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História Amor, uma força inevitável. - Deprimido.


Escrita por: SarahEscritora

Capítulo 2 - Deprimido.


Eu abri meus olhos confuso, por um instante penso em perguntar se Wanda está bem. Pois tive um longo e sombrio sonho onde ela disse que iria embora, mas eu sei pelo olhar que Doutor me lançou, que tudo é verdade.
 - Yan, você está se sentindo melhor? - ele pergunta, com sua voz cheia de preocupação.
 - Não Doutor, eu nunca mais vou estar bem. - eu respondo, por que essa é a verdade final, a que machuca e eu sei que vou ter de me acostumar com ela.
Onde estará Wanda nesse momento? Olho em volta e não tenho sequer uma pista sobre isso.
 - Onde está a Wanda agora?
 - Ela está no criotanque. - responde uma voz que  em minha mente era a dela. Mas, não, essa voz tem outra dona, Melanie. Ela estava parada bem ao lado da minha maca. - Yan, eu sei que ela é importante para você, mas para nós também é. Não se preocupe que ela está bem.
 - Eu quero... eu quero vê-la. - pedi sentando-me depressa.
 - Não! - disse o Doutor decidido. Seu tom é tão duro que me dá raiva outra vez.
 - Eu quero vê-la! - exijo, mas Melanie está segurando no meu braço e diz algo com tom mais duro e determinado do que o Doutor. - Você vai vê-la depois, agora precisa se acalmar e ficar tranquilo.
Respiro fundo, pois sei que ela tem razão, ninguém me deixará ver ou tocar a alma que é Wanda se eu não aparentar calma. Pelo menos posso fingir isso.
Só que eles conhecem a mentira, eles podem vê-la nos meus olhos, como se ela estivesse brilhando em prata ou qualquer outra cor, me descobrem e não me deixam ver a minha Wanda.
Cada hora que passa é como uma tortura. E depois se passam dias. Eu sei que a Wanda está dentro do criotanque, sei que ela está lá e que ainda está viva.
Se ao menos eu pudesse tocá-la, alguns dias eu posso suportar a dor de saber que logo, assim que encontrarem a oportunidade certa eles vão para a cidade e vão embarcá-la em um dos veículos para transporte das almas.

E depois? Como eu farei para dar sentido a minha vida? Como o amor pode doer tanto assim?
Agora eu tenho uma mania, é como uma tradição. Eu me sento aqui na caverna onde tomamos banho e fecho os olhos. Com o som insurdecedor da água, fico imaginando que ela está me chamando, me dizendo coisas bonitas, recontando suas histórias e isso me faz bem.

"Presságio, amém, eu vou ver seu rosto de novo?
Presságio, amém, posso encontrar um lugar dentro
Para viver minha vida sem você?
Eu continuo ouvindo você dizendo:
"Tudo na vida é oportunidade
E doce é, suave quando é em um piscar de olhos"
Mas eu vivo
Eu vivo cem vidas em um dia
Mas eu morro um pouco
Em cada respiração que eu tomar"
(Amen Omen, Ben Harper)

Eu gosto de andar aqui, ou me sentar em um canto. Outra vez caminho pelos túneis que ela caminhou. Até fui naquele esconderijo onde nós a deixamos no início.
Sei que é inútil, nada do que tem aqui ficou com sua marca, como poderíamos encontrar, por exemplo, em uma casa desocupada, um quarto esquecido, não há coisas que ela tenha deixado para trás. Não coisas físicas pelo menos, há lembranças e palavras, histórias e só.
Mais dias se passam, eu já não me importo com isso, passo meu tempo recordando-a. Claro que ainda faço meu trabalho plantando, preparando a terra, colhendo, regando ou seja o que for, mas depois euvenho para a caverna onde as águas são mais profundas.
Um dia ela salvou meu irmão bem aqui, posso ver onde o chão se  quebrou, a água segue tão depressa ali abaixo, quase convidativa. Se eu não soubesse que Wanda ainda está no criotanque talvez eu fosse agora mesmo lá para o fundo.
Uma queda rápida e tudo esquecido, pronto. Assim seria fácil.
 - Yan! - alguém me chamou, e eu penso que é Wanda. Mas quem aparece é Melanie.
 - O quê?
Ela está gesticulando para mim, mas não quero entender, não me importa o que ela pergunta.
 - Yan! Venha, agora! - ela diz e suas mãos fortes me puxam tão violentamente que quase caímos no pequeno abismo até as águas perigosas.
Minutos depois, lá estão todos reunidos na caverna grande, me olhando com expressões preocupadas e outras de compaixão.
Assim que Geb começa a falar tudo volta, a dor e as lembranças de que minha Wanda se foi. Eles não entendem? Não posso lembrar mais do que já estou e se falarem dela ainda vai doer mais.
Então todos começam a falar o quanto ela era boa, o quanto a amavam e como eu não posso me destruir daquela maneira, pois ela não ia gostar. Essa noite ainda tenho forças para fingir, então é o que eu faço.
Algumas palavras minhas e  um vislumbre do que estou sentindo basta para todos se convencerem de que estou cansado, triste e mereço um pouco de sossego. Grato vou direto para meu quarto e me deito para fingir que vou dormir.
Quem entra para me perturbar mais um pouco é ele, meu irmão Kille.
 - Oi Yan. Escuta, eu sei que no começo eu não gostava da Wanda, mas eu entendo o que você está sentindo. A Jodie está adormecida faz tempo e não acorda. O Doutor estava dizendo que é perigoso mantê-la aqui.
 - Kille, cale a boca. Eu não quero falar com você nem com ninguém. - falei tentando ser o mais rude possível. Entretanto, como essa característica tem mais haver com a personalidade dele do que a minha, não soa tão ruim quanto eu pretendia.
 - Yan, você está bravo, tudo bem, pode descontar em mim se isso fizer você se sentir melhor. - fala ele realmente sem parecer se importar. - Mas, você precisa arrancar essa dor daí de dentro. Eu estou preocupado com você.
 - Você está preocupado mesmo? - eu questiono, com a voz cheia de dúvida.
 - Claro que sim, você é meu irmão, não quero te ver mau. Então vai, fala o que está sentindo, eu vou te ouvir.
 - Não quero falar nada, ninguém entende isso? - perguntei, dessa vez soando irritado o suficiente para meu irmão suspirar e me olhar sério.
 - Escuta, eu sei que agi muito mau com a Wanda e peço perdão por ter tentado machucá-la. Eu nunca imaginei que a minha Jodie também poderia estar na mesma situação da Melanie e compreendo agora o que o Jared deve ter passado naquela época. E pensar que eu tentei matar o amor da vida dele... - ele suspira  parecendo chateado. - Eu só queria que você soubesse que lamento, lamento por ter sido um idiota e lamento também por ela ir embora. Já tem ideia de quando vão levá-la?
 - O Doutor me disse que na semana que vem vão levar o criotanque, então pronto, adeus Wanda. - e eu nunca havia baixado a guarda para meu irmão mais novo, só que não pude mais aguentar.
Chorei outra vez, como na noite em que a vi pela última vez no corpo de Melanie. Esse era outro problema que me incomodava. O corpo  de Melanie, a voz dela, tudo me fazia pensar em Wanda.
 - Eu... eu estou quebrado por dentro Kille. Quando eu vejo a Melanie e o Jared sorrindo, se beijando, conversando ou até discutindo. Eu penso: "ei aquela parece a minha garota". Quem sabe eu pudesse ter a sorte de tê-la comigo como ele tem Melanie agora.
 - Bom, eu sei que é ruim e tudo o mais, só que Yan, e quando você ficava com a Melanie o tempo todo? Já pensou como o Jared se sentia?
 - Era diferente, por que ele não pensava na Wanda como alguém, e sim como uma coisa, uma parasita indesejável.
 - Isso foi no começo. Ora vamos, Yan, você sabe que ela não conquistou apenas você. Ela conquistou a todos de um jeito ou de outro.
 - Kille, ainda está doendo e eu não sei se isso vai passar algum dia.
 - Vai passar sim, tem que passar. Você é o irmão mais velho, sensato e precisa ser forte agora e se manter no controle.
Dessa vez me enfureci.
 - Já estou fazendo tudo que posso! Não posso fingir que nada  aconteceu! Melanie está com Jarede, estão felizes, estão bem juntos graças a minha Wanda! Ela vai para um lugar distante, sozinha e vai se esquecer de tudo que viveu aqui, incluindo a mim! Eu não vejo como isso é justo para ela!
 - Eu sei, mas ela escolheu assim, ela mesma nos disse. Então, respeite a vontade dela, você precisa viver e seguir em frente, por que é isso que fazemos!
Me levantei  do colchão, não podia mais ficar ali e falar com meu irmão, não podia mais fingir que tudo estava bem comigo, pois claramente não estava e eu não via maneira de ficar bem um dia.
Sem Wanda nada ficaria bem comigo outra vez.
Dormi mau nos dias seguintes, não comi e nem  bebi água. Me sentia tão tonto no trabalho que finalmente, em uma manhã qualquer acabei desmaiando sobre meu saco de torrões de terra.

"Velhos amigos se transformam em velhos desconhecidos
Entre a escuridão e a porta
Presságio, amém, eu vou ver seu rosto de novo?
Presságio, amém, posso encontrar um lugar dentro
Para viver minha vida sem você?"
(Amen, Omen, Ben Harper)

Acordei no hospital com um Doutor aflito a meu lado e um Geb bravo do outro.
Sim levei a maior bronca da minha vida, eles foram piores que Kille, de modo que eu sabia que estavam certos. Wanda se sentiria machucada por meu comportamento, ela queria me ver bem e eu devia isso a ela.
 - Eu não sei se posso... - confessei sentindo um soluço fazer minha voz ficar embargada.
Os dois homens não desviaram os olhos e nem fizeram cara de pena.
 - Você pode tentar, aqui você é da família, te amamos e queremos o seu bem. Então tente, por nós Yan. Você promete? - pediu Geb falando com aquele seu tom solene que era impossível  alguém recusar um pedido.
 - Está bem.
Eu até fico feliz quando o Doutor diz que eu não irei para meu quarto naquela noite. Assim poderia ficar mais perto de Wanda. Seja lá onde for que esconderam ela.
Nessa noite durmo bem, consigo sonhar com ela, mas é um sonho estranho, pois não vejo o rosto dela e quando acordo rapidamente me esqueço o conteúdo do sonho.


Notas Finais


Tadinho do Yan, tá sofrendo horrores.


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