradores de Haedong e povoados vizinhos e encerrou sua fala pedindo para tocarem a música. Jimin, Jungsoo, Iseul e Naeun deram as mãos entraram na roda.
Jungkook ficou dançando com sua bebê do lado de fora, ela não podia ouvir música que já chacoalhava o corpinho e batia as mãozinhas no ritmo. Jeon encarou seu ômega na multidão, ele sempre dizia que não gostava dos bailes luxuosos da alta sociedade de Busan, mas não perdia a chance de dançar nas festas dos camponeses. Talvez por eles serem mais livres, não seguirem passos requintados e pensarem em apenas se divertir, sem julgar ninguém. A dança de roda havia terminado e agora estavam dançando em pares, Jimin dançou com o filho e a tia, depois pegou Rose para que Jungkook pudesse dançar com a mãe dele.
— Esta é uma cena que eu nunca pensei que iria ver, você dançando e sorrindo em festas. — Taehyung disse ao se aproximar de Jimin. — Antes você não gostava.
— Aqueles bailes em Busan eu não gostava mesmo, meus conhecidos ômegas só queriam arranjar marido e os alfas ficavam ostentando suas riquezas. Duvido que alguém se divertia naquelas festas. As comemorações nas quermesses eu nunca pude participar, seria um escândalo alguém de minha classe ser visto dançando com camponeses. — Jimin revirou os olhos. — Aqui eu me sinto livre, posso dançar até descalço que ninguém irá se importar ou fazer comentários jocosos.
— Eu compreendo. Quando eu te conheci naquela quermesse, você me chamou a atenção não só por sua beleza, mas por ser um garoto tão estranho e distinto no meio dos humildes. Seus olhos eram curiosos, parecia que queria se juntar a multidão dançando, mas algo te impedia. Nós éramos de mundos diferentes eu da Lua, você das estrelas, era um mistério que eu quis desvendar...— O ex tenente sorriu nostálgico. Enfim, essa era a vida que eu sonhava para a gente. Estar em um lugar assim, apenas sendo felizes sem nos importamos com a opinião alheia. Não certo conosco, mas ainda bem que você pôde vivenciar isso. — Taehyung disse sinceramente.
— Sim, nossa história chegou ao fim, mas não quer dizer que não deu certo. Os oito meses em que ficamos juntos foram muito especiais, eu tive meu primeiro amor, meu primeiro beijo, você me ensinou tiro ao alvo....— Jimin sorriu, sendo acompanhado por Taehyung. — Eu lembro de nós com muito carinho, Tae. Sou muito grato por ter compartilhado ocasiões verdadeiras e únicas com você. Foram momentos lindos, mas eu gosto do rumo que a minha vida tomou. E fico muito feliz em ver que você também conseguiu refazer a sua. Yoona é maravilhosa e suas crianças são lindas, nós realmente merecíamos esse recomeço.
— Sim. O destino foi bom comigo ao me trazer Yoona. Porém no princípio foi difícil aceitar que você já não me amava mais, pensei que nunca iria superar a dor, mas o tempo é um ótimo amigo. Eu ainda sinto um carinho enorme por você, e acredito que nosso encontro foi de almas, um sentimento tão puro que podemos ser felizes só por ver o outro bem, mesmo não convivendo mais juntos. Você se sente assim?
— Sim. Passaram muitos verões e invernos, mas o carinho que tenho por você permanece. Espero que continuemos sempre assim. — Jimin respondeu sorrindo. Kim se aproximou e pegou na mãozinha da bebê. — Seus filhos saíram a cara do outro pai. — Ele ofereceu as mãos para pegá-la e a garotinha aceitou ir. — Apesar de ser parecida com Jeon, ela é muito linda. — O ex tenente brincou.
— Pois é. Eu só tive o trabalho de carregar, mas não tive o prazer de ter nenhum parecido comigo. Ainda bem que meu marido é bonito. — O ômega disse divertido e Taehyung sorriu, totalmente confortável.
Eles ficaram conversando um pouco mais. Kim falou como foi o processo de adaptação no outro país, como conseguiu desenvolver seu negócio e a adoção das crianças. Jimin contou sobre sua formação, os projetos de promoção de saúde que desenvolveu na comunidade e como sua mãe e irmão estavam se comportando bem. Park poderia conversar por horas com Taehyung, ele era tão divertido, inteligente e essas foram as qualidades que o fizera se apaixonar por ele, mas agora via que eram atributos que poderia encontrar em um grande amigo. Eles foram excelentes namorados, o bons sentimentos que desenvolveram um pelo outro poderiam torná-los bons amigos senão morassem tão distante um do outro, mas era melhor assim. A conversa fluía bem, Taehyung fez alguns gracejos para a bebê que sorriu bastante, mas logo levantou os bracinhos pedindo o colo do pai.
— Essa aqui é minha coalinha, Tae. Vive grudada em mim. — Jimin pegou a filha no colo, ela começou a esfregar o narizinho e a bocejar.
— Mamá! — Rose enfiou a mãozinha dentro da camisa de botões do ômega demonstrando o que queria.
— Minha filha, assim você deixa o papai constrangido. — Park disse antes de tirar a mão dela de seu mamilo. Ela começou a choramingar e repetir que queria mamar. — Com licença, Tae. Eu preciso ir alimentá-la senão ela vai começar a espernear aqui.
— Com a fome não se brinca. — Ele sorriu. — Pode ir, eu também já vou indo porque prometi tirar minha bela esposa para dançar. — Kim pegou a mão de Park e a beijou. — Foi um prazer revê-lo, Jimin. Só desejo que você tenha mais anos de felicidade.
— Igualmente, querido. Te encontrar tão feliz foi um dos melhores acontecimentos dessa festa. — O ômega sorriu.
— Appa... mamá...— Rose gungunou um pouco mais nervosa.
Jimin se despediu rapidamente e saiu em busca do marido. O encontrou desviando das investidas de Hwang Hyunjin, um ômega jovenzinho que não tinha receio nenhum em demonstrar seu interesse por Jungkook. Ele era filho do dono do boteco, e desde que completou a maior idade e como começou a trabalhar no estabelecimento, não perdia a oportunidade de se atirar para cima do alfa. Ele também dava um jeito de ir nas competições de luta de Jeon, até fingiu estar doente quando soube que Jungkook estava no hospital. Claro que Jimin confiava no amado, mas a insistência do garoto era irritante.
— Olá Hyunjin! — Jimin o cumprimentou e o rapaz finalmente soltou o braço de Jungkook.
— Olá, senhor Jimin! — Ele mal olhou para o ômega. Seus olhos estavam apenas em Jeon, praticamente babando pelo alfa. Jimin respirou fundo, tentando não se afetar com o descaramento do rapaz.
— Amor, Rose está cansada e quer dormir. Irei levá-la até a casa de padre Min para que fique com Ayeon e assim que ela pegar no sono eu volto. — Park o avisou. A garotinha ainda continuava choramingando e pedindo para mamar.
— Ela ainda mama? Isso é bom, minha mãe me disse que ajuda a perder peso e o senhor está precisando, senhor Jimin. — Hyunjin fez mais um de seus comentários ácidos. Ele vivia tentando provocar o ômega que não deixava se levar pelas implicâncias do garoto imaturo.
— Agradeço pela preocupação, mas minha saúde está ótima. Não tenho mais o corpinho que tinha aos 22 anos, mas aprendi a gostar da minha forma atual e estou feliz assim. Não estou focado em meu peso e sim em outros aspectos da minha vida, como minha família e carreira por exemplo. Meu marido me adora assim e estou indo muito bem no trabalho, obrigado. — O ômega respondeu tranquilamente.
— Adoro mesmo, sou casado com o homem mais lindo do mundo! — Jungkook abraçou seu marido e lhe deu um beijo na bochecha.
O ômega fechou a cara e pediu licença antes de sair. Era sempre assim, ele provocava mas não aguentava a confiança e autoestima de Jimin, e acabava por sair emburrado. Park não se deixava levar pela infantilidade, mas uma hora iria chamar sua atenção seriamente, pois ele estava ultrapassando os limites da inconveniência. A bebê colocou novamente as mãos dentro da camisa do pai e o ômega viu que era a sua deixa para sair.
Jungkook resolveu acompanhá-lo, então foram avisar Iseul onde iriam, ela disse para eles irem tranquilos pois cuidaria de Jungsoo. O garotinho estava dançando empolgado na ciranda das crianças, junto com o filho de Taehyung. O ex tenente e Yoona estavam distraídos olhando um para o outro enquanto dançavam em par, alheios em seu próprio mundo. Era um casal bonito de se ver, Jimin sorriu na direção deles antes de sair do ginásio.
— Calma, minha filha! Papai já vai te alimentar. — Park sentou no banco da praça, desbotoou a camisa e colocou a filha no peito. A bebê abocanhou o mamilo com ânsia e Jimin teve que repreende-la por causa dos dentinhos. — Esse desmame está difícil, vai me secar assim... — O ômega murmurou enquanto dava beijinhos na mão de sua pequena. — Pelo menos o lado positivo é que Hyunjin vai ter que encontrar outro aspecto para tentar me ofender. — Ele sorriu.
— Eu já falei com ele, mas não teve resultados. Agora vou ter uma conversa séria com o pai desse garoto, se ele não der um jeito, vai me perder como cliente daquele boteco. — Jungkook disse com uma cara de poucos amigos.
Jeon não suportava o comportamento daquele menino, que nem havia saído das fraldas e já vivia atrás dele. Claro que o alfa tinha muitos ômegas que lhe admiravam e propuseram encontros casuais, porém Hyunjin era o mais insistente. O rapaz teve à coragem de dizer que ninguém iria julgar Jeon, pois a maioria dos alfas ricos da região possuíam amantes. Jungkook sabia disso, mas ele não estava interessado em outra pessoa além de seu marido e fazia questão de deixar claro, só que o garoto não desistia. O jeito seria falar com o pai dele para tentar dar um basta na criatura incômoda.
— E vamos dar um jeito na fome da nossa bebê porque eu não quero que você perca essas bochechas que eu tanto amo morder...— O alfa abocanhou a região, fazendo o marido sorrir.
— Mas me conta, o que aquele assanhado do Hyunjin queria dessa vez? — Jimin perguntou levemente irritado com o rapaz.
— Uma dança... Isso é para você aprender a não deixar seu alfa sozinho. — Jungkook colocou a cabeça no ombro do marido, observando a filha sonolenta fechar os olhos enquanto mamava.
— Pois quando voltarmos para aquele salão não vou desgrudar de você. — Jimin deu um beijo no nariz do amado.
— Acho bom.
— Eu estava falando com o Taehyung, ele me contou algumas novidades da Europa. Você sabia que eles estão testando por lá uma câmera parecida com a fotográfica, que captura imagens em movimento e em tempo real? — Park contou sobre a inovação que o tinha deixado surpreso.
— Sim. Ele comentou enquanto tomávamos uma cerveja, disse que organizaram um evento de apresentação da invenção para a sociedade francesa. Eu achei a ideia incrível, espero que um dia possamos ter acesso a algo assim. — Jungkook se ajeitou e olhou para o belo rosto do amado iluminado pela luz da lua. — Sei que algumas vezes você me flagra te olhando e acha graça, mas mal imagina que faço isso para registrar em minha memória cada pedacinho seu. Queria uma máquina para capturar momentos como esse. — Ele deu um beijo na cabecinha da filha que havia terminado de mamar e agora dormia tranquila. — As brincadeiras com nossos filhos, as viagens que fizemos, nossas danças, seu sorriso e principalmente você sendo feliz. — Jeon encontrou a testa na têmpora do marido que estava com os olhinhos úmidos. — Deixaria tudo registrado para quando estivermos velhinhos podermos relembrar a nossa história e o quanto fomos abençoados e felizes.
— Talvez no futuro próximo ou em outra vida a gente use essas tecnologias, mas por enquanto vamos viver intensamente e nos focarmos em construir belas memórias. — Jimin deu um selinho no amado. — Eu acredito que desde a criação do universo nós estávamos destinados um para o outro e mesmo se um dia minha mente não lembrar de nós, você sempre estará gravado no meu coração. Eu te amo! — Park se declarou, antes de juntar seus lábios aos do marido em um beijo apaixonado.
— Sim. O amor que sinto por você não é uma coincidência, é destino. Se manteve forte durante esses anos e só cresce cada vez mais. E mesmo que você esteja velhinho, gagá, enrugado e sem dente eu vou está lá por você. — Jungkook sorriu, sendo acompanhado por Jimin.
O casal levou sua bebê até a casa de padre Min e a deixou aos cuidados da criada. Voltaram para festa e dançaram bastante, encerraram a noite vendo a queima de fogos de artifícios. Jimin colocou Jungsoo em seus ombros, o garotinho ficou encantado com as luzes brilhantes no céu. Enquanto os fogos explodiam, Jeon só tinha olhos para as duas pessoas ao seu lado, eles iluminavam a sua existência, nem as estrelas do céu brilhavam tanto como o seu olhar quando observava sua família.
Ao admirar seus dois amores, Jungkook sorriu ao perceber como o destino tinha um jeito de encaminhar tudo aquilo que nos pertence. É um misto de aprendizado, paciência e determinação. Muitos dizem que apenas tolos se apaixonam, mas para Jeon, amar Jimin foi umas das melhores experiências que teve em sua vida. Tiveram algumas dificuldades no início, porque o relacionamento é uma estrada de mão dupla e os dois precisam se doar por igual para dar certo. Porém o alfa não se arrependia de ter lutado por seu amor, percorreria toda o caminho novamente só para manter suas mãos, seu coração e sua vida junto à Jimin.
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